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segunda-feira, 21 de abril de 2014

Teatro Militante para crianças e adultos

Trabalhando um teatro de militância voltado primeiramente para crianças e paralelo para adultos, o grupo paulistano Nóis Na Mala pretende viajar por todo o país com seu teatro, ideia que aparece em seu nome.
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— Tudo começou quando eu e o Bruno Cordeiro, então alunos do último ano de licenciatura em arte teatro da Unesp, tivemos a ideia de reunir amigos e fazer um teatro de militância que dialogasse com as crianças — fala João Alves, integrante do grupo.
Sempre achamos que as histórias infantis tinham um cunho voltado para uma educação de direita. Nossa ideia era transformar essa realidade colocando questões políticas nos contos. Aqueles que já tinham alguma coisa nesse sentido, queríamos sublinhar mais ainda, dar relevo maior a essa questão.
O primeiro espetáculo, Uma jornada de João e Maria, estreou em 2010 focando a questão da fome.
— São duas crianças moradoras de uma pequena vila no sertão do Nordeste, que escutam os pais conversando sobre abandoná-las para que pudessem ter uma vida melhor em outro lar. Isso faz com que as crianças entrem em uma jornada cheia de desafios, com aliados e inimigos — expõe João.
— A montagem apresenta a vida em um contexto de miséria, situação extrema que leva as pessoas a tomarem decisões de limites. Em Histórias de medo, tratamos de assuntos muitas vezes evitados para crianças, como o medo. Usamos a música e o bom humor para chegar em momentos tenebrosos das histórias, sempre dialogando com as crianças — continua.
Já em Nosso meio ambiente, tratamos de questões ligadas ao cuidado com o meio ambiente, levando para o cotidiano das crianças. E assim tratamos todas as nossas montagens, sempre tendo o cuidado de chegar em uma linguagem acessível para as crianças, dentro desse contexto do social.
O grupo trabalha com contações de histórias, tendo o objetivo de estimular a leitura e a imaginação.
É importante lançar um olhar sobre a criança que a valorize como produtora de cultura, não apenas como receptora da mesma. Procuramos estabelecer um diálogo que respeite e considere seus saberes, para que a partir daí possa aprender novas coisas — explica João.
Paralelo às montagens para as crianças, passamos a montar espetáculo para o público adulto. Isso sem nenhuma intenção de parar com o trabalho para o público infantil, que achamos muito importante, significativo.

Festivais de Nativismo no rádio

Natural de Alegrete, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, o radialista, compositor e pesquisador da sua cultura, Hilo Paim é um dos mais importantes representantes do movimento nativista gaúcho hoje. Viajando por todo o estado através dos festivais de músicas nativas, Hilo apresenta o programa ‘Pelos Palcos do Rio Grande’, transmitindo pela Rádio Universidade de Santa Maria com a intenção de divulgá-los e preservar sua existência.
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Nasci e vivi 26 anos da minha vida no campo, e minhas origens são da área rural, tanto da parte dos pais quanto dos avós. Somente nessa idade, já trabalhando como servidor na Universidade Federal de Santa Maria, tive que escolher entre continuar no campo e passar para um outro órgão do Ministério da Educação, ou vir para Santa Maria — conta Hilo.
Como sempre olhava para aquelas porteiras que nos separavam da cidade com curiosidade para saber o que tinha além, optei por vir para Santa Maria, em 1986. Aqui fiquei 20 anos trabalhando na universidade, sem nenhuma ligação com cultura e afastado das coisas do campo.
Sua entrada no mundo da música e dos festivais aconteceu por acaso, quando um amigo o convidou para conhecer um estúdio de rádio.
— Era uma tarde de sábado, estávamos tomando um chimarrão na sombra do prédio onde morávamos. Ele me convidou para conhecer a Rádio Universidade, onde apresentava um programa. Eu nunca tinha entrado em uma emissora, e disse: ‘Bem, vamos lá então tomar chimarrão e conversar mais’.
 — A partir desse momento começou uma grande mudança na minha vida. Fiquei um período auxiliando-o na produção do programa, fiz um curso profissionalizante na Feplam, em Porto Alegre, viajando para lá todos os finais de semana, até me tornar um profissional de rádio — diz.
Hilo ganhou um programa voltado para transmissões de festivais nativistas.
— Em uma quinta-feira que não lembro o dia, em 1999, foi a minha formatura como radialista, e no domingo já estava em Jaguari, a 100 km daqui de Santa Maria, transmitindo a final de um dos maiores festivais que temos no Rio Grande, o ‘Grito do Nativismo Gaúcho de Jaguari’.

Restauração de igreja preserva arte de monges e escravos

O diretor de Patrimônio do Mosteiro de São Bento, situado na zona portuária do Rio de Janeiro, dom Mauro Fragoso, avaliou, em entrevista à Agência Brasil, que a restauração da Igreja Abacial Nossa Senhora do Montserrate é importante não só para a comunidade monástica como para toda a sociedade fluminense.


Reprodução
Mosteiro de São Bento, RJ Mosteiro de São Bento, RJ
A igreja, construída a partir de 1633, e que compõe o conjunto arquitetônico do mosteiro, envolverá recursos não reembolsáveis do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no montante de R$ 8,7 milhões. A participação do banco no projeto atinge 80%.

“A construção e ornamentação da referida igreja são um marco na memória beneditina em todo o continente americano. Lembrando que apenas o Brasil contou com essa ordem durante todo o período colonial das três Américas”, disse Mauro Fragoso.

O contrato entre o BNDES e o Mosteiro de São Bento foi assinado no último dia 13. Os monges terão 36 meses para utilizar os recursos. Isso significa que as obras de restauração do templo deverão ser concluídas em até três anos. De acordo com informação do Departamento de Economia da Cultura do BNDES, a primeira parcela dos recursos já foi liberada.

Ainda segundo o BNDES, as intervenções envolvem a restauração das duas capelas falsas (Santa Ida de Lovânia e Francisca Romana), das seis capelas laterais (Nossa Senhora da Conceição, São Lourenço, Santa Gertrudes, São Brás, Nossa Senhora do Pilar e São Caetano), do forro da nave central, de dois púlpitos, de dois tocheiros, da balaustrada do guarda-corpo, situado no coro, sob a nave central, e da extensão da capela do Santíssimo. Nas capelas, as obras compreendem a recuperação das paredes, imagens, castiçais e lampadários, informou a assessoria de imprensa do BNDES.

Para dom Mauro Fragoso, a preservação desse patrimônio significa salvaguardar a memória de monges e escravos, que trabalharam na edificação da igreja sobre a rocha firme, “história até então omitida pelos historiadores”. O monge do Mosteiro de São Bento observou que poucos leitores sabem da atuação de Antônio Teles, escravo com titulação de mestre pintor, e de seus oficiais na decoração desse templo.

Destacou, ainda, que há quatro séculos a igreja vem sendo referencial da vida de muitos fiéis que nela tiveram a iniciação cristã, casaram e receberam outros sacramentos ao longo de suas vidas. Dom Mauro Fragoso disse, ainda, que a preservação da Igreja de Nossa Senhora de Montserrate ultrapassa a fronteira religiosa, “uma vez que para que haja religiosidade, é necessário que haja primeiro a cultura”.

Fonte: Agência Brasil

Bienal do Livro em Brasília ensina técnicas do cordel ao público

Entre as muitas atrações deste sábado (19) na 2ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura, os visitantes puderam aprender um pouco mais sobre o cordel em uma oficina ministrada pelo artista popular paraibano Jairo Mozart Pereira. Cordelista há 27 anos, ele diz que o cordel foi o primeiro veículo de expressão de massa no Brasil.


Na oficina, Pereira ensinou algumas das técnicas da poesia popular, como a sextilha, com estrofes de seis versos, e o decassílabo, que tem o verso com dez sílabas. Já no quadrão, com oito versos, as estrofes são encerradas sempre com o verso: "nos oito pés a quadrão". O cordelista também mostrou a técnica da gemedeira, em que os versos “Ai, ai, ui, ui, para ficar gemendo agora” sempre terminam o poema.

“O cordel é uma expressão popular ainda muito importante no Nordeste. O Brasil herdou essa cultura milenar dos mouros”, disse Pereira, que dá treinamento de cordel para professores do Distrito Federal e Entorno.

Ao pé da letra, cordel significa corda pequena. Seu uso para a classificação da literatura vem do costume, introduzido no Brasil pelos portugueses, de pendurar as cartilhas com os escritos em barbantes nos locais onde as obras eram colocadas à venda. Comumente impressos em papéis rústicos, os exemplares ganharam ilustrações em xilogravura entre o final do século 19 e o começo do século 20.

O bancário aposentado Aluizio Soares de Cerqueira diz que aprendeu a gostar de cordel na infância e na juventude no Piauí. “A gente via muito nas feiras os vendedores de romance, de cordel. Gostava de ouvir os cordelistas e os violeiros. O cordel sempre me interessou, mas escrevia aleatoriamente, sem técnica. Quando soube da oficina, me interessei em fazer. Vim aprender a técnica e quero continuar”, disse.

Fonte: Agência Brasil

SP: gravura japonesa do século 19 pode ser vista em exposição

Aberta no Museu Afro Brasil, no Parque Ibirapuera, zona sul paulistana, a exposição A Arte do Ukiyo-e traz gravuras japonesas da década de 1860 para a capital paulista. São 42 trípticos – conjuntos com três imagens – e um políptico – várias gravuras - pertencentes à coleção do artista visual Roberto Okinaka.


Museu Afro Brasil
A exposição foi aberta ao público na última quarta-feira(16)  e se estenderá até o dia 15 de junho. A exposição foi aberta ao público na última quarta-feira(16) e se estenderá até o dia 15 de junho.
Os trabalhos atendiam a uma demanda editorial de luxo da região de Edo, atual Tóquio. “Essas imagens são mercadorias. São estampas para serem veiculadas, como uma revista de arte e luxo”, explica a professora de arte e literatura japonesa da Universidade de São Paulo (USP), Madalena Hashimoto.

As obras, pouco conhecidas no Brasil, trazem uma influência ocidental que seria inesperada para um país que ainda era muito fechado à época. “Tem uma cor inesperada. Porque a cor que está trabalhada já é uma cor ocidental, com muitos tons anílicos. É o azul da prússia, o carmesim, verde-esmeralda. São cores que não eram da paleta japonesa. Mas nesses anos, entre 1830 e 1850, começa a ter uma avalanche de pigmentos desse tipo”, destaca sobre as influências em pontos como a cor e a perspectiva usada nos desenhos.

Os elementos ocidentais foram introduzidos, de acordo com Madalena, pelos chineses e holandeses, que há mais de um século tinham conseguido penetrar no país. “Através deles, muitos livros e objetos são incorporados. Então, a gente nota que o Japão não estava tão fechado assim”, ressalta.

Por outro lado, as gravuras preservam traços fortemente ligados a tradição artística nipônica. “A gente nota que é uma elegância ímpar tudo, nas figuras femininas e masculinas. Há uma interação entre figura e paisagem muito forte. Essa construção é muito tradicional, pega fontes literárias dos séculos 10, 12”, acrescenta Madalena.

Apesar de terem sido feitas em um período de turbulência social e política, as gravuras ilustram temas amenos e cotidianos. “É a década em que está acontecendo tudo. Mas essas gravuras que são mostradas aqui são super-plácidas. Quem vê essas gravuras não imagina que o xogunato está desmoronando, tal a idealização desse universo de calma, arte e estabilidade”, analisa a professora lembrando o período histórico. A queda dos senhores feudais – xoguns – abriu espaço para a centralização do poder no imperador.

A exposição foi aberta ao público na última quarta-feira (16) e se estenderá até o dia 15 de junho.

Fonte: Agência Brasil