Entre o legado artístico e literário de Millôr Fernandes, que despediu-se da vida dia 27, destaca-seLiberdade, Liberdade, uma peça de teatro de 1965 que foi um libelo contra a ditadura militar.
A confecção da monumental efígie custou à França trezentos mil dólares. Quando a liberdade chegou aos Estados Unidos, foi-lhe feito um pedestal que, sendo americano, custou muito mais do que o principal: quatrocentos e cinqüenta mil dólares. Assim, a liberdade põe em cheque a afirmativa de alguns amigos nossos, que dizem de boca cheia e frase importada, que o “Preço da Liberdade é a Eterna Vigilância”. Não é. Como acabamos de demonstrar, o preço da liberdade é de setecentos e cinqüenta mil dólares. Isso há quase um século atrás. Porque atualmente o Fundo Monetário Internacional calcula o preço da nossa liberdade em três portos e dezessete jazidas de minerais estratégicos.
Homenagem a Millôr Fernandes, que deixou de viver no dia 27 de março, aos 87 anos de idade. Trecho da peça Liberdade, Liberdade, de Flávio Rangel e Millôr Fernandes, encenada em 1965 (Porto Alegre, L&PM, 1997). Foi extraído de um artigo maior, com o mesmo título: Afinal, o que é a liberdade?, de Millôr Fernandes, publicado na revista Pif-Paf, de 22 de junho de 1964, edição que foi então apreendida pela ditadura militar.
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