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domingo, 26 de agosto de 2012

Comunistas em defesa da literatura e da poesia


Jamil Murad
Jamil propõe Programa Permanente de Incentivo à Leitura.

Jamil Murad, Cida Pedrosa e Inácio Arruda apresentam iniciativas de apoio à manifestação artística e cultural


Por Claudio Daniel (*)


Jamil Murad, médico nascido na cidade de José Bonifácio, no interior paulista, descendente de imigrantes árabes, ingressou no PCdoB em 1968, quando era estudante na Faculdade de Medicina da USP, no auge da ditadura militar. Desde 1991, quando ocupou o seu primeiro cargo público, como deputado estadual, Jamil tem apoiado as lutas da população brasileira pela democracia, pelo direito à saúde pública de qualidade, pela valorização da educação, da ciência e da tecnologia. 

Como vereador na Câmara Municipal de São Paulo, Jamil protocolou neste ano um importante projeto de lei: o Programa Permanente de Incentivo à Leitura. Ao justificar seu projeto, o parlamentar comunista, que considera a literatura essencial para a formação da cultura de um país, defendeu que “ela colabora para o desenvolvimento das capacidades de imaginação, percepção, reflexão e criatividade; mantém vivos o idioma pátrio e os processos comunicativos e promove a formação crítica e histórica do cidadão”. Segundo o vereador, “a literatura de um país é patrimônio valioso de todos os cidadãos. Facilitar o acesso à produção literária é fortalecer um direito da comunidade e contribuir para o desenvolvimento da sociedade”. Num país como o Brasil, onde os índices de alfabetização e de leitura ainda são preocupantes, “é vital que os estados e municípios invistam em políticas públicas para a formação de leitores, incluindo todos os segmentos da cadeia produtiva da literatura e do livro – a saber, autores, editoras, livrarias, bibliotecas, escolas e outras instituições de educação e cultura”, enfatiza (o projeto pode ser lido na íntegra na página http://www.jamilmurad.com.br/site/component/content/article/1-noticias/621-projeto-incentivo-leitura.html). 

Em apoio à iniciativa do vereador, poetas e escritores brasileiros como Claudio Daniel, Dora Dimolitsas, Sílvia Nogueira e Lélia Maria Romero se reuniram com o parlamentar em seu gabinete e divulgaram uma petição on line que já soma 125 assinaturas (http://www.peticaopublica.com.br/?pi=PCDOB12). Um dos signatários, Júlio Leocadio Tavares das Chagas, que é diretor de cultura da prefeitura municipal de Diadema, registrou o seguinte comentário: "Estamos desenvolvendo junto com o Sindicato dos Metalúrgicos e o Ministério da Cultura o programa Leitura nas Fábricas, já implantado em mais de 20 fábricas em Diadema, São Bernardo, Ribeirão Pires e Salvador (Bahia). Estamos totalmente de acordo com a proposta apresentada pelo vereador". No Facebook, foi criado um grupo aberto de apoio ao projeto, chamado Movimento Literatura para Todos, com 305 membros, e está sendo organizada uma caravana de escritores para acompanhar a votação do projeto, prevista para acontecer até o final do ano.

Cida Pedrosa: mulher, poeta e comunista

Em Recife, Cida Pedrosa, candidata à vereadora pelo Partido Comunista do Brasil, tem recebido o apoio de poetas e escritores às suas propostas, que estão focadas na defesa da educação, da cultura e nos direitos humanos, especialmente a questão feminina. Em entrevista já publicada no Portal Vermelho, Cida fala da importância de se revolucionar o ensino de artes nas escolas públicas. Diz a escritora comunista: “Eu acho que a escola trata muito mal a questão da cultura, que é vista como entretenimento. A maioria dos professores que dão arte não são pessoas que tiveram formação artística. É dada de forma chata, de forma pouco intelectualizada. No máximo dão um bocado de lápis de cor pros meninos pintarem. Então eu acho que duas coisas inseparáveis são educação e cultura, mas infelizmente nem a nossa escola está preparada pra absorver, e nem o MEC eu acho que esteja pensando nisso, faz um discurso, mas na prática não resolve. Por exemplo, tem uma lei que diz ser obrigatório o ensino de educação musical. Essa lei devia ter sido implementada há dois anos. Eu não acho que esse tema venha sendo tratada de forma correta. E tenho uma coisa mais pra dizer: eu acho que quem deve dar aula de cultura é quem faz cultura. Então se vai dar aula de poesia, quem tem que dar essa aula é o poeta, não pode ser professor que estudou Letras. Quem tem que dar aula de prosa é escritor que escreve prosa. Quem tem que dar aula de artes plásticas é pintor. Quem tem que dar aula é quem aprendeu o ofício, é quem recebeu o dom, seja de Deus ou do Diabo. A gente não pode botar uma pessoa que apenas aprendeu técnica pra dar aula do que ela não sente e nem sabe”. Educação e cultura não são universos distantes, ao contrário, é na escola que a criança tem o seu primeiro contato com as artes, daí a importância de propostas como as defendidas por Jamil Murad e Cida Pedrosa, que poderiam ser implantadas em todo o país. Seria uma revolução cultural, com reflexos a longo prazo na construção de um novo Brasil.

Inácio Arruda e a Bolsa-Artista

Candidato à prefeitura de Fortaleza pelo PCdoB, o senador Inácio Arruda é autor do projeto que criou a Bolsa-Artista, aprovada neste ano pelo Senado Federal (PLS 404/2011). De acordo com a nova lei, artistas amadores ou em processo de formação nas áreas da literatura, música, teatro, dança, cinema, artes visuais e audiovisuais poderão concorrer ao benefício, custeado pelo Ministério da Cultura. A concessão da bolsa levará em consideração “o pluralismo de ideias e a preservação da diversidade cultural”, como ressaltou o senador comunista. Os candidatos à bolsa devem ser maiores de 12 anos, com o ensino médio concluído ou matriculados em escolas da rede pública ou privada. Eles também não poderão ser beneficiários de qualquer outro programa governamental de formação profissional na área da cultura. A Bolsa-Artista será concedida por um ano, em doze parcelas mensais. Vale a pena recordarmos que, nos Jogos Olímpicos de 2012, a primeira medalha de ouro do Brasil foi conquistada por uma judoca que recebeu um benefício semelhante, oferecido pelo Ministério do Esporte: a Bolsa-Atleta. 

Estas iniciativas de apoio à manifestação artística apresentadas pelos parlamentares do Partido Comunista do Brasil remetem a um passado não muito distante, em que escritores como Jorge Amado, Graciliano Ramos e Patrícia Galvão (Pagu), além de artistas plásticos como Candido Portinari militavam em nosso partido, que luta pela democracia, pela independência nacional e pelo socialismo e também pela democratização do acesso à cultura, um direito de todos os cidadãos brasileiros.

(*) Claudio Daniel é poeta, mestre em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo, editor da revista literária Zunái (www.revistazunai.com) e militante do PCdoB.

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