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sexta-feira, 29 de março de 2013

Livro conta a trajetória de 90 anos do PCdoB


Como parte da programação de 91 anos do Partido Comunista do Brasil, comemorado no último dia 25 de março, o Comitê Estadual da legenda no Ceará, em parceria com a Fundação Mauricio Grabois, realizou na noite desta terça-feira (26), o lançamento do livro “PCdoB: 90 anos em defesa do Brasil, da democracia e do socialismo”. O jornalista José Carlos Ruy, editor do jornal “A Classe Operária”, apresentou o livro que conta a rica trajetória de nove décadas de ligação entre os comunistas e o país.



O presidente do PCdoB/CE, Carlos Augusto Diógenes (Patinhas), destacou as várias atividades realizadas tanto em Fortaleza como em diversas cidades do interior do estado em comemoração aos 91 anos do Partido, dentre elas o lançamento do livro. “Foram programações em várias Câmaras Municipais, Comitês Auxiliares e demais organismos de bases do PCdoB”, informou.

O dirigente comunista destacou a trajetória de luta de homens e mulheres que fazem parte do PCdoB ao longo de quase cem anos. “Nosso Partido tem uma marca forte: é, ao mesmo tempo, o mais velho e o mais jovem do Brasil. O PCdoB se alimenta da teoria mais avançada que explica os fenômenos sociais através dos pensamentos de Marx e Engels e busca interpretar o mundo e o Brasil à luz dos fenômenos contemporâneos”, ratificou.

Sobre o livro, Patinhas enalteceu o trabalho realizado a muitas mãos na construção de um documento que registra a história do PCdoB. “Através desta publicação, buscamos consolidar a democracia, valorizar os trabalhadores do Brasil e levantar a bandeira do Socialismo. Este é mais um instrumento que deve ser lido e debatido pela militância, pois percorre a história da nossa legenda, extraindo lições, falando das várias gerações de comunistas e ratifica o legado do Partido ao país, contribuindo diretamente nas diversas frentes de luta e atuação”, defendeu.

“Herdeiros”

O jornalista José Carlos Ruy destacou uma “singularidade” do livro. “Ele não se trata de um trabalho autoral, mas um documento aprovado pelo Comitê Central do PCdoB referente à trajetória do Partido, escrito por um conjunto de camaradas que fazem parte de sua direção. Este documento conta a história escrita e protagonizada por milhares de combatentes, condensada em 156 páginas”.

Segundo o representante do Comitê Central, “PCdoB: 90 anos em defesa do Brasil, da democracia e do socialismo” é o resultado de um esforço grande de recuperar e recontar a trajetória do Partido. “Desde a década de 1990 estamos neste esforço concentrado de reorganizar nossas memórias e tivemos em João Amazonas nosso grande incentivador. Durante muitos anos, desprezamos nossa história e, na busca de resgatá-la, descobrimos coisas muito interessantes. Somos herdeiros dos nove representantes que fundaram o PCdoB, somos descendentes diretos destes desbravadores que ousaram pensar um país melhor”, disse.

Ruy destacou que o PCdoB, apesar de ser quase centenário, caracteriza-se por ser um Partido abrangente e vibrante. “Temos a força da história e o vigor da juventude. A idade média de filiados é baixa o que mostra que as ideias do PCdoB não são como seitas, nem fazemos parte de um grupo comandado por uma ‘turminha’ que determina seu rumo. Somos um Partido que busca corresponder às necessidades e solucionar os problemas do povo brasileiro. Lidamos com anseios reais, o que representa uma demonstração de que estamos no caminho certo. Conseguir falar com a juventude é a garantia de que vamos conseguir ir adiante”, defendeu.

No cenário de crescimento do PCdoB e do país, José Carlos destacou períodos difíceis pelos quais os comunistas passaram ao longo de quase cem anos. “Estamos vivendo o primeiro ano da década do centenário do PCdoB, construindo as mudanças que o país e nosso povo precisam. Mas nem sempre foi assim. Grande parte dessas nove décadas fomos impedidos de nos expressar. Passamos 61 anos vivendo na clandestinidade, tomando pancada da polícia, sendo perseguidos, deixando rastro de sangue nessa história. O preço que pagamos pela ousadia de defender a democracia foi muito alto. Tivemos camaradas presos, torturados, mortos e nada foi desculpa para baixar nossa bandeira”, ratificou.

Em sua exposição, José Carlos Ruy falou da importância de grandes lideranças que tomaram para si a responsabilidade de criar, organizar e reorganizar o PCdoB ao longo da história. O livro mapeia as gerações de direções comunistas, desde sua fundação, com Astrogildo Pereira na década de 1920; a segunda geração que enfrentou o fascismo, liderada por Luiz Carlos Prestes; a terceira geração que, em meados da década de 1950, reconstruiu e reorganizou o Partido, com João Amazonas, Mauricio Grabois, Pedro Pomar, Diógenes Arruda; e ainda, “de forma tímida por prudência e modéstia”, a quarta geração composta pela direção atual do Partido. “O livro se propõe a reconhecer, de papel assinado, que a nossa história é complexa. Tivemos idas e vindas, com divergências, mas estávamos todos lutando do mesmo lado. Construímos uma história só, com a mesma cara, a mesma política. Fazemos parte do mesmo Partido”.

Novos desafios

Com os pés fincados no presente, valorizando o legado de comunistas que contribuíram para consolidar a democracia no país, o jornalista destacou os novos desafios para o PCdoB às vésperas de comemorar seu centenário: construir o Socialismo do século XXI. “Temos que encontrar e enfrentar as contradições contemporâneas que estão colocadas no Brasil”, defendeu.

Durante sua intervenção, Ruy falou sobre a crise do Capitalismo, seu agravamento e as possibilidades que se avizinham. “O que estamos vivenciando no mundo foi previsto há mais de 160 anos, pelo Manifesto do Partido Comunista, escrito por Marx e Engels. Agora surge o desafio: como enfrentar as diferenças e que proposta de Socialismo temos a apresentar como saída. Considero que temos experiências significativas que podem ajudar outros países a enfrentarem suas contradições e isso nos coloca em posição de vanguarda. O PCdoB vive seu melhor momento, não só no que diz respeito aos números e resultados nas urnas, o que por si só já representa uma importância imensa, mas também por nossa influência junto aos movimentos sociais”, reiterou.

José Carlos Ruy destacou a necessidade de o movimento comunista compreender a teoria e aplicá-las às questões contemporâneas. “Diferente de outras legendas que parecem viver olhando pelo retrovisor, nós estamos em consonância com os desafios atuais. Nosso retrovisor são ferramentas como esse livro, que nos permite olhar para a história, aprender com ela e não querer repetir velhos erros”.

Novos comunistas

Além do lançamento do livro, o evento também marcou as boas vindas para novos comunistas. Luis Carlos Paes, presidente do Comitê Municipal do PCdoB de Fortaleza, recepcionou os recém filiados, representantes de diversos setores da sociedade.

Segundo o dirigente, desde o começo deste ano, foram mais de 80 novas adesões. “Em nome do Comitê Municipal de Fortaleza, saúdo os camaradas recém filiados e desejo boas vindas. Este é o primeiro importante ato para o ingresso no PCdoB, Partido que se propõe a construir uma nova sociedade socialista através da luta e organização do nosso povo”.

Benedito Bizerril, membro da Fundação Mauricio Grabois no Ceará, também enalteceu a chegada dos novos camaradas. “O PCdoB é feito de heróis, de homens e mulheres que tombaram, mas nunca se submeteu aos poderosos. Ao longo desses anos, procuramos dar nossa contribuição para fazer o país avançar e este processo que estamos vivendo representa um momento decisivo, de grandes embates. Por isso a importância de acumular forças para que, juntos, possamos construir um Partido ainda mais forte para defender esses interesses”.

De Fortaleza,
Carolina Campos

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