Filha de nordestinos, a carioca Carmélia Alves cresceu ouvindo os ritmos da região, e, nos anos 1950, ganhou o título de Rainha do Baião, na Rádio Nacional, pela interpretação de músicas de compositores como Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira e gravações com instrumentistas como o acordeonista paraibano Sivuca, a quem “descobriu” no Recife e levou ao Rio de Janeiro.
Por Clóvis Campêlo, em Jornal do Commercio
“A última vez que a vi, no Retiro, há três meses, ela não estava bem, mas me reconhecia, apesar do Alzheimer. Quando eu voltei de uma viagem, há uns dez dias, estava em coma, hospitalizada. Ela falava sobre fazermos shows. Só soube que estava com câncer recentemente”, contou a amiga Ellen de Lima.
Carmélia Alves Curvello começou cantando à Carmen Miranda, sua grande inspiração, nos anos 1940. Foi eleita a melhor crooner do Rio, quando fazia shows no Hotel Copacabana Palace, o palco mais elegante da cidade. Participou dos mais importantes programas das rádios Mayrink Veiga e Nacional, além de filmes, e gravou com os conjuntos de Benedito Lacerda e Severino Araújo.
O baião Sabiá na gaiola (Hervé Cordovil/ Mário Vieira) lhe deu sucesso nacional, e os LPs que viriam (mais de 50, vários por ano) a consagraram como uma das intérpretes mais populares do país na época. A “corte do baião” era então formada por Gonzaga, o rei, ela e Claudette Soares, a princesa. Mas Carmélia também cantava sambas, frevos, polcas, chulas e marchas.
Com o marido, o cantor Jimmy Lester, fez seguidas turnês internacionais. Eles foram casados por mais de 50 anos e não tiveram filhos. A morte de Jimmy, em 1998, fez Carmélia cair em depressão, mas nos anos 2000 ela estaria de volta com Ellen, Violeta Cavalcanti e Carminha Mascarenhas no show Cantoras do Rádio – Estão voltando as flores.
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