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sábado, 2 de novembro de 2013

As raízes portuguesas da retórica brasileira

No recém lançado Retórica à moda brasileira, a historiadora Maria Renata da Cruz Duran examina o ensino, no passado, para descobrir as raízes desse hábito nacional


Retórica à moda brasileira
  
Para escrever Retórica à moda brasileira, a historiadora Maria Renata da Cruz Duran diz ter seguido “um impulso de explicar, por um lado, o modo de ser do brasileiro, seu gosto pela conversa fiada, suas silabadas políticas; e, por outro, de descobrir a genealogia dos sistemas acadêmicos luso-brasileiros, revelando o fraco dos intelectuais tupiniquins pelo louvor, pela exibição pública, pela esgrima das palavras”.

Ela seguiu esse impulso, investigando e analisando a instrução de caráter retórico ministrada desde o tempo do Marquês de Pombal, cujo governo modernizante em Portugal durou de 1750 a 1777, quen teve reflexos no Brasil sob Pedro I, trazidos por José Bonifácio. 

O período é balizado por duas obras relevantes para a história das relações escolares no país: O verdadeiro método de estudar, de Luís Antônio Verney, de 1746, base teórica para a reforma na instrução lusófona, e asLições elementares de eloquência nacional para uso da mocidade de ambos os hemisférios, de Francisco Freire de Carvalho, de 1834, que uniformizaram o ensino da retórica no Brasil.

Num texto claro e com pitadas de bom humor, a autora revela a importância que o ensino da retórica teve no uso da língua portuguesa, na medida em que a matéria contribuiu no estabelecimento de regras comuns para o idioma e influenciou a formação de “um conjunto de palavras comuns e de um jeito de falar peculiar que, depois, chamou-se de brasileiro”. 

A partir desse quadro, ela analisa como a cultura oral marcada pela retórica transferiu-se para a cultura escrita, representada pela imprensa da época, e de que forma fomentou o gosto pela leitura e pela escrita no Rio de Janeiro da época.

ServiçoMaria Renata da Cruz Duran
Retórica à moda brasileira - Transições da cultura oral para a cultura escrita no ensino fluminense de 1746 a 1834São Paulo, Editora Unesp

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