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sexta-feira, 29 de março de 2013

Rita Coitinho: Duas impossibilidades teóricas do reformismo


Esta é a segunda parte do artigo da cientista social Rita Coitinho* sobre a obra Reforma ou Revolução, da dirigente comunista e teórica marxista alemã Rosa Luxemburgo. A autora aponta duas das impossibilidades teóricas do reformismo: os limites da ação sindical e do cooperativismo e a socialização da produção sob o controle do capital


Em Reforma ou Revolução, Rosa Luxemburgo desconstrói cada uma das bases da teoria reformista, segundo a qual os sindicatos e as cooperativas, as reformas sociais e a democratização política do Estado são os meios para realizar progressivamente o socialismo, sem que se precise passar por uma ruptura política. Vejamos, resumidamente, como argumenta diante de cada um desses três pilares do reformismo:

Primeiramente, sobre a questão da efetividade da luta sindical, Rosa argumenta que há momentos de grande ascenso das lutas e conquistas, mas há também retrocessos e isso é parte da própria natureza da luta por melhores salários e condições de trabalho no interior do capitalismo. Simplesmente porque o desenvolvimento econômico leva a situações em que as conjunturas objetivas do mercado se tornam desfavoráveis à força de trabalho. Nos momentos de altíssima produtividade, a procura da força de trabalho aumenta mais lentamente e a oferta mais rapidamente. Também o próprio capital, em momentos de crise, para compensar as perdas sofridas no mercado mundial, se esforça por reduzir a parte do produto pertencente aos operários. "A redução dos salários não é, em resumo e segundo Marx, um dos principais meios de travar a baixa das taxas de lucro?"1.

Mas Bernstein precisava encontrar um fundamento econômico para sua formulação teórica. Assim, atribuiu aos sindicados a missão de "travar a luta contra a taxa de lucro industrial, transformando-a progressivamente em taxa de salário". No entanto está demonstrado historicamente - e já na época da publicação de Reforma ou Revolução - que os sindicatos não têm nenhum poder real para iniciar uma política de ofensiva contra o lucro porque na verdade são, unicamente, uma defesa organizada da força de trabalho contra os ataques do lucro, expressão da resistência da classe operária contra a tendência opressiva da economia capitalista. "E isto por duas razões: primeiro porque os sindicatos têm por tarefa organizar-se no mercado da força do trabalho; mas a organização é constantemente ultrapassada pelo processo de proletarização das classes médias que trazem permanentemente para o mercado de trabalho novos recrutas e, segundo, os sindicatos propõem-se a melhorar as condições de existência, aumentar a parte de riqueza social que vai para a classe operária; mas essa parte é constantemente reduzida, com a fatalidade de um fenômeno natural, pelo crescimento da produtividade do trabalho. Mas querer que os sindicatos consigam reduzir progressivamente o lucro em proveito do salário implica, primeiro, que cesse a proletarização das classes médias e o crescimento numérico da população operária; e, segundo, que a produtividade do trabalho deixe de aumentar; no caso de essas condições sociais serem realizadas, tratar-se-ia ainda aqui – tal como para a economia cooperativa de consumo – de um retorno a uma economia anterior ao capitalismo".

Os dois meios com que Bernstein pretendia realizar a reforma socialista, a saber, cooperativas e sindicatos, são totalmente incapazes de transformar o modo de produção capitalista. As cooperativas em geral só conseguem seguir em frente quando se adaptam e se utilizam dos mesmos mecanismos típicos da produção capitalista - demonstração disso é que em geral subsistem em poucos ramos da produção (e isso até os dias de hoje), como por exemplo o de alimentos. "As cooperativas e, sobretudo, as cooperativas de produção são instituições de natureza híbrida dentro do capitalismo: constituem uma produção socializada em miniatura que é acompanhada por uma troca capitalista. Mas na economia capitalista a troca domina a produção; por causa da concorrência exige, para que a empresa possa sobreviver, uma impiedosa exploração da força do trabalho, quer dizer, a dominação completa do processo de produção pelos interesses capitalistas (...). Uma cooperativa de produção tem a necessidade, contraditória para os operários, de se governar a si própria com toda a autoridade absoluta necessária e de os seus elementos desempenharem entre si o papel de empresários capitalistas. Dessa contradição morre a cooperativa de produção, na acepção em que se torna uma empresa capitalista ou, no caso em que os interesses dos operários são mais fortes, se dissolve. Estes são os fatos".

Desde Marx sabe-se que "o modo de repartição de uma determinada época é a consequência natural do modo de produção desse período: por consequência, o movimento comunista intensifica a sua luta não contra o sistema de repartição no quadro da produção capitalista, mas visa suprimir a própria produção mercantil capitalista. Numa palavra, os comunistas querem estabelecer um modo de repartição socialista suprimindo o modo de produção capitalista, enquanto o método do reformismo consiste, pelo contrário, em combater o modo de repartição capitalista na esperança de conseguir estabelecer progressivamente, por esse mesmo meio, um modo de produção socialista". Rosa diverte-se com a ideia ingênua dos reformistas de que se poderia chegar a abolir a apropriação do produto do trabalho pelo desenvolvimento jurídico do Estado. Pois se não há nenhuma lei que institua a legalidade da exploração da força de trabalho - que se dá pela expropriação histórica dos meios de produção e pela transformação da força de trabalho em mercadoria -, sendo ela uma manifestação econômica, como se pode esperar que se ponha fim à exploração capitalista por meio de modificações na legislação?

O fundamento da teoria da realização progressiva do socialismo por intermédio das reformas sociais implica certo desenvolvimento objetivo tanto da propriedade capitalista como do Estado. Conforme Rosa Luxemburgo, no tocante à primeira questão, o esquema do desenvolvimento futuro tende, segundo outro teórico do reformismo, Conrad Schmidt, "a restringir progressivamente os direitos do proprietário do capital, reduzindo-o a um papel de simples administrador. Para compensar a pretensa impossibilidade de destruir de uma só vez a propriedade dos meios de produção, Conrad Schmidt inventa uma teoria de expropriação progressiva. Imagina que o direito de propriedade se divide em 'direito supremo de propriedade' atribuído à 'sociedade' e obrigado, segundo ele, a alargar-se sempre mais, e direito de usufruto que, nas mãos do capitalismo, se reduzirá cada vez mais à simples gestão da empresa.

Ora, de duas coisas, uma: ou essa construção teórica não passa de uma inocente figura de retórica a que não se dá a mínima importância e então a teoria da expropriação progressiva perde todo o fundamento; ou representa, a seus olhos, o verdadeiro esquema de evolução jurídica; mas, neste caso, engana-se de uma ponta à outra. A decomposição do direito de propriedade em diversas competências jurídicas, a que Conrad Schmidt recorre para engendrar a sua teoria da 'expropriação progressiva' do capital, caracterizava a sociedade feudal baseada na economia natural: a repartição do produto social entre as diferentes classes da sociedade praticava-se naturalmente e fundamentava-se nas relações pessoais do senhor feudal com os seus vassalos.

Em compensação, a passagem à produção mercantil e a dissolução de todas as ligações pessoais entre os diversos participantes no processo de produção reforçou as relações entre o homem e a coisa, quer dizer, a propriedade privada. A partir desse momento, a repartição já não se fundamentava em relações pessoais, mas realizava-se pelos meios de troca; os diferentes direitos de participação na riqueza social não se mediam em frações do direito de participação à riqueza social, em frações do direito de propriedade de um objeto, mas pelo valor conferido a cada um no mercado. De fato, a primeira grande transformação introduzida nas relações jurídicas na sequência do aparecimento da produção mercantil nas comunas urbanas da Idade Média foi a criação da propriedade privada absoluta no próprio núcleo das relações jurídicas feudais, a criação do regime de propriedade parcelada. Mas na produção capitalista essa evolução não parou.

Por acréscimo, quanto mais o processo de produção é socializado, mais se fundamenta exclusivamente na troca e mais a propriedade privada capitalista adquire um caráter absoluto e sagrado. A propriedade capitalista, que era um direito sobre os produtos do seu próprio trabalho, transforma-se crescentemente num direito de apropriação do trabalho dos outros. Enquanto o capitalista gerava ele próprio a fábrica, a repartição contínua estava ligada, em certa medida, a uma participação pessoal no processo de produção. Mas, na medida em que se pode ultrapassar o capitalista para dirigir a fábrica – que é o caso das sociedades por ações – a propriedade do capital, enquanto participação na repartição, liberta-se completamente de qualquer relação pessoal com a produção, surge na sua forma mais pura e absoluta".

O esquema histórico dos reformistas que mostra o proprietário passando da função de "proprietário a simples administrador" não corresponde de modo algum à tendência real do desenvolvimento capitalista que é, na verdade, a passagem do proprietário e administrador a simples proprietário. O "controle social da produção", sob o capitalismo, não guarda nenhuma relação com a democratização do direito de propriedade - o que seria a apropriação coletiva do produto do trabalho. A função desse controle constitui, unicamente, uma maneira de normalizar as relações de produção capitalistas.

A última tese central da teoria reformista, apoiada no pretenso valor universal da democracia burguesa e nas possibilidades infinitas da democratização do Estado - o qual agiria como mecanismo de democratização das relações sociais - será abordada a seguir, na última parte deste ensaio.
Nota:

1 - Todas as citações são traduções livres do texto em inglês presente na seguinte edição para e-book: LUXEMBURG, Rosa. Reform or Revolution and Other Writings. New York: Dover Publications, 2006. O texto em português, embora com alguns problemas de tradução, pode ser encontrado em:
http://www.marxists.org/portugues/luxemburgo/1900/ref_rev/index.htm

*Rita Coitinho é mestra em sociologia, cientista social e militante do PCdoB em Santa Catarina

Bebo Valdés, o gênio cubano do piano


O mal de Alzheimer o levou aos 94 anos de idade. Bebo Valdés foi um dos mais completos e talentosos músicos cubanos. Pianista e arranjador, ele não se acertou com o governo revolucionário e deixou a Ilha em 1963, morando desde então na Suécia, onde deixou de viver no último dia 22.


Afastou-se de Cuba mas deixou sua alma lá - ou, ao contrário, levou consigo um pouco da alma de Cuba, que exprimia em seu piano e sua música. Foi considerado um dos gênios da música cubana, protagonista dos momentos de ouro da história musical da Ilha. O escritor Helio Orovio o elogiou, em seu "Dicionário da Música Cubana", como um “dos mais completos músicos que Cuba nos deu".

"Bebo é um ícone, um paradigma da música cubana dos anos 30, um fenômeno, é uma perda grande para a música", disse Amadito Valdés por telefone desde sua casa em Havana. Amadito é um percussionista cubano que integrou o grupo Buena Vista Social Club.

O verdadeiro nome de Bebo Valdés é Dionisio Ramón Emilio Valdés Amaro; ele nasceu em 9 de outubro de 1918, em Quivicán, nos arredores de Havana e, desde 1940, tocou em várias orquestras, tendo gravado discos com grupos de jazz afrocubano.

Em 1960 viajou ao México, depois aos Estados Unidos e à Espanha. Em 1963 decidiu ficar na Suécia e nunca mais voltou a Cuba. Recentemente, ele assinou a trilha sonora do filme "Chico y Rita", de Fernando Trueba, indicado ao Oscar de melhor animação em 2012.



Com informações do portal Brasil 247

Livro conta a trajetória de 90 anos do PCdoB


Como parte da programação de 91 anos do Partido Comunista do Brasil, comemorado no último dia 25 de março, o Comitê Estadual da legenda no Ceará, em parceria com a Fundação Mauricio Grabois, realizou na noite desta terça-feira (26), o lançamento do livro “PCdoB: 90 anos em defesa do Brasil, da democracia e do socialismo”. O jornalista José Carlos Ruy, editor do jornal “A Classe Operária”, apresentou o livro que conta a rica trajetória de nove décadas de ligação entre os comunistas e o país.



O presidente do PCdoB/CE, Carlos Augusto Diógenes (Patinhas), destacou as várias atividades realizadas tanto em Fortaleza como em diversas cidades do interior do estado em comemoração aos 91 anos do Partido, dentre elas o lançamento do livro. “Foram programações em várias Câmaras Municipais, Comitês Auxiliares e demais organismos de bases do PCdoB”, informou.

O dirigente comunista destacou a trajetória de luta de homens e mulheres que fazem parte do PCdoB ao longo de quase cem anos. “Nosso Partido tem uma marca forte: é, ao mesmo tempo, o mais velho e o mais jovem do Brasil. O PCdoB se alimenta da teoria mais avançada que explica os fenômenos sociais através dos pensamentos de Marx e Engels e busca interpretar o mundo e o Brasil à luz dos fenômenos contemporâneos”, ratificou.

Sobre o livro, Patinhas enalteceu o trabalho realizado a muitas mãos na construção de um documento que registra a história do PCdoB. “Através desta publicação, buscamos consolidar a democracia, valorizar os trabalhadores do Brasil e levantar a bandeira do Socialismo. Este é mais um instrumento que deve ser lido e debatido pela militância, pois percorre a história da nossa legenda, extraindo lições, falando das várias gerações de comunistas e ratifica o legado do Partido ao país, contribuindo diretamente nas diversas frentes de luta e atuação”, defendeu.

“Herdeiros”

O jornalista José Carlos Ruy destacou uma “singularidade” do livro. “Ele não se trata de um trabalho autoral, mas um documento aprovado pelo Comitê Central do PCdoB referente à trajetória do Partido, escrito por um conjunto de camaradas que fazem parte de sua direção. Este documento conta a história escrita e protagonizada por milhares de combatentes, condensada em 156 páginas”.

Segundo o representante do Comitê Central, “PCdoB: 90 anos em defesa do Brasil, da democracia e do socialismo” é o resultado de um esforço grande de recuperar e recontar a trajetória do Partido. “Desde a década de 1990 estamos neste esforço concentrado de reorganizar nossas memórias e tivemos em João Amazonas nosso grande incentivador. Durante muitos anos, desprezamos nossa história e, na busca de resgatá-la, descobrimos coisas muito interessantes. Somos herdeiros dos nove representantes que fundaram o PCdoB, somos descendentes diretos destes desbravadores que ousaram pensar um país melhor”, disse.

Ruy destacou que o PCdoB, apesar de ser quase centenário, caracteriza-se por ser um Partido abrangente e vibrante. “Temos a força da história e o vigor da juventude. A idade média de filiados é baixa o que mostra que as ideias do PCdoB não são como seitas, nem fazemos parte de um grupo comandado por uma ‘turminha’ que determina seu rumo. Somos um Partido que busca corresponder às necessidades e solucionar os problemas do povo brasileiro. Lidamos com anseios reais, o que representa uma demonstração de que estamos no caminho certo. Conseguir falar com a juventude é a garantia de que vamos conseguir ir adiante”, defendeu.

No cenário de crescimento do PCdoB e do país, José Carlos destacou períodos difíceis pelos quais os comunistas passaram ao longo de quase cem anos. “Estamos vivendo o primeiro ano da década do centenário do PCdoB, construindo as mudanças que o país e nosso povo precisam. Mas nem sempre foi assim. Grande parte dessas nove décadas fomos impedidos de nos expressar. Passamos 61 anos vivendo na clandestinidade, tomando pancada da polícia, sendo perseguidos, deixando rastro de sangue nessa história. O preço que pagamos pela ousadia de defender a democracia foi muito alto. Tivemos camaradas presos, torturados, mortos e nada foi desculpa para baixar nossa bandeira”, ratificou.

Em sua exposição, José Carlos Ruy falou da importância de grandes lideranças que tomaram para si a responsabilidade de criar, organizar e reorganizar o PCdoB ao longo da história. O livro mapeia as gerações de direções comunistas, desde sua fundação, com Astrogildo Pereira na década de 1920; a segunda geração que enfrentou o fascismo, liderada por Luiz Carlos Prestes; a terceira geração que, em meados da década de 1950, reconstruiu e reorganizou o Partido, com João Amazonas, Mauricio Grabois, Pedro Pomar, Diógenes Arruda; e ainda, “de forma tímida por prudência e modéstia”, a quarta geração composta pela direção atual do Partido. “O livro se propõe a reconhecer, de papel assinado, que a nossa história é complexa. Tivemos idas e vindas, com divergências, mas estávamos todos lutando do mesmo lado. Construímos uma história só, com a mesma cara, a mesma política. Fazemos parte do mesmo Partido”.

Novos desafios

Com os pés fincados no presente, valorizando o legado de comunistas que contribuíram para consolidar a democracia no país, o jornalista destacou os novos desafios para o PCdoB às vésperas de comemorar seu centenário: construir o Socialismo do século XXI. “Temos que encontrar e enfrentar as contradições contemporâneas que estão colocadas no Brasil”, defendeu.

Durante sua intervenção, Ruy falou sobre a crise do Capitalismo, seu agravamento e as possibilidades que se avizinham. “O que estamos vivenciando no mundo foi previsto há mais de 160 anos, pelo Manifesto do Partido Comunista, escrito por Marx e Engels. Agora surge o desafio: como enfrentar as diferenças e que proposta de Socialismo temos a apresentar como saída. Considero que temos experiências significativas que podem ajudar outros países a enfrentarem suas contradições e isso nos coloca em posição de vanguarda. O PCdoB vive seu melhor momento, não só no que diz respeito aos números e resultados nas urnas, o que por si só já representa uma importância imensa, mas também por nossa influência junto aos movimentos sociais”, reiterou.

José Carlos Ruy destacou a necessidade de o movimento comunista compreender a teoria e aplicá-las às questões contemporâneas. “Diferente de outras legendas que parecem viver olhando pelo retrovisor, nós estamos em consonância com os desafios atuais. Nosso retrovisor são ferramentas como esse livro, que nos permite olhar para a história, aprender com ela e não querer repetir velhos erros”.

Novos comunistas

Além do lançamento do livro, o evento também marcou as boas vindas para novos comunistas. Luis Carlos Paes, presidente do Comitê Municipal do PCdoB de Fortaleza, recepcionou os recém filiados, representantes de diversos setores da sociedade.

Segundo o dirigente, desde o começo deste ano, foram mais de 80 novas adesões. “Em nome do Comitê Municipal de Fortaleza, saúdo os camaradas recém filiados e desejo boas vindas. Este é o primeiro importante ato para o ingresso no PCdoB, Partido que se propõe a construir uma nova sociedade socialista através da luta e organização do nosso povo”.

Benedito Bizerril, membro da Fundação Mauricio Grabois no Ceará, também enalteceu a chegada dos novos camaradas. “O PCdoB é feito de heróis, de homens e mulheres que tombaram, mas nunca se submeteu aos poderosos. Ao longo desses anos, procuramos dar nossa contribuição para fazer o país avançar e este processo que estamos vivendo representa um momento decisivo, de grandes embates. Por isso a importância de acumular forças para que, juntos, possamos construir um Partido ainda mais forte para defender esses interesses”.

De Fortaleza,
Carolina Campos

quarta-feira, 27 de março de 2013

Economia Criativa

Marta e presidente do Sebrae tratam de parceria para empreendedores criativos
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, se reuniu nesta terça-feira (26) com o presidente do Sebrae, Luiz Barreto, com o gerente do Sebrae, Juarez de Paula, e com o diretor de Direitos Intelectuais da Secretaria Executiva do Ministério da Cultura (MinC), Marcos Souza, para conversar sobre parcerias entre Sebrae e MinC. A ministra e Barreto mostraram entusiasmo com o plano de ação do convênio que será assinado em abril entre o MinC e Sebrae voltado especialmente para os micro e pequenos empreendedores criativos brasileiros.
“Nós fomos afinando parcerias e construindo um convênio com a cara do MinC e do Sebrae, com uma grande interseção entre nós e eles na construção de modelos de formação e capacitação exclusivos para a economia criativa”, disse Marta.
A secretária de Economia Criativa, Claudia Leitão, também esteve na reunião e falou sobre os três eixos principais do convênio, fundamental para o desenvolvimento da economia criativa no Brasil. O primeiro eixo é o mapeamento da informação das cadeias produtivas, com diagnóstico de territórios criativos, de vocações regionais, para formulação de políticas públicas; o segundo eixo é a capacitação técnica para gestão de negócios criativos, com formação de gestores, do artesanato à cultura digital; e o terceiro eixo é a promoção e difusão desses empreendimentos em feiras, rodadas de negócios, etc.
Esses três eixos compõem os Criativa Birô, e o primeiro deles será inaugurado no Rio de Janeiro no dia 17 de maio. “Esses equipamentos darão apoio ao micro e pequeno empreendedor criativo, que são como o público do Sebrae: o pequeno que quer abrir empresa, o informal que quer se formalizar, que quer definir seu território de ação. O Criativa Birô oferecerá consultoria técnica e jurídica, capacitação profissional entre outros serviços, concentrando vários suportes em um mesmo local”, disse Cláudia. Outros 12 estados e o Distrito Federal também terão escritórios Criativa Birô até o segundo semestre deste ano.
(Alessandro Soares - Ascom/MinC
Foto: Jéssica Tavares)

Jandira: temos uma proposta ousada para a Comissão de Cultura


Em entrevista ao programa Palavra Aberta da TV Câmara, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB/RJ) fala sobre a criação da Comissão de Cultura, na qual é presidente. Segundo a parlamentar, a Comissão surge da necessidade da relevância de uma pauta que vem ganhando corpo na sociedade e no próprio Congresso.



Fonte: TV Câmara

Encontro de Ceramistas começa amanhã em Paraty

 

 

Divulgação
Sétima edição: Encontro reúne obras dos melhores ceramistas do mundo
Sétima edição: Encontro reúne obras dos melhores ceramistas do mundo


Cristiane Mendes
cristiane.mendes@diariodovale.com.br

Reunir os melhores artistas de cerâmica do mundo em um único encontro. É dessa forma, que o Encontro de Ceramistas chega a sua sétima edição. O evento, que é tradicional na cidade histórica de Paraty, começa oficialmente amanhã, dia 28, e segue até domingo, dia 31, com diversas atrações.

De acordo com o organizador do evento, Dalcir Ramiro, o Encontro de Ceramistas em Paraty é um evento que promove as obras e técnicas dos artistas da região, do Brasil e de outros países.

- O principal objetivo do encontro é reunir na cidade os melhores artesãos do mundo. Durante o evento temos a oportunidade de participar de workshops, palestras e exposições relacionadas ao tema - conta, acrescentando que os trabalhos dos ceramistas ficam expostos em vários pontos da cidade.

- Os trabalhos ficam expostos em vários pontos de Paraty, sendo uma excelente oportunidade para a divulgação e valorização do artesanato - adianta.

Até domingo, a população irá conhecer os trabalhos dos 20 ceramistas mais importantes do Brasil, além da participação de dois convidados internacionais.

- O encontro é importante porque dá a oportunidade da pessoa conhecer o trabalho de várias pessoas do mundo. Este ano contamos com 20 ceramistas brasileiros e dois de renome internacional: Sérgio Amaral, de Portugal, e Mario Donadio, da Itália - fala, acrescentando que todo ano o evento traz um convidado especial para participar do encontro.

- Nesta edição contaremos com a presença do ceramista de origem japonesa Magumi Yuasa. Ele é considerado o ceramista mais importante do país quando falamos de cerâmica contemporânea. Ele irá abrir o evento amanhã, às 20h, com uma conferência na Casa de Cultura de Paraty - diz.

O organizador comenta que vários pontos da cidade histórica são dedicados ao encontro. As exposições serão realizadas na Casa de Cultura de Paraty e em outros locais da cidade. A feira de cerâmica, palestras e os cursos durante o encontro, serão na Tenda do Largo de Santa Rita.

- A democratização do conhecimento é fator fundamental durante os dias em que Paraty recebe ceramistas e artistas renomados. Um de nossos objetivos é o intercambio de informações presentes a diferentes realidades trazidas pelos participantes - ressalta.
Obra pública
Todos os anos o encontro promove a construção de uma obra pública que será doada ao município. Este ano a obra foi idealizada por Sergio Amaral e será elaborada juntamente com os ceramistas de Paraty durante o evento.

- A obra terá o formato de um peixe e terá três metros e meio de altura por um metro e meio de largura. Ela é construída durante o encontro com os ceramistas da cidade e ficará exposta em frente à Tenda do Largo de Santa Rita - explica.
Exposições
De acordo com o organizador do evento, a Casa de Cultura de Paraty receberá três exposições que ficarão abertas para visitas até o dia 22 de abril. A população poderá conferir os trabalhos dos convidados brasileiros, dos ceramistas de Paraty e também do convidado especial Magumi Yuasa.
Além dessas, outras exposições paralelas acontecem em outros pontos da cidade. A Galeria Belvedere recebe até o dia 30 de abril a exposição Rastos e Restos, de Carlos Gomes, e o espaço Traço Atelier expõe até o dia 13 de abril a mostra da ceramista Patrícia Sada.

Confira a programação
*Amanhã, dia 28
Local: Casa da Cultura de Paraty
20h - Abertura oficial, Conferência Megumi Yuasa e inauguração das exposições dos convidados e dos ceramistas de Paraty
*Sexta-feira, dia 29
Local: Tenda no Largo Santa Rita
9h às 10h - Demonstração de torno com Marcelo Tokai
9h às 12h - Curso de Paleteado - Máyy Koffler
10h às 12h - Curso de CABEÇAS, para crianças, com Luciano Almeida
15h às 18h - Curso de Paleteado - Máyy Koffler
16h às 17h - Performance com Benedikt Wiertz
18h às 19h - Palestra com Kimi Nii: Design na cerâmica contemporânea
19h30 - Queima de RAKU
*Sábado, dia 30
Local: Tenda no Largo Santa Rita
9h às 10h - Curso de Modelagem para adultos com Mario Donadio
11h às 12h - Performance com o artista plástico Cesare Pergola
14h às 16h - Montagem do forno de papel com Celia Cymbalista
15h às 17h - Curso de Modelagem Infanto Juvenil com Eliana Mota
20h30 - Final da queima em forno de papel
*Domingo, dia 31
Local: Tenda no Largo Santa Rita
9h às 12h - Curso de queima Positivo/Negativo com Máyy Koffler
14h às 17h - Queima de Raku com os ceramistas de Paraty
**Cursos
*Sábado, dia 29
Local: Atelier do Dalcir na Rua Santa Rita, nº6
10h às 13h e 15h às 18h
Escultura com Israel Kislansky - Vagas limitadas
*Domingo, dia 30
Local: Atelier do Dalcir na Rua Santa Rita, nº6
10h às 13h e 15h às 18h
Método prático de formulação de esmaltes com Tito Tortori - Vagas limitadas
**Exposições
De 28 de março a 22 de abril
Local: Casa de Cultura de Paraty
- Exposição do Convidado Especial Magumi Yuasa
- Exposição dos Ceramistas Convidados
- Exposição dos Ceramistas de Paraty
*Paralelas
De 29 de março a 14 de abril
Exposição Rastos e Restos de Carlos Gomes
Local: Galeria Belvedere
De 27 de março a 13 de abril
Exposição Cabeças de Patrícia Sada
Local: Traço Atelier
**Feira de Cerâmica
De 28 a 31 de março
Local: Tenda no Largo de Santa Rita
10 às 21h


Serviço
A programação oficial da sétima edição do Encontro de Ceramistas em Paraty começa amanhã, dia 28, e segue até domingo, dia 31. Exposições paralelas ao evento seguem até abril em diversos pontos do município. Inscrições para os cursos e informações pelo e-mail [encontroceramistasparaty@gmail.com] ou pelo telefone (24) 3371-1241.


Leia mais: http://diariodovale.uol.com.br/noticias/0,71227,Encontro-de-Ceramistas-comeca-amanha-em-Paraty.html#ixzz2OkQSbGLB

Paraty terá escola gratuita de teatro

Publicado em 23/03/2013, às 11h02 
Última atualização em 23/03/2013, às 11h02
Paraty
O município de Paraty terá ainda neste mês uma escola gratuita de teatro. A escola "Lumiere" irá abrir as portas, montando uma unidade no Centro de Paraty.
O objetivo do projeto é oferecer oficinas para crianças, jovens e adultos, organizar workshops para o treinamento do ator e abrir um curso profissionalizante, entre outras ações.
A escola irá trabalhar com uma modalidade chamada Teatro Fórum (Teatro social de Augusto Boal). As oficinas de teatro e expressão corporal serão para crianças de 6 a 11 anos, e serão realizadas nas segundas (17h-18h) ou quartas (9h30-10h30) e em outros horários para adolescentes e adultos.
A nova escola vai desenvolver aulas de prática teatral e expressão corporal, num espírito de investigação e descoberta onde os participantes serão conduzidos, graças aos jogos e exercícios, a aumentar a confiança e liberar a criatividade e imaginação.
Mais informações pelos telefones (24) 3371-7158 ou (24) 9221-0888 ou pelo e-mail [ciateatrolumiere@gmail.com].


Leia mais: http://diariodovale.uol.com.br/noticias/0,71047,Paraty-tera-escola-gratuita-de-teatro.html#ixzz2OkMLndyR

terça-feira, 26 de março de 2013

Zillah: O patrimônio nacional e o ataque imperialista na Europa


A definição do território pátrio estabelece as fronteiras com outros territórios vizinhos, as milhas marítimas que cada um tem para seu abastecimento e defesa, os rios, o solo e o subsolo. 


Por Zillah Branco*


A gente que aí habita, com a sua cultura, idioma e história, o povo, tem o poder e a responsabilidade de proteger o território, desenvolver as potencialidades existentes para assegurar a melhor condição de vida coletiva, zelar pelas riquezas naturais existentes para que o patrimônio nacional seja aplicado para o bem comum e conservado para as gerações futuras. As nações europeias que alcançaram durante a Idade Média maior poder em relação ao mundo ainda desconhecido, afirmaram-se como centro do conhecimento científico, filosófico e artístico e impuseram, através do domínio dos mares e da capacidade de organização de instituições que consolidaram Estados e relações políticas internacionais, o seu modelo de pensamento às nações mais pobres conquistando o estatuto de "poder cultural ocidental".

Subordinado ao modelo dos mais ricos (ou mais fortes), o mundo colonizado esmagou o orgulho nacional que defendia os seus patrimônios – naturais, culturais e históricos – que constituem a riqueza, material e imaterial, que alicerça o desenvolvimento da sua economia e do seu povo. 

Hoje, em investigações arqueológicas, desvendam-se conhecimentos científicos, conceitos filosóficos e sociológicos, noções de arte, enfim, traços de uma inteligência criativa avançada que se interpenetrava de sentimentos humanísticos que ainda faltam no conhecimento atual divulgado pelo mundo ocidental. 

Constata-se o tempo perdido no desenvolvimento da precária "civilização" que traduziu a sua capacidade e brilho intelectual em uma elite fortemente armada e de poder autoritário que manipula os seus dependentes.

Séculos de predação e rapina do patrimônio cultural e natural de povos que foram sendo exterminados bárbaramente no "Terceiro Mundo" – que o colonialismo e o neo-colonialismo criaram no planeta com o resíduo da sua exploração da riqueza resultante das suas "descobertas" nunca reconhecidas como "encontros entre povos" – que com o impulso propiciado pelo socialismo revolucionário deu, no século 20, decididos passos no sentido da libertação ainda que subjugados pelo sistema capitalista dominante que segue o seu curso com ideal imperialista. 

Novas formas de espoliação foram criadas na Europa, agora por empresas multinacionais que acobertam as nações ponta-de-lança do imperialismo que atuam dentro das instituições administrativas das sociedades dependentes (como antes fizeram no Terceiro Mundo por meio de empresas concessionárias de serviços públicos) assenhoreando-se das riquezas do subsolo como os minérios raros e, agora, a água, e passam a vender como se fosse seu, o patrimônio que pertence ao povo.

Diferentes estratégias expansionistas deram origem à criação e povoamento europeu das nações no Terceiro Mundo onde velhas culturas indígenas foram esmagadas e povos primitivos foram escravizados com o objetivo de ser implantado um modelo "civilizado" com as características do europeu. 

Paralelamente, a exploração das riquezas naturais do novo mundo enriqueceu o sistema comercial europeu que passou a constituir a base do poder econômico e político que mantinha a aristocracia reinante no continente europeu. 

A Inglaterra capitaneou a Revolução Industrial esvaziando o seu território de um campesinato pobre que emigrou, com facções religiosas conflitantes com o poder instituído, para o norte da América onde sobreviveram e povoaram os Estados Unidos e o Canadá na companhia de franceses e holandeses que seguiram o mesmo caminho. 

Naturalmente estas condições históricas de colonização, pelo empenho de nações europeias mais ricas que aplicavam a cultura no desenvolvimento de uma nova sociedade que se organizava no caminho da industrialização com as bases do capitalismo nascente, deram origem a colónias que permaneceram como instrumentos de poder aliadas às suas metrópoles. 

No final do século 19, depois de processos de independência em que Inglaterra e França competiram hora como colonialistas, hora como libertadores do novo mundo, os Estados Unidos seguido pelo Canadá, deram início à sutil penetração nas nações latino-americanas levando tecnologia e ideias modernas de desenvolvimento econômico diferentes dos conceitos libertários herdados tanto da Revolução Francesa como da Revolução Americana que já tinham desaparecido no curso da Guerra de Secessão que dividiu o povo norte-americano entre os racistas escravocratas e os que idealizavam o socialismo utópico. 

Abria-se para os países capitalistas, independentes e agora aliados, a fase do "imperialismo" que substituiu o mercantilismo e a dominação colonial por fórmulas modernas de neo-capitalismo acompanhadas de ação destruidora das culturas tradicionais e perseguição sem tréguas a qualquer expressão individual ou coletiva de doutrinas libertárias ou do socialismo científico. 

Todo o Terceiro Mundo, inclusive no Oriente, foi invadido pelo vírus imperial que ficou colado às sementes da cultura e do desenvolvimento equilibrado com as origens tradicionais e as características de cada povo, com características de humildade submissa, o reverso da medalha dos preconceito de superioridade racial e civilizacional usado como instrumento de domínio.

A Revolução Socialista realizada na Rússia e que expandiu o seu exemplo por mais 15 nações da Ásia Central e da Europa do norte, tendo por base teórica o conhecimento gerado na Alemanha e França, com participação de intelectuais e instituições de muitas outras nações europeias e mesmo dos Estados Unidos, dividiu a humanidade como um todo entre explorados e exploradores, sem divisões raciais e com a consciência dos iguais direitos humanos. 

A Segunda Guerra Mundial contra a expansão do domínio fascista na Europa foi vencida pela união da humanidade contra um perigo global, apesar das diferenças ideológicas históricas. A reconstrução das nações europeias também foi fruto da mesma solidariedade humanista e recebeu a ajuda (que abriu caminho para desenvolver os seus interesses de domínio) do núcleo imperial do sistema que deu grande impulso à imagem da Europa como "poder cultural" ao qual se manteve aliado até conseguir minar o sistema socialista no Continente.

Como assinala a exposição feita sobre a história da União Europeia, apresentada em final de 2012 em Bruxelas, a construção deste caminho teve início com a formação do Clube de Bilderberg formado na sequência da Segunda Guerra com políticos e militares europeus e norte-americanos que também definiram o Estado de Israel a ser implantado sobre o mundo árabe. 

Este fato, que é publicitado amplamente na Europa, impede que se avalie a penetração subtil do imperialismo na sua habitual forma de dominação dos países fragilizados da própria Europa. 

A aliança de uma elite política e econômica na Europa, a qual é integrada pela realeza que encabeça vários governos republicanos, com o núcleo imperial que comanda os Estados Unidos mantendo a nação como primeira potência militar e econômica no planeta, traçou em conjunto o caminho para o combate às ideias libertárias e socialistas que germinaram em toda Europa e formaram movimentos sindicais sólidos capazes de defender o direito dos trabalhadores e os direitos sociais de toda a população que são o objetivo de luta da esquerda que resistiu às invasões fascistas e às pressões ditatoriais permanentemente. 

O imperialismo, fase superior do capitalismo, que sempre apareceu como uma "estratégia" da primeira potência - amplia a sua imagem mostrando que também é europeu no mundo global.

Permanece a humanidade, que se divide em exploradores e explorados, diante da ameaça de uma guerra que parece unir os dois lados adversários na paz, em defesa da dignidade humana e o direito elementar de viver.

Zillah Branco é socióloga, militante comunista e colaboradora do Vermelho

segunda-feira, 25 de março de 2013

Deputados vão debater inclusão de estados e municípios ao SNC

 A Comissão de Cultura da Câmara vai realizar audiência pública para debater a adesão e implementação do Sistema Nacional de Cultura (SNC) no País. O sistema é um modelo de gestão criado pelo Ministério da Cultura (MinC) para integrar as políticas públicas culturais implantadas por governo, estados e municípios. O objetivo é descentralizar e organizar o desenvolvimento cultural do Brasil, para que todos os projetos tenham continuidade, mesmo com a alternância de governos.


Segundo dados do MinC, desde que foi promulgado em dezembro último, somente 801 municípios e 17 estados aderiram ao SNC. A comissão ressaltou que o futuro debate servirá para conscientizar os gestores culturais de municípios e estados que ainda não aderiram sobre sua importância.

A presidenta da comissão, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), explica que “é preciso debater fortemente com os secretários regionais e municipais de Cultura, com os representantes da sociedade civil, em diferentes pontos do País, os alicerces da divulgação e implantação de ações culturais”.

Jandira lembrou ainda que na primeira semana de abril a Comissão receberá a visita da ministra da Cultura Marta Suplicy, para reafirmar a agenda política do setor entre a Casa e governo: “Será o momento de reaproximar a pauta do Executivo com a nossa e programar avanços imediatos e estratégicos nos projetos que aqui tramitam”, disse a deputada.

Da Redação em Brasília
Com informações da Ass. Dep. Jandira Feghali

domingo, 24 de março de 2013

Inauguração da Biblioteca Brasiliana

Ministra elogia acervo digital da biblioteca e anuncia Lei de Direitos Autorais na Casa Civil
A ministra da Cultura Marta Suplicy participou no sábado (23) da inauguração do moderno edifício que passa a abrigar a nova Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, na Universidade de São Paulo (USP).
Em seu discurso, a ministra ressaltou o trabalho pioneiro de digitalização do acervo da Biblioteca Brasiliana, iniciativa que tem o apoio do Ministério da Cultura e que visa democratizar o acesso à cultura e à informação no Brasil. Cerca de 3,5 mil títulos já foram digitalizados e estão disponíveis para consulta online no site da biblioteca.
A ministra lembrou que o maior impasse para digitalização dos acervos públicos são os obstáculos impostos pela atual lei de Direitos Autorais. “Por isso, quero declarar para vocês que o novo projeto de lei de Direitos Autorais já está pronto, foi enviado para a Casa Civil e esperamos que em breve esteja em discussão no Congresso Nacional. Isso é importante, pois sabemos que mesmo bibliotecas digitalizadas enfrentam grandes dificuldades de disponibilizar seus acervos”, disse a ministra. “A Biblioteca Brasiliana será, sem dúvida, uma referência na área de digitalização de acervos no país”.
A Inauguração
O evento realizado no auditório da biblioteca contou com a presença de autoridades, entre eles, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e acadêmicos. A ministra Marta Suplicy destacou o importante papel que o bibliófilo José Mindlin teve para a cultura no Brasil e lembrou o apoio dado pelo Ministério da Cultura ao projeto de implantação da Biblioteca Brasiliana desde a gestão Gilberto Gil.
“Essa biblioteca é importante por vários motivos. Primeiro, pelo conteúdo extraordinário do acervo, depois pela demonstração do exemplo que pode ter um casal de cidadãos para o bem público nacional e, por último, pela modernidade da conservação do seu acervo”, declarou a ministra.
Formada a partir da doação do acervo da família Mindlin à USP em 2006, a Biblioteca Brasiliana possui hoje 60 mil volumes, cuidadosamente colecionados, ao longo de 80 anos, pelo empresário José Mindlin e sua mulher, a restauradora Guita Mindlin.
“Guida e José Mindlin tratavam os livros como joias e, desde o início, tinham a intenção de doar sua coleção para a sociedade”, disse Marta Suplicy, em conversa com jornalistas antes da cerimônia, cuja abertura foi realizada pelo intelectual e amigo pessoal de Mindlin, Antônio Cândido.

Apoio à digitalização de acervos
Marta Suplicy anunciou também que, em parceria com a Brasiliana, será lançado um edital público de digitalização de acervos, no valor de R$ 600 mil. Serão 12 kits composto por equipamentos como câmeras, scanners, softwares e computadores, para que as instituições premiadas possam realizar a digitalização e disponibilizar os conteúdos na internet. O Ministério da Cultura trabalha para ampliar os esforços de digitalização dos filmes da Cinemateca Brasileira, dos documentos da Fundação Casa Rui Barbosa e dos conteúdos da Funarte. Em seu discurso, a ministra declarou sua disposição com a preservação, restauração e a digitalização de todo o acervo da Biblioteca Nacional.

Visita à exposição ‘Não faço nada sem alegria’ 
Depois da cerimônia, Marta Suplicy teve a oportunidade de conferir a exposição inaugural da Brasiliana, disposta em uma das alas do prédio de estilo modernista, cuja concepção arquitetônica contou com participação do próprio Mindlin e foi executada pelo seu neto, Rodrigo Mindlin Loeb, e o arquiteto Eduardo de Almeida.
A exposição inaugural da biblioteca foi intitulada “Não Faço Nada sem Alegria”, um lema pessoal de José Mindlin, e traz painéis, fotos e vídeos sobre a vida do casal Mindlin e sua paixão compartilhada pelos livros, além de um histórico sobre a conservação do acervo e a cultura do livro no Brasil.
O novo prédio passa a abrigar também o acervo do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB). O edifício foi construído em local de destaque dentro da Cidade Universitária da TUSP, perto da reitoria e da Praça do Relógio. Ao todo, a obra custou, aproximadamente, R$ 173 milhões e foi viabilizada a partir de recursos da própria universidade, com o auxílio de R$ 23 milhões provenientes do Ministério da Cultura via incentivos fiscais viabilizados pela Lei Rouanet e investimentos do Fundo Nacional de Cultura.
(Texto: Carolina Toledo
Fotos: Luiz Murauskas)

sexta-feira, 22 de março de 2013

Urariano Mota: Graciliano Ramos x Guimarães Rosa

Guimarães Rosa e Graciliano Ramos 
Guimarães Rosa e Graciliano Ramos.

No blog de Luis Nassif, houve certa vez uma discussão que julgamos oportuno recuperar. A partir de um motivo remoto, nessas voltas e inesperados que ocorrem em todo blog, um participante comentou sobre Guimarães Rosa a pretexto de comentar sobre ecologia. E como um pretexto leva a outro, algo assim como, se queres ferir um homem, podes sempre dizer, “e por falar nisso”, para agredi-lo com um golpe na cara, de Guimarães Rosa atingiu-se Graciliano Ramos. Nos termos a seguir:

Por Urariano Mota* 


“O outro detalhe, é que o texto que reproduzirei abaixo (de Sagarana, que causou uma revolução na literatura brasileira, na década de 40), chegou a concorrer em um concurso público literário, presidido por um político alagoano comunista (não, não era o Aldo Rebelo, heheheh), o Graciliano Ramos. E o Graciliano ramos, então autor consagrado de Vidas Secas e são Bernardo, negou o 1º prêmio a Sagarana (Guimarães Rosa era apolítico, desconhecido e concorria sob o pseudonimo de Viamão). Por fundamentalismo ideológico-comunista, o Graciliano ramos passou por picareta, por ter sido incapaz de reconhecer o Guimarães Rosa no início de carreira!!! Teve que passar o resto da vida tentando justificar o injustificável. Morreu antes de poder ler a obra prima do gênio (herói, para os judeus), Grande Sertão Veredas. Ao contrário de Graciliano ramos, que fez questão de escrever Memórias do Cárcere e fazer propaganda de sua prisão política, Guimarães Rosa nunca mencionou o seu ato heróico na Alemanha nazista. Achava que era um assunto que não devia ser mencionado...”. Assim mesmo, creiam. Poderia ser dito que o pensamento conservador no Brasil já possuiu melhor nível e expressão. Ou mesmo que no parágrafo citado se confundem tempos, pessoas, obras e anticomunismo, mistura sempre indigesta, para o estômago e o pensamento. Mas vamos um pouco mais adiante. 

O fato é que diante de tais insultos, respondi o que se segue:

“O escritor a quem se chama de ‘político alagoano comunista’, certamente como uma progressão de graus depreciativos, a saber, político+alagoano+comunista, é na verdade um clássico da língua portuguesa, um escritor que recebeu de outro gênio, o romancista José Lins do Rego, a saudação de ‘o maior de todos nós’. Isso, note-se, numa época de grande criação da literatura brasileira, onde ‘apenas’ existiam Jorge Amado, o próprio José Lins, Raquel de Queirós, e outros menores, digamos.

O elogio a Guimarães Rosa não precisa ser feito à conta do desconhecimento sobre o homem e escritor Graciliano Ramos. Se o autor do comentário pesquisasse um pouco mais sobre esse ‘alagoano’, veria que Memórias do Cárcere é um monumento de inteireza moral, uma prosa densa e clássica, talvez a melhor obra de Graciliano. De passagem, conheceria um documento indispensável sobre as condições da repressão política na ditadura Vargas. E veria, ainda, os conflitos de um romancista com a linha política do Partido Comunista daqueles anos. Como o autor do comentário-insulto não conhece, rascunha algo como ‘Graciliano ramos, que fez questão de escrever Memórias do Cárcere e fazer propaganda de sua prisão política’....

Enfim, uma pesquisa mais atenta veria que o Sagarana apresentado ao concurso de contos presidido por Graciliano não foi o mesmo livro publicado muitos anos depois. Deixo a seguir as palavras do mestre de todos os escritores brasileiros, em linhas jamais contestadas por Guimarães Rosa:

’Em fim de 1944, Ildefonso Falcão, aqui de passagem, apresentou-me J. Guimarães Rosa, secretário de embaixada, recém-chegado da Europa.

— O senhor figurou num júri que julgou um livro meu em 1938.

— Como era o seu pseudônimo?

— Viator.

— Ah! O senhor é o médico mineiro que andei procurando.

Ildefonso Falcão ignorava que Rosa fosse médico, mineiro e literato. Fiz camaradagem rápida com o secretário de embaixada.

— Sabe que votei contra o seu livro?

— Sei, respondeu-me sem nenhum ressentimento.

Achando-me diante de uma inteligência livre de mesquinhez, estendi-me sobre os defeitos que guardara na memória. Rosa concordou comigo. Havia suprimido os contos mais fracos. E emendara os restantes, vagaroso, alheio aos futuros leitores e à crítica. [...]

Vejo agora, relendo Sagarana (Editora Universal — Rio — 1946), que o volume de quinhentas páginas emagreceu bastante e muita consistência ganhou em longa e paciente depuração. Eliminaram-se três histórias, capinaram-se diversas coisas nocivas. As partes boas se aperfeiçoaram: O Burrinho Pedrês, A Volta do Marido Pródigo, Duelo, Corpo Fechado, sobretudo Hora e Vez de Augusto Matraga, que me faz desejar ver Rosa dedicar-se ao romance’. (Graciliano Ramos, na crônica Conversa de Bastidores)”

Poderíamos ter lembrado precedentes mais graves e ilustres que a rejeição a Sagarana. Como, por exemplo, a de André Gide aos originais de Em Busca do Tempo Perdido. Ou mesmo a de Lukács ao gênio fundamental de Kafka. Mas não poderíamos passar recibo à crença de que todas as recusas de obras-primas do mundo se reuniram para coroar a recusa de Graciliano Ramos a Guimarães Rosa. Nisso haveria um pouco de excesso, acreditamos. Sagarana deve ser um pouco menor que A Metamorfose ou Sodoma e Gomorra, devemos crer. Nos limites de nossa experiência, preferimos chamar a atenção para um livro e autor que cresceram anos depois da leitura honesta de Graciliano Ramos. Que se achava em posição impossível de melhor avaliação. Seria como, se nos permitem uma comparação plebeia, julgar Pelé o maior jogador do mundo quando ele possuía apenas 13 anos. Antes, portanto, que ele pudesse escrever obras mais belas que Sagarana. Ele, Pelé, queremos dizer. Com o devido respeito à glória de Guimarães Rosa, devemos acrescentar.

*Urariano Mota é escritor, jornalista e colaborador do Vermelho.

Formas desejadas: as curvas de Niemeyer

oscar niemeyer Oscar Niemeyer (1908-1912). 

 


Por Oscar Niemeyer

Na folha branca de papel faço o meu risco,
Retas e curvas entrelaçadas,
E prossigo atento e tudo arrisco
Na procura das formas desejadas.

São templos e palácios soltos pelo ar,
Pássaros alados, o que você quiser.
Mas se os olhar um pouco devagar,
Encontrará, em todos, os encantos da mulher.

Deixo de lado o sonho que sonhava.
A miséria do mundo me revolta.
Quero pouco, muito pouco, quase nada.

A arquitetura que faço não importa.
O que eu quero é a pobreza superada,
A vida mais feliz, a pátria mais amada.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Roberto Amaral: Inspiração ideológica


Não se discute o reacionarismo da "grande imprensa" no Brasil (eu havia escrito "da imprensa brasileira", mas pensei melhor); a questão é seu entranhado entreguismo, pois, para ser de direita não precisa ser entreguista. A imprensa dos EUA, por exemplo, embora conservadora, é nacionalista… É este, aliás, o único ponto em que a imprensa aqui instalada se afasta de sua congênere norte-americana: vive de costas para os interesses nacionais.


Por Roberto Amaral*, na Carta Capital


A explicação, porém, é fácil: no reverso, para atender aos interesses dos EUA (mais precisamente da dupla Pentágono-Departamento de Estado, e, logo, Departamento de Comércio), ela, essa imprensa, precisa ser antinacional. Por isso, em seu viés, o Brasil pode até crescer, desde que jamais ouse deixar de ser ‘quintal’ do grande ‘irmão do Norte’. Pode até ser rico, o Brasil, para poder ser bom comprador; contanto que jamais ouse qualquer arroubo de autonomia.

Nossas ‘elites’, ideologicamente colonizadas, não entendem que um país mestiço possa ter política externa, mormente ditada pelos seus próprios interesses.

Não é de hoje. Não é anti-lulismo, embora tenha encontrado nessa paixão política terreno fértil para se desenvolver. A grande imprensa, que ainda hoje odeia a Petrobras (que deslocou a Esso de nosso território), foi sempre contra a exploração brasileira do petróleo brasileiro. Chegou mesmo a defender a tese de que não devíamos gastar dinheiro procurando um ‘óleo que não tínhamos’, se podíamos comprá-lo das "sete irmãs". Foi contra a triticultura brasileira, pois deveríamos comprar o trigo subsidiado do Ponto 4, quando os EUA renovavam seus estoques de Guerra. Foi contra a industrialização do país. Repercutindo as teses de Eugênio Gudin, dizia-nos que nossa vocação, de país agrícola ‘por natureza’, era a de ser, palavras de hoje, "a grande fazenda do Ocidente". Jamais gostou da democracia. Foi contra a posse de JK, contra a posse de Jango, a favor do golpe de 1964 e do regime militar, cuja implantação defendeu com entusiasmo, dando-lhe sustentação, até o momento em que, como genipapo maduro, a ditadura anunciou que ia cair do galho.

O ódio a Vargas vinha daí, não da ditadura do Estado Novo, mas do Vargas do regime democrático; não fôra ele defensor dos interesses nacionais em conflito com o imperialismo (recomendo a releitura de sua "Carta-testamento"; está no Google). Vem, também de seu ranço anti-popular, o ranço das "elites" que os meios de comunicação repercutem, pois Vargas foi o fundador do trabalhismo brasileiro.

Nossa velha imprensa nunca aceitou a ‘política externa independente’. Apoiou com denodo, e unanimidade, a aventura janista. Mas logo, comandada por Lacerda, passou a hostilizar o governo de JQ. Qual a motivação? Seus arreganhos autoritários? Seus delírios bonapartistas? Não, o inimigo era a política externa independente, elucubrada pelo presidente e exemplarmente formulada e executada por Afonso Arinos.

Anti-democrática, defendeu a tentativa de golpe contra a posse de Jango. Depois, sempre comandada ideologicamente pelo lacerdismo mais tacanho (pensei em escrever "abjeto", mas…) partiu para a conspiração e a oposição mais desabrida, de que é exemplo paradigmático o famoso editorial “Fora”, do "liberal" Correio da Manhã de 1º de abril de 1964. O que a incomodava, senão a política externa independente comandada pelo gênio de San Tiago Dantas?

Dócil e cevada, bem cevada com canais de rádio e de televisão para incensar a ditadura de 1964, sempre torceu o nariz para tudo que contrariasse os interesses do Departamento de Estado dos EUA. Ora, Geisel chegou a romper com o acordo militar Brasil-EUA e defender, contra a sabotagem estadunidense, o acordo nuclear com a Alemanha. Essa imprensa detestava Silveirinha, pois para ela o modelo de bom chanceler era o general Juracy Magalhães, para quem "o que é bom para os EUA é [era] bom para o Brasil”. Por essas mesmas razões não se cansou em render loas à diplomacia de FHC, aquela na qual nosso chanceler tirava os sapatos para ingressar no solo norte-americano; é a mesma imprensa que então e agora devotava e devota ódio à trinca Amorim-Marco Aurélio-Samuel Guimarães, que, sob o comando de Lula, recolocou nossa politica externa no campo da dignidade.

A grande imprensa, por definição, está a serviço dos interesses de classe, isto é, da classe dominante, isto é, do empresariado. No Brasil, porém, ela contraria os interesses de nosso empresariado, ou seja, do capitalismo caboclo, para quem é importante vender para a China, para quem é importante vender para a Venezuela, para quem é importante o Mercosul e o hemisfério Sul, em geral, e a África em particular (coisa que os chineses não ignoram). Mas, a chamada mídia (um monopólio ideológico e empresarial inaceitável numa democracia que se preze) não está comprometida, sequer, com o capitalismo brasileiro, pois se ela é fiel servidora de interesses externos, ela é servidora, antes de tudo, do capitalismo norte-americano, de seu imperialismo (vá lá a palavra detestada pelos "liberais" mas sempre exata) político e econômico, ainda presa, anacronicamente, a uma Guerra Fria que ela vai recolher na leitura da concordatária Seleções.

Nosso empresariado dos meios de comunicação de massas é contra a expansão de nossos interesses na América Latina, é contra a abertura de novos mercados para além dos EUA, e é a favor, ainda hoje!, da falecida ALCA , que, ao fim e ao cabo, pretendia nossa anexação.

Essas considerações me são provocadas pela leitura do editorial "Inspiração ideológica" do último dia 18 deste março, de um grande matutino brasileiro.

Começa, o editorial, curiosamente, por chamar nossa atual política externa de ideológica, para criticá-la, como se a própria crítica do jornal não fosse, em si, uma formulação ideológica…, para em seguida de fato defender nosso isolamento do sub-continente sul-americano. Essa tese vem dos tempos coloniais! É contra a aproximação com nossos vizinhos, particularmente com a Argentina (porque é governada por uma Kirschner), contra a Bolívia (porque é governada por Evo Morales), contra o Equador (porque é governado por Rafael Correa). Porque todos eles põem acima dos interesses dos EUA os interesses de seus povos. Isto está dito com todas as letras: esses países "são aintiimperalistas". Ao imperialismo deveriam ser dóceis. Essa mesma imprensa foi contra nossa aproximação com o Paraguai quando era governado por Lugo, e agora defende nossa aproximação porque Lugo foi defenestrado por um golpe-de-Estado parlamentar. Diz que não podemos afrontar os EUA, e uma maneira de afrontá-los, é aceitar que a China venha "substituindo os EUA como grande parceiro comercial do Brasil".

Reclama porque não brigamos com a Bolívia quando esta ocupou uma instalação da Petrobras. Defende a posição pusilânime dos EUA no golpe em Honduras, e acusa nossa posição ali – de firme defesa democrática – como "apelo ideológico".

Quer que o Brasil se dilua no Nafta (tratado entre os EUA o Canadá e o México, esses, dois países virtualmente sem soberania, até por uma tragédia geográfica) para, afinal, sucumbirmos na Alca, Aliança de Livre Comércio das Américas, fazendo de nós todos a colônia que já fomos de Portugal e Espanha, agora sob outra bandeira.

É por ignorância larvar ou má-fé medular que nossas "elites" não entendem a proposta estratégica de nossa presença na América Latina e na África?

O editorial do grande jornal é contra a presença da Venezuela no Mercosul, a maior reserva de petróleo do mundo, e onde estão instalados significativos interesses brasileiros. À conta do chavismo, em que pese a partida de Chávez.

E por que o jornalão é contra o chavismo? Simplesmente porque essa "ideologia" combate, nas terras venezuelanas, o imperialismo norte-americano que levou o povo daquele país riquíssimo à pobreza extrema. A Venezuela não pode integrar o Mercosul, porque se trata de uma nação ‘inimiga do maior Mercado consumidor do mundo, os EUA’. E aí, o editorialista confunde, numa grosseira contradição ideológica, o país Venezuela, uma permanência, com o chavismo, um processo político-social datado. Mais ainda: ignora, por má fé, a profunda relação comercial que os EUA mantêm com a Venezuela.

Afinal, esse editorial é tão sintomático do reacionarismo antinacional, que deve ter sido escrito (embora corrigido formalmente pelo copydesk do jornal), por um qualquer dos nossos embaixadores de pijama, recalcados irrecuperáveis, viúvas do "Consenso de Washington", alguns abrigados (salarialmente) na Fiesp, que, supunha-se, estaria a serviço dos interesses dos empresários brasileiros.

Com que Brasil sonha a velha imprensa?

* Roberto Amaral é cientista político e ex-ministro da Ciência e Tecnologia entre 2003 e 2004

Começa hoje o 3º Festival de Cinema Político da Argentina


Tem início, nesta quinta-feira (21), o 3º Festival de Cinema Político (Ficip 2013) da Argentina, com participação de produções de 33 países. O evento acontece até o dia 27 de março e será realizado em seis salas de cinema e outras instituições de Buenos Aires.


Insurgentes
Filme argentino de Jorge Sanjinés
Na mostra, que terá como convidados especiais os realizadores Jorge Sanjinés, da Bolívia, e Tata Amaral (Brasil), estarão presentes filmes de ambos os países, além de películas de Chile, Colômbia, Cuba, Equador, Haiti, México, Nicarágua, Peru, Porto Rico, Uruguai, Venezuela e Argentina.

Também serão projetados filmes do Afeganistão, Austrália, Bélgica, Camboja, Canadá, China, Estados Unidos, Espanha, França, Grécia, Índia, Itália, Noruega, Palestina, Polônia, Catar, Reino Unido, Romênia e Vietnã.

Antes da inauguração oficial do encontro, Sanjinés, que apresentará seu filme Insurgentes, dará uma conferência sobre o estado atual do cinema em seu país.

Onze obras participarão da competição oficial internacional de longas-metragens, entre estas a coprodução argentina-italiana “El Impenetrable” (O Impenetrável); “Hoje”, de Tata Amaral; “Infância Clandestina”, de Benjamín Avila; e “Insurgentes”, de Sanjinés.

A competição internacional de meio-metragens tam´bem reunirá “Escrito en la Tierra” (Escrito na Terra), das venezuelanas Gabriela Fuentes e Florencia Mujica; “Palabras en fuga” (Palavras em fuga), do chileno Mauricio Alamo; “Hasta ahí te mueves” (Até aí se mexe), de Mariela Zunino (Argentina).

Na categoria curta-metragem competirão, entre outros: “De Pireos a Gaza, Evocación 1” (De Pireos a Gaza, Evocação 1), de “Luzia Lamanna” (Venezuela); “Juego de niños” (Brincadeira de criança), de Javier Gonzalez (Colômbia); “Objetivo Tornquist”, de Julian Caneva (Argentina), e “El talento”, de Rosario Fuentenebro (Espanha).

Em uma seção sobre o panorama latino, serão exibidas “Las Carpetas” (As Pastas), de Maite Rivera (Porto Rico); “Carrusel”, (Carrossel) de Guillermo Iván (Colômbia); “Con mi corazón en Yambo” (Com meu coração em Yambo), de María Fernanda Restrepo (Equador); “Carlos, el amanecer ya no es una tentación” (Carlos, o amanhecer já não é uma tentação), de Thierry Deronne (Venezuela), entre outras.

Os júris deste Terceiro Festival Internacional de Cinema Político da Argentina serão Jorge Denti (México), Carlos Azpurúa (Venezuela), Ignacio Aliaga (Chile), David Del Río (Espanha), Ruy Guerra e Roberto Fernández (Brasil). Além deles, Tomás Wells (Chile), Humberto Ríos, Nemesio Juárez, Florencia Saintout, Liliana Romero, Osmar Núñez, Pablo de Vita, Gustavo Escalante e Pablo Fischerman, todos argentinos.

Da Redação do Vermelho,
com Prensa Latina

Ariano Suassuna e as histórias que viveu país afora


Por cerca de uma hora, o escritor paraibano Ariano Suassuna prendeu a atenção do público durante palestra, nessa quarta-feira (20), na 1ª Conferência Nacional de Desenvolvimento Regional, em Brasília. O autor de uma série de romances, entre eles Auto da Compadecida, valorizou a cultura brasileira, divertiu o público com histórias que viveu e ouviu pelo país e reivindicou o Brasil como berço de sua própria manifestação cultural.



Ariano Suassuna / foto: Agência Brasil

“Os jesuítas trouxeram uma contribuição maravilhosa ao teatro, mas quando aqui chegaram, já encontraram o teatro. Já encontraram uma música, uma dança. A cultura brasileira vem de muito antes do ano de 1500”, disse à plateia, que teve a presença do presidente em exercício, Michel Temer, e dos ministros da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, e da Aquicultura e Pesca, Marcelo Crivella. A conferência tem por objetivo discutir a reformulação da Política Nacional de Desenvolvimento Regional.

O ocupante da Cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras, 85 anos, tratou de uma série de assuntos, como religião, sua paixão pelo circo e o medo de viajar de avião, sempre com bom humor. “Uma vez, uma moça me recebeu no aeroporto e disse professor, a viagem foi boa?. Eu disse: minha filha, eu não conheço viagem de avião boa. Só conheço dois tipos de viagens de avião: as tediosas e as fatais. Avião é uma coisa tão ruim que a gente reza para a viagem ser tediosa”.

Suassuna mostrou fotos antigas de cantadores nordestinos e de uma cena de teatro indígena, com a riqueza cultural do país, muitas vezes esquecida, segundo ele. “Machado de Assis dizia que no Brasil existem dois países, o oficial e o real. Todos nós somos criados, formados e deformados pelo Brasil oficial. Mas a gente tem que olhar para o Brasil real. Foi o que fiz no Auto da Compadecida, olhei para a literatura do povo brasileiro e procurei me manter fiel a ela”.

Antes de encerrar, Suassuna criticou a falta de referência ao próprio país nas universidades. Lembrou que, ao falar para estudantes de nível superior, todos conheciam o filósofo alemão Immanuel Kant, mas ninguém conhecia Matias Aires, filósofo brasileiro e contemporâneo de Kant. “A universidade brasileira ensina de costas para o país e para o povo. Eles todos já ouviram falar em Kant, mas não em Matias Aires, o maior pensador de língua portuguesa do século 18. A gente não dá importância a um pensador da qualidade de Matias Aires”.

O escritor leu para o público um texto de Matias Aires: “Quem são os homens mais do que a aparência de teatro? A vaidade e a fortuna governam a farsa desta vida. Ninguém escolhe o seu papel, cada um recebe o que lhe dão. Aquele que sai sem fausto nem cortejo e que logo no rosto indica que é sujeito à dor, à aflição, à miséria, esse é o que representa o papel de homem. A morte, que está de sentinela, em uma das mãos segura o relógio do tempo. Na outra, a foice fatal. E com esta, em um só golpe, certeiro e inevitável, dá fim à tragédia, fecha a cortina e desaparece”.

fonte: Agência Brasil

Direitos autorais: Ecad é condenado por formação de cartel


O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) condenou nesta quarta-feira, por quatro votos a dois, o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) - órgão responsável pelo recolhimento e repasse dos direitos autorais de músicas no Brasil - e seis associações de defesa de direitos autorais por duas condutas contra a concorrência: formação de cartel e abuso de posição dominante.


Segundo os conselheiros, o Ecad e seus associados não apenas se organizaram para tabelar valores, mas criaram barreiras à entrada de novas associações na entidade. "Entendo pela existência de prática de cartel. O atual sistema de arrecadação (de direitos autorais), não viabiliza de jeito nenhum a concorrência", afirmou o relator do processo no Cade, Elvino Mendonça, acrescentando: "O que não faltam são provas".

O Ecad e suas seis associações foram multados em quase R$ 40 milhões pelas duas práticas. O Cade determinou, no entanto, que os recursos para o pagamento da punição não venham dos valores que são repassados aos artistas. O conselho também determinou que o Ecad e seus integrantes deixem de combinar e tabelar os valores cobrados por direitos autorais. Em seu voto, o relator recomendou ainda que o Ministério da Cultura monitore a ação do Ecad.

O processo contra o Escritório foi aberto após a Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) contestar no sistema brasileiro de defesa da concorrência uma cobrança de 2,55% da receita bruta das empresas de TV por assinatura. Esse era o valor que deveria ser pago a título de direitos autorais. O montante era cobrado de maneira unificada pelo Ecad e, por isso, as empresas alegavam que não havia margem para negociar valores com a entidade, que tabelava os preços.

O Cade entendeu ainda que o Ecad agiu para dificultar a entrada de concorrentes em seus quadros fixando regras rígidas para quem quisesse fazê-lo. O Escritório é composto por seis associações efetivas que são as responsáveis pela definição dos valores cobrados pela execução das músicas.

Segundo Mendonça, os critérios fixados para a entrada de novas associações no Ecad são tão restritivos que a última entidade efetiva ingressou no órgão há mais de 30 anos. "Há um bloqueio a entrada de novas associações. As barreiras são efetivas. Abusaram de posição dominante", disse o relator, acrescentando: "As associações, em conluio com o Ecad, abusaram de seu poder de mercado e fixaram preços".

Recorrer da decisão
O Ecad e associações vão recorrer judicialmente da decisão. Segundo o advogado da União Brasileira de Compositores (UBC), Sydney Sanchez, as soluções propostas pelo Conselho para aumentar a concorrência na cobrança de direitos autorais são inviáveis. Entre elas, está a proibição de tabelar valores. 

Os conselheiros determinaram que o Ecad cobre taxas de acordo com o conjunto de músicas que forem executadas numa festa a na programação de uma emissora de TV. Hoje, o valor não varia de acordo com o repertório. "Estamos retroagindo no tempo. O Cade aniquilou o sistema e tornou o processo (de cobrança de direitos) oneroso", disse Sanchez.

"O Ecad e as associações recorrerão desta decisão por entender que a estrutura de gestão coletiva criada pelos artistas musicais brasileiros foi esfacelada pelo Cade, que comparou as músicas a meros produtos de consumo e aplicou penalidades em razão do livre exercício dos direitos por seus criadores", diz o Ecad em nota.

Fonte: O Globo

quarta-feira, 20 de março de 2013

A praça da arte


Rosa Minine   

Tendo como base o teatro de rua e o circo, o coletivo Boa Praça circula pelo Rio de Janeiro. Durante um ano ocupa uma praça da cidade, onde apresenta seus espetáculos e recebe convidados, cantadores, cordelistas, músicos, etc, além de realizar oficinas, palestras, bate-papos e debates nas adjacências. Atualmente ocupando uma arena no Morro Azul, comunidade da zona sul do Rio, o grupo se orgulha de unir a cidade com um espaço feito para as artes cênicas.
– O Boa Praça é uma instituição cultural teatral que surgiu há seis anos, quando um grupo de artistas se reuniu e criou um movimento de arte de rua no Rio de Janeiro. O projeto foi adiante com a ocupação de espaços públicos, trabalho em praças, jardins, espaços abertos – fala André Garcia Alvez, um dos fundadores.
– Atualmente somos três à frente do projeto: o artista Léo Carnavalle, a Cia 2 Banquinhos e a Cia Será o Benidito?! Realizamos uma gestão compartilhada, o que faz com que consigamos ampliar o diálogo com a sociedade, porque são três frentes, que em seu repertório, sua história, seu trabalho, se uniram em prol de um projeto maior – continua André, que faz parte do Será o Benidito?!.
Atualmente o Boa Praça desenvolve, na praça ocupada, uma programação de abril a novembro.
– Sempre no último domingo do mês temos as apresentações dos convidados, artistas, parceiros envolvidos com a arte de rua. E na sua adjacência desenvolvemos as oficinas, palestras, conversas, debates, ajudando a revitalizar o local e aquecê-lo artisticamente – expõe.
– No ano passado ocupamos o Méier [Zona Norte do Rio] e trabalhamos os bairros do entorno: Piedade, Lins, Cachambi. Este ano, por conta de falta de patrocínio, editais, não pudemos ocupar Marechal Hermes, como planejamos. Mas, como o nosso pensamento político é que o projeto não pode parar, pegamos nosso fundo de caixa, uma verba mínima que tínhamos, e ocupamos o Morro Azul, no bairro do Flamengo – conta.
– No morro tem uma arena de mais de vinte metros. Pensamos então em revitalizar, integrar esse espaço, que é feito para teatro, dentro do roteiro teatral da cidade. E o nosso grande ganho agora é ver os moradores da comunidade participando, e os moradores do asfalto subindo o morro para assistir aos espetáculos – declara.
André diz que no Boa Praça o importante para o grupo é trabalhar em prol da arte na cidade, com ou sem verba.
– Temos toda a autonomia que a rua nos dá para podermos atuar. Somos donos do nosso trabalho, basta irmos ao encontro do público e realizá-lo. Evidente que além dessa verba mínima que tínhamos guardado, contamos muito com o apoio e a parceria de amigos e artistas que participam do projeto mesmo com cachês irrisórios. Tem artista vindo do Piauí, São Paulo, Minas Gerais etc, se apresentar conosco, pagando a própria passagem – comenta.
– E mesmo em condições mínimas, continuamos realizando, gratuitamente, nossas oficinas diversas: gestão cultural, teatro de rua, perna de pau, palhaço, porque é importante manter esse espaço de desenvolvimento do saber – afirma.

Espaço aberto para o artista

O Boa Praça, conta André, tem trabalhado com uma programação de circo e teatro de rua, e oferecido espaço para quem quer apresentar a sua arte. 
– Assim como temos o teatro, a dramaturgia pensada para a rua, nós temos também os espetáculos circenses que vão desde os acrobáticos, com malabares, até os de palhaço. E antes de qualquer apresentação principal temos meia hora, às vezes quarenta minutos, dependendo do dia, para que artistas apresentem seus números – conta.
– Aí aparece boneco, dança, música, performance, palhaço, cantador, cordelista. E o que mais tem nos deixado feliz é que as crianças do Morro Azul estão instigadas a apresentar alguma coisa. Estamos desenvolvendo oficinas com a comunidade para desenvolver essas crianças e inspirar o surgimento de novos artistas – continua.
– Para o próximo ano estamos negociando para entrar em Madureira ou Jacarepaguá e desenvolver nosso trabalho. Além disso estamos desenvolvendo, juntamente com outros artistas da cidade, o projeto Territórios Culturais, que  desenvolverá uma pesquisa de cadastramento, reconhecimento e pertencimento do artista para a arte pública – anuncia.
Além do Boa Praça, estão envolvidos no Territórios Culturais os coletivos Tá Ná Rua, Off-Sina, e Cia Brasileira de Mystérios e Novidades.
– Cada grupo vai trabalhar com uma praça e a sua adjacência, desenvolvendo a arte pública, de rua. O Boa Praça ficará com a Saens Peña, na Tijuca, o Tá Na Rua trabalhá a Lapa e o Centro, o Off-Sina ficou com o Largo do Machado, e o Cia Brasileira de Mystérios e Novidades com a Praça da Harmonia, que é na Gamboa – relata André.
– Nós quatro e outros artistas batalhamos muito pela Lei de Artista de Rua, já aprovada, que nos libera para apresentar nosso trabalho em qualquer espaço público, sem nenhum tipo de autorização prévia. Evidentemente respeitando lei do silêncio depois das 22hs, e outras desse tipo. Acredito que essa foi uma grande conquista que todos os artistas de rua conseguimos – conclui André Garcia Alvez.
O site www.boapraca.art.bra é o contato do coletivo Boa Praça. 

Teatro de palhaços e brincantes


Rosa Minine   

Tendo como principal característica a mistura da arte circense com os folguedos populares, o grupo cearense de teatro de rua Garajal trabalha a arte do palhaço misturada aos brincantes da cultura do povo. Com oito anos de existência, além de levar teatro brincante para as ruas, o grupo criou também o Instituto de Artes e Cultura Popular, um núcleo de formação destinado a criar novos brincantes para que essa arte não desapareça

Com apresentações que misturam circos e folguedos, o grupo consegue entreter e interagir


— O grupo foi fundado aqui mesmo em Maracanaú, cidade vizinha de Fortaleza. A maioria dos fundadores é oriunda do meio popular daqui da cidade. Todos nós estudamos em escola pública e já tínhamos como certo ser operários das fábricas que têm aqui, coisa comum entre os moradores desta cidade industrial, mas sentimos a necessidade de nos juntar para fazer cultura e mostrar que também podemos viver disso – explica Mario Jorge Maninho, coordenador e diretor do grupo.
— Nosso trabalho é uma mistura do reisado, do pau de fita, das quadrilhas juninas e outras manifestações, usando a figura do palhaço. A ideia é buscar, junto à comunidade, o resgate da cultura popular do Ceará para manter viva essa chama na criançada – continua. 
Em "cearês", garajal é o nome que se dá ao lugar de guardar "bregueços", coisas velhas. Também é aquele gradeado de levar galinhas e aquelas grades de proteção das árvores nas avenidas.