Apesar do avanço de novas mídias e da expansão do acesso à internet, o rádio continua sendo um dos principais veículos de informação dos brasileiros. No ano em que se comemora os 90 anos da criação da primeira emissora de rádio - Rádio Sociedade do Rio de Janeiro -, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), informa que o rádio está presente em 88,1% dos domicílios do país, perdendo apenas para a televisão, que tem penetração de cerca de 97%.
Em declaração à imprensa, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que o rádio faz parte da cultura dos brasileiros e não perderá espaço porque está acompanhando a evolução do setor.
“Neste momento especial de transformações tecnológicas e do aparecimento de outras mídias, o rádio segue firme no nosso dia a dia porque também se transformou. Hoje é comum, corriqueiro, ouvirmos a transmissão da programação também pela internet, direto das redações das emissoras”, disse.
De acordo com dados da Abert, o Brasil possui aproximadamente 9,4 mil emissoras de rádio em funcionamento, incluindo emissoras comerciais AM e FM e rádios comunitárias.
O número é mais que o dobro do registrado há dez anos, segundo dados do Ministério das Comunicações. Nos estados de São Paulo e Minas Gerais estão concentrados os maiores números de emissoras, com 1,4 mil e 1,3 mil, respectivamente.
E entrevista à imprensa, o presidente da Abert, Daniel Slaviero, destaca que o rádio está se adaptando às novas tecnologias para disputar o mercado altamente competitivo da informação e do entretenimento. “Acreditamos no futuro do rádio, não como nossos pais e avós o conheceram, mas inovador, ágil, interativo e com a mesma importância social, eficiência comunicativa e proximidade com as comunidades e os ouvintes. Aos 90 anos, não há dúvida de que o rádio está em plena reinvenção”, avalia.
91 anos do Rádio no Brasil
Fonte: Museu da Imagem e do Som - FMIS/RJ
“Primo pobre dos meios de comunicação”. Essa expressão é bem conhecida de quem estuda ou trabalha com o rádio. Mas será que o rádio realmente é o primo pobre nessa história?
Considerado um meio de comunicação rápido, barato e de grande penetração, o rádio atravessou o século 20, no Brasil, com grandes contribuições, seja na área cultural, seja na área político-econômica. Muito já se falou que o rádio estaria acabando, porém o que vemos é que, mesmo com tanta tecnologia, ele continua firme na cozinha, no carro, nas caminhadas, na mesa do bar, enfim, em todos os lugares.
Em 7 de setembro de 1922, temos no Brasil a execução da primeira transmissão radiofônica oficial, como parte das comemorações do Centenário da Independência. A empresa Westinghouse Electric, junto com a Companhia Telefônica Brasileira, instala no alto do Corcovado, no Rio de Janeiro, uma estação de 500 W. Da qual foi possível transmitir discursos, música lírica, conferências e concertos, captados pelos 80 aparelhos de rádio distribuídos pela cidade.
Em 1923, é criada, no Rio de Janeiro, a primeira emissora de rádio, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Idealizada por Roquette Pinto e Henrique Morize, uma de suas funções era levar o conforto da cultura e da arte para a sociedade.
Essa nova emissora, que apresentava programas educativos e culturais, abriu caminho para um novo horizonte, o horizonte da comunicação no Brasil. Influenciadas por ela, são fundadas rádios amadoras em várias partes do país, como a Rádio Clube Paranaense, a Rádio Clube de Pernambuco, a Rádio Sociedade Rio Grandense, a Rádio do Maranhão, a Rádio Sociedade Educadora Paulista e a Rádio Clube de Ribeirão Preto.
Todas nascem como clubes e sociedades e, como a legislação proibia a publicidade, são sustentadas por seus associados. Curiosamente essas rádios tinham, na época, a mesma estrutura hoje atribuída às rádios comunitárias. O rádio começou no Brasil, como empreendimento da sociedade civil organizada.
Na década de 1930, o rádio expandiu-se por todo o país, transmitindo música e informação. Em 1932 Getúlio Vargas autorizou, através de decreto, a comercialização de espaços publicitários pelas emissoras e passou a utilizar o rádio para veicular suas realizações e ideias.
Com a entrada da publicidade, o rádio perde sua característica cultural e passa a ser visto como meio de comunicação de massa. A consequência foi a popularização da programação, o que possibilitou ao rádio viver sua época de ouro, entre os anos 1930 e 1940, oferecendo, principalmente, entretenimento e informação.
Desse modo, o rádio passa a estar no centro do desenvolvimento do país. Visto que passa a exercer grande influência em todos os campos, tendo poder decisivo seja no campo da economia e político, seja no campo social, religioso, cultural e educativo.
Em 1960, a televisão chega ao Brasil e impõe ao rádio uma nova ordem de produção. Tem início uma nova fase, na qual os programas de entretenimento ganham força e área comercial se expande.
Em 1970, o rádio sofre mais uma sensível mudança. Surge, no Brasil, as primeiras emissoras de frequência modulada (FM). Esta nova modalidade abre mais um caminho no mercado de comunicação, ou seja, essa modalidade de emissoras volta-se para o aperfeiçoamento das programações musicais.
Em 1976, como forma de institucionalizar a ferramenta em favor do Estado, o governo cria a Radiobrás – Empresa Brasileira de Radiodifusão –, para organizar emissoras, operá-las e explorar os serviços de radiodifusão do governo federal. Daí em diante, o rádio lutou bravamente para sobreviver. Ganhou novas formas com o surgimento da internet, assumiu novas bandeiras, com a criação das rádios comunitárias, foi usado como moeda de troca, pelos facínoras de plantão. Mas, mesmo com todas essas nuances, sempre estabeleceu uma relação íntima com os seus ouvintes, sempre alimentou muitas imaginações.
Diante desse pequeno recorte temos uma grande certeza, o rádio nunca irá morrer, pois seu papel jamais será esquecido. É preciso resgatar a história do rádio e buscar incessantemente o fortalecimento e enaltecimento de seu papel para a história do país.
Com informações da Agência Brasil
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