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sábado, 29 de outubro de 2011

Músicos: reféns dos projetos semicoloniais na arte

Rosa Minine
O pernambucano Marco César é bandolinista. Seu trabalho na frente cultural diz respeito à educação musical para o povo nordestino, tendo como base a pluralidade de gêneros e ritmos. Inclui o choro — gênero apreciado por Marco como primeira grandeza da música genuinamente nacional, e que ultrapassa as fronteiras dos estados brasileiros — o samba, igualmente representante da cultura popular do Brasil, ritmos nordestinos por excelência como o frevo de rua, o frevo canção e o frevo de bloco; o maracatu de baque solto e o maracatu de baque virado; caboclinhos; ciranda; baião e toadas. Marco procura desenvolver um trabalho de pesquisa e valorização da música brasileira e em especial da música do Nordeste.
Professor de música, instrumentista, arranjador, compositor, além de diretor musical e artístico de grupos e eventos, Marco César é um dos mais importantes artistas do Nordeste. Como professor realiza um trabalho, considerado pioneiro no Brasil, na formação e profissionalização de músicos de cordas dedilhadas; formatação de um programa didático/pedagógico de ensino de bandolim, cavaquinho e violão de sete cordas, com orientação e inserção voltada para a formação profissional mesmo, sem qualquer conotação com as terminologias gerenciais. Marco leciona no Conservatório Pernambucano de Música, Recife; no Centro Federal de Educação Tecnológica, Pesqueira; no Centro de Educação Musical de Olinda; além de manter uma sala particular em Recife para atendimento à demanda de alunos que não tiveram acesso às escolas públicas.

Já foi membro de vários grupos instrumentais no Recife, entre eles: o Conjunto Pernambucano de Choro; Orquestra de Cordas Dedi-lhadas de Pernambuco; Oficina de Cordas do Recife; Coral Edgard Moraes; Sexteto Capibaribe e Orquestra Retratos do Nordeste.

Nos contou Marco:

— Música brasileira para o mundo, me apresentei em Cuba, com o Sexteto Capibaribe; em Portugal, com a Orquestra de Cordas Dedilhadas e na França, no Festival de Avyon, com o músico e ator Antonio Nóbrega...

No papel de arranjador e compositor, tem várias músicas gravadas, entre elas: Na Porta do Banheiro, em parceria com Elizardo de Oliveira — o Bila do Cavaco — gravada pelo conjunto Abraçando Jacaré, do Rio de Janeiro; e Mais Sim...! em parceria com Ivanildo Maciel, gravada pelo conjunto Os 4 a Zero, de São Paulo. Também tem realizado trabalhos de arranjo para orquestras de frevos dos festivais; conjuntos de choro; quartetos de cordas, madeiras; metais; grupos de samba e grupos de cordas dedilhadas.

Como diretor musical e artístico de grupos e eventos, já dirigiu diversas gravações musicais em Recife, entre elas: o espetáculo Acordes pra Jacaré, em homenagem ao cavaquinista Jacaré, e outro em homenagem ao violonista Francisco Soares de Araújo, o Canhoto da Paraíba; e o CD do coral Edgard Moraes.

— Este CD, segundo alguns músicos do Rio de Janeiro, está sendo pesquisado como fonte de inspiração para a volta dos grupos de ranchos do carnaval carioca —, declara Marco César. Marco estudou música com licenciatura e participou de oficinas de capacitação em canto, técnica vocal, prática de instrumento, arranjo, instrumentação, harmonia, improvisação, composição, regência de coro, palestras, concerto-aula e apreciação musical. Teoria, solfejo e percepção, estudou com o professor Severino Revoredo do CPM — Conservatório Pernambucano de Música, e harmonia tradicional, contra-ponto e fuga com Manoel Nascimento, músico da Orquestra Sinfônica do Recife e professor do Centro de Criatividade Musical da cidade.

Amor pelo choro
Marco César de Oliveira Brito nasceu em 30 de Julho de 1960, na cidade de Pesqueira, região agreste de Pernambuco, e com aproximadamente 11 anos de idade já demonstrava interessar-se por música. Por essa época, grandes nomes do choro frenquentavam sua residência, como o violonista Canhoto da Paraíba e o bandolinista Rossini Ferreira.

Nos contou Marco:

— O meu pai, Manoel Xavier de Brito, mais conhecido como Tosinho, tocava violão de sete cordas e tinha uma relação de amizade muito grande com o meio artístico de Pernambuco e do Brasil, tendo sido elogiado pelo acordeonista Orlando Silveira e por Jacob do Bandolim, que em gravação caseira afirma ter gostado muito de ouvi-lo.

Iniciou sua carreira de músico aos 13 anos de idade, quando apresentou-se com um violão de sete cordas, juntamente com seu irmão Múcio Fernando, que tocava bandolim, no programa Recife dos Serões e Serenatas, apresentado por Jaime Ubiratan, na TV Universitária do Recife, mas acabou trocando o seu instrumento pelo bandolim e com ele se profissionalizando.

Estudou bandolim com os professores Evandro do Bandolim, Rossini Ferreira, Joel do Nascimento e Elismar Pontes. Mas costuma dizer que o seu mestre maior foi o músico Jacob do Bandolim por ouvir, diariamente, suas gravações, aprendendo com elas a frasear e a interpretar o choro, gênero musical que faz parte da sua vida, como uma das suas maiores paixões.

— Vivo, respiro, curto e amo o choro. Ele é a base da minha vida musical e devo a ele todo o meu conhecimento. Me lembro que, quando era criança, costumava escutar choro e a me perguntar o porquê de não existir escolas de música brasileira. Sentia muita dificuldade em assimilar o que havia nas gravações, faltando conhecimento musical, técnico e histórico para poder atingir um nível satisfatório. A única saída foi abordar os grandes músicos que passavam pelo Recife — comenta.

E fala com um certo carinho:

— Considero a escola do choro como a base de tudo o que se quiser seguir na música. Ele é a nossa música popular de câmara, de técnica, de fraseado, de sentimento, de improvisação, de forma, de estética, de poesia, de representatividade da cultura brasileira. Sempre me senti muito bem ouvindo choro, ao lado daquele que foi o meu maior incentivador: meu pai.

O frevo sobrevive
— Além do choro, tenho atuado com ritmos diversos, como: frevo de rua; frevo canção; frevo de bloco; maracatu de baque solto; maracatu de baque virado; caboclinhos; ciranda; baião; samba; valsa; toada; concertos de Vivaldi; Radamés Gnattali; Beethoven, sempre dando preferência para a música cultural brasileira — explica.

Assim como o choro e outros gêneros musicais nacionais, o frevo, que nasceu e vive no Nordeste do país, vem lutando para não morrer, o que não está sendo fácil.

— Existe uma lei municipal no Recife de realização obrigatória do Festival Anual de Frevos, mas a política cultural da cidade deveria enfatizar e valorizá-lo mais, fazendo-o tocar o ano todo nas emissoras de televisão e rádio. O massacre maior que sofremos, atualmente, é a presença da música brega, a dos grupos que se apresentam com indumentárias tão transparentes e abertas que nos permite ver os úteros e os fetos das bailarinas deles — protesta.
— Além disso — nota o mestre — observamos que os compositores de frevo de antigamente eram mais cuidadosos com a poesia, o arranjo e a melodia, e eram músicos com larga experiência, salvo raras exceções. Hoje, têm surgido grandes compositores, arranjadores e interpretes, mas muitos deles necessitam aprofundar os seus conhecimentos musicais.

— O frevo sofreu transformação na Bahia com a música do Trio Elétrico de Armandinho, Dodô e Osmar. Consistiu da necessidade de apresentá-lo num caminhão de som, com instrumentos típicos do frevo pernambucano, metais e palhetas. Tal foi a carência desses músicos que se criou a música baiana com um ritmo mais acelerado, tocado por pau-elétrico e posteriormente “guitarra baiana”... O frevo baiano difere do pernambucano no andamento, nas frases e no instrumental — acrescenta.

Para Marco, o frevo é uma música verdadeiramente nordestina, mas que não representa inteiramente o Nordeste, pela variedade de gêneros existentes na região, mas que, sem dúvida, representa Pernambuco.

— Da Bahia ao Maranhão, são inúmeras as representações e manifestações culturais, tanto na dança, como na arte plástica e na música. Eu o considero como uma música representativa de Pernambuco e especificamente do Recife. Basta salientar que o frevo de bloco é um gênero musical tocado e cantado somente no Recife e nas prévias carnavalescas. A dança do frevo, ‘O passo’, só existe aqui.

O encontro de Marco com o frevo também é de longa data, tendo como um primeiro mestre, novamente, o músico Jacob do Bandolim:

— As suas gravações me fizeram gostar de frevo, contudo, passei a me interessar mais pelo assunto quando comecei a namorar minha esposa, Valéria Moraes, neta de um dos maiores compositores de frevo de bloco de todos os tempos: o maestro Edgard Moraes.

Edgard Moraes foi um dos mais importantes autores de frevo, entre os quais está a marcha Valores do passado, de 1963, que inspirou a criação do Bloco da Saudade, no Recife. A marcha é uma homenagem aos 24 blocos do carnaval da cidade, que se encontravam extintos na época. Nascido em Recife, em 1904, Edgard foi responsável pela criação de muitos blocos carnavalescos em Pernambuco. Na obra que deixou estão cerca de trezentas composições, entre frevos, em sua maioria, choros e valsas. Faleceu, em 1974, algumas semanas após o primeiro desfile do Bloco da Saudade.

Outros importantes nomes do frevo de bloco foram: Raul Moraes e Getúlio Cavalcanti. Nascido em 1891, em Recife, Raul era irmão mais velho de Edgard Moraes, com quem participou de diversos blocos, executando ao bandolim as mais belas páginas do ritmo. Começou sua carreira de músico como pianista tocando em casas de espetáculos do Recife. Mais tarde, trabalhou como maestro na Rádio Clube de Pernambuco e regeu orquestras e blocos. Faleceu em 1937, com apenas 46 anos, depois de ter sido chamado de Príncipe das Marchas de Bloco, pelo carnaval pernambucano. Getúlio Cavalcanti, compositor em atividade, nasceu em 1942. Compondo desde menino, é autor de famosas músicas do carnaval de Pernambuco como: Último regresso e Boi castanho. Violonista, participa, todos os anos, da Banda da Saudade.

Ainda em Pernambuco
— No Recife e em Olinda, existe um maravilhoso carnaval de rua, com orquestras no chão, subindo e descendo ladeiras, blocos de pau e cordas, maracatus, blocos de frevos, troças, ursos, caboclinhos, etc. No passado, os grupos de choro eram chamados de grupos de pau e cordas, formados por violão, cavaquinho e flauta, instrumento que apesar de ser de metal é considerado da família das madeiras, porque era confeccionado de ébano. A Orquestra de Pau e Cordas é formada por conjuntos de choro e instrumentistas de sopro e percussão — conta Marco.

Marco César recorda que, devido à grande multidão de foliões:

— A agremiação Galo da Madrugada, atualmente, usa cerca de vinte trios elétricos, com orquestras de frevos e conjuntos musicais. Tive a oportunidade de sair no Bloco das Ilusões, que é vinculado ao Galo da Madrugada (onde iniciei a minha carreira de frevista), com uma formação gigante: cinco violões de sete cordas; três bandolins; três cavaquinhos; três banjos; duas flautas; um flautim; dois clarinetes; dois saxofones altos; dois saxofones tenor; duas caixas; dois surdos; dois pandeiros e um coral com doze vozes.

Todo esse aparato instrumental foi arregimentado para fazer volume sonoro nas ruas do Recife antigo, sem a utilização de amplificadores. Além da música existe também toda uma indumentária criada para o carnaval, por um figurinista, com músicos bem produzidos.

— E o povo acompanha de perto, cantando, chorando, se emocionando com a agremiação— diz com alegria.{mospagebreak}

Refém dos projetos
O músico brasileiro de hoje é refém dos projetos semicoloniais para a área, como diz Marco, e tem que estar submetido às políticas culturais do município, do estado e do governo federal, do jeito que seus patrões querem, e que se fazem passar como coisa brasileira. Aliás, como se houvesse uma única cultura na sociedade brasileira:
— As leis de incentivo à cultura chegaram para atrapalhar o músico, na maioria das vezes. O artista tem que estar atento a tudo. Pessoas que não fazem música, empresários ou produtores culturais, estão com o poder na mão para gerenciar um trabalho, que muitas vezes não resulta em retorno financeiro para o músico. No final, as coisas se passam como se o artista até estivesse recebendo um favor.

Acrescenta:

— Projeto que, ao nosso ver, é muito representativo da nossa cultura, muitas vezes, chega na comissão de seleção e passa a ser descartado, por pura manipulação nos resultados. O músico hoje é o seu divulgador maior, e produzindo de forma independente se depara com a dificuldade de distribuição do seu produto. Muitos músicos estão se submetendo a tocar de graça para divulgar o seu trabalho e, outros, tendo que se utilizar de determinados ambientes para sobreviver. A orientação que eu transmito ao jovem é a de sempre cursar o nível superior, para que tenha um emprego na área da música onde ele possa garantir um sustento mínimo e tenha fôlego para produzir o que deseja. Por exemplo, o músico da noite sofre bastante com a falta de espaço nas casas de espetáculo, todavia, estão surgindo projetos musicais voltados para a música instrumental como: festivais de choro, músicas para teatro e dança.

Marco acredita que o desaparecimento parcial das casas de espetáculos se dá em razão da política econômica do governo, que gera a falta de dinheiro no bolso do povo, e pela falta de segurança nas ruas que faz com que ele se afaste desses locais, entre outras coisas: — A admissão de um músico numa casa pode gerar obrigações trabalhistas, o que deixa muitos donos de bares com dificuldades, porque sem a presença do cliente na mesa, não existirá caixa suficiente para manter os grupos.

E continua:

— Os músicos de vanguarda estão encontrando as saídas para escoar as suas produções nos festivais de música no exterior. Muitos músicos estão fazendo sucesso lá fora sem que o Brasil reconheça, criando suas produções independentes e apresentando propostas para o mundo da internet. A nossa música é muito respeitada no exterior e há um interesse muito grande pela música popular dançante.

Marco diz que a situação das orquestras e dos conjuntos regionais, como as bandas de pífanos, as marujadas e o bumba-meu-boi, é péssima, chegando a observar que, até certo ponto, estão desaparecendo, principalmente por falta de patrocínio. Mas acredita que essas manifestações culturais nunca irão acabar totalmente, independente de existir dinheiro ou não, porque fazem parte da vida do povo.

— Vão passando de pai para filho, e mantendo vivas as tradições — defende.

Sindicato não funciona
Marco César diz que em meio a muita falta de emprego e uma desqualificação do músico pelo mercado — que prefere investir no trabalho descartável, de baixa qualidade, não dando valor ao trabalho sério e à música cultural brasileira —, o sindicato dos músicos não trabalha.

— Pelo menos aqui em Recife, o sindicato não funciona. Paga-se uma taxa só para dizer que é sindicalizado, e mais nada. A Ordem dos Músicos do Brasil encontra-se sob intervenção — declara.

E acrescenta:

— Aqui os cachês são extraordinariamente injustos. Basta citar um evento da prefeitura petista do Recife, em que se pagou o valor de R$480 mil à dupla Sandy e Junior, incluindo avião fretado e tudo mais, enquanto que uma orquestra de frevo necessita apenas de cinco mil reais para fazer o mesmo evento e a prefeitura alega que não tem. A justificativa é: o povo pobre não tem dinheiro para assistir Sandy e Junior no teatro e esse evento traz turista para a cidade. Marco afirma que o sindicato não atua no caso dos cachês diferenciados. Segundo ele, o músico de fora tem um mega-cachê, o músico do estado, que mora fora, tem um razoável- cachê e o músico que contribui à cultura da cidade tem um irrisório-cachê. A passagem de som, a mesa de som, o tempo de apresentação, o horário, o camarim, o tratamento, enfim, tudo é completamente diferente em qualidade.

A escola ideal
Para Marco César, uma das maneiras de vencer as muitas barreiras impostas pelo monopólio das comunicações e o mercado fonográfico, os bloqueios por parte do Ministério da Cultura, os sindicatos que não funcionam, e tudo mais, seria a inserção da música cultural brasileira nas escolas públicas, porém aquela que tem laço cultural, que é representativa da cultura de um país, de um povo.

— É muito difícil lutar contra uma mídia que massacra os ouvidos do povo. O que falta é uma política de inserção nas escolas, de ensino fundamental e médio, da disciplina Educação Artística Musical, valorizando o melhor da cultura brasileira. O povo brasileiro gosta da sua música, mas esses meios de comunicação estão aí para impor e corromper o gosto e a sensibilidade. Por isso, precisamos voltar o melhor da nossa cultura e discernimento para o povo — defende.

Para Marco, o que vem acontecendo neste sentido, já que o governo não toma nenhuma iniciativa quanto à inclusão do ensino da música nos currículos das escolas públicas, de nível fundamental e médio, é o surgimento de escolas de choro em Brasília, Rio de Janeiro, Recife e São Paulo.

— É muito importante para a nova geração poder usufruir, nesses cursos, dos conhecimentos de grandes músicos brasileiros. Muitos não tiveram a oportunidade nem de ouvir choro, quanto mais tocar. Toda essa reviravolta acontece justamente por causa do excelente trabalho por parte de músicos da grandeza de: Reco do Bandolim, presidente do Clube do Choro de Brasília e da Escola Raphael Rabello; Maurício e Álvaro Carrilho, Luciana Rabello, Pedro Amorim — da Escola Portátil de Choro, no Rio de Janeiro —, acrescenta.

Dentro do Conservatório Pernambucano de Música, uma instituição pública tradicional, que ensina música no Recife, e também em sala de aula particular, Marco, juntamente com muitos músicos profissionais e alunos em estágio avançado, faz um trabalho de ensino da música cultural brasileira, como o choro, o samba e ritmos nordestinos, para pessoas de todas as idades, incluindo muitos jovens.

— Minha escola é uma sala particular de ensino de instrumentos e disciplinas teóricas da música, onde tenho a proposta de fazer a escola dos sonhos dos professores ser, ao mesmo tempo, a escola ideal para os alunos — conta com entusiasmo.

Para Marco, a escola dos sonhos dos professores, que ele vem buscando desenvolver, possui infra-estrutura, material didático e espaços diferenciados, com uma filosofia de trabalho voltada para a formação profissional do músico de cordas dedilhadas; análise do perfil sociológico do aluno, intervenção junto às famílias para o incentivo e orientação sobre a profissão do músico, esclarecendo sobre as questões financeiras, de performance, de busca da consciência musical, como forma de modificar a filosofia de vida, de busca da perfeição e reputação da profissão do músico no país.

É uma escola onde o músico recebe material didático, com partituras, arranjos e biografias específicas da área de metodologia de ensino. O método é criado pelo próprio aluno, com a adoção do estudo dirigido e do processo de dedução. Marco procura despertar o interesse do aluno pela pesquisa e demonstrar a diversidade de gêneros musicais possíveis de serem executados no seu instrumento. Além disso, demonstra formas de conquistar um espaço no mercado de trabalho, conscientizando o aluno de que ele, provavelmente, será o seu próprio divulgador.

Explica Marco:

— E a escola ideal para os alunos, no meu entender, tem como ponto de partida a concepção estética do aluno. A escola tem a obrigação de entrevistá-lo sobre suas pretensões musicais: se quer fazer música ou brincar de fazer música. Neste caso, o professor apresenta um direcionamento através de um organograma de tarefas. O incentivo e a motivação vêm de dentro para fora do indivíduo. Obter a confiança e a amizade da família são metas traçadas para um acompanhamento didático-pedagógico e devem obedecer os critério de uma busca da perfeição, sem fazê-lo presunçoso, acreditando que atingiu o seu limite máximo de esforço. Busca-se o aprimoramento e o refinamento da técnica, da percepção, da escrita, da organização, da conduta ética-profissional e social.

E aprofunda:

— A observância dos detalhes o faz se destacar dos outros, mas, sem esquecer de exercitar a filosofia do trabalho em sociedade leal e de ajuda mútua. A preocupação quanto a que momento terminará o curso e onde vai tocar deve ser eliminada com a orientação inicial baseada no princípio da dedução e estudo cumulativo, conscientizando-o sobre a necessidade do auto-aperfeiçoamento.

Prossegue o professor:

— O incentivo familiar é muito importante. Mas também, fazê-lo acreditar que é importante para a família, para o professor, para o grupo, para a escola, para a música e, principalmente, para ele mesmo. Apresentar as principais virtudes que ele tem, mas que devem ser trabalhadas; estimular o aluno a vencer as etapas mais difíceis e importantes; conscientizá-lo no sentido de que faz música porque gosta e não porque os pais gostam; aproximá-lo o máximo da escola e da profissão e trazê-lo para tocar profissionalmente com o professor também são coisas que fazem parte da escola ideal — fala o mestre.

O tempo de Marco César é dividido em muitas horas de trabalho em favor da música brasileira: ou está gravando um novo CD, ou dando aulas, ou fazendo algum arranjo para um artista, enfim, está trabalhando para que a música cultural popular não morra.

— No momento, vou ficar uma temporada em São Paulo, onde gravarei um CD com o valoroso artista pernambucano e grande amigo Antônio Nóbrega. Mas logo devo estar de volta a Recife e a minha escola — finaliza Marco César.

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