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terça-feira, 14 de setembro de 2010

A Arte Barroca no Vale do Paraíba

A Arte Barroca no Vale do Paraíba

Quem percorre o trecho paulista do Vale do Paraíba, eixo que liga as duas maiores metrópoles do país, não pode imaginar os aspectos contrastantes que aí se desenvolvem. Ao lado de modernos parques industriais e de importantes centros de pesquisas, subsistem até hoje pequenos núcleos de artesãos, que conservam as características de nossa mais arcaica cultura. Entre esses artesãos deve-se destacar os que, trabalhando o barro, produzem obras de grande beleza plástica: a cerâmica do Vale do Paraíba. A presença de grande quantidade de argila nas margens dos rios propiciou o desenvolvimento na região dessa atividade que liga profundamente o homem ao barro.
Dá-se preferência à argila encontrada nas camadas mais profundas do solo porque estas apresentam maior grau de pureza. O material é depois macetado com o auxílio de uma mão de pilão, até adquirir uma contextura aveludada, o que favorece a execução de um bom trabalho.
No Vale do Paraíba podemos encontrar dois tipos de cerâmica: a utilitária e a figurativa. A primeira, cuja origem está ligada à prática silvícola de usar o barro para fazer potes, vasos, ânforas e outros utensílios domésticos, era encontrada em toda a região. Atualmente, porém, está restrita à cidade de Cunha, núcleo de glorioso passado histórico, onde somente duas paneleiras, como são conhecidas essas artesãs, continuam em atividade até hoje. São elas D. Benedita Olímpia de Abreu - a Dita Olímpia - e D. Anuncia, ambas conservam a tradição de fazer manualmente peças de grande beleza e linhas comparáveis ao mais moderno design.A cerâmica figurativa, porém, ainda é encontrada em muitas cidades do vale. Sua origem está ligada à arte de fazer presépios, que teve como ponto de irradiação o Convento de Santa Clara, e Taubaté. Foram os franciscanos os primeiros a ensinar a população a trabalhar com o barro, para que as famílias pobres, sem condição de comprar presépios importados, pudessem fazer em casa as figuras natalinas. O presépio ainda é o trabalho mais típico da cerâmica figurativa do Vale do Paraíba. Inclui elementos muito originais, como a raposa que, segundo a lenda, amamentou Jesus, carneirinhos ornados com chumaços de algodão e o galinho do céu, peça símbolo do artesanato paulista 
Muitos presépios elaborados por figureiros famosos - infelizmente já desaparecidos - constituem obras de grande valor, conservadas com carinho pelos colecionadores. Dentre esses artistas colecionadores. Dentre esses artistas destacam-se Maria Froes, mãe da premiada Eugênia da Silva, de São José dos Campos; Chico Santeiro, que morava em Aparecida do Norte; e o casal taubateano Benedito e Maria Gomes, que moldava figuras bojudas e, por desconhecer a anatomia dos camelos, punha os Reis Magos montados em graciosos burricos.
As peças são moldadas com as mãos e secas ao sol, daí decorrendo sua grande fragilidade, único aspectos negativo dessa cerâmica. Depois de secas, as figuras são pintadas, apresentando um colorido forte e alegre, principal característica desse artesanato. A tinta mais usada é a em pó dissolvido em água de cola, mas recentemente os artesãos estão também usando tintas sintéticas e purpurina.
Alguns deles, não se acostumando com os pincéis modernos, continuam usando penas de galinha ou bastonetes com algodão enrolado na ponta à maneira mais antiga. Os figureiros, além do tradicional presépio e de figuras de santo, abordam também aspectos do cotidiano e de nosso folclore, como a Congada, o Jongo e a Folia do Divino, grupo precatório que antecede a festa de Pentecostes. Sem dúvida, não podemos deixar de admirar sua criatividade, tão notável quanto a singela beleza das peças.
O maior reduto desses artistas concentra-se na Rua Imaculada, em Taubaté, onde podemos encontrar as irmãs Edith, Luísa e Cândida Santos. Cada uma delas tem suas figuras preferidas. Edith é a criadora da belíssima Nossa Senhora das Flores; Cândida especializou-se em ornamentar pavões com luxuosas caudas; enquanto o feérico presépio-chuva, obra-prima de Luísa Santos Vieira, nos transmite a alegria do Natal.

Em Taubaté ainda se encontram Idalina da Costa Santos e sua filha Ismênia, que encantam com o São Francisco Ecológico e as figuras de trabalhadeiras, que reproduzem profissões e atividades populares.
O conhecimento desses artesãos foi, geralmente, obtido com seus ancestrais, constituindo a arte verdadeira tradição familiar. E os figureiros, geralmente mulheres, exercem essa atividade nas horas vagas, como forma de complementar o orçamento familiar. Nos fins de semana, os próprios artesãos dedicam-se à comercialização das peças, que se torna mais fácil na época natalina. As dificuldades com a divulgação do trabalho e com a venda dos objetos, ao lado do problema da obtenção da argila, têm feito com que vários artistas abandonem suas atividades, ao mesmo tempo que não estimulam as novas gerações a se interessarem em aprender essas técnicas. Esses fatos, infelizmente, poderão provocar muito em breve o desaparecimento desse aspecto tão interessante da nossa cultura popular. E é preciso enfatizar que o que esses artistas mais desejam é a oportunidade de poder expor e vender as suas peças, não tanto pelo lucro - que é pouco, quase nada compensador - mas sobretudo para ter reconhecido e admirado o seu trabalho realizado com amor, alegria e dedicação
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Fonte:Vale do Paraiba

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