Festival do Ritmo faz uma homenagem aos mestres da percussão brasileira
Para o instrumentista Wilson das Neves, da Orquestra Imperial, não é novidade o papel fundamental da percussão na condução de uma música, mesmo quando aparece como acompanhante da melodia. “A bateria sempre esteve em evidência, as pessoas que não percebem. Ela é o coração da banda, é ela quem conduz e faz o ritmo, ditando se é um samba, um bolero, ou qualquer outro estilo”. Para mostrar aos desinformados o virtuosismo desse e outros instrumentos de percussão, nasceu o Festival do Ritmo, que acontece todas as quartas-feiras, a partir do dia 16/01 (excetuando no dia 13/02, carnaval), no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto.
“A ideia de fazer o Festival do Ritmo veio da vontade de homenagear os percussionistas e dar luz a estes artistas que normalmente estão em posição de menos destaque”, explica Carla Mullulo, idealizadora do festival. Para dar corpo a essa homenagem, foram chamados músicos renomados, totalizando oito shows até o começo de março. Em cada quarta-feira, um artista se apresenta, com a liberdade de convidar um parceiro para acompanhá-lo.
Entre os nomes na programação, estão, além de Wilson das Neves, que convida o curador Domenico Lancellotti, o baterista mineiro Neném, o grupo Os Ritmistas, o especialista em ritmos cariocas Oscar Bolão, entre outros artistas. A lista foi montada por Domenico Lancellotti, de acordo com a disponibilidade dos nomes que considera “fundamentais”. “Muitos ficaram de fora, por isso pretendemos dar seguimento ao festival”, adianta.
Os acompanhantes viram protagonistas
“Há muitos percussionistas brilhantes por aí, que fazem solos virtuosíssimos”, diz Wilson das Neves. No festival, o público terá a chance de conhecer esse e muitos outros lados da versátil percursão, cujos limites vem sendo cada vez mais explorados na música contemporânea, sobretudo em batidas eletrônicas. “Aparentemente, uma bateria, por exemplo, não é instrumento melódico nem harmônico, mas talvez seja, num olhar mais atento”, diz Domenico.
Ainda segundo o curador, o papel do ritmo na formação de muitos músicos é mais profundo do que se pode imaginar. “Me interessa particularmente quando um protagonista vem da base rítmica, como é o caso de alguns nomes do Jazz como Art Blakey, Max Roach, os brasileiros Luciano Perrone, Pedro Sorongo, os cantores Miltinho, Orlandivo e Jackson do Pandeiro, entre outros. Temos hoje, entre os viventes, uma vasta gama de bateristas, percussionistas, cantores, compositores que foram diretamente influenciados por eles”.
Para conhecer essas nuances da percussão, cada apresentação será seguida de uma conversa, em que os músicos debaterão o presente e o futuro dos ritmos brasileiros, num bate-papo bem informal. “Vamos lá jogar conversa fora e fazer o que fazemos sempre, que é tocar boa música”, resume Wilson das Neves.
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