Carlos Newton
Vai ser um evento extraordinário. No próximo dia 28, o economista Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES e ex-reitor da UFRJ, vai estar de volta à sede do banco que ele presidiu por dois anos, comandando uma gestão considerada a melhor de todos os tempos, por ter recuperado a capacidade de o BNDES influir na economia brasileira.
Quando assumiu a presidência do banco, em 2003, no início do governo Lula, Lessa encontrou o BNDES arrasado pela Era FHC. Ao invés de continuar operando como banco de desenvolvimento, a instituição passara a atuar como mero banco de investimento, apenas mais um no mercado, sem o compromisso de fomentar a industrialização e o crescimento socioeconômico do país.
No período de dois anos em que esteve à frente do BNDES, Lessa promoveu uma verdadeira revolução, fazendo com que o banco voltasse a cumprir sua missão original de defesa dos interesses nacionais. Enfrentou os banqueiros, reduziu os juros nas operações diretas do BNDES, fez uma dupla com o vice-presidente José Alencar na defesa da indústria e do agronegócio genuinamente nacional, movendo uma incessante campanha para baixar a taxa Selic e possibilitar a retomada do desenvolvimento.
Uma das modificações mais importantes foi o apoio à pequena e media empresa, através do Cartão BNDES, que começou a circular em sua gestão.
Se Lessa contar nessa palestra suas divergências com os ministros Palocci (Fazenda), Mantega (Planejamento) e Furlan (Desenvolvimento), e também as brigas com o então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, é capaz de abalar as estruturas do prédio.
Sem dúvida, são verdades históricas que precisam ser divulgadas intensamente, para que se tornem conhecidas pela opinião pública, possibilitando que se faça distinção entre aqueles que defendem os interesses nacionais e os que fazem exatamente o contrário.
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