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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Gonzagão foi impulsionado pelo rádio


Baião tocado pelo compositor nordestino fez tanto sucesso que chegou a ser trilha cinema italiano

A semana que passou foi marcada por homenagens ao centenário do nascimento de Luiz Gonzaga, que se tornou conhecido como "rei do baião". Se vivo estivesse, ele teria completado 100 anos na quinta-feira (13). Luiz Gonzaga, ou Gonzagão, como era chamado pelos amigos, teve uma carreira brilhante alavancada, como tantos outros artistas de sua época, pela força do rádio no século passado.
Quando chegou ao Rio de Janeiro, em 1939, Gonzaga começou a ganhar a vida tocando no bar Espanhol, na zona do baixo meretrício do Mangue, um repertório de foxtrotes, valsas, tangos e boleros, muito distante de suas raízes nordestinas. Eram os sucessos da época, consequência da invasão de música estrangeira no Brasil, em plena 2ª Guerra Mundial.
Certa noite, atendendo ao pedido de um grupo de estudantes cearenses, ele tocou músicas nordestinas: Pé de Serra, que mais tarde seria gravada com o título de Xamego, e Vira e Mexe. O sucesso foi grande e, logo depois, ele chegaria ao rádio, participando do programa de calouros de Ary Barroso.
Em 1941, gravou seu primeiro disco 78 RPM, Vira e Mexe, que ele definiu como "choro nordestino". Somente como solista de sanfona, Gonzaga gravou cerca de 70 músicas, durante quatro anos consecutivos.
Quatro anos depois, em 1945, ele começou uma parceria com Humberto Teixeira (1916-1979), poeta e compositor cearense. O encontro foi fundamental para o lançamento do músico como cantor, o que lhe daria popularidade nacional, sobretudo a partir da gravação de Asa Branca, em 1947.
Gonzagão e Teixeira chegaram à conclusão de que entre todos os ritmos do Nordeste, o baião, ainda desconhecido no Rio, seria o mais adaptável à cultura urbana que tinha, no Rio de Janeiro, a grande caixa de ressonância nacional. Contemporâneo de Luiz Gonzaga na Rádio Nacional, o veterano radioator e apresentador Gerdal dos Santos até hoje integra os quadros da emissora. Ele foi testemunha dos primeiros anos de Gonzaga em rádio.
"O seu início foi na Rádio Clube do Brasil, no programa de Renato Murce, e depois foi para a Rádio Tamoio, que lhe ofereceu um cachê maior", conta. Quando foi para a Nacional, Luiz Gonzaga reencontrou Renato Murce, que apresentava o programa Alma do Sertão: "E foi devido ao alcance que a Nacional tinha em todo o país que se deu a sua grande projeção".
Gerdal recorda que ficou impressionado com a seriedade com o que o sanfoneiro encarava o trabalho na rádio. "Ele era uma pessoa muito caprichosa e muito profissional. Eu tive oportunidade de ver quando ele ia para o estúdio. Gonzaga ficava ensaiando as músicas o dia inteiro, diferentemente de todos os outros que atuavam conosco naquela época", lembra.
No final dos anos 1940, já consagrado como o rei do baião, Luiz Gonzaga criou uma verdadeira corte em torno do ritmo. A rainha era a cantora Carmélia Alves, que morreu em novembro passado, aos 89 ano;, o príncipe, o cantor Luiz Vieira. e a princesa, a cantora Claudette Soares. O culto Humberto Teixeira, também advogado, era o bacharel do baião, e acabou se elegendo deputado federal, em 1950. Na Câmara dos Deputados, ele foi autor de leis em favor da difusão da música brasileira no exterior.
O baião foi beneficiário dessa difusão internacional. Nos anos 1950, impulsionado pelo sucesso de Muié Rendeira, canção do filme brasileiro O Cangaceiro, que recebeu menção honrosa no Festival de Cannes de 1953, o ritmo nordestino foi largamente usado em trilhas sonoras pelo cinema italiano. E até estrangeiros compunham baião. A atriz Silvana Mangano, por exemplo, interpretou uma dessas músicas, de autoria de dois italianos, no filme Arroz Amargo.
No acervo sonoro da Rádio Nacional há preciosidades como a série No Mundo do Baião, apresentada em 1950 pelo programa Cancioneiro Royal. Com produção de Humberto Teixeira e Zé Dantas e apresentação do radialista Paulo Roberto, a série tinha como estrela Luiz Gonzaga.
Agência Brasil
Gonzagão: Asa Branca, maior sucesso de sua carreira, foi gravada há 65 anos 

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