A memória da cultura luso-brasileira a partir do século 15 é o foco da exposição O Mundo Luso-Brasileiro inaugurada nesta segunda-feira (26) no Arquivo Nacional (AN), no centro do Rio. Para a historiadora Cláudia Heyneman, que com a colega Vivien Ishaq, fez a curadoria, a exposição é a possibilidade de se contar a história do império ultramarino que, na avaliação dela, talvez seja o maior da época moderna.

A exposição apresenta documentos originais e reproduções do período da Colônia à Independência do Brasil, produzidos entre o fim do século 16 e o início do século 19. Além de percorrer a expansão de Portugal pelo mundo, com a colonização de Macau, na China, e de Diu, na Índia, mostra também a determinação portuguesa no período de propagar a religião católica.
Raramente exposta ao público, o original da Constituição brasileira de 1824, outorgada por Dom Pedro I, é o destaque em um dos salões da exposição. Para que o visitante veja os detalhes da capa da primeira constituição do país, feita em veludo verde com o brasão e ornamentação banhados a ouro, os organizadores puseram um espelho em baixo do exemplar para que ela possa ser melhor observada.
No juramento o imperador começa com a defesa da fé católica, enquanto a atual constituição determina o estado laico. “Não se concebia o Estado sem a Igreja Católica era uma relação orgânica e indissolúvel”, disse a historiadora.

“Encontrar um documento com a própria assinatura de Napoleão em que Portugal, naquele momento, fecha os seus portos à Inglaterra, é politicamente muito interessante em ver quanto um pequeno reino fez política para salvaguardar o seu império”, explicou.
A vida brasileira da época são retratadas nas obras do pintor francês Jean Baptiste Debret, além das cenas pintadas por J. B. Spix e Von Martius, integrantes da missão científica austríaca que esteve no Brasil entre 1817 e 1820. A historiadora informou que a exposição tem uma prancha da Viagem Pitoresca, nome do livro de Debret, em que ele mostra os vendedores de arruda nas ruas do Rio de Janeiro. “Debret foi talvez o maior artista desse período, porque ele pegou essas cenas de cotidiano e prestou particular atenção aos escravos mostrando a condição em que eles estavam naquela sociedade”, disse.

Na avaliação de Cláudia Heyneman, o auge da exposição, após as transformações que acontecem em Portugal, é a chegada da corte portuguesa no início do século 15, quando começa um novo tempo para o Brasil, transformado em império por Dom Pedro I.
Com entrada franca, a exposição, que começou hoje, vai até o fim de outubro. Ela pode ser vista de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, no Arquivo Nacional, na Praça da República, 173 no Rio de Janeiro.
Fonte: Agência Brasil
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