Quando Mário de Andrade (1893-1945) assumiu o pioneiro Departamento de Cultura da Municipalidade de São Paulo, o que seria hoje o equivalente à secretaria de cultura, ele já tinha ajudado a idealizar o Modernismo brasileiro e já tinha sido vaiado no palco do Teatro Municipal na Semana de Arte Moderna (1922). Já tinha escrito Pauliceia Desvairada (1922), Amar, Verbo Intransitivo (1927) e Macunaíma (1928). Talvez não fosse mais o poeta futurista de Oswald de Andrade.

Interativa, a exposição conta com mais de 400 itens - entre os quais reproduções de fotos, cartas, documentos burocráticos, mapas, desenhos, cadernos de anotações, trabalhos apresentados em congressos, gravações em áudio, filmes, objetos, etc. O material não é inédito - ele podia ser visto, espaçado, no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB/USP), que abriga o acervo do intelectual, no Centro Cultural São Paulo, Iphan e na Casa da Imagem, ou em teses e artigos. Mas a organização desses itens como se verá na mostra, com esse foco na atuação dele como funcionário público, sim, é inédita. A curadoria é da antropóloga Silvana Rubino, que teve o apoio dos pesquisadores João Sodré, Luisa Valentini e de Walter Lowande para selecionar a iconografia. Vasco Caldeira é responsável pelo projeto da exposição.
"Nossa ideia não é mostrar o Mário escritor ou o intelectual. É claro que todos são o mesmo Mário, mas o que queremos é mostrar o funcionário público que está ali propondo concertos, intervenções na educação infantil e no patrimônio, perguntando como democratizar a cultura. Qualquer criança que vai prestar vestibular sabe que ele escreveu Macunaíma, mas pouca gente sabe que ele foi o primeiro secretário de cultura do Brasil e é esse lado que queremos apresentar", explica Silva Rubino.
A exposição será dividida em módulos, cheios de gavetinhas e portinhas a serem abertas, por meio das quais o visitante vai conhecer sua ideia de biblioteca especializada e circulante, de parques infantis, suas pesquisas, e muito mais.
Ocupação Mário de Andrade
Local: Itaú Cultural (Avenida Paulista, 149). Tel. (011) 2168-1776.
Dias: 3ª a 6ª, das 9 h/ 20 h; sáb., dom. e feriados, das 11 h/ 20 h.
Até 28/7. Abertura quinta, 20 h. Grátis.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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