O documentário "O Dia que durou 21 Anos" , que trata da participação do governo dos Estados Unidos no golpe militar de 1964, levou quase cinco anos para ser feito, da ideia inicial até a finalização. O filme estreia no Brasil dia 29 de março, após participar de festivais de cinema no país e no mundo.
Divulgação
Em maio, disputa os prêmios de melhor direção e melhor documentário estrangeiro no Festival de Cinema de Saint-Tropez, na França.
O presidente Lyndon Johnson (D) deu aval para o embaixador Gordon (E) desestabilizar Goulart e autorizou envio de navios ao Brasil.
Em entrevista à imprensa, o diretor Camilo Tavares conta como sua equipe pesquisou e descobriu arquivos e áudios que mostram como os EUA atuaram em ações de desestabilização do governo João Goulart e apoiaram os militares, inclusive com a autorização de envio de uma força-tarefa naval ao Brasil. Além da criminalização do comunismo no Brasil e em outras regiões do globo..
O filme consumiu cerca de R$ 1,8 milhão, dos quais só um terço teve patrocínio. "Tivemos de investir do próprio bolso e pegar empréstimos", disse Karla Ladeia, produtora-executiva do filme e mulher de Camilo Tavares.
Camilo Tavares destacou que, inicialmente, a ideia era totalmente diferente do filme final. "Queríamos compilar as crônicas da vida de meu pai (o jornalista Flávio Tavares), seguindo sua carreira estudantil e como jornalista, com foco em fatos que marcaram a política do Brasil. Mas em uma reunião de roteiro, quando meu pai levou uma antiga pasta com fac-símiles de telegramas do embaixador Gordon, datados de 1961, percebi que tínhamos nas mãos algo inédito e confidencial. Demos então um novo enfoque ao filme: a câmera estaria na Casa Branca, e os documentos originais top secret, quase todos desconhecidos do grande público, seriam o roteiro do filme: tudo que está ali é verdade, texto original e foi garimpado nos arquivos de Washington com uma equipe incansável!"
Tavares informou que, para a produção do filme, a equipe teve acesso a áudios de conversas dos presidentes norte-americanos Kennedy e Johnson. "Além dos telegramas entre a CIA, do embaixador, e da Casa Branca, a pesquisa encontrou joias como os áudios originais do Presidente Kennedy e Lyndon Johnson. Parte deste material foi liberado em 2004 e 2005 através da Lei de Acesso à Informação pela qual o NARA, Instituto em Washington, coordenado por Peter Kornbluh (que está no filme) se destaca. Com o apoio de Carlos Fico (professor da UFRJ), garimpamos a mídia dos EUA , buscando programas de 1962 e 1963 na TV americana (rede CBS e NBC), peças-chave na época da Guerra Fria para convencer o público e a mídia interna dos EUA da "ameaça comunista" que o Brasil representava com Jango no poder. Muito parecido com o que vivemos hoje, se pensarmos no poder da mídia".
Com informações do IG
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