Ela é mulher, e daí?
Nivea Moraes Marques
“Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.”
também é ser, deixar de ser assim.”
Cecília Meireles
Já acreditei no embate e no combate, hoje prefiro seguir o exemplo de Maria: silenciar.
Não procuro autonomia, soberania ou qualquer outro conceito próprio das nações, busco ser ou deixar de ser (que também é ser!)
Quero viver na humildade do silêncio e tecer as minhas próprias manhãs, quero usufruir o direito de estudar e ter voz (ainda que não haja quem me escute), quero simplesmente viver, apagando, luzindo.
Sei que este direito foi-me conferido tanto pelo direito natural como também por muitas lutas de mulheres e homens e hoje quero apenas usufruir e deixar de tentar afirmá-los através de embate, o fato mesmo de exercê-los como me convém é já uma afirmação.
O poder despersonaliza e não me interessa se homem ou se mulher, me interessa são as ações e as omissões, o avançar e o recuar.
A Dilma é hoje a opção mais confiável de proposta capaz de erradicar a pobreza e trazer algum equilíbrio neste abismo econômico e social que experimentamos no Brasil (desde suas origens). Não me interessa se ela é mulher ou homem, me interessa que ela avance naquilo que está sendo feito. (Assim como não me interessa se o Serra é homem ou mulher e sim os interesses que ele representa...)
A primeira presidenta mulher, e daí?
Me orgulha mais ver uma mulher conduzindo um ônibus, sendo professora, cuidando dos filhos e do marido em casa. Fazendo o que tiver que fazer (qualquer que seja a sua tarefa) sem se destruir, ou machucar a sua fragilidade. Somos diferentes, homens e mulheres, mas que isso não seja nunca um limitador ou uma condicionante em si mesmo, podemos tudo o que queremos e pudermos suportar.
Por que que uma mulher presidente tem que ser diferente de um homem presidente, mais feminina, mais “mulherzinha”, que ela se porte como entenda que tem que se portar. Não existe um padrão feminino de governar, existe um padrão de governar e eu acredito muito no que está aí e a Dilma é o prolongamento natural, por acaso ela é mulher, e daí?