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quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Em novela, Globo deturpa informações sobre conflito na Palestina

Minha ressaca pós-Natal foi interrompida pelo orientalismo. Pois bem, agora toma... Dançando o dabkeh na cara da Globo!


Por Moça, você é orientalista*





Eu não tinha a menor ideia de que houvesse uma judia e um palestino na novela das 9 (e ainda não entendi o que eles foram fazer no Rio, se o resto dos brimos estão em SP), mas graças a eles, a Moçx, você é orientalista dedica à Rede Globo o prêmio Orientalista 2013. 

O pouco que consegui ler sobre as personagens e a revelação bombástica (trocadilhos infames) de que o palestino havia sido um terrorista (?) me levou a identificar três graves e recorrentes problemas:

1) Reforçar estereótipos: todo árabe é ou já foi um terrorista (e as causas para tal decisão são ignoradas, dando a entender que a violência faz parte desse povo)

2) Equiparar a violência do opressor com a resistência do oprimido: a violência só é admitida para “manter a ordem”, ou seja, para preservar a atual estrutura da sociedade e o privilégio dos poderosos. 

3) Impedir o acesso à informação: mostrar a questão da Palestina como um conflito sem causa e sem fim, fruto das mais completa falta de civilidade de um povo atrasado. 

A ideia da Globo não é esclarecer a questão: parecem, inclusive, desconhecerem o assunto. Mencionam várias vezes sobre a guerra da Palestina, enquanto na verdade o país se vê oprimido por um duro sistema de colonização, ocupação e apartheid. Logo, se ninguém sabe nada sobre o assunto, vamos fazer o que sabemos fazer de melhor: um romance proibido água com açúcar.

Para a Globo, a questão da Palestina baseia-se em uma confusão étnico-religiosa entre judeus e palestinos, generalizando e descaracterizando esse povo, ignorando, inclusive, que palestinos possam ser judeus, como o mano Jesus. Ou seja, a melhor forma de solucionar o conflito é através do amor e da não-violência (lindo sqn). Cometem o descalabro de dizer que judeus e palestinos podem se casar em Israel, o que é proibido pela Lei da Cidadania, que pune o cônjuge judeu com a perda de sua cidadania israelense. Pérsio diz ter lutado na guerra da Palestina: mas que guerra? Primeira ou Segunda Intifada? Setembro Negro? Yom Kippur? Revoltas de 36? De que cazzo você está falando, manolo? Também diz ter participado de uma célula terrorista, mas não menciona o grupo e nem quais eram suas atividades, o que faz com que qualquer ato de resistência possa ser enquadrado enquanto terrorista. Afinal, o que é e quem decide o que é terrorismo?

A definição oficial de terrorismo é: uso da violência física ou psicológica, através de ataques localizados, com o intuito de incutir o medo na população. Esse método já foi aplicado tanto por grupos de esquerda quanto de direita. Porém, na prática, qualquer atitude que desagrada a ideologia dominante costuma ser enquadrada enquanto uma prática terrorista, fazendo que atirar pedras em um tanque seja igual a um ataque suicida. Não se trata de uma ode à violência ou achar que toda forma de resistência é válida, mas quem decide e reavalia os meios de luta são os oprimidos. Outro fator oportuno é o silêncio a respeito do terrorismo de Estado, sobre a mão de ferro com que governos reprimem seus dissidentes para garantir a tal da governabilidade. Logo, se não sabemos o ataque cotidiano que um povo sofre na mira de um governo ou regime, não seremos solidários quando esses se levantarem com as ferramentas que tem nas mãos, sejam elas pedra, paus, câmeras ou kalashnikova.

É um crime negar à população o direito à informação. Pior, estimular a banalização de preconceitos como a arabofobia e islamofobia. O medo todo é que, uma exposição sincera dos fatos poderia trazer simpatia ao povo palestino e nenhum grande meio de comunicação quer isso, afinal, eles são bancados pela classe dominante para espalharem suas ilusões na classe trabalhadora. É verdade que a internet democratizou a disseminação de conteúdo, mas ainda é pouco e muito marginal. 

Considerando que as televisões no Brasil funcionam a base de concessão pública, a tv pertence ao povo e não às empresas que se apropriam dos canais. Num primeiro momento a vontade que dá é de tocar fogo na Globo, mas isso é ingênuo. O que seria bonito mesmo era que a classe trabalhadora e os oprimidos pudessem se ver na tv, que o alvo das piadas fossem os banqueiros e os barões, não as mulheres, os negros e os homossexuais. Taí, certo mesmo era a Globo na mão dos trabalhadores! 

A página Moçx, você é orientalista deseja a todos muita serenidade e vontade de romper com preconceitos, para conquistarmos em 2014 tudo que ainda ficou entalado na garganta. Para muito além de línguas, religião ou posição geográfica, a divisão mais profunda e irreconciliável que existe é a da burguesia e a classe trabalhadora. E você? De que lado você samba? 

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