Agradecemos a marca de 1000 visitas

Agradecemos a marca de 40.000 visitas

No nosso blog: Brasileiros, Norte Americanos, Portugueses, Canadenses, Russos, Ingleses, Italianos, Eslovenos, enfim, todos que gostam da cultura Brasileira e que tem nos acompanhado.

sábado, 29 de dezembro de 2012

O filme chileno No concorre ao Oscar


Gael García Bernal
Gael García Bernal em cena do filme No

Grande vencedor da Quinzena dos Realizadores de Cannes 2012 e candidato chileno a uma vaga entre os candidatos do Oscar de filme estrangeiro 2013, No, de Pablo Larraín, encerra uma trilogia de exorcismo político da herança maldita da ditadura de Augusto Pinochet.


O diretor havia abordado o tema em Tony Manero (2008) e Post Mortem (2010); em No, ele escalou o mexicano Gael García Bernal para estrelar uma ficção que reconstitui o histórico plebiscito de 1988, convocado por pressão internacional e em que Pinochet pretendia conseguir um aval popular para continuar no poder depois de 15 anos do golpe. Sua derrota abriu caminho à redemocratização.

Gael interpreta René Saavedra, um publicitário, filho de um exilado, que cresceu longe do país e foi convidado pela esquerda para orientar a campanha do “não” ao regime.

Habilmente, o roteiro de Pedro Peirano desenvolve as diversas posições em jogo, dentro de uma esquerda extremamente dividida, mas que cede aos apelos de René para dar uma roupagem mais moderna e otimista à campanha.

Ou seja, criando jingles mais leves e deixando em segundo plano os slogans políticos clássicos e a cobrança pelos mortos e desaparecidos, o que obviamente gera polêmica. Mas esse tom foi decisivo para a conquista dos indecisos e para a derrota de Pinochet.

Encabeçar a campanha do “não” à ditadura foi uma decisão arriscada para René. Não só porque os mecanismos repressivos do regime estavam em vigor, como pelo fato de que seu patrão, Lucho Guzmán (Alfredo Castro, ator habitual de Larraín), orientava a campanha oposta.

Habilmente, o filme mostra como o plebiscito foi abrindo caminho à queda de Pinochet - que não acreditava na possibilidade de ser derrotado. Quando a ditadura despertou para o sucesso da campanha oposicionista e para o risco real de uma derrota, recorreu a golpes baixos, intimidações, perseguições. Sem sucesso.

Larraín permite ao espectador mergulhar naquele período usando, por exemplo, muitos trechos da campanha televisiva real. Ao mesmo tempo, mantém a uniformidade de cores e textura na fotografia total do filme mesmo nas cenas realizadas recentemente, recorrendo ao antiquado formato U-Matic.

Utilizando uma velha câmera da época o diretor garante uma reprodução convincente da estética dos anos 80 que fortalece a impressão de autenticidade da história - instaurando um clima de urgência, como se os fatos realmente estivessem ocorrendo aqui e agora, o que contribui muito para o envolvimento do público.

O roteiro partiu de uma peça inédita do escritor Antonio Skármeta, El Plebiscito, mas dependeu muito de pesquisas adicionais e entrevistas com pessoas que viveram aqueles dias. Embora fosse menino na época (tinha 12 anos por ocasião do plebiscito), o próprio cineasta Pablo Larraín tem um envolvimento familiar com a questão: é filho de um senador de direita, Hernán Larraín, que apoiou a campanha do “sim” a Pinochet. Sua mãe, Magdalena Matte, foi ministra do atual presidente direitista do Chile, Sebastián Piñera.

Apesar desta origem familiar, os filmes de Pablo Larraín nunca deixam dúvida de seu inequívoco engajamento contra o passado pinochetista. 

Fonte: Correio do Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário