Spokfrevo Orquestra
Sexta-feira o maestro Spok ligou para Nana Caymmi. Quem atendeu foi empresário do irmão da cantora, o solicitadíssimo Dori Caymmi. “É com ele mesmo que, há dias, eu quero falar”, exclamou o maestro.
Por José Teles*
Dori Caymmi estava ao lado do empresário e pegou o celular. Em minutos Spok recebeu a autorização para dar o nome de uma música de Dori ao próximo disco da Spokfrevo Orquestra. Mais do que isso, o compositor se prontificou a participar do álbum.
A música chama-se Ninho de vespa: “Tem tudo a ver com a tensão que rola no frevo, ao mesmo tempo com tantos bons músicos envolvidos”, explica.
Ninho de vespa deve chegar às lojas até dezembro. Quase dez anos depois da estreia da SFO em disco, com Passo de Anjo (2003), que, em 2006, se desdobrou em DVD e CD ao vivo, com selo da Biscoito Fino: “A gente começou a gravar há dois anos. Mas rolou uns problemas internos, e decidimos só voltar a estúdio depois de uma reestruturação”, diz Spok.
Um hiato tão grande acabou resultando num projeto ainda mais elaborado do que o que se tinha em mente quando a gravação foi iniciada: “O repertório seria o que a gente tem tocado nos palcos, e que foi muito bem recebido nas turnês na Europa e nos Estados Unidos. A ideia era um disco de frevo, não obrigatoriamente composto por pernambucano, mas também de autores que enriquecem a música brasileira. Porém mais músicos foram chegando, e vai acabar como um disco da orquestra com solistas. Vamos ter Hamilton de Holanda, Nelson Ayres, Luciano Magno, Berto Hortiz, Cesar Michiles. Talvez Esperanza Spalding, que é fã da orquestra, mas não sei se vai dar, porque ela tem agenda sempre lotada”, adianta o maestro, dono de uma agenda que não fica devendo muito a da baixista e cantora americana.
Enquanto grava com a SFO, ela encontra tempo para tocar e produzir uma nova banda, a Flor de Muçambê. Além de participações especiais, como a que fez no show de Marina Elali. Atende a convite para eventos, como um recente encontro internacional de saxofonistas em Tatuí (SP): “Encerrei o encontro solando com a big band da cidade. O que me deixou entusiasmado foi o respeito que os músicos lá de fora tem pela Spokfrevo Orquestra. O pessoal do Elipsos, um quarteto de sax, francês, o maior prestígio no jazz, os músicos tem o DVD, o CD, Sabem o que é o frevo. A minha maior recompensa é este reconhecimento. Quando a gente foi tocar no Brazilian Day, em setembro, resolvi dar uma passada no Lincoln Center,em Nova York. Encontrei, por acaso, Wynton Marsalis, no corredor. O cara me viu, e gritou: ‘Spok frevo!’. Ele é hoje talvez o músico de jazz mais importante da atualidade, e virou fã da orquestra”, comenta o maestro. A SFO tocou no Lincoln Center em março passado e volta a tocar em 2013, a convite de Marsalis.
Desde o primeiro disco, a SFO sofreu mudanças na formação. Assim como o maestro, os músicos correm atrás em projetos paralelos, tem seus próprios grupos, ou tocam em bandas de cantores como Jorge Vercilo ou Elba Ramalho (o próprio Spok tocou durante bastante tempo com Fagner): “Acho que neste período trocamos uns seis músicos. Mas a maioria continua. Neste tempo a orquestra fez muito pelo frevo, que passou a ser admirado por músicos cubanos, europeus, americanos. Mas eu quero ir ainda mais longe”. Neste mais longe está a sistematização e disseminação da faceta instrumental do gênero: “Vamos lançar dois livros de Ninho de vespa, com as partituras das músicas, sem o sax alto, e o trompete. Para que um saxofonista ou um trompetista possa tocar com a orquestra”.
A Música
Ninho de Vespa
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