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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Música e luta do povo

Rosa Minine  
Músicos e amigos engajados na luta política por uma sociedade mais justa, o brasiliense Fábio Carvalho e o paulistano Pedro Nathan desenvolvem um trabalho em dupla baseado na música popular brasileira e nas letras sobre problemas sociais e resistência. Defendendo o que chamam de "pensamento coletivo de luta", a dupla promove uma roda de samba mensal em São Paulo, e trabalha seu primeiro disco, procurando se somar a uma massa sem voz.
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— Começamos uma aproximação para formar a dupla através de amigos que comentavam sobre nós. Já tínhamos individualmente um trabalho, eu havia gravado três discos solo, com composições minhas e o Pedro tinha muitas composições e muita vontade de cantar. Assim decidimos fazer a parceria — conta Fábio Carvalho.
— O trabalho solo que desenvolvi já era pautado pela música popular brasileira. Sempre gostei e acreditei nos ritmos brasileiros, e sempre me preocupei em tentar fazer uma música que contribuísse com a formação política das pessoas. Me identifiquei com o Pedro por ele seguir esse mesmo pensamento. Não são tantos os compositores que têm a maior parte da obra voltada para as questões sociais —continua.
— O que me estimulou a compor foi exatamente essa oportunidade de passar uma mensagem para as pessoas. O principal de uma música para mim é a letra, a poesia. Se a melodia não for tão boa, mas a letra for ótima, passar o recado, já está valendo. Quando as duas são boas então, é melhor ainda — acrescenta Pedro Nathan.
O repertório da dupla é principalmente de sambas, além de choro, maxixe, marcha, baião e outros.
— As letras são inspiradas nas questões das injustiças sociais, das desigualdades, a questão da classe, da unidade das classes trabalhadoras na história do povo brasileiro, críticas ao capitalismo. É indignante se deparar com situações de desigualdades, miséria extrema e riqueza inútil extrema, não só no Brasil ou América Latina, mas no mundo em geral — expõe Fábio.
— Na verdade não é um pensamento meu e do Pedro que musicamos, mas sim um pensamento coletivo. Não são ideias nossas particulares, são ideias de lutas do povo construídas ao longo da história, por uma sociedade igualitária, sem classes sociais. É uma maneira de dizer o que está sendo construído em termos de conhecimento humano, em termos de engajamento — explica.
— Tivemos a oportunidade de uma formação acadêmica, um acesso maior a cultura, enquanto outras pessoas pelas periferias, favelas e os sertões desse país não conseguiram isso. Assim consideramos que com o nosso trabalho estamos somando a uma grande massa sem voz. Nossa principal motivação para compor é contribuir com as mudanças, com as transformações sociais — continua.

ENGAJAMENTO E GOSTO PELOS RITMOS NACIONAIS

Segundo Pedro, a escolha da música popular brasileira também está ligada ao pensamento político que eles têm, por ser, em grande parte, uma música de resistência.
— O Samba, por exemplo, desde a sua origem foi perseguido, o negro não podia bater o pandeiro na rua, porque era negro. A música popular brasileira em geral, de alguma forma está ligada à luta, a resistência, ao enfrentamento. Mas é claro que não escolhemos trabalhar com essa música somente por esse motivo, e sim porque gostamos — explica Fábio.
— Com aproximadamente quatorze anos de idade já tinha definido esse meu gosto musical. Da mesma forma aconteceu com o Pedro, temos histórias parecidas nesse sentido, não é a toa que nos tornamos parceiros facilmente, sem muito esforço —continua.
— Normalmente compomos letra e música juntos. O Fábio faz suas composições no violão e eu, como não toco instrumentos, faço minhas músicas cantando, encontrando o ritmo com a própria voz — acrescenta Pedro.
A dupla montou uma roda de samba no Espaço Cultural Latino Americano, no bairro do Bixiga, em São Paulo.
— É uma roda informal, entre amigos, mas com uma trajetória de três anos. O samba para mim é algo muito forte, além de apreciá-lo, ele me estimulou a pesquisar a respeito, tentar conhecer melhor sua história, os compositores. Nas nossas parcerias o principal é o samba, mas também tem outros ritmos brasileiros — diz Pedro.
— Mas, infelizmente nos apresentamos pouco, porque temos profissões paralelas, e isso nos deixa sem tempo para procurarmos as oportunidades. Sou engenheiro agrônomo, mas atuo na comunicação do MST, e o Pedro é cartunista e professor de filosofia da rede estadual de São Paulo. Costumo dizer que compor para nós é um trabalho militante, mas não um ganha pão — fala Fábio.
— Depois de um ano e meio de trabalho conseguimos gravar o nosso CD, em 2011, e vendemos a preços populares. Nosso disco é totalmente autoral e pode ser encontrado nas nossas apresentações e na Livraria da Expressão Popular, aqui em São Paulo. Também deixamos um número com a Tratores, nossa distribuidora. Fora isso, mandamos para aqueles que nos pedem por e-mail — informa Pedro Nathan.
O contato da dupla é fabioshcarvalho@yahoo.com.br.

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