Trabalhando um teatro de militância voltado primeiramente
para crianças e paralelo para adultos, o grupo paulistano Nóis Na Mala
pretende viajar por todo o país com seu teatro, ideia que aparece em seu
nome.
— Tudo começou quando eu e o Bruno Cordeiro, então alunos do
último ano de licenciatura em arte teatro da Unesp, tivemos a ideia de
reunir amigos e fazer um teatro de militância que dialogasse com as
crianças — fala João Alves, integrante do grupo.
— Sempre achamos que as histórias infantis tinham um cunho
voltado para uma educação de direita. Nossa ideia era transformar essa
realidade colocando questões políticas nos contos. Aqueles que já tinham
alguma coisa nesse sentido, queríamos sublinhar mais ainda, dar relevo
maior a essa questão.
O primeiro espetáculo, Uma jornada de João e Maria, estreou em 2010 focando a questão da fome.
— São duas crianças moradoras de uma pequena vila no sertão do
Nordeste, que escutam os pais conversando sobre abandoná-las para que
pudessem ter uma vida melhor em outro lar. Isso faz com que as crianças
entrem em uma jornada cheia de desafios, com aliados e inimigos — expõe João.
— A montagem apresenta a vida em um contexto de miséria, situação extrema que leva as pessoas a tomarem decisões de limites. Em Histórias de medo,
tratamos de assuntos muitas vezes evitados para crianças, como o medo.
Usamos a música e o bom humor para chegar em momentos tenebrosos das
histórias, sempre dialogando com as crianças — continua.
— Já em Nosso meio ambiente, tratamos de
questões ligadas ao cuidado com o meio ambiente, levando para o
cotidiano das crianças. E assim tratamos todas as nossas montagens,
sempre tendo o cuidado de chegar em uma linguagem acessível para as
crianças, dentro desse contexto do social.
O grupo trabalha com contações de histórias, tendo o objetivo de estimular a leitura e a imaginação.
— É importante lançar um olhar sobre a criança que a valorize
como produtora de cultura, não apenas como receptora da mesma.
Procuramos estabelecer um diálogo que respeite e considere seus saberes,
para que a partir daí possa aprender novas coisas — explica João.
— Paralelo às montagens para as crianças, passamos a montar
espetáculo para o público adulto. Isso sem nenhuma intenção de parar com
o trabalho para o público infantil, que achamos muito importante,
significativo.
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