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terça-feira, 22 de maio de 2012

Paulista da viola ao samba


Rosa Minine   

Compositor, cantor, instrumentista e pintor, Marco Antônio Villalba, o Passoca, apelido adquirido na infância, é um autêntico representante da cultura paulista da viola e do samba. Pesquisador e pensador da cultura nacional, tem reunido em sua discografia composições próprias, homenagens a música caipira tradicional e músicas inéditas de Adoniran Barbosa. Com mais de 30 anos de carreira, mantém-se firme na música cultural, sempre acrescentando uma poesia e um arranjo àquilo que já é bom.

Passoca nasceu em Santos, litoral de São Paulo, mudando-se ainda na infância para Ribeirão Pires, bem próxima da capital.
— Sou envolvido com música desde pequenino. Cheguei a pegar a antiga vitrola e os discos 78 rotações. Também peguei o final da boa época do rádio brasileiro e dos programas de auditórios que apresentavam musica de qualidade — conta Passoca.      
—iCom 12 anos comecei a aprender tocar violão e bateria. Era a época da Bossa Nova, do Brasil campeão do mundo, da arquitetura do Oscar Niemeyer, e dos festivais. Participei de muitos festivais de músicas na minha escola até terminar o antigo científico, ganhando alguns prêmios — lembra.
Desde a adolescência Passoca tocava em bailes e fazia suas primeiras composições, ainda sem intenção de estilo. Mas acabou ingressando na faculdade de arquitetura. Porém foi lá, tentando ser outra coisa, que começou a se tornar músico profissional.
Encontrei uns amigos na faculdade que tinham comigo a afinidade musical e formamos um conjunto, nos reunindo na faculdade e na república. Trocávamos idéias, fazíamos músicas e nos apresentávamos em alguns lugares, mas ainda sem compromisso, assim pelo prazer de tocar — relata.
— Apesar de não ter muitas intenções, o grupo acabou se apresentando bastante em São Paulo, e gravando um disco em 1974. Tínhamos uma fusão de influências da música popular brasileira. O que mais gostávamos de fazer era pegar a música regional paulista e acrescentar a ela as informações contemporâneas, juntando a viola, os violões, cavaquinhos, flautas, clarinetes, dando uma sonoridade muito bonita, que de certa forma, mantenho até hoje — acrescenta.
Passoca é um artista ligado à vanguarda paulistana, mas com um sentimento do mato, do interior. Costuma incluir elementos novos na música tradicional, mas sempre respeitando a obra original, mantendo a simplicidade e beleza poética e musical que tanto ama.
— Depois que o grupo se desfez, porque cada um preferiu seguir seu caminho, parti para minha carreira solo, e com a ajuda do Renato Teixeira, que me levou até a gravadora, gravei meu primeiro disco, Que Moda, 1979, com composições de estilo caipira e influências urbanas — diz.
Em 1982/83 gravou o Sonora Garoa. Depois fez trilhas sonoras, e viajou pela Europa apresentando-se em vários lugares, juntamente com outros artistas brasileiro. Em 1990 gravou o cd Sabiá no Galho.
— Fiz muitas apresentações em programas de televisão que valorizam nossa música, como o do Rolando Boldrin e da Inezita Barroso. Até hoje participo vez ou outra desses programas maravilhosos — comenta.
Em 1997 gravei uma antologia da música de viola Breve História da música caipira, com clássicos bem antigos, de artistas importantes como Raul Torres, João Pacífico, Alvarenga e Ranchinho, Laureano, entre outros. Em 2000 Passoca descobriu um material inédito de Adoniram Barbosa e gravou o cd Passoca canta inéditos de Adoniram Barbosa.
— Canto samba também, porque o paulista tem como característica gostar de viola e samba. Não é só a viola, como algumas pessoas pensam. Então, como sinto que represento o paulista na imenso universo brasileiro, desejei gravar Adoniram, que é um caipira no samba da terra da garoa — explica.
Posteriormente gravei um disco com obras de um   outro compositor muito importante no universo paulistano, este da música caipira, o João Pacífico. O trabalho mais recente de Passoca é o dvd Violeiros do Brasil, que faz parte de um projeto que já gerou um cd e um livro também. Passoca participa juntamente com Almir Sater, Ivan Villela, Tavinho Moura e outros nomes.
Apesar do grande talento, assim como todos os artistas que seguem o caminho da legítima música popular, Passoca não tem espaço na imprensa, mas mantém-se firme, com um trabalho de qualidade, em mais de 30 anos de carreira.  
— Costumo me apresentar em teatros, centros culturais, Sescs, e outros lugares que abrem espaço para minha música. Nunca toco em rodeios, por exemplo, porque são lugares de somente barulho. Um espaço para a música sertaneja comercial, o que não é a minha 'praia' — comenta.
— Trabalho com a cultura caipira, com o poeta, e formas de expressão ligadas ao popular cultural. Os violeiros são os cantadores. Nós temos nossa origem mais ligada a Idade Média, ao cantador, trovador, e continuamos mantendo essa tradição — defende.
— A música sertaneja comercial está mais próxima da balada. Artistas como Zezé Di Camargo e Luciano, e outros, estão mais ligados a história do Roberto Carlos. Nada de caipira, é outra coisa — explica.
Passoca concluiu a faculdade de arquitetura, mas nunca exerceu a profissão, dedicando somente a música e também a arte de pintar.
— Gosto de pintar e há muito me dedico também a essa arte. Tenho bastante coisa pronta, tanto que pretendo fazer uma exposição das minhas pinturas. Fazer um projeto integrado entre música e as pinturas, o que canto e o que   desenho. Faço a pintura brasileira, a pintura popular, bem coloridas, a paisagem — conta, acrescentando que também não para de compor.
— No momento estou trabalhando o projeto que é uma retomada do meu trabalho de compositor, depois desses últimos como intérprete. E tenho muito material novo para apresentar — avisa com alegria.

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