Agradecemos a marca de 1000 visitas

Agradecemos a marca de 40.000 visitas

No nosso blog: Brasileiros, Norte Americanos, Portugueses, Canadenses, Russos, Ingleses, Italianos, Eslovenos, enfim, todos que gostam da cultura Brasileira e que tem nos acompanhado.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Claudio Chiesse confirma carnaval de rua em Barra Mansa


Novo secretário e a Cultura para 2013
Cláudio Chiesse, em entrevista ao jornal FOLHA DO INTERIOR, destacou a importância do resgate da memória barramansense e da necessidade de implantação de programas que levem cultura às comunidades da periferia 
Barra Mansa 
Gastronomia, música, cinema, poesia, redação, pintura e, claro, as festas tradicionais do município. Estes foram alguns dos assuntos abordados por Cláudio Eduardo Chiesse de Castro, em entrevista ao jornal FOLHA DO INTERIOR. O comunicador de 54 anos assume a Superintendência da Fundação de Cultura de Barra Mansa, a partir de 1° de janeiro, com a equipe do prefeito eleito no município Jonas Marins (PCdoB).
A festa de São Sebastião e o Carnaval, as duas primeiras festas do ano que serão promovidas pela Fundação, são o início do mandato de Chiesse à frente da Fundação. E, reforçando a promessa feita durante a campanha de Jonas Marins à prefeitura, o secretário confirmou a transferência da maior festa do país para as ruas da cidade.
Segundo ele, o carnaval de rua volta pra rua em 2013. “Ainda não é possível afirmar o trajeto que as escolas de samba e os blocos farão durante os desfiles. Isso só poderá ser definido após a nova equipe estudar a viabilidade de cada possibilidade”, explicou ele. Há algumas opções, dentre as quais o evento ser realizado totalmente na Avenida Joaquim Leite ou na Avenida José Marcelino de Camargo, ambas no Centro da cidade. A realização de bailes no Parque da Cidade também não está descartada. O assunto será discutido no próximo dia 10, em reunião entre o prefeito eleito, a equipe da Fundação e os carnavalescos de Barra Mansa.
A festa de São Sebastião será mantida, assim como a corrida, que já é tradição no 20 de janeiro.
Para a nova gestão, há, entre os objetivos para a área da Cultura, a realização de concursos culturais, como de poesia, com a participação de estudantes das escolas da rede municipal de ensino.

Cultura itinerante

 
Outra vertente, que pretende levar entretenimento e Cultura aos moradores de todas as regiões da cidade, é uma espécie de “caminhão cultural”, que colocaria espetáculos circenses, teatrais e cinematográficos perto dos moradores. “Com este projeto, que seria desenvolvido em parceria com as associações de moradores, todos os bairros teriam acesso a peças, shows e filmes, gratuitamente, ali, perto de suas casas”, detalhou Cláudio. Para ele, a necessidade de promoção de atividades culturais nas periferias do município será uma das prioridades.
“Os bairros mais distantes do Centro vão ser beneficiados com atividades também. Boa parte desses moradores ficou esquecida nos últimos anos e não teve acesso a eventos perto de casa”, lembrou ele.
Uma grande novidade que promete movimentar jovens em todo o município são os concursos de curtas. Neles, cujos temas definidos previamente, os candidatos inscreverão filmes curtos, que poderão ser feitos até por telefones celulares e ipads, que concorrerão em categorias distintas.
Pra quem espera mudanças dentro da Orquestra Sinfônica de Barra Mansa, a notícia, novamente reiterando o que disse Jonas Marins em sua campanha, é que as mudanças virão, principalmente quanto aos locais de apresentação do grupo musical mantido pela prefeitura, por meio da Fundação de Cultura.
“Hoje, a orquestra se apresenta no município apenas uma vez por mês. O grupo precisa, sim, se apresentar para outros públicos, fora daqui, mas não somente. A população de Barra Mansa precisa ver seus filhos se apresentarem em eventos importantes da cidade, ou durante atividades de lazer no parque, por exemplo”, frisou o novo secretário de Cultura.
Escritores, cantores, atores e poetas terão chances de mostrar seu trabalho. Por meio de um Projeto de Lei Municipal de Incentivo à Cultura, Cláudio Chiesse pretende criar um programa de incentivo a estes artistas. A ideia é que eles apresentem seus projetos à Fundação e, após estudos de viabilidade, feitos por uma equipe específica, que avaliarão potencial artístico e possibilidades de retorno ao município, por exemplo, poderão ser financiados pela própria administração.

Outros projetos

 
Muitas outras ideias estão surgindo e sendo postas no papel. Os trabalhos do superintendente da Fundação de             Cultura de Barra Mansa começaram tão logo ele foi convidado pelo novo prefeito, para assumir a chefia da pasta. Animado e motivado, Cláudio Chiesse garantiu que projetos importantes serão trazidos para a cidade.
“Há planos de criar uma Casa do Artista, para expor trabalhos das pessoas do nosso município, da realização de Domingo no Parque, com apresentação de artistas locais, para valorizar nossa população, de atividades para marcar datas importantes, mas pouco lembradas, do nosso calendário”, enumerou ele, referindo-se a datas como Dia do Choro e Dia do Rock.
Tudo, sempre para fomentar a Cultura e promover entretenimento aos moradores de Barra Mansa. “Os projetos, os eventos, o calendário, as atividades e tudo o que for relacionado à cultura no município, será realizado para a população, para que o cidadão barramansense tenha orgulho de morar nesta cidade, que, em vez de valorizar a cultura local, exporta tantos talentos”, finalizou Cláudio Chiesse.

Formação Profissional em Cultura


Seminário reúne mais de 200 pessoas no Palácio Capanema, no Rio de Janeiro

Juana Nunes, do MinC, fala durante o seminário
Mais de 200 estudantes, professores, produtores e gestores culturais participaram, na terça-feira, 27 de novembro, do primeiro seminário do CicloTécnica e Arte: a educação profissional e tecnológica em Cultura, no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro. Foram discutidas as políticas desenvolvidas pelos Ministérios da Cultura (MinC) e da Educação (MEC), como a relação entre os dois ministérios pode ampliar a oferta de formação profissional e as experiências públicas de formação em cultura.
Participaram do encontro o secretário de Políticas Culturais do MinC, Sérgio Mamberti; o chefe da Representação Regional do Minc no Rio de Janeiro e no Espírito Santo, Marcelo Velloso; o reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ) , Fernando Gusmão; o pró-reitor de extensão do IFRJ, Rafael Almada; a diretora de Educação e Comunicação da SPC/MinC, Juana Nunes Pereira; e a diretora de Empreendimento Gestão e Inovação da Secretaria da Economia Criativa/MinC, Luciana Guilherme.
“Foi o primeiro grande seminário já realizado para discutir as demandas de formação técnica em Cultura. A repercussão foi muito boa. Este não foi apenas o primeiro de um ciclo de cinco encontros e sim o início de um processo mais amplo de discussão sobre a formação profissional na área da Cultura”, avaliou o chefe da Representação do MinC, Marcelo Velloso.
Rafael Almada, do IFRJ, também ficou satisfeito com o resultado do evento: “ Foi um grande avanço. Conseguimos um público diversificado e uma participação expressiva. Este encontro mostra que os institutos federais estão trabalhando em alinhamento com as metas do Plano Nacional de Cultura”.
Parceria
Secretário Sergio Mamberti enfatizou a importância da parceria entre o MinC e o IFRJ
Na abertura do seminário, o secretário Sergio Mamberti destacou a importância da parceria entre o MinC e o IFRJ . Segundo ele, esta é uma cooperação que pode ganhar dimensão mais ampla estendendo-se aos IFs de todo o país.
Quanto à parceria entre os Ministérios da Cultura e da Educação, Juana Nunes Pereira, da SPC/MinC, foi quem melhor sintetizou a relação entre as duas pastas: “ os dois Ministérios já foram casados. Hoje formam um casal moderno, se amam, têm planos em comum, mas moram em casas separadas”.
Juana informou que o seminário marca a criação do grupo de trabalho Rede Nacional de Cultura e Artes para os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, dando início a uma mobilização nacional para a formulação e implementação de uma política do MinC para o ensino técnico e profissionalizante na área da Cultura.
Experiências e certificação
Um dos paineis mais concorridos do seminário foi o que analisou as experiências de formação em Cultura. A assessora da presidência da Fundação do Theatro Municipal do Rio, Ana Luísa Lima, falou sobre a criação da Fábrica do Espetáculo, projeto que vai reunir, num grande espaço na Zona Portuária a central técnica de produção, a escola de formação técnica, o setor de acervo e memória e um espaço de visitação aberto ao público, que está sendo chamado de parque temático.
Rafael Almada, pró-reitor de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro
Outra experiência que despertou grande interesse foi apresentada por Beth Rangel , do recém-criado Centro de Formação em Artes da Bahia, e Moacyr Gramacho, diretor do Teatro Castro Alves, vinculados à Secretaria de Cultura do Estado. A ideia do centro é reunir todos os cursos de formação em artes já existentes na Bahia, incluindo os cursos livres oferecidos pelo teatro e também o tradicional curso de dança, que funciona há vários anos. Joaquim Gama, do Centro de Formação Artes do Palco (SP Escola de Teatro) falou sobre a proposta de trabalho da instituição e como ela funciona.
Na questão da formação profissional, uma das principais questões se refere às dificuldades de certificação profissional. A exigência de que os cursos tenham professores graduados e com licenciatura traz muitos impasses. Na área da Cultura , muitos profissionais de reconhecida competência e experiência não têm formação regular e por isso não podem ser aceitos como professores em diversos cursos. Um dos principais desafios , neste caso, é encontrar saídas viáveis para a certificação destes profissionais .
O próximo encontro do Ciclo Técnica e Arte: a educação profissional e tecnológica em Cultura será realizado em março de 2013 e vai discutir a formação profissional a partir de duas linhas : currículo e formação, e certificação e reconhecimento. Outros três seminários estão previstos até junho de 2013, abordando aspectos como as experiências de formação em cultura realizadas por organizações não governamentais; a perspectiva do mercado cultural, a partir das experiências de profissionais e empregadores; e o trabalho dos técnicos no processo de criação artística.
(Texto: Heloisa Oliveira, RRRJ/MinC)
(Fotos: Pércio Campos)

Célio Turino: Depois do Vale Cultura é a vez da lei Cultura Viva


A pauta da Cultura no Congresso Nacional tem avançado cada vez mais. Primeiro foi o Sistema Nacional de Cultura, aprovado rapidamente no Senado como um gesto de apoio e reconhecimento à nova ministra Marta Suplicy, que assumiria no dia seguinte; depois o VALE CULTURA, aprovado na Câmara dos Deputados e agora, para o próximo 28 de novembro, a lei CULTURA VIVA entra na pauta da Comissão de Finanças e Tributação, sob a relatoria do deputado Osmar Junior (PCdoB/Piauí).


Por Célio Turino*


A lei CULTURA VIVA, de autoria da deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ), já foi aprovada por unanimidade na comissão de educação e cultura da Câmara. 

Leia também:

Célio Turino: Cultura Viva na América Latina

Para quem não está familiarizado com os trâmites legislativos, ainda há um longo caminho (após a aprovação na comissão de finanças e tributação ela irá à comissão de constituição e justiça, em seguida ao senado e retorno para aprovação final pelos deputados), mas este passo é estratégico, sobretudo pelo conteúdo que irá incorporar à lei, criando um novo e simplificado marco no relacionamento entre governo e entidades comunitárias.

Como principal contribuição nesta etapa, a lei vai criar o Cadastro Nacional de Pontos de Cultura (a exemplo do currículo Lattes, do CNPQ, ou de cadastro de entidades assistenciais), simplificando processos de contrato entre entidades culturais e governo, além de abrir caminho para repasse de recursos e prestação de contas mais adequados à dinâmica destas entidades e comunidades. No lugar de convênios burocráticos, contratos e prestação de contas por resultados. Pode parecer pouco, mas não é.

Em meu livro, PONTO DE CULTURA – o Brasil de baixo para cima, já apontava sobre a necessidade desta mudança de paradigmas nos contratos entre Estado e Sociedade: “A tradição da burocracia brasileira é formalista. Muito controle nos meandros e nas insignificâncias e pouca atenção nos resultados. Para que ganhe maior eficiência é necessário mudar o foco do acompanhamento por procedimentos para o acompanhamento por resultados. Ao invés de convênios com suas exigências intermináveis, contratos e prêmios. Em paralelo, outros mecanismos de agilização, como transferência direta para entes federados, “fundo a fundo” (que será possível quando da implantação do Sistema Nacional de Cultura) e premiação por desempenho, com o compromisso de serem reaplicados na iniciativa”. (pg. 168)

Essa aparente pequena mudança será a consagração de uma nova forma de relacionamento entre Estado e Sociedade, via entidades comunitárias, inaugurada com os Pontos de Cultura. Até então o modelo tinha e tem sido o de grandes convênios com grandes ONGs repassadoras de serviços (seja em serviços de saúde, programas de esporte comunitário, educação, reforma agrária ou quaisquer outras áreas), que mais funcionavam e funcionam como prestadoras de serviços. O caminho adotado desde o início dos Pontos de Cultura foi no sentido inverso, estabelecendo uma relação direta com entidades comunitárias de pequeno porte (a maioria firmando convênios pela primeira vez), com a transferência de pequenos valores (R$ 60 mil/ano, o que representa R$ 5 mil/mês). Até 2009, em relação direta do Ministério da Cultura com as entidades, chegamos a 800 convênios e via redes com governos estaduais e municipais, a mais 2.500 entidades culturais, beneficiando mais de 8 milhões de pessoas em 1.100 municípios do país (dados do IPEA). Lembro-me do primeiro convenio de Ponto de Cultura que assinei, em novembro de 2004, com uma associação de jovens no município de Arcoverde, no agreste pernambucano. Assim chegamos a grupos de Hip Hop, Cultura Tradicional, favelas, coletivos de teatro ou dança, bibliotecas comunitárias, aldeias indígenas... Há um convênio assinado diretamente com o cacique Aritana, dos Yawalapíti, no Parque Nacional do Xingu e até trato disso em outro capítulo de meu livro:

“Tem memória os índios do Brasil e eles sabem o que acontece quando transferem para outros o destino de seus povos. Mesmo que num primeiro momento o preenchimento de planilhas e documentações pareça difícil para um índio que mora no Xingu, melhor falarem por si mesmos, sem intermediação; a ajuda externa, quando honesta e desinteressada, é bem vinda, mas sempre a última palavra é deles. O que eles precisam fazer, fazem por si mesmos e com isso conquistam autonomia.” (pg. 28)

Todavia, não foi uma opção fácil. O convenio com o IPEAX (Instituto de Pesquisa Etno Ambiental do Xingu), presidido pelo cacique Aritana, com sede na aldeia Yawalapíti, no Parque Nacional do Xingu e sub-sede no município de Canarana, MT, a dois dias de barco da aldeia, levou um ano e meio para ser assinado. Tantos foram os conselhos que recebi para fazer o convênio com uma ONG mais estruturada, que assim repassaria o recurso para eles. Mas Aritana não quis, nem eu.

Quebrar a intermediação e estabelecer uma relação direta entre Estado e Sociedade foi uma decisão em três níveis:

a) Filosófica/ideológica – ao fortalecer e empoderar grupos culturais historicamente alijados, abrindo caminho para um Estado de novo tipo, ao mesmo tempo leve e ampliado e moldado à feição de seu povo; 

b) Política – ao exercitar novos padrões de relacionamento entre aparato burocrático de governo, colocando um degrau a mais nos processos de orçamento participativo, e em escala nacional, em que as pessoas são chamadas a dizer não somente “o que querem” (ou necessitam), mas “como querem”, e assim recebem meios para essa execução direta;

c) Técnica e de gestão – ao acumular um conjunto de êxitos na implantação de um programa de governo, permitindo que o recurso, efetivamente, chegasse à ponta, multiplicando em muito a capacidade de realização de suas ações.

Essa decisão foi muito criticada à época (e até hoje, suponho), pois seria mais fácil concentrar os Pontos de Cultura em poucos mega-convênios, com poucas mega-entidades. Mas se assim fizéssemos o que estaríamos mudando na relação entre Estado e Sociedade? Poderíamos estar oferecendo um serviço mais ágil, talvez, mas mesmo quanto a isto tenho dúvidas, até em relação à prestação de contas e possibilidades de desvios, afinal, quanto maior o montante, maior a tentação. E, para além dos avanços de caráter filosófico/teórico e político, houve avanços em termos de gestão administrativa. No início, a única alternativa apresentada pela gestão interna e departamento jurídico do ministério foi o mecanismo de convênios, era fazer assim ou não fazer. Fizemos. Mas logo no ano seguinte tomamos a medida de alterar a prestação de contas de semestral para anual, reduzindo os processos burocráticos em 50%. A partir de 2007, com o Mais Cultura, houve a descentralização dos convênios, via estados e municípios, agilizando ainda mais os processos de acompanhamento administrativo, além de colocar-los mais próximos aos Pontos de Cultura. Em paralelo também foi equacionado outro problema bastante relevante: o impedimento da utilização de despesas administrativas, mesmo quando contrapartida das entidades, na prestação de contas do convênio; essa era uma decisão que dependia do Ministério do Planejamento, através de Instrução Normativa (IN) e com a mudança foi possível estender a decisão para aplicação retroativa a todos os convênios dos Pontos de Cultura, permitindo que 15% de despesas totais do convênio pudessem ser utilizadas na manutenção e despesas administrativas dos Pontos de Cultura. E, para além destas medidas, houve a aplicação de Prêmios, via ações do programa (Pontinhos de Cultura, Economia Viva, Griô, Interações Estéticas, Escola Viva, Cultura e Saúde, entre outras), dispensando prestação de contas burocráticas e liberando as entidades para uma ação direta em sua atividade fim, com excelentes resultados. Ao final de 2009, após um ano e meio de negociação entre o governo do estado de São Paulo e Ministério da Cultura, também chegamos a um novo formato para a rede de Pontos de Cultura, agora via prêmio. Essa medida, sem dúvida, teria um grande efeito na descomplicação burocrática do programa, todavia, com a mudança de governo, não foi estendida como modelo às demais redes (via aplicação retroativa, como no caso da alteração da Instrução Normativa sobre convênios, admitindo despesas administrativas), ou mesmo a eventuais novas redes.

Por isso a aprovação da lei Cultura Viva torna-se ainda mais necessária. Assim, será possível garantir uma norma clara e precisa. A lei Cultura Viva representará um marco no caminho do Estado-Rede, tal qual propõe Manuel Castells, e do Estado Ampliado e Educador, segundo pensamento de Antonio Gramsci. Apontei isso em meu livro, ao propor a combinação de princípios administrativos como: “...flexibilidade; transparência administrativa; descentralização compartilhada de gestão; coordenação de regras democraticamente estabelecidas; participação do cidadão, sobretudo os excluídos; modernização tecnológica; valorização dos servidores e retroalimentação da gestão com mecanismos de avaliação que permitam a aprendizagem e correção de erros” (pg.137). Este é o sentido da lei e talvez sua contribuição principal, para além, até mesmo, da garantia do programa Cultura Viva. Claro que a garantia do programa é fundamental, mas a contribuição da lei Cultura Viva pode ir além, servindo de paradigma para outras formas de relacionamento e controle social entre Estado e entidades da sociedade, as ONGs. A respeito das ONGs, gostaria de abrir um parêntesis para uma observação: o caminho da pulverização em pequenos contratos, tal como praticado com os Pontos de Cultura demonstra-se muito mais eficiente e refratário a desvios que o da concentração.

Foi o que fizemos. E será o que faremos ainda mais com a aprovação da lei Cultura Viva. Empoderando gente criativa e generosa que há tanto tempo faz tanta coisa boa e bela por sua gente, e sem receber o menor reconhecimento e apoio governamental. Com o Ponto de Cultura os anônimos ganharam rosto e protagonismo. E vão além!

Este é o efeito da lei CULTURA VIVA. Mais que a consolidação de um programa, ela representa uma nova forma de os governos se relacionarem com a sociedade. Uma sociedade que há muito tempo já faz, seja em cultura ou outros campos da vida em comunidade, e que agora quer ser reconhecida em seu protagonismo e em suas formas de autogoverno.

Por isso agradeço, por isso parabenizo e por isso peço apoio à lei CULTURA VIVA e ao relatório ora em votação.

*Célio Turino é historiador, escritor e gestor de políticas públicas. Foi idealizador e gestor do programa Cultura Viva e dos Pontos de Cultura. Foi secretário de Cultura e Turismo em Campinas/SP (1990/92), diretor de Esporte e Lazer em São Paulo/SP (2001/2004) e secretário da Cidadania Cultural no Ministério da Cultura (2004/2010).

Fonte: Revista Fórum

Feghali: É com políticas de Estado que fomentaremos a Cultura


“É preciso que observemos a Cultura como um vetor cada vez mais estratégico do desenvolvimento nacional e essa é uma realidade que desafia os gestores da cultura e chefes de governo em nosso país Brasil”. Esse foi o tom dado pela deputada Federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), ao falar sobre a tramitação no Congresso Nacional dos projetos de criam Vale Cultura e o Cultura Viva, em entrevista à Rádio Vermelho.


 Joanne Mota, da Rádio Vermelho em São Paulo


A comunista, que também é presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura, um dos mais importantes colegiados do Congresso Nacional, que abriga mais de 300 deputados e senadores, reafirmou que um dos compromissos da Frente é defender a valorização da diversidade cultural e a universalização do acesso aos bens e serviços culturais. 

Para tanto, reforçou a deputada, aprovar políticas, como o projeto que cria o Vale Cultura, torna-se essencial para fortalecer esse setor. “É um passo enorme, pois abre um instrumento de acesso para os trabalhadores. Além do acesso, essa política irá dar uma enorme contribuição ao movimento da economia da cultura, beneficiando também o outro lado, que é o artista e o produtor cultural no país”, explicou a Jandira.

A deputada também falou sobre o andamento da Lei Cultura Viva. Ela lembra que o programa Cultura Viva foi idealizado por Célio Turino, implementado na gestão do ministro Gilberto Gil, durante o Governo Lula. “É o programa mais inovador neste setor, pois ele potencializou a criatividade existente através de ações que ficaram conhecidas como Pontos de Cultura. Fomentando a partir de recursos do governo e organizando em rede todo esse processo transformador e criativo da diversidade cultural brasileira”, destacou.

No entanto, Jandira explicou que por se tratar de um programa, ele fica sujeito às mudanças conjunturais no Brasil, inclusive mudanças de governo. Desse modo, propor essa lei significa transformar essa ação, que já deu enormes resultados, em política de Estado e garantir que suas ações não cessem e nem sejam inibidas. “Esse programa já é referência para diversas leis na América Latina, agora é a vez do Brasil criar a sua também. O projeto já foi aprovado nas duas Comissões de mérito, Educação, Cultura e Finanças, falta agora a Comissão de Constituição e Justiça e o Senado”.

Jandira reafirmou que a Cultura já demonstrou sua centralidade para o desenvolvimento do país. “A Cultura possui diversos vetores, o cidadão, integrador, simbólico e do mundo da arte, mas também tem seu vetor econômico. A cultura se converte em uma grande atividade econômica não só no Brasil, mas também no mundo. Isso por quê? Porque ela gera emprego e possui uma cadeia de geração renda enorme, seja industrial ou artesanal. E é por isso que defendemos que ela precisa ser valorizada e reconhecida como política estratégica para desenvolvimento nacional”, finalizou a deputada.

Tramitação dos PLs

No último dia 21, o plenário da Câmara aprovou o Projeto de Lei 4682/12, a redação da proposta é da deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) e conjunto com outros parlamentares, e criará o vale cultura. 

Já o projeto de Lei Cultura Viva (Lei 757/2011), que institui o Cultura Viva - Programa Nacional de Cultura, Educação e Cidadania, foi aprovado na manhã dessa quarta-feira (28), pela Comissão de Tributação e Finanças da Câmara dos Deputados, a segunda das três comissões as quais está sujeito à apreciação.

O PL já havia sido aprovado, há cinco meses, pela Comissão de Educação e Cultura, e agora segue para a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Primeiro lugar nos Trending Topics do Twitter

Na terça-feira (27), militantes de pontos de cultura realizaram um tuitaço sobre a Lei Cultura Viva no Twitter. O assunto, que teve a hashtag #VivaLeiCulturaViva, ficou em primeiro lugar, durante uma hora, no ranking de assuntos mais comentados da rede social naquele dia.

SP comemora Dia do Samba em grande estilo


A União das Escolas de Samba Paulistanas vai comemorar o Dia do Samba, em grande estilo. A celebração começa no sábado, 1º de dezembro na sede da Uesp e termina na noite do dia 2 de dezembro, no "Marco Zero" do samba paulistano - local de fundação da escola de samba mais antiga em funcionamento, a Sociedade Recreativa Beneficente Escola de Samba Lavapés, criada em 1937.


samba

Para o presidente da entidade, Kaxitu Ricardo Campos, a data é mais que especial e deve ser celebrada por todos os sambistas.

"Já é tradição da Uesp realizar essa comemoração. Faremos nossos tradicionais encontros e prestaremos homenagens especiais. Nosso objetivo é celebrar esta data tão importante para os sambistas. Todos os eventos são gratuitos", afirma.

História


O "Dia Nacional do Samba" foi instituído pelo vereador baiano Luís Monteiro da Costa para homenagear o compositor mineiro Ary Barroso, que criou o samba "Na Baixa do Sapateiro", um tributo à Bahia, sem nunca ter ido até lá.

Quando Ary Barroso pisou em solo baiano pela primeira vez, em 2 de dezembro de 1940, o vereador aprovou uma lei que estabelecia que aquele seria o dia do samba.

A data se tornou uma comemoração oficial nacional no ano de 1963.

Programação
Sábado, 1 de dezembro

Local: Sede da Uesp (Rui Barbosa, 588 na Bela Vista)

* Mostra de filmes
Horário: 18h
Ação: exibição de filmes e documentários sobre Samba e Carnaval, até às 6h

* Sessão Solene
Horário: 22h
Ação: Ato de solenidade, apresentação do casal cidadão e cidadã do samba e homenagens.

* Vígilia do Samba
Horário: 23h59
Ação: À meia-noite será acesa uma vela, que dará inicio à tradicional "Vigília do Samba". O samba tem o simbolismo de uma vela, representando a chama da resistência, que só se apagará na hora que o samba se encerrar. Ao longo da madrugada serão recepcionados os pavilhões das entidades, e as rodas de samba contarão com a presença das velhas-guardas, compositores e das tias baianas, além da Embaixada do Samba. Durante toda a madrugada, serão servido o tradicional caldo aos participantes.

* Alvorada e café da manhã
- Horário: 6h
Ação: Ato ecumênico com presença de líderes religiosos. Ao toque de clarins, o dia do samba será saudado com a leitura da "Carta do Samba", registro histórico do primeiro encontro de sambistas, realizado em 1962 em exaltação a cultura popular brasileira.

* Domingo, 2 de dezembro

Local: "Marco Zero" (Rua Junqueira Freire, 163 - Travessa com a Lavapé)

- Horário: 14h30
Ação: Inauguração da placa comemorativa do "Marco Zero".

- Horário: 16h
Ação: Apresentação do bloco Inajar de Souza.

- Horário: 17h
Ação: Apresentação da escola de samba União de Vila Albertina.

- Horário: 18h
Ação: Apresentação da escola de samba Brinco da Marquesa.

- Horário: 19h
Ação: Apresentação da escola de samba Tradição Albertinense.

- Horário: 20h
Ação: Roda de pavilhões

Com SRZD


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Hamilton Pereira: Cultura, um outro suporte


Ao assinar a mensagem que envia ao Legislativo o Projeto de Lei de Incentivo à Cultura, o governador Agnelo Queiroz sinaliza o cumprimento de compromissos assumidos no programa que o elegeu há dois anos e uma visão contemporânea da agenda da economia criativa no novo ciclo de desenvolvimento do Distrito Federal. 


Por Hamilton Pereira*


A emergência da economia da cultura na agenda do desenvolvimento no mundo contemporâneo alcançou a sensibilidade do Estado brasileiro nas últimas décadas do século 20. Como se vê, tardiamente. Desde a Lei Sarney, a União estabeleceu um processo voltado para induzir o setor privado a investir em projetos culturais por meio de leis de incentivos fiscais, com destaque para a Lei Rouanet, que a sucedeu. 

O objetivo é apoiar, para além dos recursos orçamentários destinados aos órgãos responsáveis pela formulação e execução das políticas públicas de cultura, reconhecidamente insuficientes, uma nova fonte de receita derivada de renúncia fiscal. A experiência que se consolidou ao longo das últimas décadas resultou na confecção de diferentes diplomas legais em diversas unidades da Federação. 

Os resultados da adoção desses mecanismos nos estados que já os adotaram se revelam positivos como meios de assegurar o aprimoramento e a modernização dos equipamentos, das políticas, dos projetos e programas culturais nas áreas incentivadas. Naturalmente, o exercício desse mecanismo ao longo dos anos revela distorções e mesmo equívocos de concepção que são, hoje, objeto de debate no Congresso Nacional.

O Distrito Federal realiza um esforço de reconstrução de suas políticas públicas de cultura. Busca dotar-se dos mecanismos adequados para responder aos grandes desafios de gerir uma cidade reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade. Brasília é o único sítio contemporâneo tombado com a chancela da Unesco. Essa condição nos propõe um duplo desafio: responder à expectativa da sociedade que deseja preservar e valorizar o patrimônio cultural tombado e, ao mesmo tempo, encontrar soluções criativas e eficazes para uma cidade viva, em vertiginosa transformação, que assegurem a qualidade de vida exigida pelos cidadãos. 

Além de destinada a se tornar “cérebro das mais altas decisões nacionais”, como a definiu seu fundador, ou seja, capital político-administrativa do país, Brasília nasceu vocacionada para as atividades culturais. Poderia não ter sido, mas foi. Concentrou aqui o que havia de mais significativo do talento e da criatividade do povo brasileiro e assombrou o mundo com as linhas arrojadas do seu urbanismo e de sua arquitetura. Ao longo de meio século de vida, vem atraindo como poderoso imã a diversidade cultural do Brasil, que aqui encontra lugar para se expressar. 

A Lei de Incentivo à Cultura, uma vez aprovada na Câmara Legislativa, se constituirá no quarto suporte econômico-financeiro para garantir a continuidade das políticas públicas de cultura do Distrito Federal. Vai somar-se aos recursos diretos do Orçamento, aos das emendas parlamentares e aos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC). Isso, com uma particularidade relevante: será resultado de diálogo permanente entre sociedade e Estado e entre governo e mercado, com o objetivo de imprimir concepção do fazer cultural que traz consigo duas dimensões inevitáveis no mundo contemporâneo — direito básico do cidadão e fator econômico relevante do novo ciclo de desenvolvimento.

Vamos agora ao debate no âmbito do Legislativo, para que a sociedade e seus representantes ofereçam sua contribuição e tenhamos uma legislação avançada, à altura da capital do país. Para que ela se torne efetivamente uma conquista e um legado para a sociedade. As políticas públicas de cultura pedem passagem para se tornar parte indispensável da agenda de desenvolvimento do Distrito Federal no século 21.

*Hamilton Pereira é secretário de Cultura do Distrito Federal

Fonte: Correio Braziliense

Entidades fazem manifestação pela aprovação da Lei Cultura Viva


A Comissão Nacional do Ponto de Cultura (CNPC)prepara uma grande mobilização para esta quarta-feira (28) para pedir a aprovação do relatório do PL nº 757/2011 – #LeiCulturaViva, de autoria da Presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura, Deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ) e relatoria do Deputado do Osmar Junior (PCdoB/PI).




Nesta terça-feira (27), à partir das 14h mobilizaremos um twitaço - #LeiCulturaViva - , diretamente na conta de twitter de cada parlamentar que compõe a comissão solicitando votação e aprovação do relatório elaborado pelo Deputado Osmar Junior (PCdoB/PI)

Para a deputada Jandira Feghali, deputada Federal pelo PCdoB/RJ e presidenta da Frente Parlamentar de Cultura, "os Pontos de Cultura são o legado mais importante das políticas culturais do governo Lula. Hoje são mais de 3 mil iniciativas pelo Brasil que reúnem cerca de 8 milhões de pessoas em suas atividades, segundo o Ipea. Uma política de democratização e estímulo ao protagonismo cultural do povo brasileiro".

Segundo ela, a lei cria mecanismos permanentes e duradouros para uma política cultural baseada no reconhecimento e apoio do Estado às manifestações, linguagens e formas de expressão espalhadas pelo País. A lei vinculará o programa Cultura Viva ao Sistema Nacional de Cultura, garantindo financiamento em âmbito nacional, repassando recursos para estados e municípios.

Mobilização

As Redes dos Pontos de Cultura através da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura, Plataforma Puente Cultura Viva Comunitária, Cultura Digital, Ação Griô, grupos e comunidades de tradição oral, Movimento Social da Cultura e midialivristas de todo o país, vem expressar sua satisfação em fazer parte desse momento; Saiba que esta Lei foi construída coletivamente pelos beneficiários, agentes e parceiros do programa mais democratizante de acesso à cultura que já existiu na história desse país, o Cultura Viva.

De acordo com o CNPC, "a aprovação da Lei Cultura Viva nesta comissão tem uma dimensão nacional e internacional e as organizações culturais destes países estão se articulando em rede, e neste sentido a aprovação do PL Cultura Viva no Brasil será também uma vitória para as redes culturais. Em diversas cidades e países da América Latina, como Lima (Peru), Medellin e Bogotá (Colômbia), Buenos Aires e Rosário (Argentina) estão em implementação políticas culturais baseadas no conceito do Cultura Viva.

Contamos com o empenho e articulação partidária do seu mandato para que seja a pauta seja encaminhada para votação e aprovado o PL 757/2011 – #LeiCulturaViva.

domingo, 25 de novembro de 2012

"A UNE desempenha um papel fundamental", diz Ariano Suassuna


Do alto dos seus 85 anos, com mais de 60 só de carreira, um dos mais conhecidos defensores da cultura popular brasileira, Ariano Suassuna, se reuniu com a coordenação do CUCA da UNE (União Nacional dos Estudantes) para falar rapidamente sobre o processo atual do Brasil e o tema do maior evento estudantil da América Latina, que acontecerá entre os dias 22 e 26 de janeiro de 2013, em Recife e Olinda.





O encontro se deu em meio à primeira Festa Literária Internacional das Upps (Flupp), no Morro dos Prazeres, Rio de Janeiro, na quarta-feira (14). Durante o bate-papo, Suassuna falou sobre política, cultura popular e sobre a 8ª Bienal da UNE, que, neste ano, aborda um tema que se encaixa como luva em sua trajetória: “A volta da Asa Branca”, em homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga.

Paraibano, formado em direito e filosofia, Ariano Suassuna é dramaturgo, romancista e poeta. Lecionou durante 32 anos na Universidade Federal de Pernambuco e, em 1999, assumiu a cadeira de número 32 da Academia Brasileira de Letras.

“Luiz Gonzaga é um artista popular brasileiro que desempenhou um papel fundamental na renovação da música popular e merece ser reconhecido pela importância da sua cultura”, justificou o “pai” de Chicó e João Grilo, personagens de sua mais célebre obra, o Auto da Compadecida.

Nesta entrevista, o criador de histórias que têm o Nordeste como inspiração, falou como se sente feliz com as comemorações do centenário do nosso sanfoneiro e discorreu sobre a importância da Bienal da UNE para o país. Confira:

Site da UNE: Como recebeu o convite para participar de um evento numa comunidade carioca que acaba de passar por um processo de pacificação?Ariano Suassuna: É a primeira vez que piso em uma favela carioca. Pela primeira vez, estão vendo, reconhecendo, que nas favelas tem gente ordeira, trabalhadora e que é vítima do crime como todo mundo. Isso me deixa feliz, pois de certa forma estamos libertando o povo brasileiro. Mas, não sou idiota, essa libertação deve ir adiante. Eu não sou nem otimista, nem pessimista. Os otimistas são ingênuos, e os pessimistas, amargos. Eu me considero um realista esperançoso. Sou um homem da esperança. Sonho com o dia em que o sol de Deus vai espalhar justiça pelo mundo todo.

Site da UNE: Como você vê a cultura popular dessas comunidades, principalmente a linguagem popular, sendo você um poeta?AS: Tem uma coisa que eu quero dizer a respeito da linguagem popular. Eu não concordo com esses escritores que, procurando reproduzir a linguagem popular, deformam a linguagem popular. A linguagem escrita é uma convenção. Por trás dessa deformação existe um preconceito terrível contra o povo. Eu não pronuncio, por exemplo, cadeira, mas falo “cadera”, como todo nordestino. Agora, se precisar escrever aí escrevo cadeira. Eu acho que a transposição literária da linguagem popular tem de alcançar o espírito na linguagem e não a leitura.

Site da UNE: Como você tem observado as comemorações em torno do centenário de nascimento de Luiz Gonzaga?AS: Muito satisfeito. Luiz Gonzaga é um artista popular brasileiro que desempenhou um papel fundamental na renovação da música popular e merece ser reconhecido pela importância da sua cultura.

Site da UNE: O tema da 8ª Bienal é “A Volta da Asa Branca”, por significar o reverso, acompanhado nos últimos anos, da migração dos nordestinos para os seus estados de origem. Como o senhor avalia esse tema?AS: Fico muito contente. Se a gente ama o país como um todo, o lugar da gente é a melhor expressão do país para nós.

Site da UNE: Qual a sua opinião da UNE fazer dessa Bienal uma homenagem a Luiz Gonzaga?AS: É muito bom. É pertinente. Vocês estão prestando mais uma vez uma homenagem a Luiz Gonzaga, que passa a ser uma coisa simbólica, uma coisa do povo, do nordeste pro seu lugar de origem. A UNE desempenha um papel fundamental.

Fonte: Site da UNE

Jandira Feghali: Vale Cultura, Mais cultura para os trabalhadores


Vivemos no século do conhecimento, da criatividade e inovação. Um tempo onde o não acesso ao saber, à história e à arte deve ser superado. A política cultural precisa se estabelecer como um vetor cada vez mais estratégico do desenvolvimento humano, econômico e do convívio social. Uma realidade que desafia os gestores da cultura e chefes de governo no Brasil. 


Por Jandira Feghali*


Não constituem mais novidade os números de pesquisa que reiteradamente expressam a exclusão do povo brasileiro dos espaços de arte e cultura, os baixos níveis de leitura e as dificuldades econômicas de acesso aos bens culturais. Acabamos de celebrar o Dia Nacional da Consciência Negra, e neste imenso contingente populacional a realidade se desnuda mais dramática, agravada pelo preconceito.

Ao assumir minha quinta legislatura na Câmara dos Deputados, fui eleita presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura, um dos mais importantes colegiados do Congresso Nacional, que abriga mais de 300 deputados e senadores. A Frente Parlamentar da Cultura adotou como prioridade temas como valorização da diversidade cultural e universalização do acesso aos bens e serviços culturais. Um dos instrumentos legislativos em pauta era a criação do Vale-Cultura. Na quarta-feira, dia 21 de novembro, conseguimos aprová-lo no plenário da Câmara dos Deputados, numa grande e veloz articulação feita pela Frente, com autoria de 64 parlamentares, apoio de todos os líderes partidários e do Ministério da Cultura.

O projeto segue para o Senado Federal e, quando convertido em lei, 12 milhões de trabalhadores que recebem até 5 salário mínimos poderão receber R$ 50 mensais a partir de mecanismo de incentivo fiscal aos seus empregadores. O benefício injetará cerca de R$ 7 bilhões por ano na área e poderá ser utilizado na compra de serviços ou produtos culturais (ingressos de cinema, teatro e museus), além de permitir a compra nas áreas de literatura, humanidades e informação.

Este foi um dos desafios que conseguimos superar. Como presidente da Frente Parlamentar da Cultura e ex-secretária da Cultura do Rio de Janeiro, tenho perseguido o objetivo de implementar uma política cultural que impeça a segregação e o preconceito, elevando o protagonismo social, democratizando o conhecimento, promovendo a apropriação do saber, respeitando e valorizando as diferenças, os anseios e subjetivismos próprios das relações humanas. Emancipar para libertar.

*Deputado federal pelo PCdoB do Rio de Janeiro e presidenta da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Música brasileira com jeitinho caipira

Rosa Minine   
Comprometidos com a música popular cultural brasileira, a dupla paulistana Moacyr e Sandra realiza um trabalho voltado para a música caipira, com influências da cultura musical adquirida individualmente, que inclui choro, seresta, bossa nova e a viola tradicional. Casados, a dupla lançou seu primeiro disco e logo caiu no gosto das Galvão, que abraçaram o trabalho e tornaram-se suas principais divulgadoras. 
http://www.anovademocracia.com.br/99/10a.jpg
– Comecei com música há vinte e sete anos em um programa de calouros. Depois participei da bossa nova, quando conheci alguns compositores e fiquei bastante entrosada. Fazia algumas festas particulares e em uma dessas, em 1995, conheci o Moacyr no palco. Começamos uma amizade, um namoro e depois veio o casamento. A partir daí pensamos numa dupla – conta Sandra.
– Logo percebemos que também tínhamos um bom casamento de voz, o que é difícil acontecer com casal, porque normalmente irmãos que tem essa facilidade, por cantar juntos desde cedo. Então estava tudo certo, o problema foi na hora de escolher uma linha a seguir, já que tínhamos muitas boas influências musicais –continua.
– Além da bossa nova, cresci ouvindo choro. Minha família é toda de músicos e a maioria deles tinha intimidade com o cavaquinho e o bandolim, e fazia saraus com rodas de choro na casa que foi dos meus tataravós, no interior de Minas. Mas também tinha música caipira por lá. Meu avô tocava rabeca em grupo de folia de reis, por exemplo. A música caipira e a música folclórica vieram me acompanhando – constata.
Já Moacyr tem a influência dos bailes que participou e da viola que aprendeu a tocar com o Lorito, da dupla Lorito e Loreto.
– Conheci o Lorito com doze anos de idade, através do meu pai. Ele e o Loreto, seu irmão, cantavam muito bonito, e me apaixonei quando ouvi a sua viola. Pedi, e ele me ensinou a tocar. Ia à sua casa e ele tinha prazer de me passar o que sabia. Até uns cinco anos atrás ainda era vivo e mantínhamos contato, mas nunca fizemos dupla – conta.
– Nós somos de São Paulo capital, mas tanto da parte do Moacyr quanto da minha existe uma vivência rural muito forte. Sou filha de mineiros e boa parte da minha infância e juventude, por conta das viagens de férias, passei convivendo com meu primos em Cordislândia, interior de Minas, próximo a Pouso Alegre e Três Corações – acrescenta Sandra.
– Meus familiares são de Capivari, interior paulista, próximo a Tietê, Piracicaba, região que tem uma influência caipira muito forte. Meu pai era seresteiro e tocava violão em rodas de amigos. Cresci ouvindo radinho em baixo do travesseiro quando ia dormir. Era Tião Carreiro, Tonico e Tinoco, Bambico, só violeiros tradicionais, moda de viola, pagodes – fala Moacyr.

110 anos de Os Sertões

Leonardo José Magalhães Gomes   
http://www.anovademocracia.com.br/99/12a.jpg
Típica casa de pau-a-pique do arraial
I
O sertão brasileiro é tema de nossa literatura desde sempre: basta lembrarmos que grande parte da obra de José de Alencar se passa nesse mundo, e que o escritor cearense tem até um livro intitulado O Sertanejo. Já na república, outro grande escritor, o mineiro Afonso Arinos, falecido em 1916 (não confundir com o outro, Afonso Arinos de Melo Franco, seu sobrinho, político e também escritor), nos deu uma série de contos e novelas "sertanejas". Seu livro mais conhecido intitula-se mesmo Pelo Sertão, mas há outros, inclusive um romance chamado Os Jagunços, em ele que trata de Canudos antes de Os Sertões de Euclides da Cunha, já que o romance foi publicado em 1898 e conta a história do erguimento e derrocada da cidade de Antonio Conselheiro. Ao que tudo indica Arinos, que era monarquista, usou as reportagens que Euclides da Cunha publicou no jornal O Estado de São Paulocomo inspiração para sua obra.
Euclides da Cunha, porém, é a referência obrigatória quando se trata do tema. Sua obra maior, Os Sertões, é de gênero indefinível. Não é romance nem, propriamente, um ensaio histórico; trata-se, antes, de uma análise sócio-antropológica cuja grande qualidade literária a fez ser incorporada ao nosso patrimônio como um de seus pontos altos.
Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em 20 de janeiro de 1866, na Fazenda Saudade, na região serrana do vale do Paraíba do Sul, província do Rio de Janeiro. Morreu assassinado, em 15 de agosto de 1909, no Rio de Janeiro. Era o filho primogênito do contador Manuel Rodrigues Pimenta da Cunha e de sua esposa Eudóxia Alves Moreira. Do lado paterno, era neto de traficante de escravos, e do materno, de fazendeiro de café na região em que nasceu.
Órfão de mãe aos dois anos de idade, Euclides teve uma vida infeliz e agitada, ponteada por dissabores pessoais que culminaram em seu assassinato pelo amante de sua mulher, o cadete Dilermando de Assis. Homem franco, incapaz de ocultar suas opiniões, viveu sempre em conflito com patrões e superiores. Por isso, estava sempre de mudança, em um movimento contínuo, que culminou com a viagem para a Amazônia, onde permaneceu um ano para, na volta, encontrar a esposa grávida de Dilermando.
http://www.anovademocracia.com.br/99/12a.jpg
Crianças e mulheres prisioneiras da guerra de Canudos
Desde jovem, Euclides demonstrou que não havia vindo ao mundo para atravessar burocraticamente a vida. Sempre defendeu suas posições com arrojo, sem se poupar e levar em conta os próprios interesses. Assim, defendeu a república no período monárquico, sendo, por isso, expulso da Escola Militar. No período republicano, já reintegrado ao exército, lutou, sempre, por uma sociedade mais justa. No episódio da Revolta da Armada apoiou Floriano Peixoto e lutou contra os revoltosos, até que se tornaram públicas as execuções sumárias de prisioneiros. Solicitou, então, uma audiência com o presidente para, destemidamente, pedir garantia de vida para seu sogro, o general Sólon, que estava preso por suspeita de apoiar a revolta. É claro que com essa atitude ganhou a antipatia do Marechal de Ferro e foi prejudicado nas suas pretensões profissionais.

Cutucurim nas ruas de Angra

Rosa Minine   
http://www.anovademocracia.com.br/99/09b.jpg
O vaqueiro que não sabia mentir
 foi o segundo espetáculo do grupo
Representante da essência do fazer teatral, com pesquisa cênica e compromisso com a comunidade, o grupo Cutucurim nasceu e vive em Angra dos Reis, região da Costa Verde do estado do Rio de Janeiro. Idealizador e responsável pelo importante festival de teatro de rua da localidade, que reuniu no mês passado mais de trinta coletivos de todo o país, o Cutucurim ajuda a manter vivo e fortalecer essa arte.
– Surgimos em 1987 já com o nome de Cutucurim, escolhido por significar 'Águia Real' em Tupi Guarani. Na ocasião, a ideia era que a águia poderia nos levar para vários voos, várias viagens, dentro do trabalho que nos propusemos a desenvolver. A intenção é fortalecer o teatro de rua daqui da região, com uma intensa pesquisa e construção de espetáculos, demonstrações, intervenções e oficinas – conta a atriz Márcia Brasil.
– Fazemos algumas apresentações em palcos, mas nossa raiz e nossa história é o teatro de rua. Com base nisso criamos, em 1990, o nosso encontro de teatro, reunindo grupos de outras localidades para trocarmos experiências e dar mais força ao movimento. Esse evento cresceu e na última edição reuniu coletivos do país inteiro, e até uma atração internacional, o 'DC Arte', de Bogotá, Colômbia –continua.
O XVI Encontro Nacional de Teatro de Rua de Angra dos Reis – ENTRAR aconteceu de 15 a 21 de outubro último, em Angra, encerrando na Vila do Abraão, na Ilha Grande.

Galpão: 30 anos de teatro popular


Ana Lúcia Nunes   
http://www.anovademocracia.com.br/99/09a.jpg
Romeu e Julieta, encenada há 20 anos e assistida por 40 mil pessoas, continua emocionando a plateia
Em 2012, o Grupo Galpão comemora 30 anos do teatro popular mais genuíno e político do Brasil. As comemorações começaram em maio, em Londres, com a apresentação de "Romeu e Julieta" no Shakespeare's Globe. Depois, passaram por várias cidades do Brasil para encerrar a festa no Rio de Janeiro, onde ANDconversou com Eduardo Moreira, um dos fundadores do Grupo Galpão.
– Acho que tínhamos que celebrar nossos 30 anos porque é um grupo que conseguiu se consolidar, com uma proposta de trabalho, de pesquisa de linguagem, com um teatro de grupo, que é muito difícil de acontecer no Brasil. Nesse sentido, a trajetória do Galpão é uma trajetória vitoriosa, aponta pra muitas pessoas, principalmente as mais jovens, que esse é um caminho possível.
E quando o ator se refere à trajetória do Galpão, ele está falando de um grupo de atores que funda uma companhia de teatro em 1982, que encenou 20 espetáculos para mais de um milhão e meio de espectadores, ganhou mais de cem prêmios no Brasil, se apresentou 2.500 vezes em mais de 600 cidades, em 18 países diferentes e participou de 41 festivais internacionais e outros 70 nacionais. E o Galpão não é só isso. Além de todo o trabalho teatral realizado por seus 12 atores, eles também mantêm o Galpão Cine Horto, em Belo Horizonte (MG), um centro cultural onde são oferecidos cursos, oficinas e promove-se um encontro do Grupo com o povo da cidade.
Segundo Eduardo, para o Galpão, o encontro com o público, comunicar-se da maneira mais direta possível com seu espectador, é um ponto central:
– Eu acho que o Galpão se preocupa em sempre buscar uma comunicação direta com o público, de fazer um teatro que comunica, que tem algo a dizer para o público. Acho que um dos grandes problemas do teatro é a falta de clareza com o que você quer dizer, então essa comunhão, essa recepção do espetáculo através do público é muito importante para nós.

Acho que o nosso teatro mistura entretenimento com reflexão, questões importantes da contemporaneidade para as pessoas refletirem sobre os problemas do mundo. A gente espera que o público, primeiro, desenvolva um gosto pelo teatro. E depois que ele pense, que ele queira melhorar o mundo, ajudar a fazer com que o mundo seja melhor, mais educado, que as pessoas se respeitem mais, que exista um princípio de vivência mais humano e igualitário, e a gente reflete essas preocupações no teatro que fazemos – continua Eduardo Moreira.
E o Grupo consegue levar todas as reflexões sociais e políticas para o teatro através de uma veia cômica, que diverte sem embrutecer o espectador. Além disso, a linguagem utilizada pelo Grupo também é essencial. Eles conseguem unir o contemporâneo à tradição, o popular ao erudito, o palco e a rua, mostrando versatilidade e criatividade.
– Acho que tem um pouco a ver com a formação do grupo. O Galpão é um grupo de atores que trabalha com diferentes diretores. Então acho que a nossa linguagem, de certa maneira, é uma soma das influências desses diretores, dessas linguagens, dessas maneiras distintas de ver o teatro, que nós trabalhamos nos últimos 30 anos. Então isso criou um grupo que é multifacetado, um grupo que tem muitas caras. Nossos trabalhos tocam em coisas estéticas e filosóficas muito distintas. Realmente tem isso do contemporâneo e do tradicional, do brasileiro e do universal, do popular e do erudito, da rua e do palco, são vários elementos distintos, mas que a gente tenta fazer uma fusão, uma síntese disso tudo numa coisa que é essencialmente muito brasileira porque o que caracteriza a nossa cultura é essa absorção, é um caldeirão cultural – explica Eduardo Moreira.

ROMEU E JULIETA

O Parque Madureira, no bairro de Madureira, zona norte do Rio de Janeiro, ficou repleto de famílias, jovens, crianças, todos muito atentos àquela história antiga e ao mesmo tempo atual representada no centro da praça, no Palco do Samba. Todo mundo parou para ver, ficaram de pé, sentaram-se no chão e por uma hora e meia se deliciaram com o melhor teatro do Brasil. Era o povo na praça para ver o Grupo Galpão.
A história de Romeu e Julieta, mesclada com músicas regionais – encantou e fez cantar os presentes – que acompanhavam os atores, cantando baixinho.  A obra, que é encenada há 20 anos pelo Galpão e já foi vista por 40 mil pessoas, continua a emocionar. E Eduardo Moreira acredita que o sucesso do espetáculo se deve ao olhar brasileiro que o Grupo conseguiu imprimir na montagem:
– A obra tem um olhar sobre a história do Romeu e Julieta que é muito brasileira. É uma obra contada através da ingenuidade, focado na cultura popular, isso cativa muito as pessoas. O sucesso do espetáculo é uma consequência disso.

PRÓXIMOS PROJETOS

E mesmo com seus 30 anos, o Galpão não pensa em parar. O Grupo está montando um novo espetáculo para 2013. Com direção de Gabriel Vilela, mesmo diretor deRomeu e Julieta, estão montando a peça Os gigantes da montanha, último texto do dramaturgo italiano Luigi Pirandello.
– É uma fábula que coloca uma discussão sobre o lugar da arte, da poesia, no mundo de hoje dominado pelo pragmatismo, pelo capitalismo, pelo senso prático, então qual é o lugar possível da arte nesse mundo? Levar esse espetáculo para a rua vai ser muito interessante esse encontro com o público da rua, especialmente com um projeto dessa qualidade – explica Moreira.
E a ideia do Galpão é continuar ocupando todos os lugares, todas as praças possíveis, levando o teatro popular, o teatro que quer contribuir com as reflexões políticas e sociais para o povo brasileiro.

Primavera dos Livros começa nesta quinta em SP


Começa nesta quinta-feira (22), em São Paulo, a Primavera dos Livros, maior evento de editoras independentes da América Latina, que reafirma a importância da produção editorial independente. A iniciativa, organizada pela Libre (Liga Brasileira de Editoras), com apoio da Secretaria de Cultura do Estado, contará com programação diversa para crianças e adultos, tais como música, debates, contação de histórias e lançamentos de livros.


A Primavera dos Livros de São Paulo 2012 será realizada na Biblioteca de São Paulo, localizada no Parque da Juventude (Av. Cruzeiro do Sul, 2.630, Santana), e tem como uma de suas principais virtudes a promoção de maior contato entre público, obras literárias e profissionais da área. O conceito de bibliodiversidade cerca todas as ações do evento, abrindo espaço para a produção editorial que não se curva à lógica do best seller. 

Nos dois primeiros dias, até sexta-feira (23), a entrada é aberta para o público entre 10h e 19h30. No sábado e no domingo, o horário será das 10h às 17h30. O visitante não paga nenhum valor para entrar e os livros são vendidos com até 50% de desconto.

Realizada desde 2001, com edições no Rio de Janeiro e São Paulo, a Primavera dos Livros virou uma referência no mercado como um espaço que apresenta uma produção vibrante e diversificada. Desta forma, o evento empenha-se em trazer uma programação de qualidade, respeitoso a um público cada vez mais exigente. 

Um dos destaques é apresentação musical da Big Band Villa Lobos, que será realizada durante a cerimônia de abertura, no dia 22. Também acontecerão palestras e debates, que promoverão a troca de experiências nos mais variados temas, entre eles literatura infantil, humor e valorização de culturais nacionais, além da homenagem ao compositor e cantor Luiz Gonzaga, que contará com show de Chambinho do Acordeom. 

Confira a programação aqui

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O ENIGMA SAMICO


O retraído pernambucano Gilvan Samico é um dos maiores gravuristas vivos. Agora, aos 83 anos, ganhou o primeiro livro dedicado a sua vida e obra singulares

Por Ronaldo Bressane, de Olinda
Quando a Revista Personnalité bateu à sua porta – um sobrado de 300 anos vizinho ao mosteiro de São Bento, em Olinda, Pernambuco –, esperava encontrar um ermitão. Desapegado às tecnologias – nem sequer tem e-mail, pois detesta computador –, não gosta de dar entrevistas e mal fala com a própria mulher, a dançarina Célida, com quem teve dois filhos. Talvez por conhecer a fotógrafa Lia Lubambo desde “pirraia”, como dizem em pernambuquês, Samico sentiu-se mais à vontade. De bermuda em tecido cru e crocs cinzentos, Gilvan Samico passa uma imagem de extremo vigor, lucidez e esperteza aguda. Na oficina em seu quintal, ele detém o controle total de sua produção. O processo passa pela invenção de enormes máquinas de impressão e dos próprios instrumentos (como uma goiva que não deixa que o fio da madeira enrole e encubra o desenho enquanto a superfície da placa é cortada) até a mistura da tinta (com pouco óleo, para aderir foscamente ao papel). Cada matriz multiplica-se em 120 exemplares, mais as 12 cópias do artista. O processo demora um ano, ou vários anos: o próprio Samico imprime exemplar por exemplar.
Samico começou a gostar de desenho aos 17 anos, quando achou um caderno com ilustrações de estrelas de Hollywood e teve o súbito desejo de copiar aquilo tudo. Mais tarde, ao vencer um prêmio no 16o Salão do Museu do Estado de Pernambuco, foi a São Paulo estudar com o gravador paulista Lívio Abramo; na fila de pegar o ita (embarcação que fazia a rota Nordeste-Sudeste), conheceu um de seus raros pares, Francisco Brennand, que lhe deu dicas preciosas que lhe possibilitaram mais tarde viver sete anos no Rio de Janeiro, onde trabalhou no escritório de Aluísio Magalhães, um dos maiores designers gráficos brasileiros. Mas foi um encontro com Ariano Suassuna que determinou o norte de sua obra. Procurado por Samico, o paraibano, autor de O auto da Compadecida, sugeriu ao gravador que explorasse o universo da xilogravura sertaneja. “Foi um coice de mula!”, ele diz, que culminou com sua entrada no Movimento Armorial – de que também participaram o artista plástico Brennand, o escritor Raimundo Carrero e o Quinteto Armorial. “É um raro caso de um artista superior, mestre de si mesmo e discípulo de ninguém”, Suassuna elogia Samico.
Nos anos 1970, a arte de Samico foi responsável por “dar a cara” ao Movimento Armorial na medida em que tornava sua arte cada vez mais direta e misteriosa. Já em 1966, com O banho de Suzana (baseado no primeiro conto de detetive da história, narrado no Livro de Daniel), Samico passa a aplicar figuras em um único plano, à maneira egípcia, ao mesmo tempo em que introduz espelhismos, duplos e signos religiosos e pagãos que se tornarão sua marca. Muitos símbolos são recorrentes à obsessão: pássaros, ondas, flechas, barcos, círculos, estrelas de Lampião, dragões, leões, árvores, peixes, bois, luas, flores – e serpentes. Samico adquiriu status internacional: foi convidado para duas Bienais de Veneza e tem obras no acervo do MoMA de Nova York. Para o crítico Jacob Klintowitz, ele é um inventor de mitos. “O artista vai ao inconsciente coletivo, onde navegam os arquétipos, e, ali, pesca imagens imantadas de complexas significações, que reelabora a partir de suas referências particulares”, afirma. Marcelo Araújo, diretor da Pinacoteca de São Paulo, diz: “Trata-se de um autor de uma obra de extrema qualidade, de características muito singulares. Um dos mais importantes artistas brasileiros da segunda metade do século 20. É um equívoco relacionar seu trabalho somente ao cordel, que é apenas uma de suas fontes.”, conclui.
A agonia de Ícaro é o desenho em que está trabalhando atualmente. “Houve uma exposição no Rio da obra de Tom Jobim e fui convidado a fazer uma pintura em cima de uma das composições dele, 'O boto'. O quadro foi vendido, mas a ideia ficou: por que não fazer uma gravura sobre isso? De repente não me interessava mais falar em boto e sereia, e sim no deslumbramento de Ícaro.”, explica. Samico acredita ainda não ter chegado à obra-prima. “Quero morrer trabalhando nas minhas doidices”, desafia. Aos 83 anos e 60 de carreira, ele reúne suas obras em uma edição que leva seu nome, lançada pela editora Bem-Te-Vi.

Ministra com coordenadores das bancadas


Marta Suplicy apresentou as prioridades do MinC e pediu colaboração no que tange às emendas

Na manhã desta quarta-feira, 21, a ministra Marta Suplicy se reuniu com coordenadores das bancadas estaduais dos deputados. Ela apresentou as prioridades do Ministério da Cultura e propôs aos coordenadores que colaborassem com recursos financeiros através de emendas de bancadas.
Esta não é a primeira vez que Marta vai ao Congresso debater o tema “emendas” com parlamentares. Segundo a ministra, a pasta da Cultura depende muito delas para ampliar seus recursos. Marta garantiu a execução das emendas e lembrou que, durante sua gestão no Ministério do Turismo, praticamente 100% dos recursos com esta origem foram executados.
Para a ministra da Cultura, a somatória de iniciativas como os CEUs das artes e dos esportes, os Pontos de Cultura e o Vale-Cultura promoverá uma enorme inclusão no Brasil e essa será uma grande marca: “teremos arte para todos”, afirmou Marta.
Com as emendas, o ministério pretende equipar e capacitar gestores e instrutores para os 360 CEUs, que estão programados para terem sua infraestrutura construída através do PAC, e construir mais 250 além de atuar em outras iniciativas da pasta.
O Museu Nacional Afro Brasileiro de Cultura e Memória em Brasília também foi tema de conversa da ministra que, durante a cerimônia de lançamento de editais no Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, assinou a portaria 148/2012 que institui um grupo de trabalho para viabilizar as diretrizes básicas para elaboração do projeto executivo, construção e funcionamento do Museu que será em Brasília.
Temas como economia criativa, patrimônio histórico, museus,  Sistema Nacional de Cultura e tantos outros também foram abordados. Marta ouviu apoio dos coordenadores e, com eles, traçou estratégias para a melhor obtenção dos recursos.
(Texto: Thiago Esperandio, Ascom/MinC)
(Foto: Elisabete Alves, Ascom/MinC)

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Projeto de Lei que cria a Funphan é aprovado na Câmara


A Comissão de Educação e Cultura da Câmara de Deputados aprovou nesta quarta-feira (21) o Projeto de Lei da deputada Luciana Santos (PCdoB-PE) que institui o Fundo Especial do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Funphan). A nova entidade terá finalidade de assegurar recursos financeiros para a execução de ações de recuperação e preservação do acervo patrimonial tombado pela União ou por outros entes da Federação.


Pela proposta, o fundo contará com receita oriunda de recursos orçamentários da União; 1% da renda líquida das loterias administradas pela Caixa Econômica Federal (CEF); e doações e legados. O projeto prevê que a aplicação dos recursos poderá ser feita por meio de convênios firmados pela União com os municípios que possuam acervo tombado. O fundo contará com a participação de representantes da sociedade civil.

A deputada, que foi prefeita de Olinda, cidade patrimônio histórico da humanidade, ressalta a importância da aprovação do projeto como um mecanismo a mais para manter viva a história do país. “Fico muito feliz com a aprovação do projeto de lei por que vai viabilizar a preservação de um patrimônio acumulado nos cinco séculos de nossa história, que exige um fluxo constante de recursos sob pena de ocorrer sua inevitável degradação”, afirma Luciana. 

O acervo patrimonial tombado no Brasil abrange 20 mil edifícios, 57 centros e conjuntos urbanos, 13 mil sítios arqueológicos cadastrados, mais de um milhão de objetos, cerca de 250 mil volumes bibliográficos, documentação arquivística e registros fotográficos, cinematográficos e videográficos. Entre eles, estão 19 monumentos culturais e naturais considerados pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade.

Da Redação em Brasília
Com informações da Ass. Dep. Luciana Santos