Aberta no Museu Afro Brasil, no Parque Ibirapuera, zona sul paulistana, a exposição A Arte do Ukiyo-e traz gravuras japonesas da década de 1860 para a capital paulista. São 42 trípticos – conjuntos com três imagens – e um políptico – várias gravuras - pertencentes à coleção do artista visual Roberto Okinaka.
Museu Afro Brasil
A exposição foi aberta ao público na última quarta-feira(16) e se estenderá até o dia 15 de junho.
Os trabalhos atendiam a uma demanda editorial de luxo da região de
Edo, atual Tóquio. “Essas imagens são mercadorias. São estampas para
serem veiculadas, como uma revista de arte e luxo”, explica a professora
de arte e literatura japonesa da Universidade de São Paulo (USP),
Madalena Hashimoto.As obras, pouco conhecidas no Brasil, trazem uma influência ocidental que seria inesperada para um país que ainda era muito fechado à época. “Tem uma cor inesperada. Porque a cor que está trabalhada já é uma cor ocidental, com muitos tons anílicos. É o azul da prússia, o carmesim, verde-esmeralda. São cores que não eram da paleta japonesa. Mas nesses anos, entre 1830 e 1850, começa a ter uma avalanche de pigmentos desse tipo”, destaca sobre as influências em pontos como a cor e a perspectiva usada nos desenhos.
Os elementos ocidentais foram introduzidos, de acordo com Madalena, pelos chineses e holandeses, que há mais de um século tinham conseguido penetrar no país. “Através deles, muitos livros e objetos são incorporados. Então, a gente nota que o Japão não estava tão fechado assim”, ressalta.
Por outro lado, as gravuras preservam traços fortemente ligados a tradição artística nipônica. “A gente nota que é uma elegância ímpar tudo, nas figuras femininas e masculinas. Há uma interação entre figura e paisagem muito forte. Essa construção é muito tradicional, pega fontes literárias dos séculos 10, 12”, acrescenta Madalena.
Apesar de terem sido feitas em um período de turbulência social e política, as gravuras ilustram temas amenos e cotidianos. “É a década em que está acontecendo tudo. Mas essas gravuras que são mostradas aqui são super-plácidas. Quem vê essas gravuras não imagina que o xogunato está desmoronando, tal a idealização desse universo de calma, arte e estabilidade”, analisa a professora lembrando o período histórico. A queda dos senhores feudais – xoguns – abriu espaço para a centralização do poder no imperador.
A exposição foi aberta ao público na última quarta-feira (16) e se estenderá até o dia 15 de junho.
Fonte: Agência Brasil
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