Palafitas à beira do Rio Negro, Manaus
Visão manauara de Manaus e outro poema
Por Nestor Cozetti
Visão manauara de Manaus
Voam as janelas e vão pelas casas feitas sobre palafitas
Voam através das janelas do ônibus aflitas
Imperfeitas as janelas das casas feitas sobre palafitas
Aparentes entre seus dentes brilham sorrisos das moças bonitas
Belas elas enjaneladas empalafitadas
Esquisitas malditas ou quem sabe benditas
Altaneiras casas pernilongos sobre altas patas alteando-se da pele da terra em lama premeditada
Estreitas barricadas barracos moradas de madeira em palafitas
Soerguendo-se mansas de seus terrenos eternos aeroportos
Silentes casebres simétricos semelhantes insetos
Ou pássaros de pau de pés ásperos saltando da suada água da terra
Essas casas estão sempre alçando vôo realçando-se em vão
São sangue-sugas sugando o suco do suor do chão
Sinais sublimes do inspirar santo e são
Santificados sejam os habitantes de todas as suaves casas sobre palafitas
Voam através das janelas do ônibus aflitas
Imperfeitas as janelas das casas feitas sobre palafitas
Aparentes entre seus dentes brilham sorrisos das moças bonitas
Belas elas enjaneladas empalafitadas
Esquisitas malditas ou quem sabe benditas
Altaneiras casas pernilongos sobre altas patas alteando-se da pele da terra em lama premeditada
Estreitas barricadas barracos moradas de madeira em palafitas
Soerguendo-se mansas de seus terrenos eternos aeroportos
Silentes casebres simétricos semelhantes insetos
Ou pássaros de pau de pés ásperos saltando da suada água da terra
Essas casas estão sempre alçando vôo realçando-se em vão
São sangue-sugas sugando o suco do suor do chão
Sinais sublimes do inspirar santo e são
Santificados sejam os habitantes de todas as suaves casas sobre palafitas
Saudade
Andamos juntos
Por todo interior de um país africano
Tínhamos que parar
Várias vezes
Para esperar passar
A comprida tribo de macacos babuínos que às dezenas atravessavam as estradas
Atropelamos cobras enquanto outras feras espreitavam-nos
Encantadas e não esfomeadas
Por duas noites as florestas surpreenderam-nos sós
E dormimos em aldeias guineenses chamadas tabancas
Assaltadas noturnas por mosquitos de paludismo
Cruzamos largos rios e braços de mares em pequenos barcos
Escavados em troncos de grandes árvores
Em terra eras suave nos poucos trechos asfaltados
Quantos riscos e belezas passamos juntos
E como te amava quando te via quieta e recostada
Tu que vieste do Japão e passaste pela Gâmbia e vieste parar em minhas mãos
Que saudade da que foi minha moto de apenas 125 cilindradas
Por todo interior de um país africano
Tínhamos que parar
Várias vezes
Para esperar passar
A comprida tribo de macacos babuínos que às dezenas atravessavam as estradas
Atropelamos cobras enquanto outras feras espreitavam-nos
Encantadas e não esfomeadas
Por duas noites as florestas surpreenderam-nos sós
E dormimos em aldeias guineenses chamadas tabancas
Assaltadas noturnas por mosquitos de paludismo
Cruzamos largos rios e braços de mares em pequenos barcos
Escavados em troncos de grandes árvores
Em terra eras suave nos poucos trechos asfaltados
Quantos riscos e belezas passamos juntos
E como te amava quando te via quieta e recostada
Tu que vieste do Japão e passaste pela Gâmbia e vieste parar em minhas mãos
Que saudade da que foi minha moto de apenas 125 cilindradas
Sobre o autor
Nasceu em Goiânia (Goiás), em 1952, e foi militante político desde os 14 anos em AP (Ação Popular), em Goiânia e depois no PRT (Partido Revolucionário dos Trabalhadores), em Brasília, pelo qual entrou na clandestinidade aos 16 anos, em Salvador, Bahia. Preso a primeira vez em maio de 1970, no Doi-Codi do Rio de Janeiro, aos 18 anos, no mesmo aparelho em que estavam sua mãe, Wanda Cozetti (falecida em 2005), sua irmã, Luanda Cozetti de Freitas, com menos de 2 anos de idade, e o pai desta, Alípio Cristiano de Freitas.
Retorna à clandestinidade e é preso novamente desta vez pelo Dops de São Paulo, na capital. Sai para o exílio na Guiné-Bissau em 1976, retorna ao Brasil em 1981 e é anistiado político em 2010.
É casado com a Aline e pai do Samay e da Hannah.
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