Há quase um ano e meio, os fãs do Cine Belas Artes (tradicional cinema de rua no centro de São Paulo) viram o espaço fechar após uma batalha envolvendo o aluguel. Após um período de frustradas negociações e processo de tombamento arquivado na prefeitura, o local nobre do antigo cinema, na caríssima esquina da avenida Paulista com a Consolação, continua vazio.
Espaço do antigo Belas Artes está abandonado / Foto: AE
A mobilização da população, de artistas e até políticos levou o cinema para a pauta de dois órgãos que discutem o tombamento em São Paulo: o Conpresp (Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio) e o estadual de proteção ao patrimônio (Condephaat). Os dois arquivaram o processo. Porém, na avaliação do promotor Washington Luiz Lincon de Assis, o arquivamento nos dois órgãos mostra que a análise foi superficial.
"Não foi feita uma análise aprofundada do interesse cultural do Cine Belas Artes naquele prédio, naquela localização. Diante disso, a gente entrou com uma ação cautelar para reabertura dos processos de tombamento. A prefeitura conseguiu a cassação da liminar (...) e já arquivou novamente. O Condephaat alegou que ainda não tinha encerrado o processo (...) e ele prossegue, o que protege o bem", diz
O promotor disse ainda que deveria haver uma política municipal de manutenção de um cinema de rua para fomentar a formação de público nacional. Ele lembra que o Belas Artes funcionou por mais de 60 anos naquele local e teve um papel importante na exibição de "filmes de qualidade".
CPI
A avaliação do promotor também foi a mesma feita pela Câmara de São Paulo, que decidiu abrir uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar supostas irregularidades no processo de tombamento do imóvel na Consolação. O vereador Eliseu Gabriel (PSB), presidente da comissão, comparou o fechamento com o impeachment de Fernando Lugo, no Paraguai.
"Ele foi fechado muito abruptamente. Uma coisa do dia para noite, quer dizer, não foi correto. É isso que nós estamos investigando e a gente quer saber porquê", afirma.
Procurado pelo R7, o Condephaat afirmou que "as contestações apresentadas no processo de tombamento do Belas Artes estão sendo analisadas pelo Conselheiro Relator, à luz de novo parecer técnico" .
O advogado do proprietário do imóvel, Fábio Luchesi Filho, disse que aguarda a decisão do tombamento para alugar o espaço (apesar de não poder reformar o local, ele poderia ser alugado). Filho afirmou ainda que não acredita no tombamento porque existem "questões legais" que impediriam o processo.
Considerando o valor pedido e o período em que o prédio ficou vazio até o momento, o proprietário deixou de ganhar cerca de R$ 2,5 milhões.
Fonte: R7
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