Agradecemos a marca de 1000 visitas

Agradecemos a marca de 40.000 visitas

No nosso blog: Brasileiros, Norte Americanos, Portugueses, Canadenses, Russos, Ingleses, Italianos, Eslovenos, enfim, todos que gostam da cultura Brasileira e que tem nos acompanhado.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Regulamentação da Política Nacional de Cultura Viva está em fase final

O Grupo de Trabalho (GT) Cultura Viva reuniu-se nesta quarta-feira (25) para uma fase decisiva de discussões da Instrução Normativa (IN) que regulamentará a Política Nacional de Cultura Viva (PNCV). Esta política tem o objetivo de estimular e fortalecer no Brasil uma rede de criação e gestão cultural com base nos Pontos de Cultura. 
 
Entre os principais pontos debatidos estão a certificação simplificada de Pontos e Pontões de Cultura, as formas de apoio e fomento previstas pela Lei Cultura Viva, que cria a PNCV, e regras para prestação de contas pelos Pontos e Pontões que receberem recursos públicos.
 
Na abertura da reunião do GT, a secretária da Cidadania e da Diversidade do Ministério da Cultura, Ivana Bentes, ressaltou a importância da implantação da PNCV. "Estamos vivendo um momento histórico, uma importante conquista, resultado de um grande esforço dos Pontos de Cultura deste país", afirmou. "Este é um momento de mudança, de adequação do Cultura Viva
às características do fazer cultural."
 
Para Ivana, dois pontos merecem destaque na PNCV: a criação do Termo de Compromisso Cultural (TCC), que substituirá o convênio na relação do Estado com os Pontos de Cultura que receberão recursos públicos, e a autodeclaração dos Pontos de Cultura, que será feita mediante uma certificação simplificada e não envolverá o repasse de recursos.
 
"O Termo de Compromisso Cultural vem simplificar e desburocratizar a relação dos Pontos com o poder público. É muito importante, pois responde à insegurança jurídica, à suspeição que muitos Pontos vivem hoje devido às dificuldades na prestação de contas causada pela atual legislação", destacou Ivana. "A autodeclaração permite que o Estado mapeie os fazedores de cultura, e que eles se mobilizem, se enxerguem, criem um circuito cultural dos Pontos e uma rede social que contribua para a articulação entre eles."
 
De acordo com a 19a e mais recente versão da Instrução Normativa, discutida nos dias 25 e 26 pelos integrantes do GT Cultura Viva, as entidades que se autodeclararem Pontos de Cultura terão sua certificação habilitada mediante uma checagem documental e a assinatura de um Termo de Adesão. Elas se comprometem com os objetivos da PNCV. Não há necessidade de CNPJ para essa modalidade de habilitação. Os Pontos habilitados por autodeclaração passarão automaticamente a fazer parte do Cadastro Nacional dos Pontos e Pontões de Cultura.

Prêmios e projetos 

A versão atual da IN também estabelece as formas de apoio e fomento previstas na PNCV. Estão incluídos repasses a Pontos e Pontões juridicamente constituídos, selecionados por editais específicos, que assinarão o Termo de Compromisso Cultural. Também estão previstos prêmios a projetos, iniciativas, atividades ou ações de Pontos, Pontões, pessoas físicas, entidades, coletivos culturais e instituições de ensino, além de bolsas a pessoas físicas reconhecidas como Agentes Cultura Viva.
 
Outro item previsto pela IN é a possibilidade de que os Pontos que assinarem TCC alterem até 100% de seus planos de trabalho sem consulta prévia ao órgão concedente, desde que comprovado o cumprimento do objeto e as mudanças sejam justificadas na prestação de contas. Já os Pontões de Cultura poderão alterar até 25% do valor previsto em cada categoria de despesa (custeio e capital), sendo que 15% sem consulta prévia.
 
A IN estabelece também que os Pontos que receberem recursos via TCC em mais de uma parcela anual prestem contas a cada 12 meses. A liberação das demais parcelas dependerá apenas da apresentação dos documentos exigidos, não tendo mais relação com a aprovação das contas.
 
As atividades do GT Cultura Viva continuam nesta quinta-feira (26). Além dos debates finais sobre a IN, haverá uma roda de conversa sobre a PNCV no contexto das políticas de participação social, com a participação de representantes da Secretaria-Geral da Presidência da República e do Movimento Plataforma para um Novo MROSC (Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil). Os participantes também terão encontros com o secretário-executivo do MinC, João Brant, e o secretário de Articulação Institucional, Vinícius Wu.

Sobre o GT Cultura Viva

Criado em agosto de 2014 pelo Ministério da Cultura, o GT Cultura Viva é responsável por aprimorar a gestão da PNCV. É composto por representantes do MinC, de Pontos de Cultura, do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura, do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Cultura das Capitais e Regiões Metropolitanas, da Secretaria-Geral da Presidência da República, do Tribunal de Contas da União (TCU), da Comissão de Educação, Cultura e Esportes do Senado Federal, da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados e do Grupo de Trabalho Interministerial para o Novo Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil.
 
Assessoria de Comunicação

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Maestro Spok é homenageado no encontro de bonecos gigantes de Olinda

Mesmo sob um forte calor, a diversão não para em Olinda. Nesta terça-feira (17) de carnaval, tem o encontro de bonecos gigantes de Olinda. Esta é a 28ª edição do encontro que reúne mais de 100 dessas alegorias representativas do carnaval pernambucano e que simbolizam personagens da cultura brasileira e mundial.


Katherine Coutinho
O maestro Spok é um dos mais novos expoentes do frevo O maestro Spok é um dos mais novos expoentes do frevo
Desta vez, o encontro resolveu homenagear o maestro Spok, um dos mais novos expoentes do frevo, que ganhou boneco gigante vestido de terno preto e saxofone na mão, confeccionado pelo artista plástico Silvio Botelho.

“É uma homenagem a um jovem e talentoso maestro que está inovando na maneira de reger a orquestra e isso se deve levar em consideração, pois ele tem apenas 45 cinco anos e merece de nossa parte essa homenagem," disse Botelho, pai dos bonecos gigantes.

O encontro também homenageou o grupo de mascarados Palhaços de Olinda, brincadeira que completa 35 anos de tradição. “É muito bom ter esse reconhecimento para essa brincadeira que desde 1980 que está abrilhantando essas ruas de Olinda”, disse Renato José de Lima Filho, o Reizinho dos Palhaços, idealizador da brincadeira.

Antes do desfile, o maestro Spok se apresentou ao lado da sua caricatura de 3,5 metros, com sua orquestra. Comandando o cortejo ao lado de seu boneco, Spok, que também é um dos homenageados do carnaval do Recife, saiu pelas ruas de Olinda tocando o seu saxofone. O grande homenageado do carnaval pernambucano este ano disse que o momento é inesquecível.

“É um ano incrível, imagine ser homenageado pelo carnaval do Recife, ter o galo gigante com um saxofone, o filme Sete corações [que retrata a paixão pelo frevo dos compositores Clóvis Pereira, Duda, Guedes Peixoto, Ademir Araújo, Zé Menezes, Edson Rodrigues e Nunes] dos mestres sendo lançado e, para juntar tudo, ainda tem a homenagem dos bonecos gigantes de Olinda que eu nasci perto vendo, um ano que eu acredito que não se repetirá na minha vida”, disse emocionado o maestro.

Quem também ganhou uma versão de mais de 2 metros de altura foi Carlos Nascimento, torcedor do clube de futebol Sport conhecido como 'Cabuloso'. O boneco foi feito há quatro anos. “A torcida do Sport fica satisfeita, eu sou um símbolo da torcida e isso para mim é muito gratificante”, confidenciou.

A emoção também é compartilhada por quem carrega os bonecos pelas ladeiras de Olinda, os chamados miolos. Para Vinicius Manoel Gomes Silva, miolo de boneco há 13 anos e que, pela primeira vez, sai embaixo do boneco chamado Manicure, disse se sentir recompensado com o calor da multidão. “É inexplicável a sensação, só sabe quem carrega [os bonecos] mesmo”, contou.

Durante mais de quatro horas, os foliões seguiram o percurso de 2 quilômetros que sai do largo de Guadalupe, no centro histórico. Ao longo do percurso, varandas e muros das casas foram ocupadas por olindenses e turistas, todos ansiosos para ver os ilustres bonecos. “Venho há nove anos no carnaval de Olinda. É a primeira vez que eu acompanho o desfile, é maravilhoso. Eu já tinha visto os bonecos, mas não de pertinho. É muito lindo", revelou a turista de Fortaleza, Shirley Aquino.

Além do encontro de bonecos gigantes, cerca de 30 blocos desfilam nesta terça-feira (17) pelas ruas do sítio histórico da cidade, entre eles os tradicionais Eu acho é pouco, o Ceroula de Olinda Pitombeira Quatro Cantos e o Afoxé Oxum Pandá.

Fonte: Agência Brasil

Fábricas de Cultura abrem estúdios musicais na periferia de SP

Músicos profissionais e iniciantes agora tem a oportunidade de gravar seus trabalhos em estúdios públicos, gratuitos, nas periferias de São Paulo. A iniciativa faz parte do projeto Fábricas de Cultura, do governo do estado.


Reprodução TVT
Nos estúdios, todos os gêneros são comtemplados Nos estúdios, todos os gêneros são comtemplados
Os estúdios foram montados em cinco pontos de cultura, na capital: Capão Redondo e Jardim São Luís, na zona sul, e no Jaçanã, Brasilândia e na Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte.

Os espaços contam com acústica adequada, todo o equipamento necessário, além do apoio de dois responsáveis técnicos.

Segundo Bia Sindona, programadora da Fábrica de Cultura do Capão Redondo, as periferias de São Paulo produzem muita cultura, mas boa parte do trabalho musical acaba não sendo divulgada por causa dos custos. O valor de uma hora de gravação e mixagem em um estúdio privado pode chegar até a R$ 150.

"Qualquer artista da comunidade, seja iniciante ou profissional, pode se inscrever na Fábrica, e aí os técnicos vão entrar em contato com ele pra que possa vir agendar um horário de gravação", explica a programadora. Para gravar uma segunda faixa, é necessário entrar novamente na fila, explica a programadora.

O baixista José Jorge Silva Filho aprovou: "A gente costuma ir a alguns estúdios de gravação profissional que, às vezes falta microfone, falta peça. Quando tem essa oportunidade, a galera abre o olho e fala 'nossa, que legal'".

Para realizar a gravação, é necessário que o candidato vá pessoalmente até uma das Fábricas de Cultura que tenham os equipamentos. Para a inscrição é necessário documento de identificação com foto e um comprovante de endereço recente.

Mais informações no site: www.fabricasdecultura.org.br/

Fonte: Rede Brasil Atual

Juca Ferreira e o financiamento à cultura no Brasil

O ministro da Cultura tomou posições importantes acerca do fomento à cultura e suas leis de incentivo no país. Em entrevista, ele declarou: "Sou bastante crítico à Lei Rouanet e formei minha opinião com base nos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). A lei criou uma ilusão de que haveria uma parceria público-privada financiando a cultura. Não é verdade".


Por Antonio Albino Canelas Rubim*, no Jornal A Tarde


UNE
   
Juca Ferreira chama a atenção sobre um ponto crucial das políticas culturais nacionais atuais: sua unilateral política de financiamento.

As declarações do ministro baiano foram imediatamente repercutidas na imprensa sudestina de modo crítico. Produtores e profissionais da cultura, instalados no Sudeste, emitiram opiniões contrárias a Juca Ferreira. Explicável: 80% dos recursos captados via Lei Rouanet ficam nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro; 60% vão para as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro e 3% dos proponentes recebem 50% das verbas incentivadas. Os dados chocam pela brutal concentração. Ela supera mesmo a soma das atividades econômicas daqueles estados.

Os problemas não se encontram apenas na concentração dos recursos incentivados. Quando o ministro afirma que a lei não representa parceria público-privada, ele deve se basear em dados do próprio Ministério: em 18 anos de Lei Rouanet dos R$ 8 bilhões acionados, só R$ 1 bilhão veio de empresas, muitas delas estatais.

Ou seja, criadas para incentivar a captação de recursos empresariais e privados para a cultura, as leis não trouxeram recursos novos, pois a imensa maioria deles foram verbas estatais. Mais grave: estes recursos, públicos em sua quase totalidade, passaram a depender da deliberação das empresas e seus departamentos de marketing. Neste sentido, de modo perspicaz, Juca Ferreira classificou as leis como "ovo da serpente neoliberal".

Não bastassem estas enormes distorções, que desvirtuam profundamente o fomento à cultura, as leis de incentivo, no singular formato adquirido no país, implicam outras repercussões problemáticas. Prisioneiras de interesses mercadológicos, as leis tendem a apoiar atrações de apelo mercantil e/ou eventos de visibilidade, excluindo todos os criadores, manifestações e produtos culturais, que não se submetam a tais critérios.

Ou seja, as leis de incentivo não possuem capacidade de universalizar o fomento à cultura. Como elas representam hoje 80% do financiamento do estado nacional à cultura, mais um grave problema se configura.

O descompasso entre as políticas de financiamento, centradas nas leis de incentivo, e as políticas de diversidade cultural, quase inviabiliza a realização de tais políticas no país. Desde o governo Lula e seus ministros Gilberto Gil e Juca Ferreira, o Brasil adotou políticas de diversidade cultural, em sintonia com a cena internacional contemporânea. Elas reconhecem a riqueza cultural da nação como proveniente da diversidade cultural, que conforma o país e constitui a identidade brasileira.

As políticas de promoção e preservação da diversidade cultural exigem políticas de fomento de caráter universal, compatíveis e compromissadas com a diversidade da cultura no Brasil. Como as leis de incentivo não perfazem este requisito, a centralidade destas leis nas atuais políticas de financiamento comprometem as possibilidades de desenvolvimento das políticas de diversidade cultural. Para sua plena realização, elas demandam novas políticas de financiamento atentas à complexidade da cultura brasileira. Com o Ministério da Cultura atento ao problema, cabe apoiar ativamente mudanças tão necessárias ao país.

*Pesquisador do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Ex-secretário de Cultura da Bahia.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

O povo é o protagonista do maior carnaval do mundo

Em todos os anos vem a público a polêmica tese de que o carnaval de Salvador teria trilhado o caminho da exclusão do povo em benefício de uma privilegiada elite branca. Eu tinha me afastado desse debate nos anos anteriores e volto agora depois de ler o um artigo no Portal Vermelho sobre o tema. 


Por: Geraldo Galindo*, para o Vermelho


Reprodução
Carnaval no Pelourinho em Salvador Carnaval no Pelourinho em Salvador
Primeiro deixo claro que aqueles que advogam a ideia de uma suposta festa excludente e sem participação popular, no geral, são pessoas bem intencionadas, querem mais democracia, menos injustiças.

O problema é que esses companheiros de boas intenções incorrem num erro grave de análise e sendo assim, chegam a conclusões equivocadas, distantes da realidade, como não poderia deixar de ser. O erro reside em estudar o carnaval de Salvador a partir de uns quatro ou cinco blocos da elite branca - pouco representativos da totalidade de agremiações que saem às ruas -, e dos camarotes dos endinheirados na Avenida Oceânica, onde ricos e gente da classe média se deleitam em luxuosos ambientes fechados.

Para fazer uma avaliação do carnaval de Salvador e tirar as conclusões, quaisquer que sejam, é necessário ter em conta o conjunto, e não apenas uma parte. E é muito fácil. Basta olhar a programação, simples assim. Eu sugeriria aos detratores do nosso carnaval que analisassem apenas um dia da programação do carnaval e com certeza lá vão descobrir que suas teses pré-concebidas não guardam sintonia com a realidade ou estão distantes dela. O leitor que se depara com esse tipo de visão e não conhece o carnaval local pode chegar à conclusão de que aqui uma meia dúzia de afortunados brancos se diverte e o restante do povo, pobre e preto, encontra-se espremido entre as cordas e paredes, tomando porrada da polícia, como fossem um bando de masoquistas infelizes.

Voltemos então à programação para ser didático. O carnaval em Salvador acontece em três circuitos, Centro, Barra, Pelourinho. Em vários bairros também tem programação para os moradores – neste ano teremos em Cajazeiras, Itapuã, Liberdade, Plataforma, Boca do Rio e Periperi. Serão mais de 150 apresentações nessas regiões populares com bandas e grupos dos mais variados estilos musicais, entre os quais, Chiclete com Banana, Baiana System, Asas Livres, Batifun, Nelson Rufino, Adão Negro, Gerônimo, Motumbá e tantas outras. Tem ainda no mesmo período o carnaval dos roqueiros no bairro de Piatã. Aqui já verificamos que na análise dos detratores do carnaval, essa programação onde a elite branca dificilmente pisaria os pés é sumariamente excluída.

O carnaval realizado no Pelourinho é simplesmente maravilhoso, tem programação todos os dias, onde se reúnem a população local e os turistas. São dezenas de pequenos blocos, vários shows, muito frevo, marchinhas carnavalescas, sem presença de trios elétricos, sem camarotes, sem cordas etc. Lá encontramos todos os segmentos sociais, pobres, classe média e até ricos. São milhares e milhares de pessoas a se divertir, idosos, jovens, crianças, todos muito animados. Pergunto: na análise dos detratores do carnaval de Salvador, esse importante espaço de congraçamento popular é levado em conta? Não, para eles, só vale uns quatro ou cinco blocos de trios que desfilam no circuito Barra/Ondina.

Aqueles que tentam passar a ideia de que Salvador teria um carnaval de apartheid o fazem, repito, a partir de poucos blocos, aqueles que as redes de TV escolhem para projetar. Mas nós podemos demonstrar através de um dia aleatório que escolhamos da programação de que mesmo na Barra, o circuito da “elite branca”, essa “informação” não corresponde. Lá vamos constatar que entre 20 e 25 blocos e trios independentes saem diariamente e que entre estes, a grande maioria que está dentro ou fora das cordas não pertence à denominada elite branca. Entre os 35 e 40 blocos que saem na Avenida Sete diariamente, quase todos com cordas, nenhum pode ser enquadrado na categoria de bloco de brancos da elite.

O leitor desavisado que não conhece o carnaval da Bahia, repito, pode pensar que o povo dessa cidade só serve no carnaval para segurar cordas, proteger os ricos e espremer os pobres. Isso é rigorosamente falso, repito, rigorosamente falso. A grande maioria de blocos com corda é formada pela população não branca de Salvador. Quase todos os blocos de samba que desfilam na Avenida Sete têm cordas e seu público é esmagadoramente negro; as dezenas de blocos afros tem como foliões pessoas negras e tem suas cordas também; temos dezenas de outros blocos de Axé, cujos preços são mais acessíveis, onde a população da faixa salarial mais baixa comparece, pula e se diverte. E temos os trios elétricos chamados independentes, sem cordas, que estão nas ruas todos os anos, nos dois circuitos, trazendo artistas famosos como Moraes Moreira, Luiz Caldas, Pepeu, Armadinho, Carlinhos Brown e tantos outros.

Temos ainda o “Furdunço” que é um momento pra aquecimento pra a festa que este ano cairá no dia 08/02 na Barra e terá 22 atrações, e no dia 13/02 no Centro, com outras 27 atrações, sem cordas. Na sexta-feira que antecede a festa temos ainda uma grande concentração na Barra de blocos de orquestra que leva milhares para as ruas até o amanhecer, sem contar nas tantas e tantas lavagens que ocorrem em diversas partes da cidade. Outro momento importante do carnaval onde o povo se espreme na diversão é o Mudança do Garcia, num bairro do centro da cidade, que reúne milhares e milhares de foliões e onde boa parte aproveita a festa para levar seus protestos. Os detratores do nosso carnaval fazem vistas grossas para essas agendas de intensa participação popular no reinado do Momo. Para eles, o carnaval de Salvador se resume aos blocos puxados por Ivete Sangalo, Durval Lelys, Claúdia Leitte e Bell Marques e aos camarotes.

O artigo publicado no Vermelho a que me referi acima, traz uma foto de um bloco com pessoas brancas dentro das cordas e uma vasta quantidade de negros fora delas. É verdade, esses blocos são formados especialmente por abonados locais e turistas paulistas, mineiros, cariocas, gaúchos e outros mais, que pagam um preço salgado para os padrões de nosso povo. Mas isso é uma pequena parte da festa, reitero. Se nós fizermos uma foto aérea da maioria dos blocos de Salvador o visual será completamente diferente.

Nós devemos ter claro que o protagonista principal do carnaval de Salvador é povo dessa cidade, especialmente sua população negra. Os cerca de dois milhões de foliões que estão nas ruas são majoritariamente negros. Não são os quatro ou cinco blocos da elite branca, que não devem somar 20 mil pessoas, e muito menos os frequentadores de camarotes, os protagonistas da maior festa do planeta. Protestar e lutar contra o racismo e todas as injustiças sociais é uma bandeira de todos os dias do ano, inclusive no carnaval, mas daí concluir que os negros ficam oprimidos e resignados durante a festa é outra história. A população vai para as ruas e faz sua festa, ela tem autoestima, se diverte, canta, dança suas danças lindas, está em cima dos trios, dentro dos blocos com corda, atrás de blocos independentes, na pipoca, está em todo lugar. Não tenhamos dúvida. O carnaval de Salvador é genuinamente popular, alegre, contagiante, e nele, os contrastes da sociedade capitalista aparecem com nitidez, como não poderia deixar de ser. Mas aí é outra história que careceria de um novo artigo.

*Geraldo Galindo é folião pipoca do Carnaval de Salvador há 35 anos.

Bob Marley completaria 70 anos, conheça sete fatos curiosos

Maior expoente do reggae mundial e um dos principais responsáveis pela difusão da cultura e da religião rastafari, Bob Marley completaria 70 anos nesta sexta-feira (06). Para marcar a data, a Jamaica realizou uma semana de celebrações e diversos eventos estão sendo realizados em todo o mundo para homenageá-lo. Um álbum inédito também será lançado pela Universal Music com as gravações realizadas por um fã durante a turnê promocional do álbum Kaya de 1978.


Por Vanessa Martina Silva* no OperaMundi


Reprodução
 Bob Marley durante apresentação em Dublin em julho de 1980  Bob Marley durante apresentação em Dublin em julho de 1980
Apresentação em Londres, em 1976eiro de 1945 na cidade de Saint Ann, no interior da Jamaica. Tornou-se mundialmente conhecido pelo grande censo de justiça em suas letras, pela defesa da libertação nacional, do empoderamento dos negros, da luta contra o racismo e pela universalização dos direitos civis. Como reconhecimento desse papel, as Nações Unidas lhe concederam a Medalha da Paz do Terceiro Mundo, em 1978. Na Jamaica, também recebeu as três maiores condecorações: Honra ao Mérito da Jamaica, “Order of Merit”, Herói Nacional e o “Order of the National”, que é reservado para governadores, generais e premiês.

A qualidade musical e Bob Marley e o grupo que o acompanhava, o The Wailers, foi reconhecida com diversos prêmios. A BBC classificou a música "One Love" como sendo a canção do milênio e o cantor e compositor foi eleito o 11º maior artista de todos os tempos pela revista Rolling Stones.

Apresentação em Londres, em 1976
 
Na única visita que fez ao Brasil, declarou: "Músicos devem ser porta-vozes para as massas oprimidas. No nosso caso, a responsabilidade é ainda maior por causa de nossas crenças religiosas. A filosofia do reggae explica tudo isso. O reggae se propagou a partir dos guetos, e tem sido sempre fiel a suas origens, trazendo ao mundo uma mensagem de revolta, protesto e luta pelos direitos humanos".

Abaixo, conheça sete fatos sobre o astro do reggae:

1) Criança sensitiva


Quando tinha quatro anos, Bob começou a pressagiar a partir da leitura da palma da mão. Como as previsões invariavelmente eram acertadas, ficou conhecido na região. Um dia, quando já era famoso, voltou a Kingston e uma mulher pediu que ele lesse a mão dela. Diante do pedido, respondeu: "Eu não estou mais lendo mãos. Estou cantando agora".

2) Prisão

Em 1968, Bob passou um mês na prisão na Jamaica por porte de maconha. Durante este tempo, conheceu alguns prisioneiros com os quais criou forte relação. Eles o motivaram a escrever músicas com mensagens políticas mais contundentes. Em 1977, voltou a ser detido pelo mesmo motivo, em Londres. Devido ao uso religioso da maconha pelos rastafaris, Bob foi um ativo defensor de sua legalização.

3) Futebol


Bob nutria uma grande paixão pelo futebol e chegou a jogar na equipe jamaicana House of Dread. Em uma de suas fotos mais famosas no Brasil, aparece com o cantor Chico Buarque após uma "pelada" no Rio de Janeiro em 1980, com os funcionários do selo Ariola contra alguns dos artistas contratados pela gravadora no Brasil, como Chico Buarque, Alceu Valença e Toquinho. Na ocasião, ganhou e vestiu a camisa 10 do Santos.

4) Atentado

Em 3 de dezembro de 1976, em meio à efervescência política e à violência causada por gangues na Jamaica, que vivia um clima de guerra urbana, Bob Marley decide fazer uma apresentação gratuita como forma de pregar a paz e a unidade da juventude do país. O primeiro-ministro jamaicano Michael Manley apoiou o evento como forma de apaziguar os ânimos às vésperas das eleições. Durante um ensaio em sua casa, ele, a esposa, Rita Marley, integrante da banda, e o empresário Don Taylor foram baleados e levados ao Hospital Universitário. As motivações do atentado nunca foram esclarecidas.

Dois dias depois, Bob, mesmo sabendo dos riscos que corria, resolveu fazer sua apresentação durante o evento "Smile Jamaica". Ele e Rita subiram ao palco com os curativos e, ao ser questionado sobre o fato de comparecer ao show mesmo baleado, o músico disse a célebre frase: "As pessoas que estão tentando destruir o mundo não tiram um dia de folga. Como posso, eu, tirar, se estou fazendo o bem?" Após o ocorrido, o casal decidiu ir morar em Londres, por questão de segurança, e ficou oito meses sem tocar na Jamaica.

5) Cultura rastafari

Além de ser o maior expoente do gênero musical reggae, Bob Marley também é considerado o responsável por disseminar a cultura rastafari pelo mundo. Em suas falas e canções, Bob transmitia o estilo de vida da religião da qual era adepto, cujos valores mais fundamentais eram: a supremacia negra e valorização das raízes africanas, além do desejo de retorno à África, a terra prometida.

Na Etiópia, terra de Haile Selassie I, considerado um deus e a máxima encarnação do poder da religião rastafari, Bob é considerado herói nacional. Em 2005, Rita Marley afirmou que iria exumar os restos de Bob e enterrá-lo em um "local de descanso espiritual" na Etiópia. A declaração gerou fortes protestos na Jamaica.

6) Estupro

Um dos pontos mais controversos da história de Bob Marley veio à tona em 2004 quando Rita, que lançava o livro "No Woman No Cry: Minha Vida com Bob Marley", deu depoimentos controversos à imprensa britânica sobre seu relacionamento com Bob. Na ocasião, tabloides ingleses deram uma ampla repercussão à declaração em que ela dizia ter sido estuprada pelo marido. Após a história ter tomado grandes proporções, Rita concedeu novas entrevistas esclarecendo que suas declarações foram retiradas do contexto e que seu marido "não era um estuprador".

7) Morte

Durante uma partida de futebol em Londres em 1977, Bob machucou o dedão do pé direito e, como consequência do ferimento não tratado, a unha do pé caiu. Somente em 1980, quando o ídolo passou mal no palco em uma turnê nos EUA, descobriu-se que na verdade ele tinha uma espécie de câncer de pele, chamado melanoma maligno, que se desenvolveu sob sua unha. A recomendação médica foi para que amputasse o dedo, mas ele recusou o procedimento devido à crença rastafari.

O câncer se espalhou para o resto do corpo, afetando cérebro, pulmão e estômago. O músico foi se tratar na Alemanha com o médico naturalista Joseph Issels, mas após oito meses de tratamento, foi desenganado. Decidiu, então, voltar à Jamaica para morrer junto a família e amigos, mas no meio da viagem teve que ser internado às pressas em Miami, onde morreu no dia 11 de maio de 1981, na companhia da mãe, quando estava no auge da carreira, aos 36 anos de idade.

Veja o documentário Time Will Tell: 



*Vanessa Martina Silva é repórter especial do OperaMundi

Cinema brasileiro tem presença expressiva no Festival de Berlim

O cinema brasileiro tem participação expressiva na 65ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim – Berlinale -, que começou nesta quinta-feira (5) na capital alemã e vai até o próximo dia 15. Ao todo, 14 filmes brasileiros participam de cinco mostras do festival, enquanto 13 profissionais marcam presença no Berlinale Talents, o grande encontro de profissionais do setor.


Divulgação
Cena do filme <i>Ausência</i>, de Chico Teixeira, que está na mostra Panorama, do festival Cena do filme Ausência, de Chico Teixeira, que está na mostra Panorama, do festival
De acordo com nota divulgada nesta quinta-feira pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), oito filmes e três profissionais estão na Berlinale, com o apoio da instituição. Na seção do festival destinada a trabalhos de vanguarda e experimentais, estão participando os filmes Brasil S/A, de Marcelo Pedroso, e Beira-Mar, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher. As duas produções foram apresentadas ao curador Christoph Terhechte em outubro do ano passado, durante a oitava edição do Programa Encontros com o Cinema Brasileiro, promovido pela Ancine.

Na mostra Panorama, foram selecionados para esta edição quatro filmes brasileiros: Sangue Azul, de Lírio Ferreira, que abre a mostra; Ausência, de Chico Teixeira; Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert; e Jia Zhang-ke, um Homem de Fenyang, de Walter Salles. Os três primeiros foram contemplados pelo programa de apoio da agência.

Os longas Beira-Mar, Ausência e Sangue Azul também estão indicados ao prêmio Teddy, que o Festival de Berlim concede às melhores obras que abordem a temática LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros). Em 2014, o vencedor nessa categoria foi um filme brasileiro, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, de Daniel Ribeiro.

Na seção Berlinale Shorts, dedicada aos curtas-metragens, o representante brasileiro é o filme Mar de Fogo, de Joel Pizzini. Na mostra NATIVe, de cinema indígena, que este ano terá como foco as produções da América Latina, o Brasil comparece com quatro filmes: Hepari Idub'rada, Obrigado Irmão, de Divino Tserewahú (1998); O Mestre e o Divino, de Tiago Campos Tôrres (2003); As Hiper Mulheres (Itão Keugü), de Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã Kuikuro (2011); e Ma Ê Dami Xina - Já me Transformei em Imagem, de Zezinho Yube (2008).

Fonte: Agência Brasil

Vale Cultura beneficia 339 mil trabalhadores


   

Oficialmente lançado pelo governo federal em março de 2014, o Vale Cultura beneficiou, desde então, 339,6 mil trabalhadores brasileiros. Neste período, os beneficiários utilizaram, ao todo, R$ 47,47 milhões no acesso a eventos, aquisição de produtos e pagamentos de mensalidades de cursos.


O benefício, no valor mensal de R$ 50, possibilita o acesso dos trabalhadores a teatros, museus, cinemas, shows e circos, por exemplo. O Vale-Cultura pode ser utilizado para compra de CDs, DVDs, livros, revistas e jornais. Além disso, é permitido o uso do cartão para pagamento de mensalidade de cursos de artes, audiovisual, dança, circo, fotografia, música, literatura ou teatro.

De acordo com a Caixa Econômica Federal, mais de R$ 35 milhões foram gastos no setor de livros, jornais e revistas. O valor corresponde a 74% do consumo total dos beneficiários do Vale Cultura.

Além disso, os trabalhadores utilizaram R$ 8,1 milhões em ingressos nos cinemas. A expectativa da Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas (Feneec) é que esse valor aumente ainda mais em 2015.

Uma das formas utilizadas pela federação para incentivar a utilização do Vale-Cultura nos cinemas são as propagandas. Para o presidente da instituição, Paulo Lui, o benefício é um incentivo para aqueles que perderam o hábito de assistir filmes.

Ainda segundo a Caixa, demais setores culturais representam cerca de 10% do consumo com o cartão, sendo que as lojas de instrumentos musicais são responsáveis por 2% do total gasto com no último ano. Teatros são escolhidos por 1% dois beneficiários do programa.

Adesão

O Vale-Cultura pode ser oferecido a trabalhadores com carteira assinada por empresas e entidades com personalidade jurídica. Para isso, o empregador precisa aderir ao Programa Cultura do Trabalhador, do Ministério da Cultura.

Em contrapartida, as empresas que aderirem ao programa terão isenção do governo federal de encargos sobre o valor do benefício concedido. Além disso, as despesas no Imposto de Renda poderão serão abatidas em até 1% do imposto devido.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Carnaval, suor e resistência

Durante os anos de chumbo da ditadura militar brasileira, diversas foram as formas que coletivos encontraram de se expressar e neste contexto de medo e repressão, algumas escolas de samba não deixaram os crimes da ditadura embaixo do tapete para entrar na avenida, pelo contrário, trouxeram à luz um grito de liberdade.


Por Mariana Serafini, do Vermelho


Reprodução
Desfile da Acadêmicos do Salgueiro em 1968 Desfile da Acadêmicos do Salgueiro em 1968
O Carnaval, enquanto expressão popular, canta todos os anos – em maior ou menor escala – a realidade do povo brasileiro. Durante a ditadura militar não foi diferente, apesar da censura constantes do Dops, alguns sambistas corajosos fizeram de seus sambas enredo verdadeiros gritos de resistência.

Com samba no pé, as escolas de samba Acadêmicos do Salgueiro, Império Serrano e Vila Isabel não dançaram a música que a ditadura tocou. Cantaram contra o regime, mesmo com censura e ameaças. 

A Salgueiro desfilou em 1967 com o enredo A história da liberdade no Brasil, onde exaltou lutas populares. Todos os ensaios foram monitorados pelo Dops, que liberou a escola para o desfile na Sapucaí.

Já a Império Serrano se arriscou logo no primeiro carnaval depois do AI-5, o ano era 1969 e os compositores Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola e Manuel Ferreira foram obrigados a mudar a palavra “revolução” por “evolução” no samba-enredo Heróis da Liberdade.

A música usava como plano de fundo a Inconfidência Mineira: “Ao longe soldados e tambores/Alunos e professores/Acompanhados de clarim/Cantavam assim/Já raiou a liberdade/A liberdade já raiou/Essa brisa que a juventude afaga/Essa chama/ Que o ódio não apaga pelo universo/É a revolução em sua legítima razão”. Considerada subversiva, a frase foi reescrita. “É a evolução em sua legítima razão”.

A Unidos de Vila Isabel levou para a avenida o samba Sonho de um Sonho, já nos anos 80, ainda sob a ditadura. Inspirada na poesia de Carlos Drummond de Andrade e assinada por Martinho da Vila, a composição clamou por liberdade sem disfarçar: “Um sorriso sem fúria entre o réu e o juiz/A clemência e a ternura por amor da clausura/A prisão sem tortura, inocência feliz/Ai meu Deus/Falso sonho que eu sonhava”.

A música que a ditadura tocou

Porém, nem só a resistência cantaram as escolas de samba, algumas usaram a avenida para impulsionar e fortalecer o regime opressor. Foi o caso da Beija-Flor de Nilópolis que nos carnavais de 1974 e 1975 propagou o ideal militar de que “este era o país de um presente grandioso e um futuro promissor”.

No samba Grande Decênio de 1974 a escola levou para avenida uma verdadeira “propaganda” da ditadura: “Nas asas do progresso constante/ Onde tanta riqueza se encerra/ Lembrando PIS e Pasep/ E também o Funrural/ Que ampara o homem do campo/ Com segurança total/ O comércio e a indústria/ Fortalecem nosso capital/ Que no setor da economia/ Alcançou projeção mundial/ E lembraremos também/ O Mobral, sua função/ Que para tantos brasileiros/ Abriu as portas da educação”

A Imperatriz Leopoldinense foi ainda mais longe e usou um dos lemas do governo de Emílio Garrastazu Médici em seu samba enredo. Por meio do personagem Martim Cererê de Cassiano Ricardo, a escola cantou o refrão: “Gigante pra frente a evoluir / Milhões de gigantes a construir /Vem cá Brasil/Deixa eu ler/ A sua mão menino/ Que grande destino/Reservaram pra você”.

De uma forma mais discreta, a Estação Primeira de Mangueira usou as belezas naturais para destacar o período que o país vivia em 1970 com Um cântico à natureza: “Oh, lugar! / Oh, lugar! / Tudo que se planta dá / Terra igual essa não há/ Isso é Brasil!”.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Jardim histórico da Casa de Rui Barbosa, no Rio, começa a ser revitalizado

ABr
Local é vinculado ao Ministério da Cultura

Museu Casa de Rui Barbosa: Local é vinculado ao Ministério da Cultura
Aos 165 anos, o jardim do Museu Casa de Rui Barbosa, em Botafogo, no Rio, vai ser revitalizado. Localizado na Rua São Clemente, o museu é vinculado ao Ministério da Cultura e funciona na casa em que o jurista baiano viveu até 1923. As informações são da Agência Brasil.
"Vai ser uma obra de engenharia profunda. Essa parte nós vamos trabalhar em associação com a Fundação Darcy Ribeiro", disse à Agência Brasil o presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, professor Manolo Florentino. Segundo o professor, será o primeiro processo de revitalização de jardim histórico no Brasil em grande escala, e é possível que surjam, no decorrer dos trabalhos, problemas inéditos.
Por isso, será preciso criar técnicas, além do próprio processo de revitalização. Cada etapa será filmada e registrada, para ser transformada depois em livro. De acordo com Florentino, a ideia é devolver as informações às faculdades de urbanismo, paisagismo e arquitetura como um conhecimento novo, específico. A obra vai garantir a integridade do jardim, que data de 1850, por, no mínimo, as próximas três gerações, afirmou Florentino.
De acordo com o professor, será também o primeiro projeto no país, em grande escala, nos moldes propostos pela Carta de Florença, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e pela Carta dos Jardins Históricos Brasileiros. As duas convenções consideram tanto os valores culturais quanto os componentes ambientais na conceituação e definição dos princípios gerais de preservação de jardins históricos.
O início das obras está previsto para fevereiro e o término, para dezembro "ou, no máximo, para janeiro de 2016". O jardim tem área de 6,2 mil metros quadrados. Estão previstas melhorias na pavimentação e acessibilidade para  pessoas com necessidades especiais e idosos. Além disso, um novo sistema de iluminação e sinalização possibilitará atividades noturnas no jardim, cujo horário de fechamento será estendido das 18h para as 21h.
A revitalização do jardim do Museu Casa de Rui Barbosa terá apoio financeiro de R$ 3,6 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Esses recursos serão destinados à Fundação Darcy Ribeiro e se somarão a R$ 1,2 milhão oriundos do Fundo Nacional de Cultura, liberados com a mesma finalidade.
"Vai ser um processo sincrônico", disse Florentino, pois a verba do Fundo Nacional de Cultura irá para o restauro das estátuas, do quiosque e do mobiliário do jardim, "que custa muito caro". Os R$ 3,6 milhões do BNDES, cuja aprovação foi anunciada hoje (30), serão aplicados na parte específica do jardim e nas obras de engenharia.
De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), existem no Rio de Janeiro 40 jardins históricos. O BNDES trabalha com a perspectiva de que o projeto de revitalização do Museu Casa de Rui Barbosa abra espaço para iniciativas de manutenção e restauração de outros jardins históricos no país, em atendimento às normas de preservação patrimonial.