Grupos minoritários, como os ciganos, foram contemplados em editais em 2014. (Foto Divulgação) |
A
estudante de Direito Bárbara Angeli Piemonte Silva, 20 anos, nasceu em
Franco da Rocha, interior de São Paulo, mas, apesar da pouca idade, já
conheceu boa parte do Brasil e do mundo. Cigana, viveu cerca de seis
meses em cada lugar por onde passou. No roteiro, constam cidades de
norte a sul do Brasil e capitais de outros países, como Buenos Aires, na
Argentina, e Madri, na Espanha. Embora hoje esteja na faculdade, ainda
lembra as dificuldades que enfrentou durante os tempos de escola, por
ser cigana.
"Na escola, fui muito
discriminada, não pelos professores e diretores, mas pelos próprios
alunos, que me chamavam de suja. O ser humano julga muito a aparência,
se você está bem vestido e se mora em uma boa casa", lamenta Bárbara.
Para lutar contra essa realidade, valorizar a cultura cigana, o
Ministério da Cultura lançou, no ano passado, a terceira edição do
Prêmio Culturas Ciganas.
O edital, feito em
parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
da Presidência da República (SEPPIR/PR), visa conceder 60 prêmios de R$
14.285,72. Destes, 15 irão para pessoas físicas ciganas, 35 para grupos
e comunidades ciganas sem constituição jurídica e 10 para instituições
privadas sem fins lucrativos, integradas por indivíduos pertencentes a
qualquer etnia cigana e reconhecidas por sua contribuição social e
cultural à cultura cigana. No total, serão investidos o montante de R$
857.143,20, derivados do Programa 2027 – Preservação, Promoção e Acesso à
Cultura, da Administração Direta.
"Isso ajuda
bastante a ampliar os acampamentos. Em Brasília, tem uma escola de
dança com dificuldade: a condição deles lá é precária, as lonas estão
velhas, e não há saneamento básico, nem luz", conta Bárbara. "O dinheiro
ajudaria a trocar as lonas, e o prêmio também valoriza essa comunidade e
ajuda a combater o preconceito", completa.
Este foi apenas um dos editais com foco em comunidades minoritárias
lançados pelo Ministério da Cultura no ano passado. Em 2014, o prêmio
Cultura Hip Hop, por exemplo, realizado em parceria com a Fundação
Nacional das Artes (Funarte) veio a público com o objetivo de premiar
170 iniciativas, entre R$ 14,3 mil e R$ 20 mil, que fortalecem
expressões culturais do movimento Hip Hop.
O
Ministério da Cultura, em parceria com entidades vinculadas e
secretarias, também lançou iniciativas voltadas para artistas negros.
Foi o caso do Edital Bolsa Funarte de Fomento aos Artistas e Produtores
Negros. Com investimento de R$ 4 milhões, o edital contemplará 45
projetos.
Na área de cinema, também houve
iniciativas do governo. O edital Curta Afirmativo: Protagonismo da
Juventude Negra na Produção Audiovisual busca contemplar 34 projetos com
investimento de R$ 3 milhões.
A brasiliense
Priscila Pereira Martiniano da Silva, de 19 anos, foi uma das
beneficiadas e pôde realizar seu primeiro curta como diretora, ao se
inscrever no edital Curta Afirmativo. Escolheu uma história que se
passou com seu pai, Alexandre Silva, um cinegrafista apaixonado pela
profissão, que acabou envolvido com ladrões de banco ao fazer uma
reportagem.
Desde pequena, Priscila fazia
filmes, em casa, com a família. O pai filmava, a mãe escrevia o roteiro,
e Priscila dirigia. "Meu pai contava em casa essa história. Acho que
isso me marcou", revela. Quando leu o edital, achou que seria uma
oportunidade de voltar a colocar a mão na massa. Lembrou-se do relato do
pai e achou que daria uma boa trama para o projeto.
Em 2014, foram lançados também o Prêmio Nacional de Expressões
Culturais Afro-Brasileiras, que visa beneficiar 25 projetos nas áreas de
dança, artes visuais, teatro e música, assim como a publicação do
Prêmio de Culturas Afro-Brasileiras, que contemplou 80 iniciativas de
comunidades quilombolas, povos e comunidades tradicionais de matriz
africana e coletivos culturais negros.
Assessoria de Imprensa
Ministério da Cultura
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