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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Graciliano Ramos: Da ficção ao documentário

graciliano Graciliano Ramos

Fruto de vasta pesquisa literária e de campo, documentário leva a vida de Graciliano Ramos para o cinema

Por Gabriela Nogueira Cunha


Após clássicos do cinema, como Vidas Secas e Memórias do Cárcere, ambos de Nelson Pereira dos Santos, outra obra de Graciliano Ramos emocionou um cineasta a ponto de ele prometer levá-la às telas.

Nesta oportunidade, foi a vez de Angústia, que inspirou o cineasta Sylvio Back a escrever um roteiro, cerca de uma década atrás. Back se empolgou tanto em suas pesquisas literárias e de campo em Maceió e no Agreste sobre o alagoano de Palmeira dos Índios que ficou com vontade de biografá-lo. Foi assim que nasceu o documentário O Universo Graciliano, sobreo escritor que morreu há 60 anos e que teve seus 120 anos de nascimento celebrados no ano passado.

“Recenseando contemporâneos vivos, e arregimentando um repertório iconográfico (fixo e em movimento), além de músicas de compositores alagoanos, senti que poderia adentrar uma personalidade multifacetada que jamais se deixou conhecer fora dos seus romances e contos”, contou Back,que já rodou Lost Zweig, ficção sobre outro escritor, o austríaco Stefan Zweig. No documentário sobre Graciliano, o romancista é revelado a partir de depoimentos de dezenas de parentes e amigos, como Oscar Niemeyer (1907-2012). O objetivo é retraçar seu perfil existencial, político, moral e, claro, literário.

Curiosamente, a ficção – origem de todo o trabalho – empacou por causa de direitos autorais, enquanto o documentário deslanchou. Já pronto, foi selecionado para o festival “É tudo verdade”, o maior do gênero no Brasil, e teve suas primeiras exibições abertas ao público em abril, em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília.

O diretor espera que o documentário entre logo em cartaz. Segundo ele, não é tarefa das mais simples. “Lançar um filme no Brasil, ainda mais em se tratando de um ‘doc’ com pegada explicitamente autoral, é tão ou mais complexo do que a realização em si”, reclama.

Para a doutora em história pela UFF, Marisa Schincariol, revisitar vida e obra de Graciliano no cinema é como olhar para a própria história do país. “O cinema pode contribuir para explorar as relações entre literatura e política que permeiam tanto a obra quanto a trajetória de Graciliano, além de ampliar o interesse pelos livros do escritor”. O autor de São Bernardo – livro que também foi levado às telas por Leon Hirszman, em 1972 – ainda será lembrado outra vez este ano. Ele é o grande homenageado da Festa Literária de Paraty (Flip) de 2013.

Fonte: Revista de História da Biblioteca Nacional

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