As políticas culturais desenvolvidas pelo modernista Mário de Andrade (1893-1945) são o foco da Ocupação Mário de Andrade, exposição que começou hoje (28) no Itaú Cultural, na Avenida Paulista. Poeta, escritor, crítico de arte, professor, folclorista, intelectual e idealizador do modernismo brasileiro, Mário de Andrade foi também diretor do Departamento de Cultura da Municipalidade de São Paulo (equivalente à atual Secretaria de Cultura) entre os anos de 1935 e 1938.
Como diretor, concebeu a criação de bibliotecas infantis, parques infantis e até de uma discoteca pública, com um importante acervo musical que existe até hoje no Centro Cultural São Paulo.
A exposição faz parte de um projeto que tem o objetivo de apresentar artistas ou pensadores brasileiros que são referência e que servem de inspiração para outras gerações. A curadoria ficou a cargo de Silvana Rubino. “O tema desta ocupação é este Mário perdido em meio a papéis em diferentes repartições públicas, inventando uma política de cultura em constante diálogo e colaboração com parceiros como Paulo Duarte [1899-1984] e Rodrigo Mello Franco de Andrade [1898-1969]”, diz a curadora, no texto de apresentação da exposição.
A Ocupação Mário de Andrade é interativa e apresenta mais de 400 itens, entre cartas, filmes, documentos, fotografias e objetos do modernista. “A exposição reúne um conjunto de cerca de 40 cópias de documentos [não há originais] constituídos de fotos de Mário e de seus interlocutores no período, trechos de cartas, programas de concertos, projetos que ele desenvolveu nesses anos no departamento, vídeos de danças populares, arquivos de áudio, registros das variações de sotaques brasileiros, exemplares de arte popular, um conjunto de mapas e algumas imagens de obras de arte que ele colecionava”, disse Selma Cristina da Silva, gerente do Observatório do Itaú Cultural na área de Gestão e Políticas Culturais.
Segundo Selma, enquanto diretor do departamento, Mário pensou em várias questões de política e de gestão cultural que são discutidas até hoje. “Entre 1935 e 1938, ele [Mário de Andrade] já começa a pensar temas que são discutidos até hoje tais como patrimônio, mapeamento cultural, democratização de acesso, preocupação com a formação de pessoas e até em como se levar concertos e bibliotecas à periferia”, disse. “Ele criou, por exemplo, a ideia de biblioteca circulante, que era feita em uma jardineira, onde ele ia às periferias”, contou.
A exposição foi dividida em módulos, com gavetas e portas que podem ser abertas e que simulam o gabinete de trabalho do escritor. “Como ele era um homem múltiplo, que pensava e pesquisava muitas áreas, tentamos reproduzir com o gabinete um espaço de curiosidade, onde se abrem gavetas para sair um som ou uma carta, por exemplo”, explicou Selma. Cada módulo apresenta um dos projetos pensados por Mário de Andrade.
Fonte: Agência Brasil
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