A fotografia, seja como arte, técnica ou informação, vai ocupar os espaços culturais da cidade a partir do final deste mês, em uma série de exposições que se estenderá até agosto.
Foto da Exposição Charlotte Rampling
Em duas salas do CCBB, a exposição desvenda a personalidade de uma estrela do cinema, a inglesa Charlotte Rampling, cujo olhar misterioso inspirou alguns dos mais importantes fotógrafos do século 20. Esses ensaios fotográficos, de nomes como Cecil Beaton, David Bailey e Bettina Rheims, fazem companhia na mostra aos álbuns de família da atriz, com fotos que revelam sua intimidade.
Apresentada pela primeira vez em Paris, no ano passado, a exposição tem curadoria de Jean-Luc Monterosso e organização do fotógrafo e antropólogo Milton Guran, coordenador do FotoRio. Embora seja um dos destaques, Charlotte Rampling – Álbuns Secretos é apenas a primeira de cerca de 100 exposições que o evento, realizado a cada dois anos, vai abrigar nos próximos três meses.
Outras mostras de fotógrafos de renome mundial serão inauguradas em junho, como a do norte-americano David Alan Harvey, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica. Já o Centro Cultural Correios vai abrigar a exposição da fotógrafa franco-alemã Sabine Weiss, considerada, segundo Guran, “a última grande humanista da fotografia”.
Também a partir de junho, o Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF) será o local de 11 exposições de fotógrafos brasileiros voltados para a arte contemporânea. Haverá ainda exposições na Caixa Cultural, no Oi Futuro e na rede de centros culturais da prefeitura carioca, que se espalham por todas as regiões da cidade.
“A programação do FotoRio é bastante rica, abrangendo desde a fotografia mais erudita aos registros do cotidiano, feitos não só pelos fotógrafos profissionais, mas também pelas pessoas comuns, usando celulares, câmaras digitais”, explica o coordenador Milton Guran. “No mundo de hoje, qualquer um pode produzir informação visual e estabelecer um diálogo com o mundo, seja por meio de um blog, do Instagram ou do Facebook”, acrescenta.
Além das exposições, a discussão sobre as diferentes formas de se fazer fotografia está no cardápio do FotoRio. O Oi Futuro sediará um seminário sobre o Instagram como linguagem fotográfica e na Caixa Cultural o FotoCine vai debater as relações entre o cinema e a fotografia. Faz parte ainda do evento o sétimo encontro sobre inclusão visual do Rio de Janeiro, que reúne os projetos que tratam da fotografia como meio de inclusão social.
Para Milton Guran, o mundo vive hoje uma revolução na comunicação visual. “As novas tecnologias de produção da imagem, e, sobretudo, os novos circuitos de distribuição e circulação da informação visual estão alterando completamente os nossos padrões de comunicação. A estimativa é 1,5 bilhão de imagens circulando na globosfera. Isto é uma coisa extraordinária. Nunca houve na história da humanidade um volume tão grande de informação visual simultânea”, afirma.
Além do FotoRio, a cidade recebe nos próximos dias outras grandes exposições dedicadas à fotografia. Nesta terça-feira (21) será aberta ao público, na Caixa Cultural, a World Press Photo, que reúne 154 registros de 54 fotógrafos de 32 nacionalidades. São imagens que ganharam destaque na imprensa internacional em 2012, abordando temas como política, economia, esportes, cultura e natureza.
Esta é a 56ª edição da mostra, considerada a maior e a mais prestigiada seleção de fotojornalismo do mundo. A exposição itinerante percorre 100 cidades em 45 países. No Brasil, a mostra tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e depois do Rio, onde fica até 23 de junho, segue para Brasília e Fortaleza.
Os vencedores desta edição foram anunciados em fevereiro passado, em Amsterdam, na Holanda, onde fica a sede da World Press Photo. Foram mais de 103 mil imagens feitas por 5.666 fotógrafos de 124 países. A foto vencedora foi a do sueco Paul Hensen, que retrata a imagem de duas crianças palestinas mortas, vítimas de um míssil israelense.
Este ano o Brasil está presente na mostra em dois momentos, ambos premiados com menção honrosa. “Em um ensaio, o fotógrafo belga Frederick Buyckx mostra o cotidiano de famílias depois da criação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em favelas do Rio. Em outro, o repórter fotográfico carioca Felipe Dana tem a difícil e heróica missão de transmitir, em imagem, a dor e o desamparo de uma jovem viciada em crack”, explica Flávia Moretti, representante da World Press Photo no Brasil.
Com entrada grátis, a mostra poderá ser visitada de terça-feira a domingo, das 10h às 21h. A Caixa Cultural fica na Avenida Almirante Barroso, número 25, no centro do Rio.
No dia 29 será a vez do Museu do Meio Ambiente, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, inaugurar a aguardada exposição Gênesis, do premiado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. A mostra, que teve inauguração mundial em abril passado, em Londres, apresenta 245 imagens que documentam maravilhas do globo terrestre que permanecem imunes às transformações da modernidade: montanhas, desertos, florestas, tribos, aldeias e animais.
Primeira grande exposição de Salgado em mais de dez anos, Gênesis ficará em cartaz no Rio até agosto, seguindo depois para São Paulo.
Fonte: Agência Brasil
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