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segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Diego Rivera: Murais para o Museu de Arte Moderna


O levante, mural de Diego Rivera, em exposição pela segunda vez no MoMA
Pinturas murais de Diego Rivera retornam a Nova Iorque depois de 80 anos: desde o dia 13 de novembro de 2011 até 14 de maio de 2012, o Museu de Arte Moderna, o MoMA, apresenta a exposição do pintor e muralista mexicano com o tema "Murais para o Museu de Arte Moderna".


Diego Rivera
Em dezembro de 1931, esses murais foram expostos pela primeira vez. Naquela época, o MoMA montou uma grande exposição dessas obras de Diego Rivera, que atraiu um grande público durante as cinco semanas da mostra. O artista, que era comunista, defendia a resistência contra a conquista espanhola e a Revolução Mexicana  (1910-1917). Seus murais são obras de forte conteúdo social e inspirou inúmeros artistas ao redor do mundo, inclusive nos Estados Unidos.


Rivera já gozava de grande prestígio internacional e era a figura mais conhecida do muralismo mexicano, um movimento de arte pública que surgiu nos anos vinte, no final da Revolução mexicana. Mas os murais, gigantescos, não podiam ser transportados para uma exposição em Nova Iorque. Para resolver esse problema, o Museu levou Rivera àquela cidade seis semanas antes da inauguração da exposição. Lá, foi improvisado um ateliê numa das galerias que estava vazia. Rivera criou, então, cinco “murais portáteis” que comemoravam episódios da  história do México, e que ocuparam um lugar de destaque no Museu.


Depois da inauguração da mostra, Rivera fez mais três murais inspirados na cidade de Nova Iorque na época da Grande Depressão. Essa mostra que repete a de 1931,  revela o papel fundamental de Diego Rivera nos debates acerca da influência social e política da arte mural durante o período da crise econômica causada pelo crash de 1929.


Zapata, líder camponês
Daqueles cinco murais sobre a história mexicana se destacam "Zapata Líder Camponês", onde que o líder revolucionário com um cavalo branco guia os camponeses, enquanto um latifundiário jaz morto ao chão. Um outro é o "Guerreiro Índio", um asteca vestido de jaguar crava uma faca no pescoço de um conquistador espanhol.


E das pinturas sobre Nova Iorque durante a crise de 1929, o quadro "Eletricidade" (abaixo) representa trabalhadores dentro de uma usina, em pleno esforço de manter a cidade funcionando. "Furadeira Pneumática" e "Fundos Congelados" mostram o processo de industrialização na América.


A exposição inclui desenhos, esboços e material de arquivos relacionados com a passagem de Rivera em Nova York entre 1931 e 1932. A mostra fica aberta à visitação pública até o dia 14 de maio próximo.


O pintor Diego Rivera


Diego Rivera nasceu em 8 de dezembro de 1886, em Guanajuato, México. Passou para a história da pintura por executar obras de alto conteúdo social em edificios públicos, os famosos murais mexicanos. Ele criou esses murais em diversos pontos do centro histórico da Cidade do México e em outras ciudades mexicanas, como Cuernavaca e Acapulco. Mas também fez murais em São Francisco na Califórnia, em Detroit e Nova Iorque, nos Estados Unidos.


Rivera e sua esposa, a pintora Frida Kahlo, 1932
Em sua certidão de batismo ele foi registrado com o nome enorme de Diego María de la Concepción Juan Nepomuceno Estanislao de la Rivera y Barrientos Acosta y Rodríguez.


Com apenas 10 anos de idade, começou a ter aulas de desenho na Academia de São Carlos, na capital mexicana. Em 1905, recebeu uma bolsa para estudar na Espanha, onde fez estudos sobre a obra de Francisco Goya, El Greco e Pieter Brueghel. Passou a frequentar o atelier do pintor espanhol Eduardo Chicharro, em Madri.


Entre 1908 e 1916 ele residiu em muitos lugares: México, Equador, Bolívia, Argentina, Espanha e França. Em Paris, teve contato com intelectuais e artistas em Montparnasse, tradicional bairro de artistas parisiense, entre eles Alfonso Reyes Ochoa e Pablo Picasso. Com esses contatos, ele se aproximou das novas correntes estéticas europeias, como o Cubismo. Mas se deixou influenciar também pela obra de Paul Cézanne, pintando telas com cores vivas, bem diferente de outros pintores mexicanos que também se tornaram muralistas.


Em 1920, com o apoio do embaixador mexicano na França, Alberto J. Pani, Diego Rivera viajou para a Itália, onde fez estudos da arte do Renascimento. De volta a seu país, em seguida, juntou-se aos muralistas mexicanos José Clemente Orozco, David Alfaro Siqueiros e Rufino Tamayo, assim como o artista francês Jean Charlot.
Eletricidade, em exposição no MoMA, inspirado na cidade de Nova Iorque na crise de 1929
Em janeiro de 1922 começou a pintar seu primeiro mural, no Anfiteatro Simon Bolivar da Escola Preparatória Nacional. Sua pintura começa a se converter num fator importante de influência do Movimento Muralista Mexicano e Latino-Americano. No mesmo ano, casou-se com Guadalupe Marin, também conhecida como "Gata Marín". Ela era de origem indígena mexicana, de pele morena, cabelos negros e fartos e os olhos verdes. Com ela, Rivera teve duas filhas.


Em setembro de 1922 começou a pintar o afresco da Secretaria de Educação Pública e foi co-fundador da União de Pintores, Escultores e Artistas Gráficos Revolucionários. Ainda em 1922 se filia ao Partido Comunista Mexicano, cujas ideias marcariam grande parte da vida e da obra de Diego Rivera. Vê-se a influência de suas ideias comunistas em sua pintura a partir de então. Passou em seguida a pintar os murais do Palácio Cortés em Cuernavaca e na Escola Nacional de Agricultura, de Chapingo. No Palácio Nacional da Cidade do México pintou, de 1929 a 1935, uma série de murais onde fazia uma narrativa da história mexicana desde os tempos dos aztecas até o século XX.


Fundos congelados, Nova Iorque no
tempo da crise de 1929, retratada por Rivera
Em 1927, Rivera foi convidado para os festejos dos 10 anos da Revolução de Outubro da União Soviética. Em 1929, casou-se pela terceira vez, com a pintora Frida Kahlo. Em 1930 foi convidado a ir aos Estados Unidos para a realização de diversas obras que tinham sido encomendadas. Sua temática comunista causou graves desentendimentos com as autoridades norte-americanas, assim como com a imprensa daquele país. Nos EUA, ele pintou na Escola de Arte de São Francisco e no Instituto de Artes de Detroit. Até que em 1933, o industrial John D. Dockefeller Jr o contratou para pintar um mural na parede de entrada do edificio RCA em Nova Iorque. Esse edificio fazia parte de um conjunto de prédios denominados Rockefeller Center. Ficava localizado na Quinta Avenida, um dos lugares mais famosos e emblemáticos do capitalismo norte-americano.


Mas Diego Rivera, mesmo assim, desenhou o mural intitulado “O homem controlador do universo”, onde aparecia um retrato de Vladimir Lenin, líder da revolução comunista da Rússia. Mas quando Rivera estava para terminar seu trabalho, a reação de críticos da imprensa gerou uma tal controvérsia que levou o próprio Rockefeller a encarar aquele mural como um insulto pessoal. Mandou cobrir o mural, para depois mandar destruí-lo.


Mas Rivera, de volta ao México em 1934, pintou o mesmo mural no terceiro piso do Palácio de Belas Artes do México.


Esboço para o mural "Liberação do peão"
Em 1946, pintou uma de suas obras mais importantes, “Sonho de uma tarde dominical na Alameda Central”, no recém construído Hotel del Prado da Cidade do México. Passa a integrar a Comissão de Pintura Mural do Instituto Nacional de Belas Artes, junto com os pintores José Clemente Orozco e David Alfaro Siqueiros.


Em 1950 ilustrou o livro “Canto Geral” do poeta chileno Pablo Neruda e ganhou o Prêmio Nacional de Ciências e Artes do México.


Nos anos seguintes, trabalhou sem cessar, em diversos murais, até sua morte, em 24 de novembro de 1957, em Santo Ângelo, Cidade do México. Morreu em sua casa, que era ao mesmo tempo seu atelier. Lá atualmente funciona o Museu Casa-Estúdio Diego Rivera e Frida Kahlo.
Liberação do peão

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