Jornal do Brasil
Formador, doutrinador, guia, guru, líder, mentor... Todas estas palavras servem também para definir o professor. Aquele que não apenas ensina, mas serve de exemplo, transmite princípios, constrói os alicerces de toda uma sociedade.
Estes mesmos professores vivem, nos últimos dias, uma realidade bem distante do que deveria acontecer em sala de aula. Lutando por melhores salários, eles enfrentam não apenas a intransigência e o autoritarismo do poder público, mas também cassetetes e spray de pimenta para aplacar o inconformismo com décadas de descaso e desrespeito.
O mesmo Estado que trata educadores como delinquentes é aquele que determina a expulsão de sala de aula dos alunos que não se comportam de forma adequada. Seriam professores vândalos? Estariam eles justificando a truculência? Se estão, que sejam exonerados ou demitidos, mas nunca surrados.
Os mesmos professores que ensinam aos filhos dos policiais militares princípios de ética, respeito e solidariedade são os que agora apanham dos PMs porque não abrem mão de lutar por salários e condições mais dignas de trabalho.
E esses mesmos professores que apanham da polícia são aqueles que, amanhã, voltarão para sala de aula para continuar a educar crianças. São os mesmos que deverão continuar a servir como líderes e guias.
Como estes profissionais, depois de tamanha humilhação, depois de serem tratados como vândalos e delinquentes pelo Estado, poderão voltar às escolas e olhar de frente seus alunos? Como poderão continuar a servir de exemplo? Onde ficará sua dignidade, como permanecerá intacta a imagem do doutrinador, do mentor, não apenas de uma turma na escola, mas de toda a sociedade?
Professores ensinam aos engenheiros, aos advogados, aos médicos. Educar é um ofício sublimado. Ao tratar estes profissionais com violência desmoralizante, o Estado está contribuindo de forma decisiva para comprometer a própria formação da sociedade. E este mesmo Estado terá de explicar aos alunos por que seus professores estão merecendo ser tratados desta forma.
Estado bater em professor é o mesmo que Vaticano bater em padres que cobram melhorias.
Quando opta pelo autoritarismo e pela truculência, o poder público não apenas mostra a sua total falta de educação, mas dá a toda a população uma lamentável aula de arrogância, prepotência e desrespeito.
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