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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Manifestações culturais da região são representadas em arte monumental no CIEP de Piraí


Libânia Nogueira/estagiária
Piraí

Piraí – Desde setembro deste ano o CIEP 158 – Professora Margarida Thomson, em Piraí, tem sido alvo de admiração pelo seu novo visual repleto de arte e cultura. Um muro localizado na entrada da instituição está sendo contemplado com a chamada arte monumental (ou mural), a partir de um programa do Governo Federal, com parceria dos Ministérios da Educação e da Cultura, que aborda a temática da influência cultural afrodescendente e nacional. O coordenador do projeto, que foi aprovado através de um edital, é o professor de artes Francis Moraes Marques, que em sala de aula ensina aos alunos do 5º ao 9º ano o passo a passo para a construção dessa arte.

E com representações de elementos culturais da região, como o jongo, a capoeira, o costume da procissão de Nossa Senhora Aparecida, a tradicional cavalgada que segue o trajeto de Dom Pedro e folia de reis, a arte mural é executada pelo professor e um grupo de alunos do curso profissionalizante de arte em Barra Mansa, onde o mesmo ministra aulas desde 2012. Segundo Francis, essa arte é especialmente profissional e necessita de habilidades técnicas, e por isso os alunos do CIEP, por enquanto, não podem realizar. Mas mesmo assim os estudantes acompanharam todo o processo e coletaram informações desde a essência, a partir do mapeamento das manifestações culturais, os alunos foram ao Museu Casa do Pontal e no Sítio Roberto Burle Marx, ambos na capital fluminense, onde puderam ter contato direto com importantes obras.

Sobre a arte monumental (ou mural)
De acordo com Francis, “a arte monumental é como se você tirasse a obra de arte do museu e expondo para as pessoas no muro”. A arte mural existe desde os primórdios, na época das cavernas, e com a evolução surgiram outras oportunidades e espaços para expressar a arte, como as igrejas. No século XX outro tipo de arte monumental surgiu, os mexicanos ‘muralistas’, foram chamados pela população para fazer esse tipo de arte em muros para mostrar que o México era um país rico e contaram a história do país no palácio do governo e com a elevação da cultura levou o país a fazer a reforma agrária.
No Brasil a arte monumental teve cunho social, mas foi  para expressar a pintura brasileira como identidade nacional, Portinari e Di Cavalcanti pintavam muros institucionais, teatros e também locais particulares. A intenção era mostrar o povo e cultura brasileira, na década de 50, no início do modernismo brasileiro, apresentar a cultura e diversidade sendo desenvolvida.

Foram três meses de preparação de desenho e três meses de execução até então, mas a conclusão está prevista para daqui a três semanas. A intenção de Francis é preparar os alunos para que os próprios pintem o muro a partir do ano que vem, mas para isso é necessário a formação adequada, com as devidas técnicas profissionais de qualidade. “Mostrar que tem possibilidade de pessoas que moram na comunidade terem contato com aquelas informações, sem precisar ir ao museu a comunidade pode conhecer a arte”.

O professor lamenta a deficiência de cursos voltados para a área artística na região e espera conseguir ampliar o programa para outros municípios. O curso que ministra em Barra Mansa conta com 80 alunos em seu projeto, além de um grupo com 30 alunos que já exercem a profissão. No curso são oito meses para preparação de desenho e dois anos para pintura. A atividade é gratuita e direcionada para o público que tenha a partir de 14 anos. O projeto acontece na Estação das Artes, no Centro de Barra Mansa.

O retorno está sendo positivo, de acordo com ele e com a diretora Ana Paula Ferreira da Silva. Os alunos, professores e transeuntes que passam em frente ao CIEP interagem e elogiam o trabalho que está sendo desenvolvido. Algumas pessoas que observam confundem o trabalho com grafite, mas a essência é completamente diferente de acordo com o artista. E para Francis esse projeto artístico envolve história, cultura e tem cunho social, principalmente por apresentar à comunidade uma cultura pertencente a ela, porém às vezes desconhecida.

“Isso vai servir para que as pessoas voltem para a história e conheçam a própria cultura, que muitas vezes é deixada de lado e que faz parte do contexto de povo e sociedade, mostrar o valor que tem a sociedade, é um processo muito significativo para a construção civilizatório”, contou o professor, enfatizando que houve preocupação para não prejudicar a estrutura visual de todo o espaço, especialmente do CIEP.

Francis se sente satisfeito com todo o processo do projeto e principalmente com o interesse dos alunos. E ao analisar o início da sua carreira, após o término da faculdade, no Rio de Janeiro, quando voltou para Barra Mansa, o professor sentiu a necessidade de estimular futuros artistas para romper a singularidade.

“Eu fico muito feliz, primeiro que é um projeto de vida que eu sempre tive e como me senti sempre muito sozinho nesse contexto, quando voltei da capital eu não tinha espaço, mesmo que eu quisesse ser pintor eu ia ficar isolado. Dar aula foi uma necessidade, esse projeto é um objetivo sendo alcançado. Eu quero mostrar para os alunos que se eles quiserem eles têm chance, há um caminho para eles”,  declarou o professor esperançoso com a continuidade do projeto.









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