Libânia Nogueira/estagiária
Piraí
Piraí
– Desde setembro deste ano o CIEP 158 – Professora Margarida Thomson,
em Piraí, tem sido alvo de admiração pelo seu novo visual repleto de
arte e cultura. Um muro localizado na entrada da instituição está sendo
contemplado com a chamada arte monumental (ou mural), a partir de um
programa do Governo Federal, com parceria dos Ministérios da Educação e
da Cultura, que aborda a temática da influência cultural afrodescendente
e nacional. O coordenador do projeto, que foi aprovado através de um
edital, é o professor de artes Francis Moraes Marques, que em sala de
aula ensina aos alunos do 5º ao 9º ano o passo a passo para a construção
dessa arte.
E
com representações de elementos culturais da região, como o jongo, a
capoeira, o costume da procissão de Nossa Senhora Aparecida, a
tradicional cavalgada que segue o trajeto de Dom Pedro e folia de reis, a
arte mural é executada pelo professor e um grupo de alunos do curso
profissionalizante de arte em Barra Mansa, onde o mesmo ministra aulas
desde 2012. Segundo Francis, essa arte é especialmente profissional e
necessita de habilidades técnicas, e por isso os alunos do CIEP, por
enquanto, não podem realizar. Mas mesmo assim os estudantes acompanharam
todo o processo e coletaram informações desde a essência, a partir do
mapeamento das manifestações culturais, os alunos foram ao Museu Casa do
Pontal e no Sítio Roberto Burle Marx, ambos na capital fluminense, onde
puderam ter contato direto com importantes obras.
Sobre a arte monumental (ou mural)
De
acordo com Francis, “a arte monumental é como se você tirasse a obra de
arte do museu e expondo para as pessoas no muro”. A arte mural existe
desde os primórdios, na época das cavernas, e com a evolução surgiram
outras oportunidades e espaços para expressar a arte, como as igrejas.
No século XX outro tipo de arte monumental surgiu, os mexicanos
‘muralistas’, foram chamados pela população para fazer esse tipo de arte
em muros para mostrar que o México era um país rico e contaram a
história do país no palácio do governo e com a elevação da cultura levou o país a fazer a reforma agrária.
No
Brasil a arte monumental teve cunho social, mas foi para expressar a
pintura brasileira como identidade nacional, Portinari e Di Cavalcanti
pintavam muros institucionais, teatros e também locais particulares. A
intenção era mostrar o povo e cultura brasileira, na década de 50, no
início do modernismo brasileiro, apresentar a cultura e diversidade
sendo desenvolvida.
Foram
três meses de preparação de desenho e três meses de execução até então,
mas a conclusão está prevista para daqui a três semanas. A intenção de
Francis é preparar os alunos para que os próprios pintem o muro a partir
do ano que vem, mas para isso é necessário a formação adequada, com as
devidas técnicas profissionais de qualidade. “Mostrar que tem
possibilidade de pessoas que moram na comunidade terem contato com
aquelas informações, sem precisar ir ao museu a comunidade pode conhecer
a arte”.
O
professor lamenta a deficiência de cursos voltados para a área
artística na região e espera conseguir ampliar o programa para outros
municípios. O curso que ministra em Barra Mansa conta com 80 alunos em
seu projeto, além de um grupo com 30 alunos que já exercem a profissão.
No curso são oito meses para preparação de desenho e dois anos para
pintura. A atividade é gratuita e direcionada para o público que tenha a
partir de 14 anos. O projeto acontece na Estação das Artes, no Centro
de Barra Mansa.
O
retorno está sendo positivo, de acordo com ele e com a diretora Ana
Paula Ferreira da Silva. Os alunos, professores e transeuntes que passam
em frente ao CIEP interagem e elogiam o trabalho que está sendo
desenvolvido. Algumas pessoas que observam confundem o trabalho com
grafite, mas a essência é completamente diferente de acordo com o
artista. E para Francis esse projeto artístico envolve história, cultura
e tem cunho social, principalmente por apresentar à comunidade uma
cultura pertencente a ela, porém às vezes desconhecida.
“Isso
vai servir para que as pessoas voltem para a história e conheçam a
própria cultura, que muitas vezes é deixada de lado e que faz parte do
contexto de povo e sociedade, mostrar o valor que tem a sociedade, é um
processo muito significativo para a construção civilizatório”,
contou o professor, enfatizando que houve preocupação para não
prejudicar a estrutura visual de todo o espaço, especialmente do CIEP.
Francis
se sente satisfeito com todo o processo do projeto e principalmente com
o interesse dos alunos. E ao analisar o início da sua carreira, após o
término da faculdade, no Rio de Janeiro, quando voltou para Barra Mansa,
o professor sentiu a necessidade de estimular futuros artistas para
romper a singularidade.
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