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sexta-feira, 15 de julho de 2011

Um autodidata destemido

Orlando Margarido - 15 de julho de 2011




O fotógrafo Fernando Duarte influenciou o Cinema Novo, à luz do possível. Foto: Eraldo Peres/Photo Agência
Seria leviano chamar de casual a experiência de estreia de um jovem que se atrelava aos momentos iniciais de uma nova cinematografia brasileira, afinal vindo como vinha da reportagem jornalística, da convivência com gente desejosa de mudar o cinema e da influência de um pai inventivo. Melhor dizer que a necessidade real moldou o estilo da fotografia do carioca Fernando -Duarte, tornando-o elemento não apenas estético, mas também de significado do Cinema Novo. É assim, em retrospecto, que o profissional de 74 anos avalia a condição em que se deu seu pioneirismo na adoção de uma luz natural em detrimento dos artificialismos preponderantes em determinada vertente da produção nacional. “Não foi nada premeditado. Era o que poderia ser feito então, o possível”, diz, arriscando a reduzir sua empreitada a um mero fato.
Fato é que houve a feliz conjunção de jovens realizadores com um veterano da fotografia de velha escola. Duarte já conhecia a turma fundadora do Cinema Novo das reuniões da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e da União Nacional dos Estudantes (UNE), quando aceitou ser assistente de alguns dos integrantes do longa-metragem de episódios Cinco Vezes Favela, em 1962. O convite partiu de um deles, Cacá Diegues, também editor à época do jornal O Metropolitano, da UNE, onde Duarte atuava em fotorreportagens. A direção de fotografia de três das histórias cabia então ao húngaro aqui radicado Özen Sermet, egresso da Atlântida. Duarte era seu assistente. A curiosa combinação de tradição com a vontade do novo mais uma vez deu samba. O filme coletivo implicava em -buscar o viável- em uma estrutura modesta. “Era tudo empírico”, lembra. “Tínhamos de nos adaptar à realidade, trabalhar com pouca luz, sempre natural, pois não havia equipamentos para dar conta de outra forma.” Mais ainda, a temática de confronto social abordada pelos novos realizadores, a exemplo de Leon Hirszman em Pedreira de São Diogo, era favorável a essa pesquisa de luz na fotografia em preto e branco.

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