Instituto Brincante
"Um
ano! Esse é o prazo que temos para permanecer na rua Purpurina 428,
local onde há 22 anos funciona o Instituto Brincante e onde, segundo o
prazo que a compreensiva juíza nos deu, completará ainda o seu 23º ano
de vida. A nossa disposição a partir de agora é transferir o Brincante
para apenas 10 metros, ou nem isso, de onde está.
Depois
de vencido o desafio de ter a casa própria, há uns quinze anos atrás,
resolvemos eu e Rosane adquirir as duas casinhas coladas ao Brincante.
É lá onde funciona o escritório da nossa produtora, um pequeno centro
de documentação e o local de guarda de nosso volumoso acervo. Pois bem,
ambas casas têm uma área conjunta de 210 m2, espaço bem mais modesto que
os 600 ocupados atualmente pelo Instituto. Daí que para essa
transferência teremos de fazer uma muito funcional e inteligente reforma
nas casinhas para que possam reabrigar tudo aquilo que cabe no
Brincante e o faz funcionar.
Estamos animados. Sobretudo pelos bons sinais demonstrados pela campanha do #ficabrincante. A partir de agora precisaremos mais de todos. Pois, como se diz por aí, o bicho vai pegar!
Agradecemos
aos amigos todos de todo o país, especialmente aos paulistanos, pela
demonstração de apoio, apreço e solidariedade dada ao Brincante. Mas não
só! Estamos também reafirmando o nosso propósito em continuar a
realizar espetáculos, produzir eventos, ações lúdicas e culturais,
oferecer cursos e oficinas, dançar, tocar, brincar e a ajudar a renovar o
homem… no “novo” Brincante. Ainda há muito sonho a realizar…! Pelos
dias que o mundo vive, sonho humano é o que parece não fazer falta!
Faremos
uma festa bonita. Certamente, uma festa bonita pretendemos realizar
daqui a um ano na Vila Madalena. Nessa ocasião, quem parar frente à
Purpurina 416 vai se deparar com um quadro comovente e engraçado ao
mesmo tempo: uma pequena, simpática e altaneira casinha, cercada, quase
engolida, por um carrossel de apartamentos, estará dando o ar de sua
graça e de seu esperançoso sorriso… Um sinal de resistência, sem dúvida –
apesar do meu desconforto em usar essa palavra – mas sobretudo um sinal
de que a estupidez e insensatez humana prevalece, mas não vence!
Ficamos!
AN"
AN"
Entenda o #ficabrincante
No
primeiro semestre, Nóbrega e sua mulher, a atriz e dançarina Rosane
Almeida, foram notificados a desocupar o Instituto Brincante, teatro e
centro de cultura brasileira que fundaram 22 anos atrás no número 428 da
rua Purpurina, na Vila Madalena, sob pena de ajuizamento de ação de
despejo. Era a especulação imobiliária no bairro chegando também ao
espaço cultural. Seguiram-se meses de disputa judicial, acompanhada de
mobilização nas redes sociais com a campanha #ficabrincante
– que levou, em setembro, 10 mil pessoas à mesma área externa do
Auditório Ibirapuera, onde se formou uma imensa ciranda. Em setembro,
junto com outros 22 teatros de rua, o Brincante foi considerado
patrimônio imaterial pelo Conpresp, o órgão municipal de preservação do
patrimônio histórico, cultural e ambiental.
O
desfecho sobre a questão do imóvel foi decidido em audiência no último
dia três de dezembro: o instituto manterá seu funcionamento no mesmo
local durante todo o ano de 2015, ao final do qual mudará para um imóvel
vizinho, de propriedade de Nóbrega e Rosane, onde atualmente funcionam
áreas administrativa e de documentação das atividades do multiartista. O
casal, que ainda planejava formas de levantar fundos para o
empreendimento, foi procurado essa semana pelo Instituto Alana,
com quem já teve algumas parcerias ao longo dos últimos anos. A
instituição ofereceu um aporte financeiro e consultoria administrativa
para a construção da nova sede, o que permitirá o lançamento de um novo
Instituto Brincante em 2016.
O
apoio do Alana será vinculado a uma campanha de crowdfunding a ser
lançada no início de 2015, em que, para cada 1 real arrecadado, a
instituição vai doar 5, chegando em até 2 milhões de reais doados –
dinheiro suficiente para a reforma do imóvel e estruturação de toda a
parte administrativa do instituto de cultura brasileira. O projeto será
do arquiteto Thiago Bernardes.
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