Luthier, violeiro e operário em uma usina de açúcar e álcool em Guaíra, interior de São Paulo, Lúcio Donizeti Francisco é um artista popular que sobrevive em sua arte mesmo com poucos recursos. Filho de violeiro mestre de Folia de Reis e com talento nato para construção de instrumentos musicais de cordas, Lúcio vem se aprimorando e se preparando para passar o seu saber para outras pessoas.
— Nasci na roça, em um sítio pequeno que era do meu avô. Trabalhávamos no campo, com a viola sempre presente. Meu pai nunca conseguiu seguir carreira de violeiro, ganhar dinheiro com a viola, mas sempre foi um violeiro do povo, mestre de Folia de Reis e também atuante nas danças de São Gonçalo — conta Lúcio.
— E eu desde criança acompanhava meu pai, ficando essas manifestações muito fortes na minha vida. Hoje ele está com 81 anos de idade, mas continua tocando sua viola entre amigos e nas suas tradições, saindo nas folias e participando das danças de São Gonçalo, com viola tocando e gente dançando a noite inteira — continua.
— Tonico, como meu pai é conhecido aqui na região, é aquele violeiro que toca e puxa a cantoria. Já está velhinho, mas ainda tem gás para gastar. Hoje as coisas mudaram bastante, as Folias de Reis já não passam nas fazendas como era antigamente, o povo está mais nas cidades. Mas meu pai continua lutando para levar essa cultura até as pessoas — fala.
Assim como o pai, Lúcio é um violeiro do povo, não seguindo carreira profissional.
— Toco minha viola entre amigos, nas rodas de viola que tem aqui, só por gostar da música mesmo. Agora, de um ano para cá é que surgiu um coral da melhor idade para eu acompanhar. Lá eu toco acordeom também, isso porque não tem sanfoneiro aqui na região e essa missão sobrou para mim que entendo um pouco do instrumento — brinca.
— É um coral de música de raiz, que se apresenta em feiras livres, eventos daqui da cidade e também cidades vizinhas. Toco também em aniversários de amigos e outras festas que me chamarem — diz.
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