O sambista Noca da Portela reafirma sua identidade comunista, em nota publicada na coluna de Ancelmo Góis, no jornal O Globo, nesta quarta (9). No texto, o célebre músico, dez vezes campeão na disputa do samba do "Simpatia é Quase Amor", anuncia não compor mais para o famoso bloco carnavalesco de Ipanema, nascido em 1985, em meio à campanha pelas Diretas Já.
Noca da Portela
O gosto pela política Noca herdou do pai, o músico Ernesto Domingos de Araújo, com que aprendeu ainda menino as primeiras lições nas reuniões do PCB. A filiação ao partido durante quarenta anos e a consciência política fizeram de Noca da Portela uma das vozes mais ativas na democratização do país.
Cantor, compositor, ex-produtor musical, ex-tipógrafo, ex-feirante e ex-Secretário de Cultura do Rio de Janeiro, o cidadão Osvaldo Alves Pereira nunca dissociou suas ideias e ações do artista. A militância na política e no mundo do samba fez dele um personagem polêmico e respeitado. Em 2012, ano em que o PCdoB completou 90 anos de sua fundação, Noca comemorava oito décadas de vida.
O artista é conhecido pelos sambas engajados. Através deles é possível fazer uma leitura crítica da história brasileira nos últimos 40 anos. Entre suas criações mais famosas está o samba “Virada”, feito em parceria com Gilper. Composto em 1982 como apoio à campanha de Leonel Brizola ao governo do Estado do Rio de Janeiro, os versos de “Virada” continuam provocantes e atuais, 30 anos depois:
“O que adianta eu trabalhar demais, se o que eu ganho é pouco,
se cada dia eu vou mais pra trás, nessa vida levando soco,
e quem tem muito tá querendo mais, e quem não tem tá no sufoco,
vamos lá rapaziada, tá na hora da virada vamos dar o troco.
Vamos botar lenha nesse fogo, vamos virar esse jogo que é jogo de carta marcada
o nosso time não está no degredo vamos à luta sem medo que é hora do tudo ou nada.”
Com TV Brasil
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