Capa do Pavão Misterioso, em edição da Luzeiro
2013 marca os 90 anos do maior êxito da literatura de cordel brasileira: o Romance do Pavão Misterioso, de autoria de José de Camelo de Melo Resende. A data passaria em branco não fosse o empenho do pesquisador e apologista José Paulo Ribeiro, de Guarabira (PB), e do professor e historiador Vicente Barbosa, idealizador da 1ª Exposição de Cordel de Guarabira. Este texto conta um pouco dessa história começada pelos idos de 1923 (Marco Haurélio).
Por Vicente Barbosa
Preservar e divulgar as riquezas das tradições populares configura-se em um sentimento que deve ser exaltado por cada povo, como forma de garantir a sobrevivência e a plenitude de sua própria identidade. O Nordeste brasileiro é destaque quando se trata do tema Cultura Popular e suas diversas formas de manifestações, dentre elas destacamos a Literatura de Cordel.
Essa forma de narrativa oriunda da Península Ibérica, que aqui chegou pelas mãos dos colonizadores portugueses, ganhou alma e corporificou-se através dos Folhetos de Cordel, que, viajando de mão em mão, espalhou-se por toda Região Nordeste levando em seu conteúdo os mais variados e múltiplos temas como: o amor, o ódio, a vingança, a tragédia, a religiosidade, o cangaço, as crenças e seus mistérios.
Dentre todos os Cordéis até hoje impressos, um deles teve destaque, e tornou-se um grande best-seller do gênero. Trata-se do Romance do Pavão Misterioso, obra do cordelista guarabirense José Camelo de Melo Rezende (1885-1964) que ganhou fama no Brasil e no mundo. O Romance do Pavão Misterioso já foi adaptado para o teatro, cinema, literatura, música e televisão, com seu texto simples, aliado à fluência dos versos e às referências aos contos das Mil e Uma Noites alcançou a espantosa tiragem de mais de dez milhões de cópias, vendidas em todo o País.
Neste ano de 2013 a obra completa exatos 90 anos desde a sua primeira edição, datada de 1923. Aproveitando o ensejo e reconhecendo a importância histórica da data, o Serviço Social do Comércio - SESC, na Paraíba, presta uma justa homenagem através da realização da 1ª Exposição de Cordel de Guarabira, uma vez que esta cidade detém o orgulho de ser berço de nascimento do ator e da obra.
Parabéns ao Pavão Misterioso, glória e honra de nossa Literatura popular.
Versão em quadrinhos desenhados por Sérgio Lima.
Para celebrar a data, o poeta Paulo Gracino, natural de Guarabira, escreveu o poema 90 anos de encantos de um Pavão Misterioso, do qual reproduzo as primeiras estrofes (Marco Haurélio):
Quem é que nunca ouviu
Um dia alguém contar
A história de um pavão,
Que começou a voar
Há mais de noventa anos
E que nem pensa em parar.
Ele é misterioso,
Mas nunca foi encantado.
Passeou no mundo todo
E sempre foi bem lembrado,
Por tudo que fez e faz
E por onde tem passado.
Ele é o grande astro
De um romance acontecido.
Um romance de verdade,
Daqueles bem aguerrido,
Que já tem quase cem anos,
E jamais foi esquecido.
Um dia alguém contar
A história de um pavão,
Que começou a voar
Há mais de noventa anos
E que nem pensa em parar.
Ele é misterioso,
Mas nunca foi encantado.
Passeou no mundo todo
E sempre foi bem lembrado,
Por tudo que fez e faz
E por onde tem passado.
Ele é o grande astro
De um romance acontecido.
Um romance de verdade,
Daqueles bem aguerrido,
Que já tem quase cem anos,
E jamais foi esquecido.
Capa do folheto comemorativo, de autoria
do poeta Paulo Gracino
Nenhum comentário:
Postar um comentário