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terça-feira, 15 de novembro de 2011

Eclética viola brasileira




Rosa Minine

Exímio tocador, compositor e professor de viola caipira, Enúbio Queiroz nasceu na fazenda Barreiro, em Iturama-MG, radicando-se atualmente no interior de São Paulo, onde mais atua, juntando a viola mineira com a paulista, um ponto de partida para o trabalho eclético que faz, mas com compromisso com a cultura brasileira. Autor de livros e DVDs didáticos, ele tem ajudado muita gente a tocar viola.

— Grandes tocadores de viola me influenciaram na infância, além de meu pai que também era violeiro. Fui criado na roça, trabalhando na lavoura e na lida de gado, naquele ambiente todo propício para a viola, e aos nove anos de idade comecei a tocar. Meu pai e meu professor do primário foram meus grandes incentivadores. Imagina que o professor era músico nas horas vagas e além das matérias da escola, me ensinava a viola — lembra Enúbio.

— Um pouco maior fui me aprimorar e conhecer teoria musical. Estudei com professores afamados, bons mesmo, em São Paulo e em Goiânia. Também passei pela banda de música e pelo conservatório. Porém, no conservatório tive que estudar violão clássico, porque não tinha material didático para viola. Costumo dizer que estudei anos de violão, mas pensando na viola (risos) — brinca.

Com o tempo Enúbio foi ganhando conhecimento suficiente para fazer seu próprio material didático, criando métodos e videoaulas.

— Lá pra 1980 mais ou menos, praticamente só tinham dois livros didáticos: do Tião Carreiro e o do Tonico e Tinoco. Comecei a resgatar todo esse material e pegar as partituras que usava para estudar violão e passar para a viola, ao mesmo tempo criar coisas novas para a viola mesmo. E publiquei com o objetivo de divulgar a viola e para que outras pessoas pudessem usufruir — declara.

— Hoje tenho dois livros de viola e dois cursos em DVD, incluindo básico, intermediário e avançado. Em suma o que fiz foi resgatar um pouquinho da literatura da viola e passar para juventude. E fiquei feliz quando notei que muitos outros brasileiros pensaram da mesma forma, e surgiram muitos outros materiais para a viola caipira — continua.

— Por conta disso começou a aparecer muita gente interessada em aprender, comprando todo o material do mercado e até se comunicando com os violeiros. Eu mesmo fui comunicado sobre o interesse de algumas pessoas que adquiriram o material que lancei — comenta.

— Enúbio mora em São José do Rio Preto, próximo a Barretos, onde acontece a tradicional Festa do Peão de Boiadeiro, condenada por muitas pessoas ligadas a viola como algo que perdeu a identidade.

— Digo que setenta por cento da festa é comercial, mas ainda tem esse pouquinho que se salva, e é por esse pouquinho que faço questão de lutar, participando. Por exemplo, lá tem um festival de viola todos os anos; tem a 'Queima do alho', que é uma festa das comidas tradicionais, entre outras, a 'tropeira' que os peões faziam na estrada, e tudo regado a viola caipira — expõe.

— Também a 50 km de Barretos tem o Festival do Folclore, enfim, essa região toda é muito boa para a viola, muita coisa boa acontece por aqui, e não conseguiram acabar com isso, porque tem muita gente, violeiros bem antigos, que moram por essa área. Muitos deles não conhecem nada de partituras, sempre tocaram de ouvido e vão passando para outros. E não se deixam levar por modismos nenhuns. É gente boa mesmo — continua.

Segundo Enúbio, de forma positiva a viola tem se expandido muito entre jovens da cidade, nas universidades.

— Desde que chegou no Brasil, pela mão dos portugueses para ajudar na catequização dos índios, ela foi abraçada pelo povo do sertão em geral, nos cantos de rodas, nas folias de reis, congada, dança da catira, ganhando uma identidade totalmente brasileira. Agora a moçada da cidade já descobriu o instrumento, a juventude aderiu à viola, creio que um dos motivos também é o acesso às partituras — comenta.

— Mas continua ligada de alguma forma a coisa rural, que é sua base cultural, até porque a roça, o plantio, a colheita é a base de toda cidade. O trabalhador rural tem grande importância, e ela está bem inserida no seu mundo. Cada lugar do Brasil tem a sua viola, particularidades ligada à cultura local. Com a expansão para a universidade, a juventude da cidade entrou nessa soma, e isso serve para enriquecê-la ainda mais — defende.
Mistura que deu certo

Fazendo uma mistura de clássicos populares de outros gêneros com a música caipira, Enúbio criou um repertório bem eclético.

— Por exemplo, toco Asa Branca na viola, uma música caipira de raiz como Saudades do Matão ou Menino da Porteira, outra do pessoal daqui da região, uma minha. Enfim, a ideia é ajudar no resgate da viola e levá-la para muitos outros campos, mostrando a sua potencialidade e criando novas possibilidades. E isso é muito bem aceito pelo público — conta.

— Esse tipo de trabalho costuma também atrair para a viola público de vários outros gêneros musicais. Acredito que é para o bem de todos, da cultura. Tenho 7 CDs gravados e um DVD, todos nessa linha, incluindo composições de vários artistas, domínios públicos, e músicas de minha autoria. Tem discos meus disponíveis até no exterior — continua Enúbio.

Ele se apresenta constantemente por toda a região de Ribeirão Preto, e bastante em eventos de viola que acontecem por todo o país.

— Faço shows, participo de festivais, festas de peão, simpósios, palestras, lançamentos de livros, e outros eventos. Recentemente toquei em Itamonte, MG, e na capital São Paulo. Além disso, dou aulas de viola e tenho uma loja de instrumentos musicais. Entre os meus alunos tem gente jovem, de meia idade e pessoas bem maduras, gente de todo tipo querendo aprender viola, o que faço questão de ensinar com o maior prazer — finaliza.

Para contatar Enúbio Queiroz: enubio@enubioviola.com.br, ou (17) 3234-4769 / 3233-6716.

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