Agradecemos a marca de 1000 visitas

Agradecemos a marca de 40.000 visitas

No nosso blog: Brasileiros, Norte Americanos, Portugueses, Canadenses, Russos, Ingleses, Italianos, Eslovenos, enfim, todos que gostam da cultura Brasileira e que tem nos acompanhado.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Perdendo a própria memória

Volta Redonda segue deixando escapar a oportunidade
de preservar uma história peculiar no Brasil

FERNANDO PEDROSA

A morte da vice-presidente da AAP-VR (Associação dos Aposentados e Pensionistas de Volta Redonda), Bergonsil de Oliveira Magalhães, no último dia 14, mais uma vez nos remete à perda de uma personalidade que acompanhou, de perto, o desenvolvimento da cidade do aço. Remete também à oportunidade que Volta Redonda segue desprezando de constituir um dos mais ricos acervos entre os municípios brasileiros no registro de sua própria história. E que história!
Nenhuma cidade do Brasil surgiu como Volta Redonda. Pode ser que uma ou outra, também nascida para abrigar um grande investimento, guarde alguma semelhança com a cidade do aço, mas certamente não há trajetória igual. Escolhida, quando ainda era distrito de Barra Mansa, para receber a CSN, Volta Redonda se constituiu de forma muito peculiar. Pela época, pelo que era o Brasil entre o final da década de 1940 e início dos anos 1950, e pelo que representava uma usina siderúrgica para o país naquele momento, Volta Redonda tem uma história extremamente singular.
Lembro de uma entrevista que fiz, por ocasião do cinquentenário do município, com o sociólogo e professor Waldyr Bedê, que viria a falecer dois anos depois. Chegou menino, acompanhando o pai, e resumiu numa frase a primeira impressão que teve de Volta Redonda: "Parecia a conquista do oeste americano". Foi a imagem que guardou enquanto viveu.
O que me faz voltar ao tema, após a morte de Bergonsil, é constatar que nossa cidade segue menosprezando a riqueza de detalhes de sua história e de seus personagens. Prestes a completar 59 anos, a cidade do aço não tem um órgão destinado a colher e preservar a memória daqueles que a construíram. Já defendi, em outras ocasiões, a criação de um Museu da Imagem e do Som. É só uma ideia, mas, seja lá qual fosse a denominação, o objetivo seria produzir e guardar não só depoimentos, mas todo o material que muitas famílias têm do passado de Volta Redonda.
Tive a ideia justamente ao produzir um programa de TV sobre os 50 anos do município, em que pude ouvir depoimentos emocionados de famosos e anônimos. Que, mesmo falando sobre o mesmo tema, tinham detalhes que acresciam uns aos outros, sendo capazes de despertar em mim o desejo de com eles conversar não por algumas horas, mas por dias inteiros.
Quem, em Volta Redonda, tem um depoimento de dona Bersonsil? Ninguém. A Fundação Getúlio Vargas tem, mas somente um áudio. Hoje, com os recursos tecnológicos disponíveis e muito baratos – levando-se em conta sua praticidade e capacidade de armazenamento – montar um acervo histórico é algo extremamente simples.
Fico impressionado que nem o prefeito Antônio Francisco Neto se sensibilize com o assunto, embora tanto fale que é preciso valorizar aqueles que construíram Volta Redonda. Valorizá-los, evidentemente, não é somente dar seus nomes a ruas, praças e escolas.
Temos agora uma nova secretária de Cultura, Rosane Gonçalves. Quem sabe ela não consegue liderar uma iniciativa neste sentido? Do secretário anterior, Moacir de Carvalho, o Moa, era perda de tempo esperar um passo neste sentido. Não sei se Rosane comunga do mesmo pensamento que cultura é apenas shows e Carnaval. Tomara que não. Nos últimos anos, Volta Redonda perdeu Jamil Rizkalla, Alkindar Cândido da Costa, Waldyr Bedê, Adauto Mendes de Oliveira (autor da música do hino da cidade) e, agora, dona Bergonsil. O que o município tem guardado em relação a eles? Sequer a palavra. É dose.
Foco Regional
Rosane Gonçalves: Tomara que sua visão de Cultura vá além dos shows e Carnaval

Nenhum comentário:

Postar um comentário