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segunda-feira, 11 de julho de 2011

VIOLA DE COCHO

Viola de cocho do cancioneiro popular




Rosa Minine
Nascido em Tangará da Serra e residente em Cuiabá desde menino, Daniel de Paula é considerado um músico singular na divulgação da viola de cocho pantaneira. Baseado em valores culturais da região, promove o instrumento no campo das pesquisas e composições, difundindo a música e o sentimento do cancioneiro regional, e acaba de lançar seu primeiro disco solo, com músicas de sua autoria tocadas no mais genuíno instrumento musical mato-grossense.
A viola de cocho é esculpida e o tronco é escavado por dentro
— Comecei a me interessar por música aos onze anos de idade, ouvindo meu pai e meu tio tocarem violão. Mais tarde, cursei educação artística com habilidade em música, na universidade federal daqui e dentro do curso passei a gostar da viola de cocho. No término, fiz uma especialização na área de antropologia cultural, usando o instrumento como objeto de pesquisa. A partir desse estudo, ela passou da pesquisa para o meu campo de trabalho mesmo, profissional — conta Daniel.
— Minhas composições começaram a nascer ao mesmo tempo que descobria os acordes da viola. E fui me apresentando por aqui e fora do estado, participando de alguns festivais de nível nacional e fazendo amizade com grandes violeiros, personalidades.
— Esses grandes eventos atraem muitos músicos para o mundo da viola de cocho. Atualmente, tem muita gente estudando, pesquisando e querendo tocar esse instrumento legitimamente brasileiro. Ela, inclusive, foi tombada como "patrimônio artístico nacional" — continua.
Daniel diz que a viola de cocho é um instrumento pleno e predominantemente artesanal.
— Tem um toque de rústico, feita a mão, com utensílios totalmente manuais. Não tem acabamento de verniz e é única, na verdade, esculpida. O tronco, que vem a dar o formato da viola, é escavado por dentro. O nome é pelo fato de se assemelhar a um cocho de animal — explica.
— Um tempo atrás, as cordas eram confeccionadas a partir das vísceras de alguns animais, como tripas de macaco e do porco do mato. Com a lei de proteção ambiental, essas práticas deixaram de ser utilizadas, passando a utilizar a linha de pesca, do anzol. Como cola, na confecção da viola, o pantaneiro derretia a poca, como é chamada na linguagem daqui a bolsa pulmonar do peixe. Atualmente, já se usa cola industrializada — continua.
— Tive contato com algumas dessas violas rudimentares, o que é muito interessante do ponto de vista da pesquisa. Mas faço as minhas com características um tanto diferenciadas. Tenho quatro ao todo e, em algumas, coloco corda de violão e outras mantenho corda de pescar, dependendo da afinação que quero — acrescenta.

Potencializando a viola de cocho
— Gosto de interagir com vários estilos, que é pegar a viola de cocho e dar uma roupagem diferente, uma incrementada, uma leitura diferenciada do que é feito no cururu e no siriri, manifestações do folclore daqui, onde ela é bem presente. Ela sempre acompanhou essa vivência do homem na beira do rio, o pantaneiro, e isso é muito bom, mas quero mostrar outras vivências, apresentando assim a sua dinâmica, a versatilidade que a viola de cocho pode oferecer — comenta Daniel.
— O Mato Grosso foi dividido em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, ambos com ricas manifestações populares. Mas a região onde mais se encontra a viola de cocho é a do baixo pantanal, que chamamos de Baixada Cuiabana. São os municípios que fazem margem com os rios Paraguai e Cuiabá. Geograficamente falando, do pantanal para cima, passando por Cuiabá, Várzea Grande, subindo até a Chapada dos Guimarães, onde nasce o rio Cuiabá, aparece muito forte essa vivência do homem com a viola de cocho — relata.
Este ano Daniel se apresentou na oitava edição do Festival América do Sul, que tem por objetivo priorizar as manifestações dos povos do continente.
— Minha região faz fronteira com Bolívia, Paraguai, e isso tudo aparece de alguma forma no meu trabalho. Particularmente, gosto muito da harpa paraguaia e utilizo uma técnica bem próxima da desse instrumento. Minha interpretação em cima da viola de cocho, da música que componho, sofre uma influência de fronteira e de tudo que tem por aqui. O regionalismo acaba aparecendo em qualquer música que faço porque faz parte da minha vida — expõe.
Daniel lançou seu primeiro disco, Lufada em viola de cocho, no último 20 de maio, um reflexo de anos de pesquisa e trabalho.
— Lufada é um termo peculiar daqui, utilizado normalmente no baixo pantanal quando os peixes estão saindo das baías. Tem a lufada do lambari, do pial, do pacu. Significa o apogeu, a explosão de alguma coisa. É uma forma até de brincar e valorizar também o dito popular, o falar do homem pantaneiro — diz.
— O conteúdo é um registro musical mato-grossense, uma coletânea de algumas das músicas mais representativas do meu trabalho. São canções que já participaram de festivais, tendo a preocupação de mostrar um variante que se estende entre o rasqueado, a polca paraguaia, chamamé, valseado, choro, cateretê, guarânias e outras coisas do cancioneiro pantaneiro. Enfim, uma grande possibilidade de execução musical na viola de cocho — acrescenta.
— Como particularidade tem a inclusão da viola de cocho junto a outros instrumentos como a viola caipira, o baixo acústico e o violão. Levi Ramiro faz violão, baixo e, em uma faixa, cruzamos as duas violas, fazendo uma espécie de conversa entre a viola de cocho com a viola caipira, o que chamamos de 'papo de viola' — finaliza.
No momento, Daniel de Paula está fazendo shows do disco pela região, e pretende levá-lo para outras partes do país. Para contatá-lo: (65) 9972-7948/8128-4844 ou danielvioladecocho@gmail.com

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