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domingo, 30 de dezembro de 2012

Petrobras exibe campanha de ano novo


A Petrobras lança nesta segunda-feira (31) um comercial criado para celebrar o ano novo. O filme foi gravado em Belo Horizonte (MG) com 120 músicos da Orquestra Jovem de Contagem, projeto social patrocinado desde 2010 pelo Programa Petrobras Desenvolvimento e Cidadania, e que até hoje já formou 1.200 músicos.


Petrobras exibe campanha de ano novo
Durante o filme, a orquestra executa o tema musical da Petrobras.
Além do filme, que será veiculado na televisão até seis de janeiro, a campanha conta com spots em rádio, peças de internet e ações promocionais no réveillon da Praia de Copacabana e na Avenida Paulista.

Segundo Luís Fernando Nery, gerente de Publicidade e Promoções da Petrobras, o objetivo da campanha é propor uma reflexão sobre as conquistas dos últimos anos e um olhar sobre o horizonte de oportunidades para a Petrobras e para os brasileiros nos próximos anos. 

Para a Companhia, a escolha da Orquestra Jovem de Contagem é uma celebração e um exemplo de que boas oportunidades geram grandes conquistas. São crianças e adolescentes que transformam suas vidas por meio da música.

Durante o filme, a orquestra executa o tema musical da Petrobras. Frederico Vieira, coordenador técnico de projetos da Orquestra Jovem de Contagem, disse que o grupo ficou muito feliz de poder participar da campanha. “Sermos escolhidos para gravar este comercial é um grande reconhecimento. Representa o coroamento de um trabalho que vem sendo desenvolvido com as comunidades", afirmou.

A Orquestra Jovem de Contagem foi criada em 1997 pelos músicos Renato Almeida e Rosiane Reis, que participaram de projetos sociais na infância. A ONG, que tem o mesmo nome do projeto, promove oficinas de variados instrumentos de cordas e sopros e aulas teóricas de música e de inglês para cerca de 300 crianças e adolescentes, nos municípios de Betim, Contagem, Ibirité e Belo Horizonte (MG).

Com informações da Petrobras


Os barões da mídia e a defesa do neoliberalismo


Na batalha que os opõe aos grupos privados de comunicação, os governos latino-americanos que decidiram regulamentar o setor de informações acabam de descobrir um aliado: o Partido Conservador britânico. Os desvios do grupo Murdoch os convenceram de que não se pode esperar que as empresas de mídia se autorregulem.


Por Renaud Lambert*, no Le Monde Diplomatique



Alguns meses antes de deixar o Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou um projeto de lei destinado a regular os meios de comunicação no Brasil. O texto propunha medidas de regulamentação de conteúdo, como a proibição da apologia ao racismo e à discriminação sexual, mas também de redução da concentração da propriedade no âmbito da comunicação, em um país onde catorze famílias possuem 90% desse mercado.

Os meios privados protestaram contra um dispositivo considerado “autoritário” e suscetível a colocar a informação “sob controle político”. Em janeiro de 2011, o projeto já estava enterrado. Mas Lula não deixou de ressaltar a questão que há anos ronda os governos da região: a liberdade de expressão pode existir sem um marco regulatório e decisões políticas que a afiancem?

“Há uma relação de interdependência indissolúvel entre democracia, meios de comunicação e livre mercado”, pondera Roberto Civita, diretor da revista Veja, a mais lida da América Latina (27 jun. 2012). Em resumo, defender a liberdade de expressão seria proteger a liberdade das empresas, a começar pela liberdade das empresas de comunicação. Mas o que aconteceria se o programa de governo que conduz um dirigente político ao cargo almejado ameaça os interesses do setor privado ou dos proprietários de meios de comunicação?

Desde a chegada ao poder de dirigentes decididos a (tentar) virar a página do neoliberalismo e com o enfraquecimento dos partidos que tradicionalmente defendem as elites, os meios de comunicação latino-americanos parecem ter adotado uma missão que Judith Brito, diretora do jornal conservador Folha de S.Paulo, define nestes termos: “Já que a oposição está profundamente fragilizada, são os meios que, de fato, estão desempenhando esse papel” (O Globo, 18 mar. 2010). Com, às vezes, pouca criatividade.

Atuantes mestres dos golpes

Fevereiro de 2011. Emilio Palacio, editorialista do jornal conservador equatoriano El Universo, atribui ao presidente Rafael Correa o qualificativo de “ditador” por “dar ordens de abrir fogo sem aviso prévio contra um hospital cheio de civis”. A informação é incorreta.

No início de 2012, uma investigação do jornal britânico The Guardian revelou que a Televisa, principal canal de televisão mexicano, com cerca de 70% da audiência, vendeu seus serviços ao Partido Revolucionário Institucional (PRI, centro). O objetivo: “aumentar o statusnacional” de seu candidato à eleição presidencial de 2012, Peña Nieto, depois de organizar uma estratégia destinada a “desestabilizar” seu rival de esquerda Andrés Manuel López Obrador.

Em 2002, o vice-almirante venezuelano Victor Ramírez Pérez comemorou o golpe (efêmero) que, graças à colaboração direta de grandes meios de comunicação, acabava de destituir o presidente Hugo Chávez. Ao vivo, no Venevisión – canal pertencente ao homem mais rico do país, Gustavo Cisneros –, ele declarou: “Tivemos uma arma capital: os meios de comunicação. E, já que a ocasião se apresenta, gostaria de agradecer-lhes”.

“Quando a defesa de seus interesses econômicos entra em contradição com o interesse geral, os meios são tudo, menos exemplo de virtude democrática”, resumem os pesquisadores Elisabeth Fox e Silvio Waisbord. É, sem dúvida, a partir de uma constatação similar que certos governos latino-americanos decidem trabalhar pela regulamentação do setor. Mas projetos desse tipo esperam com paciência longos períodos de tempo nas gavetas dos ministérios.

Desde 1966, Carlos Andrés Pérez, que já não é presidente, mas dirige a Comissão de Política Interior do Congresso venezuelano, propõe uma reforma na lei de telecomunicações – que data de 1940, antes mesmo da televisão chegar ao país. O texto foi prontamente classificado como “lei da mordaça” e rejeitado; os projetos de lei subsequentes tiveram o mesmo destino.

Na Argentina, durante as décadas de 1980 e 1990, diversas tentativas de modernizar a legislação que regulamentava os meios de comunicação, forjada em 1980 – plena ditadura –, fracassaram e foram abafadas pelos grandes meios do país.

Apesar da resistência e dos reveses, a vontade de regulamentar essa indústria não se reduziria a um “produto de uma ideologia”, observa a pesquisadora Erica Guevara. Essa iniciativa se alimenta também “da demanda de diferentes setores dos meios de comunicação, em razão da forte pressão internacional ligada ao boomdas novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs) e à entrada de novos atores no mercado”.

Os velhos proprietários dos meios de comunicação não querem que o vazio jurídico beneficie os conglomerados e outros gigantes das telecomunicações: em geral imprecisas e autoritárias, as legislações em vigor se aplicam mais ou menos desde a década de 1990 e deixam o campo livre para os donos do poder que, ademais, são os beneficiários das políticas de privatização e desregulação.

O resultado? No Brasil, onde os barões da mídia ocupam uma cadeira em cada dez na Câmara dos Deputados e uma em cada três no Senado, o grupo Globo detinha, em 2006, “61,5% dos canais de televisão” e “40,7% da difusão total dos jornais”.6 Com mais de 120 canais no mundo, a rede de televisão do magnata Roberto Marinho (cujo falecimento fez Lula decretar três dias de luto nacional em 2003) chega a mais de 120 milhões de pessoas por dia.

No Chile, os jornais de circulação nacional pertencem a Agustín Edwards – líder do grupo El Mercurio(22 jornais, dos quais três nacionais, catorze estações de rádio e uma agência de notícias) – ou a Álvaro Saieh, que dirige o Consorcio Periodístico de Chile S.A. (Copesa), responsável por meia dúzia de jornais e revistas e seis estações de rádio.

Tentacular, com cerca de sessenta empresas em quarenta países e cerca de 30 mil empregados, o conglomerado de mídia do dono da maior fortuna venezuelana, Gustavo Cisneros, chega a mais de 500 milhões de pessoas no mundo todo. Seu canal Venevisión abarca 67% da audiência na Venezuela, mas Cisneros também possui ações da chilena Chilevisión, da colombiana Caracol TV e do canal digital DirecTV, presente em todo o continente americano.

Na Argentina, o mastodonte Clarín representa cerca de 60% do setor, com todos os tipos de meios de comunicação. Principal operador de televisão a cabo, publica catorze jornais, controla dezenas de estações de rádio nacionais e reúne cerca de 250 órgãos de imprensa. Esses e outros casos na região constituem a norma, e não a exceção.

Após um primeiro período tentando acordos diretos (como a ocasião do encontro informal entre Chávez e Cisneros, em 1999), os dirigentes latino-americanos progressistas retomaram a iniciativa de regulamentar o setor de comunicação a partir do Estado. No dia 8 de dezembro de 2004, Chávez assinou o decreto de aplicação da lei de responsabilidade social de rádio e televisão (estendida à internet em dezembro de 2010), visando à regulamentação de conteúdos.

Além disso, a lei impôs cotas mínimas de programas nacionais e buscou colocar a Venezuela em conformidade com a Convenção Americana de Direitos Humanos ao regulamentar o uso de imagens de caráter sexual ou violento (proibidas das 7 horas às 23 horas) e proibir a publicidade de álcool e tabaco. Mas o dispositivo foi ainda mais longe. No capítulo 8, artigo 28, está prevista uma punição para mensagens que “promovam a intolerância e o ódio religiosos, políticos, de gênero, racistas ou xenófobos” e as que “suscitam a angústia no seio da população”, bem como “informações falsas”.

Em novembro de 2010, La Paz adotou um texto similar de projeto de lei, mas circunscrito à “luta contra o racismo e toda forma de discriminação”, enquanto a Constituição equatoriana de 2008 condena informações errôneas suscetíveis a produzir “perturbações sociais”.

Seria possível questionar, em consonância com o diretor da divisão Américas da organização Human Rights Watch, José Miguel Vivanco, que o “direito à informação inclui todos os tipos de informação, inclusive aquelas que [...] possam se revelar ‘errôneas’, ‘falsas’ ou ‘incompletas’”.

E rebater que, em 2002, foi precisamente uma informação “falsa”, deliberadamente difundida pelos meios de comunicação privados venezuelanos, segundo a qual militantes chavistas teriam aberto fogo contra a multidão que havia precipitado o golpe de Estado (fracassado) contra Chávez. Mas fomentar o debate sobre conteúdos é a melhor forma de chegar à transformação desejada no setor de meios de comunicação?

“A pior das situações ocorre quando as medidas tomadas nesse setor são denunciadas como autoritárias e cerceadoras da liberdade de expressão, porque pagamos seu preço político sem avanços realmente significativos nas discussões”, observa Aram Aharonian, diretor da revista mensal venezuelana Questión.Segundo ele, a prioridade e a ênfase dessas políticas não deveriam ser no conteúdo, e sim na questão da propriedade dos meios de comunicação: “Do contrário, 80% da audiência continuarão nas mãos de estruturas monopolísticas privadas”.

Em 2009, a Argentina decidiu empreender um processo desse tipo. Em outubro, o país adotou uma lei de “desconcentração”: reduziu a dez o número máximo de licenças de um mesmo grupo e diminuiu a duração das concessões de vinte para dez anos. O texto da lei eleva a comunicação ao estatuto de “serviço público” e divide o espectro radioelétrico em três terços: um para o setor comercial, outro para o Estado e um terceiro para iniciativas sem fins lucrativos.

Pouco sensível aos protestos dos barões da mídia, o relator especial das Nações Unidas pela promoção da liberdade de opinião e expressão, Frank La Rue, considerou a medida um “passo importante na luta contra a concentração dos meios de comunicação”. O Equador parece ter acatado o incentivo de La Rue a tomar a lei argentina como “modelo”: em Quito, se discute um projeto de lei similar desde 2009.

A maior parte dos países da região tentou afrouxar a participação do setor privado no setor de comunicação, criando meios de informação ao mesmo tempo públicos e sem fins lucrativos ou reforçando os que já existem.

Soco de esquerda
Esses esforços, contudo, ainda não deram os resultados esperados. Primeiro, em termos de pluralismo, porque esses novos organismos de imprensa às vezes não resistem à tentação de compensar os desvios dos meios privados reproduzindo alguns deles de forma especular. Ken Knabb, pesquisador norte-americano desse fenômeno, observa que os militantes de esquerda “pensam, geralmente, que é preciso muita simplificação, exageração e repetição para contrabalancear a propaganda que sustenta a ordem dominante. Analogicamente, isso quer dizer que um boxeador zonzo porque tomou um gancho de direita recuperaria o equilíbrio graças a outro soco, de esquerda”.

Em segundo lugar, em termos de audiência. Um estudo recente do Centre for Economic Policy Research (CEPR) mostra que, entre janeiro de 2000 e setembro de 2010, a audiência dos canais públicos venezuelanos passou de 2,04% para 5,4%.12 Audaciosa, a reforma da Lei Geral dos Bancos de 2010 – inspirada em uma disposição similar da Constituição equatoriana de 2008 que proíbe os acionários de entidades financeiras de possuir meios de comunicação – sem dúvida não será suficiente para corrigir uma situação como essa.

Por outro lado, “já que supostamente nossa sociedade avança em direção ao socialismo”, questiona-se Aharonian, a Venezuela não deveria acabar com a atribuição de frequências e licenças de exploração do espectro eletromagnético aos interesses privados? “Não deveríamos imaginar, em vez disso, um único e grande espaço público [...] regulamentado de forma a garantir sua utilização democrática?” A partir do momento em que a liberdade de expressão não for confundida com a das empresas de comunicação, não haverá mais necessidade de regulamentação…

*Renaud Lambert é jornalista

Fonte: Sul21

sábado, 29 de dezembro de 2012

O filme chileno No concorre ao Oscar


Gael García Bernal
Gael García Bernal em cena do filme No

Grande vencedor da Quinzena dos Realizadores de Cannes 2012 e candidato chileno a uma vaga entre os candidatos do Oscar de filme estrangeiro 2013, No, de Pablo Larraín, encerra uma trilogia de exorcismo político da herança maldita da ditadura de Augusto Pinochet.


O diretor havia abordado o tema em Tony Manero (2008) e Post Mortem (2010); em No, ele escalou o mexicano Gael García Bernal para estrelar uma ficção que reconstitui o histórico plebiscito de 1988, convocado por pressão internacional e em que Pinochet pretendia conseguir um aval popular para continuar no poder depois de 15 anos do golpe. Sua derrota abriu caminho à redemocratização.

Gael interpreta René Saavedra, um publicitário, filho de um exilado, que cresceu longe do país e foi convidado pela esquerda para orientar a campanha do “não” ao regime.

Habilmente, o roteiro de Pedro Peirano desenvolve as diversas posições em jogo, dentro de uma esquerda extremamente dividida, mas que cede aos apelos de René para dar uma roupagem mais moderna e otimista à campanha.

Ou seja, criando jingles mais leves e deixando em segundo plano os slogans políticos clássicos e a cobrança pelos mortos e desaparecidos, o que obviamente gera polêmica. Mas esse tom foi decisivo para a conquista dos indecisos e para a derrota de Pinochet.

Encabeçar a campanha do “não” à ditadura foi uma decisão arriscada para René. Não só porque os mecanismos repressivos do regime estavam em vigor, como pelo fato de que seu patrão, Lucho Guzmán (Alfredo Castro, ator habitual de Larraín), orientava a campanha oposta.

Habilmente, o filme mostra como o plebiscito foi abrindo caminho à queda de Pinochet - que não acreditava na possibilidade de ser derrotado. Quando a ditadura despertou para o sucesso da campanha oposicionista e para o risco real de uma derrota, recorreu a golpes baixos, intimidações, perseguições. Sem sucesso.

Larraín permite ao espectador mergulhar naquele período usando, por exemplo, muitos trechos da campanha televisiva real. Ao mesmo tempo, mantém a uniformidade de cores e textura na fotografia total do filme mesmo nas cenas realizadas recentemente, recorrendo ao antiquado formato U-Matic.

Utilizando uma velha câmera da época o diretor garante uma reprodução convincente da estética dos anos 80 que fortalece a impressão de autenticidade da história - instaurando um clima de urgência, como se os fatos realmente estivessem ocorrendo aqui e agora, o que contribui muito para o envolvimento do público.

O roteiro partiu de uma peça inédita do escritor Antonio Skármeta, El Plebiscito, mas dependeu muito de pesquisas adicionais e entrevistas com pessoas que viveram aqueles dias. Embora fosse menino na época (tinha 12 anos por ocasião do plebiscito), o próprio cineasta Pablo Larraín tem um envolvimento familiar com a questão: é filho de um senador de direita, Hernán Larraín, que apoiou a campanha do “sim” a Pinochet. Sua mãe, Magdalena Matte, foi ministra do atual presidente direitista do Chile, Sebastián Piñera.

Apesar desta origem familiar, os filmes de Pablo Larraín nunca deixam dúvida de seu inequívoco engajamento contra o passado pinochetista. 

Fonte: Correio do Brasil

35 anos sem Charles Chaplin


Chaplin Tempos Modernos
A cena final de Tempos Modernos

O ícone do cinema mudo e da história da sétima arte, Charles Chaplin (1889-1977) é recordado hoje aqui e no mundo inteiro entre gambiarras e homenagens em ocasião do 35 aniversário de sua morte, ocorrida em 25 de dezembro de 1977


Diretor, produtor, compositor e comediante, Chaplin passou à imortalidade graças a sua personagem de Charlot, um vagabundo que causa tristeza e hilaridade, e que lhe abriu o caminho do sucesso em 1914 com o filme Ganhando-se o pão.

Nesse ano rodou 35 curta-metragens; no entanto, entre os mais destacados encontram-se A quimera do ouro (1925), Luzes da cidade (1931), Tempos modernos (1935) e O grande ditador (1940), nos que sobressai o emprego de técnicas como slapstick, mímica e demais rutinas de comédia visual, as quais resultam um selo distintivo em suas obras.


Tempos Modernos (1935): denuncia, com 
humor, da alienação do trabalho

Em meados da década de 1910 começou a dirigir a maioria de seus filmes, ltrabalho ao qual uniu, desde 1916, o de produtor, e dois anos depois o de compositor da música para suas produções.

Considerado um dos grandes gênios do cinema e uma das lendas culturais do século 20, Chaplin cresceu no bairro de Kennington, em Londres, onde nasceu em 16 de abril de 1889. Lá viveu rodeado de atores doMusic Hall, do qual seu pai foi um cantor, além de ator do gênero vaudeville.

Aos cinco anos de idade, Chaplin atuou pela primeira vez em teatro, substituindo a sua mãe. Na década de 1910 ele mudou-se para os Estados Unidos, atuando em Hollywood após receber uma proposta de trabalho de Mack Sennet. Isso facilitou o início de sua carreira no cinema.

O sucesso chegou-lhe por intermedio do personagem Charlot, que teve seu último aparecimento no filmeTempos modernos. Em 1920 criou a United Artists junto com cineastas do porte de Mary Pickford, Douglas Fairbanks e David W. Griffith.

Ao longo de sua carreira, Chaplin recebeu múltiplos reconhecimentos, entre eles dois Oscar Honorífico (1928 e 1972) por sua contribuição ao cinema com arte, e o Prêmio Internacional da Paz (1954), outorgado pelo Conselho Mundial da Paz.

Depois de uma série de problemas políticos que o envolveram com o comunismo e com a realização de atividades consideradas anti-estadunidenses pelo governo dos EUA, em 1952 exiliou-se na Suíça, onde passou o resto de sua vida.

Com informações da agência Prensa Latina


Clarice Lispector e o frevo


Clarice Lispector
Clarice Lispector

Vocês perdoem se eu forço a nota, mas desejo ligar dois grandes acontecimentos: o aniversário do nascimento de Clarice Lispector em 10 de dezembro, e o prêmio universal para o frevo, agora patrimônio imaterial da humanidade, desde o último 5 de dezembro. Mais adiante entenderão por quê.


Por Urariano Mota.


Daí que assim perdoado, como espero, acompanhem estas linhas que associam o frevo, que já era universal sem títulos, a trechos de Restos de Carnaval, um belo texto de Clarice Lispector. Vamos a ela. 

“E quando a festa já ia se aproximando, como explicar a agitação que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu”, fala Clarice.

Lembro que as crianças de subúrbio no Recife também possuíam o mesmo sentimento.

Em frente ao Cinema Império, em Água Fria, passavam, reuniam-se meninos, homens, piratas, colombinas, vedetes, palhaços, toureiros, zorros, ursos, lança-perfumes, bisnagas, perfumes, mulheres, promessas de corpos nus que não podíamos pegar. Havia um suor bom onde se colavam os confetes, umas peles abrasadas, uns sovacos mal raspados que eram em si mesmos fetiches de bocetas nuas, todos comprimidos, esbarrando-se num fogo que desejava a tudo queimar, arder até a alma pobre da gente. Toquem o frevo mais alto. Uma explosão de braços e pernas na dança, uma multidão revolta, uma humanidade negra, mulata, branca, revoltada, que se anunciava, e não sabíamos: atenção, menino, atenção, infância: “nós passaremos”. Toquem o frevo mais alto!

Esse era o carnaval do Recife que vi no tempo de menino. Já o carnaval de Clarice é uma festa do mundo que se abre para ela. Abre e fecha, porque na sua crônica há um carnaval de que ela não participava, embora muito o desejasse.

“No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca me haviam fantasiado. Em compensação deixavam-me ficar até umas 11 horas da noite à porta do pé de escada do sobrado onde morávamos, olhando ávida os outros se divertirem”.

Aqui uma pausa. Eu morei nesse sobrado. Morar, modo de dizer. Que diferença entre o vivido por mim e o narrado por ela. Eu me pergunto se já na frase de Clarice, “sobrado onde morávamos”, se não há um exagero, uma dignificação, uma elipse, que se não mente, omite. Explico. Se o sobrado inteiro era da sua família, então ela não era tão pobre quanto aparece no relato e na biografia de Benjamin Moser. O mais razoável é supor que ela e família ocupassem no sobrado apenas uns 3 cômodos, como chamamos no Recife à divisão de espaço cuja unidade é a medida de um quarto simples. Bem sei, de viva morada, quando morei no “sobrado da infância de Clarice Lispector”. Em 1978, o sobrado era pensão, um pardieiro de paredes úmidas, e muitos quartos. Em 78 eu não sabia que ali havia sido a casa da infância de Clarice Lispector. Para mim, até hoje, ele é soturno e irrespirável. Entrar nele, lembro bem, era entrar como os condenados que depois de um dia fora voltam à prisão. O lugar era segregador e irrespirável. 

Nas fotos da web, o “sobrado da infância de Clarice Lispector” aparece pintadinho e recuperado para ser a casa da escritora. Nas imagens, perdeu seu aspecto medonho de pensão de reclusos, virou casa agradável, como pode ser visto aqui. Mas aqui, mais uma vez, há um cenário pintado. Para escrever estas linhas, ontem voltei ao sobrado de número 387, na praça Maciel Pinheiro. A placa, onde seria lido algo como “aqui viveu a escritora Clarice Lispector na infância”, está escura, com letras apagadas, quase ilegíveis. Um dos mendigos que dormem na calçada, ao me ver em dificuldade para ler a inscrição no alto, gritou: “É 387”. Na entrada do que foi a pensão e a casa de Clarice, que ficava ao lado, na Travessa do Veras, por onde eu entrava furtivo, agora está bloqueada por espessa parede com cimento exposto. Mas voltemos à crônica de Clarice.

“No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca me haviam fantasiado. Em compensação deixavam-me ficar até umas 11 horas da noite à porta do pé de escada do sobrado onde morávamos, olhando ávida os outros se divertirem”.

Repito o trecho para observar que o carnaval onde os outros se divertiam, quando passavam pelos olhos de Clarice, era o da multidão, da gente possuída pelo frevo com o diabo no couro. A realidade humana que era, que foi, que é, ganha perenidade na música e na história.

Imaginem uma multidão, seis, oito, dez mil pessoas, imaginem toda essa gente comprimida em um espaço estreito. Imaginem agora que de repente toda essa gente enlouquece, e quer correr, mas não sai do lugar, porque está cercada por todos os lados. Imaginem que essa gente, cada homem, cada mulher, cada menino, todos querem ainda assim abrir espaço à sua volta, e todos querem isto a um só tempo. Imaginem essa gente estimulada, embriagada de álcool e alegria. Imaginem agora essa gente excitada por uma música que não se ouve só com os ouvidos, porque ela se ouve com os braços, as mãos, a boca, os pés. Imaginem, portanto, uma grande massa em fúria. Raiva, alegria e libertação sob ritmo. Isto é o passo, ao som de Vassourinhas em Pernambuco.

Essa era a gente antes do estouro do frevo que passava em frente à porta do sobrado onde a menina Clarice vivia e morava.

“Duas coisas preciosas eu ganhava então e economizava-as com avareza para durarem os três dias: um lança-perfume e um saco de confete. Ah, está se tornando difícil escrever. Porque sinto como ficarei de coração escuro ao constatar que, mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que um quase nada já me tornava uma menina feliz.

E as máscaras? Eu tinha medo, mas era um medo vital e necessário porque vinha de encontro à minha mais profunda suspeita de que o rosto humano também fosse uma espécie de máscara. À porta do meu pé de escada, se um mascarado falava comigo, eu de súbito entrava no contato indispensável com o meu mundo interior, que não era feito só de duendes e príncipes encantados, mas de pessoas com o seu mistério. Até meu susto com os mascarados, pois, era essencial para mim”

O texto é uma crônica bela, cuja beleza não se extrai do mundo externo, mas do que a escritora traduz da sua exclusão desse mundo, que gira em febre violenta nos três dias de carnaval. Na biografia Clarice, de Benjamin Moser, assim aparece a última vez em que Clarice Lispector voltou ao Recife da sua infância:

“Em 30 de maio de 1976, Clarice e Olga chegaram ao Recife… Ela se hospedou no Hotel São Domingos, na mesma praça Maciel Pinheiro, a pletzele (pracinha) onde passara a infância. A velha casa, em cuja sacada a paralisada Mania (mãe de Clarice) contemplava o mundo em seus últimos dias, e que a família tivera de abandonar por temor de que desmoronasse, seguia desafiando a gravidade. ‘O sobrado só mudou a cor’, disse Clarice. Ela se sentou nos bancos da praça e ficou ouvindo, arrebatada, o dialeto pernambucano característico dos vendedores de frutas”. 

Como relacionar agora, nesse clima de Chopin, o carnaval de Clarice com a felicidade imensa do reconhecimento universal do frevo nestes dias mais recentes? Se o leitor permite um recurso do gênero deus ex machina, ligo as duas pontas de Clarice e o frevo para concluir em três parágrafos. 

O mundo continua e a vida segue. Nós, os senhores encanecidos, com ar respeitável, mas com um espírito de moleque, devemos saudar os nossos filhos que pulam nas ladeiras e ruas ao som dos clarins de Momo:

“Olinda, quero cantar a ti esta canção, 
Teus coqueirais, o teu sol, o teu mar, 
Faz vibrar meu coração de amor
a sonhar, minha Olinda sem igual,
Salve o teu Carnaval!”

Temos agora a certeza, com algo vivo, que uma cultura não se destrói. Estamos todos bestas, cantarolando com aparência de idiotas, que nunca perdemos, “você diz que ela é bela, ela é bela, sim, senhor. Porém poderia ser mais bela, se ela tivesse meu amor. Bela é toda a natureza, bela é tudo que é belo”. Nem sequer sonhávamos com esse último 5 de dezembro, dia em que se declarou para os quatro cantos que o Frevo é Patrimônio Imaterial da Humanidade. Assim mesmo em maiúsculas. Bela é tudo que é belo, como na canção de Capiba. O frevo venceu e Clarice é bela, concluo. 

Mascate do cangaço


o mascate de lampião
Benjamin Abrahão com Lampião, Maria Bonita e o banco



Quando ao lado do herói de sua façanha, Benjamin Abrahão anotava atentamente as impressões numa caderneta. Em português titubeante, deixava as sentenças menos comprometedoras. Para as que pudessem condená-lo, recorria à língua materna. 

Por Orlando Margarido


O sírio emigrado ao Brasil em 1915, que se embrenhou no Nordeste para se tornar dois anos depois comerciante, secretário direto do Padre Cícero e documentarista, era sábio o bastante para não incorrer em faltas com Lampião, a quem acompanhou com uma câmera nos anos 1930. Dessas imagens já se tinha conhecimento, inclusive pelo filme Baile Perfumado (1997), primeira iniciativa a apresentar a figura desse mascate do cinema. No registro literário, chega agora estudo mais completo.

Em Benjamin Abrahão – Entre anjos e cangaceiros, o historiador Frederico Pernambucano de Mello usa escritos pessoais do personagem, inclusive com a tradução de trechos em árabe. Consegue, dessa forma, expor um ponto de vista não só pontual e pessoal do protagonista sobre as atividades e o cotidiano dos bandoleiros, mas iluminar figuras e fatos essenciais. Recolhe, por exemplo, como Abrahão enumerou os ferimentos que o capitão recebeu na lida costumeira, tudo em bom português, enquanto prefere seu primeiro idioma ao confirmar uma queixa e um reconhecimento de força superior por parte de um major que o persegue. Misturará as duas línguas quando faz referências ao cotidiano dos acampamentos, como um Lampião flagrado na máquina de costura.

Assim como faltam páginas no diário de Abrahão, também sua trajetória pessoal tem lacunas. Do momento em que se estabelece em Juazeiro há sempre questões a serem esclarecidas. Nenhuma passagem é mais misteriosa do que sua morte por 42 punhaladas, aos 37 anos. De crime por vingança amorosa, a político, pela vítima saber das ligações entre Estado, rebeldes e fazendeiros ou por ofensa moral a um vendedor, há várias suspeitas. Um quadro para alimentar mitos em um fenômeno histórico que até hoje sobrevive deles.

LivroFrederico Pernambucano de Mello. Benjamin Abrahão – Entre Anjos e Cangaceiros. São Paulo, 
Escrituras

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Vale-cultura é sancionado; deputadas comemoram vitória


Em cerimônia no Palácio do Planalto, na tarde desta quinta-feira (27), a presidenta Dilma Rousseff sanciona a Lei do Vale-Cultura. A deputada Manuela D' Ávila (PCdoB-RS) , autora do projeto aprovado pelo Congresso, diz ter “muito orgulho de ter contribuído com a construção dessa lei”. A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), coordenadora da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura, diz que o vale será mais um instrumento na democratização do acesso à cultura”.




A ministra da Cultura, Marta Suplicy, e a presidenta Dilma Rousseff durante sanção da Lei do Vale-Cultura, no Palácio do Planalto/José Cruz-ABr


O Vale-Cultura é um benefício de R$50,00 mensais para o trabalhador que tenha seus direitos regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e que ganhe até cinco salários mínimos. A estimativa é que beneficie aproximadamente 17 milhões de trabalhadores no Brasil.

De acordo com Jandira, “o Vale-Cultura é mais um passo na ampliação do acesso aos bens e produtos culturais para o brasileiro. Assistir um show, espetáculo de teatro ou comprar um livro será mais fácil com essa renda extra no orçamento”, explica a parlamentar.

Segundo a deputada Manuela d´Ávila, quando as empresas ofertarem o benefício, os trabalhadores serão naturalmente estimulados a usarem o recurso em cultura. “Famílias muitas vezes não se interessam por produtos culturais por causa da baixa renda”, avalia a parlamentar. 

O vale-cultura será disponibilizado, preferencialmente, em meio magnético, não podendo ser trocado por dinheiro, mas usado para comprar serviços e produtos culturais. Dessa forma, pessoas que nunca teriam acesso à cultura poderão ir ao teatro e cinema, por exemplo.

“Isso ajudará no desenvolvimento humano, estimulando até mesmo a melhoria da educação dos beneficiados. As empresas estarão sujeitas a penalidades, caso executem inadequadamente as regras do programa”, alerta a deputada.

O texto sancionado pela presidenta Dilma Rousseff foi aprovado no último dia 21 de novembro na Câmara dos Deputados e depois passou pela aprovação no Senado, ocorrida em 5 de dezembro. A partir da sanção, abre-se prazo de 180 dias para regulamentação da nova lei.

No segundo semestre de 2013, o Vale-Cultura já deverá estar em uso para aquisição de produtos culturais e poderá ser usado para acessar serviços e produtos culturais nas áreas de artes visuais, artes cênicas, audiovisual, literatura, humanidades e informação, música e patrimônio cultural.

Da redação em Brasília


Galo Vermelho tomará ruas do Rio durante carnaval 2013


Os foliões do Rio de Janeiro contam com um novo Bloco carnavalesco a partir de 2013: o Galo Vermelho. Iniciativa de artistas populares em parceria com jornalistas do Portal Vermelho, no estado, o bloco pretende ocupar a Praça Tiradentes toda sexta-feira ao fim da tarde com seus ensaios.





O diretor teatral Marcelo Bragança é um dos idealizadores do projeto. “Vamos ocupar as ruas do centro da cidade com marchinhas alegres que possam reunir as famílias e amigos”, afirma Bragança.

O cantor dos quatro cantos Marcus Lucenna, antigo administrador da Feira de Tradições Nordestinas de São Cristovão será o responsável pela voz enquanto a bateria estará nas mãos do famoso Mestre Cotoquinho.

Para Fellipe Redó, produtor cultural responsável pelo Galo Vermelho, o novo bloco busca a valorização da cultura popular e de rua. “Numa época em que tudo tende a ser mercantilizado, fazer um bloco de rua significa reafirmar o valor da cultura popular”, salientou Redó.

Os ensaios acontecerão todas as sextas de janeiro na Praça Tiradentes a partir das 17 horas. Os ensaios serão abertos e oferecerão oficinas gratuitas de percussão. Traga seus instrumentos que a folia do Galo Vermelho está apenas começando!

Fonte: Rio Polis 21 (texto e foto)


Dilma sanciona projeto que cria o Vale-Cultura


Trabalhadores contarão, a partir do 2º semestre de 2013, com R$ 50 mensais para bens de cultura

Acompanhada de Marta Suplicy e Ideli Salvatti, presidenta Dilma sanciona Vale-Cultura
A presidenta Dilma Rousseff, ao lado da ministra da Cultura Marta Suplicy, sancionou hoje (27) no Palácio do Planalto, a lei que cria o Vale-Cultura.
A partir da sanção, abre-se prazo de 180 dias para regulamentação da nova lei. No segundo semestre de 2013, o Vale-Cultura já deverá estar em uso para aquisição de produtos culturais.
Durante a cerimônia, a ministra Marta Suplicy destacou que o Vale-Cultura é um alimento para a alma e lembrou ainda que “o trabalhador terá liberdade de escolha e poderá usar o benefício como quiser”.
“Vale para livro, vale para dança, vale para toda atividade cultural. É um benefício em duas pontas. Na primeira, coloca na mão do trabalhador a escolha do que ele quer consumir de cultura. Para o produtor de cultura, é importante porque ele vai ter mais pessoas podendo assistir sua produção”, disse a ministra.
Marta Suplicy fala sobre o Vale-Cultura
Cartão magnético
Na prática, o Vale-Cultura será parecido com o Vale-Transporte ou o Vale-Refeição. O trabalhador receberá um cartão magnético, complementar ao salário, que poderá utilizar para entrar em teatros, cinemas, comprar livros, CDs e consumir outros produtos culturais.
O valor mensal do Vale-Cultura será de R$ 50, concedido a trabalhadores contratados com carteira assinada que ganham até cinco salários mínimos.
Os trabalhadores que ganham mais de cinco salários mínimos também poderão receber o benefício, desde que garantido, pelo empregador, o atendimento à totalidade dos empregados que ganham abaixo desse patamar.
As empresas que aderirem ao programa terão isenção de impostos de R$ 45,00 por vale doado. O trabalhador contribuirá com R$ 5,00.
(Ascom/MinC)
(Fotos: Mario Agra)

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Vozes do agreste

Rosa Minine   

Compositores do norte de Minas que falam da gente e cultura popular da região, Maia e Boavista mostram em suas músicas a realidade atual e passada desse povo sofrido do sertão, entre a pobreza, opressão e exploração, a beleza e a simplicidade do agreste.

Charles Boavista começou a trabalhar como músico profissional atuando no importante Grupo Raízes, em São Paulo, nos anos de 1970.
Carlos Maia foi um estudante de teatro que virou cantor depois de fazer um curso de voz, passando a conviver com Paulinho Pedra Azul, Saulo Laranjeira e Gonzaguinha, uma turma que o entusiasmou ainda mais a seguir em frente.
— Em 1989 gravei um disco fazendo dupla com David Simões, e vencemos um Festivale, que é o Festival do Vale do Jequitinhonha. A partir daí lancei quatro discos solos, e participei do projeto Vai de trem, cantando e falando do trem de ferro, em shows nas estações de metrô de Belo Horizonte — conta Maia.
Naturais de Montes Claros e Bocaiúva, respectivamente, os dois poetas se uniram, há seis anos, para somar em cultura.
— Logo depois que voltei para o norte de Minas, em 1998, abri um barzinho, o Cantorias, com música ao vivo. E foi lá que conheci o Charles e começamos a cantar, incentivados pelo povo que nos ouviu cantando juntos a música 'Iara'. Acabei tendo que fechar o barzinho, porque estava muito pesado carregar tudo nas costas sozinho, e a dupla continuou e se firmou — fala Maia.
— Nossa dupla faz uma espécie de MPB rural, algo bem nosso, ligada às manifestações daqui da terra. Montes Claros é uma cidade de porte médio, que funciona como cidade universitária e capital regional. Porém, a parte governamental nos deixa isolados, perdidos aqui nessa imensidão do sertão. Assim sentimos necessidade de trabalhar nossas tradições — acrescenta Boavista.
Em 2007 a dupla lançou seu primeiro disco A balada de Antônio Dó, com uma música, de mesmo nome, falando de problemas entre pequenos camponeses e grileiros.
— Essa luta é algo bem presente nos nossos dias nessa região tão pobre em termos de investimentos, mas com uma natureza muito rica. A música fala de um sujeito que viveu à beira do São Francisco, nos anos de 1920 mais ou menos. Ele resolveu defender as terras de sua família, quando viu que seriam tomadas — explica Boavista — Sem assistência, porque nem as autoridades e nem ninguém faz nada, Antônio Dó formou uma equipe de pessoas na mesma condição que a sua, quer dizer, pequenos lavradores, e resolveu se armar e enfrentar o poder - continua.

HISTÓRIA DISTORCIDA

Segundo Boavista, muita gente até pensa que Antônio Dó é um personagem de ficção, mas é uma pessoal real, que inclusive foi mal interpretada.
— Com a música queremos desfazer o equívoco que se espalhou por aqui de que era um bandido. Inclusive foi feito um filme na década de 1970 de nome O bandido Antônio Dó, mas sob o ponto de vista da polícia. Na verdade ele não era bandido, e nem mexia com política, era somente um camponês pobre que queria defender sua pequena propriedade. Uma questão de revolta à injustiça social — explica Boavista.
— Na verdade, sua história está começando a ser revelada agora. O professor Petrônio Braz, por exemplo, lançou recentemente: O serrano de Pilão Arcado. A saga de Antônio Dó, um livro que é fruto de vinte anos de pesquisa aqui na região, contando a história desse brasileiro guerreiro — continua Boavista, acrescentando que Antônio Dó é oriundo de Pilão Arcado, BA.
Charles Boavista diz que Antônio Dó morreu já velho, por volta dos 70 anos de idade, assassinado em uma rede, dentro de casa, por uma pessoa que ele considerava como da família. O crime teria acontecido por ganância, porque já haviam espalhado pela região a notícia que Antônio Dó escondia ouro e pedras preciosas em sua casa.
— Essa foi a história divulgada por aqui. Na verdade, ele enfrentou a polícia várias vezes, em tiroteios, guerra mesmo, mas nunca conseguiram prendê-lo — comenta Boavista.
A balada de Antônio Dó é de autoria de Maia e Boavista, assim como muitas outras músicas gravadas pela dupla.
— Nosso trabalho de música é basicamente a partir das nossas composições. Podemos dizer que trabalhamos com o folclore e poetizamos fatos verídicos da região. Também tocamos instrumentos, de tudo um pouco — fala Maia.
O segundo disco da dupla, Sertão Geraes, escrito assim para valorizar a forma no passado, deverá sair no próximo mês, com músicas inéditas e algumas regravações. A dupla também está preparando um outro disco para agosto, em que resgatará o repertório dos grandes grupos da região: Raízes e Agreste.
— Das Raízes ao Agreste promete trazer de volta a grandiosidade dos dois. Eles fizeram trabalhos similares, dentro da linha da cultura, falando dos problemas, das lidas, alegrias e tristezas da nossa gente do sertão — relata Boavista.
A dupla tem viajado muito pelo norte de Minas, em várias apresentações, e com esses próximos discos pretende ir para outras regiões do país: São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, entre outros lugares.
— Precisamos divulgar o que temos aqui em Minas. Então iremos fazer a distribuição dos discos através de Téo Azevedo, em São Paulo. Tenho 40 anos de trabalho com música, uma vivência e tanto, o Maia também tem quase isso, e vamos ganhar estrada — fala Boavista.
A dupla optou por fazer cd's com capas que lembram o antigo vinil, que geralmente tinha uma bonita ilustração ou foto bem trabalhada.
— O primeiro teve um desenho de Téo Salvador, e esses próximos serão de um artistas plástico daqui, o Lauro Nascimento, transformando o nosso trabalho em arte na sua totalidade — finaliza Maia.
Os discos da dupla são encontrados nos shows e no endereço eletrônico:www.maia.conexaovivo.com.br

Ouvir o povo, cantar, ouvir o povo...


Rosa Minine   

Ela tem uma voz belíssima, capaz de encantar a todos. Ouvindo-a, qualquer um percebe tratar-se de uma profissional do canto. Seu repertório é o da mais autêntica música brasileira e latino-americana, das primeiras as mais modernas expressões de indubitável qualidade. Conhece tudo de música, lembra-se de todas as letras e melodias que mereçam ser interpretadas. Mas apesar do talento, do despreendimento, e de muita experiência em apresentações nos bares e clubes de Belo Horizonte ou no Rio de Janeiro, a mineira Maria Antônia jamais conseguiu gravar comercialmente um CD e iniciar uma projeção pelo país.


Com Vicente Viola, no restaurante Dom Lucas, na Lapa-RJ
É certo que, desde os seis anos, Maria Antônia, às escondidas, concorria aos ingressos oferecidos pelo parque ou circo de passagem pelo bairro Padre Eustáquio (Belo Horizonte) à criança que cantasse melhor os sucessos do momento. Desnecessário dizer que a jovem cantora ganhava todos os ingressos e sonhava com o dia em que seria tão famosa quanto Angela Maria, Dalva de Oliveira, Elizete Cardoso...
De origem proletária, voz limpa e maravilhosa, Maria Antônia começou sua carreira por acaso quando, aos dezessete anos de idade, saiu com seu irmão e a noiva para um bar e teve o primeiro contato com o pianista Paulo Modesto, que tocava no local e se interessou pela sua voz ao ouvi-la solfejando alguma coisa. Já familiarizada com a música, mesmo sem entender ainda suas técnicas, ela foi convidada pelo pianista a acompanhá-lo. Isso era 1967.
— Ele me deu alguns tons e eu comecei a cantar. Ouvindo, o proprietário do local me convidou para passar a cantar lá profissionalmente e foi o meu primeiro trabalho. Por nove anos cantei no Top Bar. E foi um tempo muito bom para mim, porque lá tive a oportunidade de aprender bastante de música, primeiramente com Paulo Modesto, chegando a fazer prova para o conservatório de música de Belo Horizonte e passando a estudar com João de Deus Peluci, que era diretor da Ordem dos Músicos de Minas Gerais — conta.
O Top Bar, com um repertório repleto da boa música nacional, era frequentado por pessoas importantes. E numa determinada noite de 1968 foi convidada para cantar para alguém especial, cujo nome não tinha sido revelado. Ela imaginou que se tratasse de um empresário de destaque, uma personalidade política etc. A tal pessoa havia pedido que ela interpretasse Viola Enluarada, de Marcos e Paulo Sérgio Valle, que na época fazia grande sucesso. Ela cantou e foi aplaudida de pé e recebeu muitos cumprimentos. O homenageado, até então anônimo, levantou-se e, se dirigindo à cantora, teceu inúmeros elogios à interprete e a convidou para dançar. Era o Dr. Juscelino Kubitscheck.
— Não hesitei em pedir-lhe um autógrafo, que ainda guardo com muito carinho. Este acontecimento jamais sairá de minha lembrança. Eu havia sido aplaudida por uma pessoa que admirava e que, sem dúvida era uma apreciadora da boa música brasileira.

MAS POR QUE CANTAR?

Maria Antônia diz que sempre teve necessidade de conhecer a essência das coisas, nunca se satisfez com as aparências. Quando gosta de uma música, pesquisa para saber a fundo como foi produzida, em que circunstâncias surgiu, qual a sua relação com o momento etc. Foi na adolescência que passou a ouvir mais atentamente os grandes autores nacionais. Embora ouvisse tudo, passou a dar especial atenção à letra, ao que de fato dizia, à construção poética; à qualidade da obra musical.
— Passei a entender que toda música tem sua história, suas razões e foi produzida em determinadas circunstâncias. Então, parto para pesquisar o seu significado, a relação com uma cultura, uma fase. Na verdade sempre fui uma pessoa com necessidade de conhecimento. Durante a gerência militar, por exemplo, nunca me conformei em ouvir certas pessoas dizendo que os estudantes, pelo fato de deflagrarem greves, passeatas, comícios etc., estavam errados, e daqueles que estavam morrendo nas celas mereciam o castigo. Isso me indignava porque sabia que aqueles prisioneiros eram patriotas, gente do nosso povo — declara.
— Lembro-me que no Colégio Estadual Central de Belo Horizonte, quando eu era adolescente, não podíamos nos reunir para falar de música ou de alguma questão cultural séria (ora, em pleno colégio!) que em poucos minutos apareciam delatores de toda a sorte, inclusive militares a paisana que ficavam observando tudo e a todos. Outras vezes, diziam: 'Sobre o que estão conversando? Não podem fazer aglomerações.' E tínhamos que nos dispersar mesmo — continua.
Mas a adolescente daqueles dias aprofundava suas preocupações no universo da realidade do povo brasileiro e da sua música. Gostava das letras de poetas sérios como Chico Buarque — assim como qualquer assunto que pudesse revelar o pensamento do povo brasileiro — coisas que não eram bem aceitas na direção da escola.
— Eu gostava de investigar as contradições de classes dentro da sociedade, de enfrentar os estigmas contra o povo brasileiro e contra a nossa história. Era muitas vezes rotulada de "ista" (de socialista, comunista), por conta disso. Mas não me importava. Eu não tinha vínculos com qualquer partido político e, além do mais, eu tinha as idéias que o meu povo verdadeiramente tem.
A cantora fala das dificuldades que o proletariado tem para obter informações, porque as notícias para ele também custam mais caras. Como teve uma infância sem muitos recursos, para conseguir seus livros e assim informações sobre as questões culturais de maior expressão e a realidade política do Brasil de uma maneira geral, ela chegou a fazer faxina em residências de parentes e da própria professora.
— Nunca tive vergonha disso. Eu acho que tudo que eu aprendi me serviu muito e ainda me serve. O trabalho não é vergonha, exceto quando desonesto.

CANTORA DO POVO

Quando se tornou cantora de um sofisticado piano bar, Maria Antônia usava roupas feitas por sua própria mãe:
— Quando eu chegava, muitos nem imaginavam que eu fosse a cantora do local, porque eu não me vestia da maneira como imaginavam, cheia de brilho. Eu me vestia com a minha roupa simples, como eu era. Mas quando me ouviaam cantar, aí diziam: "Sim, é de fato uma cantora".
De fato uma cantora e "de fato filha de gente honrada", acrescentariam se soubessem:
— Meu pai foi um sargento da cavalaria do exército, em Ouro Preto, mas expulso depois de discutir com um superior, passando a trabalhar como sapateiro e vindo a falecer ao 59 anos. Minha mãe, que era professora do interior, não pôde mais lecionar. Teve que trabalhar fazendo costuras para fora — continua.
— Éramos bem pobres. Mas a música nunca faltou na minha casa. Minha mãe gostava de cantar serestas, meu pai tocava seu violão e, às vezes, me acompanhava em alguma música. Nossas condições não permitiam acesso aos ambientes musicais, como os programas de auditórios, em Belo Horizonte, ou círculos famosos de músicos — acrescenta.
Apesar do talento, ela não pôde se dedicar inteiramente à música, pois o que ganhava cantando não era suficiente para sobreviver e ajudar em casa. Durante o dia trabalhava como atendente em uma papelaria, depois como secretária e, à noite, seguia seus estudos.
Mas Maria Antônia não se acomodou e em 1980, anos depois de ter iniciado sua carreira, ela conseguiu mudar-se para o Rio de Janeiro.
— Na época, eu trouxe uma carta de apresentação para um determinado apresentador de TV, que prefiro não citar o nome. Infelizmente não me fez uma proposta honesta. Interrompi, por uns tempos, minhas atividades musicais para trabalhar como secretária. Depois, fui convidada a cantar no bar da piscina do hotel Copacabana Palace, mas não me trouxe o retorno financeiro esperado,nem ao menos razoável, embora cantasse para um público rico — conta.

A TODO VAPOR

— Passando por Belo Horizonte, reencontrei-me com os amigos músicos que me acompanharam em várias apresentações: saxofonistas como Manoel Chaves, Mordentte; violão sete cordas como Lamartine e Trisquei; cavaquinhos, Milton e Sorriso; violão seis cordas Betinho e Haroldo, na timba. O programa do Acir Antão, na Rádio Itatiaia, divulgou minha presença na cidade por várias semanas. No programa da Bianca Lage, na Band, me apresentei com o Balé Batuque, com o Carlos Afro, que é fantástico — elogia.
— Paralelamente cantei, durante dois anos, no restaurante do Agostinho, no Prado, um local famoso e muito bem frequentado por músicos de várias categorias, com um repertório cheio de música brasileira, canções antigas e modernas. Nesse período, fui muito elogiada pelo mestre Afonso (grande compositor e apresentador em Minas). Antes de 1980 eu já havia me apresentado no Barroca Tênis Clube e na Sociedade Mineira de Engenheiros — diz.
Em termos de divulgação e de reencontro com grandes músicos de Belo Horizonte, além de ligações com outros artistas, a temporada foi muito proveitosa, esclarecedora inclusive no que diz respeito à atividade musical que ela gostaria de desempenhar e, principalmente, em relação ao papel que a música de fato exerce na sociedade.
Desde muito cedo Maria Antônia se via atraída pelos grandes autores brasileiros — do samba de raiz à chamada bossa nova, da linda e verdadeira música caipira, enfim, a autêntica música brasileira de uma maneira geral:
— Ao ouvir músicas hispano-americanas primeiro me interessei pelos ritmos: o romantismo dos boleros, o dramatismo dos tangos, a malemolência tropical dos cubanos etc. Para entender e melhor interpretá-las, aprendi espanhol.
É que, ao aprofundar seus conhecimentos na música autêntica do nosso povo, deparou-se com a riqueza das letras na poesia profunda dos versos que contam histórias verdadeiras do nosso país. Esse instante se completou quando se fez ouvir mais alto, irrompendo por todo o continente, a poesia e as vozes de Mercedes Sosa, Violeta Parra, Victor Jara, Atahualpa Yupanqui, Félix Luna (quando conheceu a história de Juana Azurduy, grande revolucionária peruana — 1780/1862), Daniel Viglietti e muitos outros intérpretes de nossa América proletária.
— Agora eu sei que não basta alegrar, cantar bem, revelar repertório de boa qualidade, mas sobretudo é preciso transmitir conhecimentos, explicar ao povo, expressar sua verdadeira cultura, proclamar que temos muito mais do que tentam nos impor de espúrio, de estrangeiro. E quanto mais conhecemos os folclores, a história e toda a cultura desses lugares vizinhos, mais nos vemos refletidos. Somos todos descendentes de índios, negros e brancos — no Brasil e em toda a América Latina. E sempre o império querendo tirar tudo o que é nosso, até mesmo nossa consciência. Por isso, tantas vezes encontrei nesses versos de língua espanhola paralelos idênticos na vida das pessoas que conheci em Minas Gerais e na minha própria família. São tempos de necessidade, alegrias e tristezas. E é assim, que além das técnicas vocais ou qualidade de voz, é a emoção e o sentimento, elevados ao nível de raciocínio, o que mais considero em minhas interpretações.
Portas de aço fecham fortemente os caminhos para o melhor da música e dos artistas dos povos de nossa América explorada. Mas não há porque desanimar, porque o caminho tradicional é quase sempre o do sucesso individualista, mesquinho, popularesco. No entanto, a glória que o artista do povo persegue não é a sua glória pessoal, mas a do povo. Assim, Maria Antônia explica:
— Nos tempos de BBBs, sucessos instantâneos, marketeiros, jabás, gravadoras transnacionais, a fama é produto a ser vendido, negociado. Tudo é tratado como mercadoria, até mesmo o homem, a honra. Nunca me vendi na minha juventude, tampouco agora eu o faria. Não basta concluir que os monopólios de divulgação fecham todas as portas, mas é preciso responder a isso. A resposta tem que vir com a poética verdadeira, e ela pertence ao povo e só pode vir de seu meio, de suas entranhas. Por isso, o artista do povo tem que entender que ele não está isolado, como querem que pense. Sempre podemos nos juntar em estúdios e gravar muitas coisas, o melhor da música do povo. Eu mesma busco isso o tempo todo, e tenho amigos, grandes músicos, que pensam igual. Quando reconhecemos nossas qualidades não precisamos pedir favores. Nos juntamos trocando trabalhos, uns pelos outros, nos ajudando mutuamente.
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MUTIRÃO DA VIDA

Hélio Contreiras
Intérprete mais divulgado Xangai
Tanta seca, tanta morte
Nos caminhos do sertão
Meus olhos já viram coisa
De cortar o coração
A cara feia da fome
E o povo virando anão
Gente ficando louca
Sem ter água para beber
A fome comendo a fome
A falta do que comer (bis)
Êta, fim de mundo
Desgraceira, perdição
A imagem revelada pela televisão
É um coice no estômago
De toda essa nação
Cada um faz o que pode
Pra acudir nessa aflição
Desejando melhor sorte
Ao nordestino seu irmão
Mas o que a gente precisa
É terra, trabalho e pão
Revirando pelo avesso
O poder lá no sertão
Pra acabar com a penitência
De tamanha escravidão (bis)
E tem terra boa
Reclamando produção
Nas frentes de trabalho
Nas terras do fazendeiro
A gente encontra a morte
E ele muito dinheiro
Quero a vida feito vida
Vencendo a morte cruel
Vida aqui na terra
E não no reino do céu

SI SE CALLA EL CANTOR

Horacio Guarany
Intérprete mais divulgada Mercedes Sosa
Si se calla el cantor calla la vida
porque la vida, la vida misma es todo un canto
si se calla el cantor, muere de espanto
la esperanza, la luz y la alegría.
Si se calla el cantor se quedan solos
los humildes gorriones de los diarios,
los obreros del puerto se persignan
quién habrá de luchar por su salario.
HABLADO
“Que ha de ser de la vida si el que canta
no levanta su voz en las tribunas
por el que sufre, por el que no hay
ninguna razón que lo condene a andar sin manta”
Si se calla el cantor muere la rosa
de que sirve la rosa sin el canto
debe el canto ser luz sobre los campos
iluminando siempre a los de abajo.
Que no calle el cantor porque el silencio
cobarde apaña la maldad que oprime,
no saben los cantores de agachadas
no callarán jamás de frente al crimén.
HABLADO
“Que se levanten todas las banderas
cuando el cantor se plante con su grito
que mil guitarras desangren en la noche
una inmortal canción al infinito”.
Si se calla el cantor . . . calla la vida.

QUANDO SE CALA O CANTOR

[tradução livre]
Quando se cala o cantor cala a vida, porque a vida mesmo é todo um canto.
Quando se cala o cantor morre de espanto a esperança, a luz e a alegria
Quando se cala o cantor ficam sozinhos os humildes meninos vendedores de jornais, os trabal adores do porto se benzem
Quem haverá de lutar por seus salários?
Fala: O que será de nossa vida se o que canta não levantar a voz nos palanques por aqueles que sofrem, porque não existe nenhuma razão que os condenem a passar frio e fome
Quando o cantor se cala morre a rosa
De que serve a rosa sem o canto?
Deve o canto ser luz sobre os campos iluminando sempre os que estão por baixo
Que não se cale o cantor porque o silêncio covarde acolhe a maldade que o oprime
Não sabem os cantores submissos que os oprimidos jamais se calarão diante do crime
Fala: “Que se levantem todas as bandeiras quando o cantor se impõe com seu grito
que mil guitarras irrompam dentro da noite numa imortal canção ao infinito.”
Quando se cala o cantor... cala a vida.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

São Paulo tem exposição de caricaturas sobre Niemeyer


  exposição Nosso Oscar Niemeyer, uma homenagem de cartunistas de todo o país ao arquiteto que morreu no último dia 5, pode ser vista no Memorial da América Latina, na capital paulista, até o dia 31 de janeiro. São 76 caricaturas que tem Niemeyer ou sua obra como tema. A mostra foi organizada pela Associação dos Cartunistas do Brasil, sob a curadoria do artista José Alberto Lovreto. 


A mostra, segundo Lovreto, é uma singela homenagem dos cartunistas brasileiros ao arquiteto cujo traço influenciou e influencia os desenhadores. “Niemeyer sempre mostrou que tudo começa no traço. Traço simples, gestual e solto no espaço”.

Entre os cartunistas que participam da exposição estão Aroeira, Claudio, Dálcio, Hippert, Manga, Maringoni, Mauricio de Sousa, Olávo Tenório, Orlando, Ulisses e William Medeiros.

O Memorial da América Latina vai transformar a mostra em livro no início do próximo ano. A publicação terá 105 caricaturas, uma para cada ano de vida do arquiteto.

O arquiteto Oscar Niemeyer completaria 105 anos no último dia 15. Vítima de complicações renais e desidratação, ele morreu no último dia 5 no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, onde estava internado desde o dia 2 de novembro.

Serviço:
A exposição ocorre na Biblioteca Latino-Americana Victor Civita, no Memorial da América Latina, ao lado do metrô Palmeiras-Barra Funda, na zona oeste, de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, e sábados das 9h às 15h.

Fonte: Agência Brasil

Lançado documentário sobre Portinari


Levei muitíssimos anos para compreender quem era aquela pessoa que estava na minha casa e que era o meu pai”, diz João Cândido, filho único de Cândido Portinari (1903-1962), que ganha um registro importante sobre sua vida e obra no documentário "Portinari do Brasil". A vida do pintor, ilustrador e muralista é revisitada, desde sua infância em Brodowski (SP) a sua evolução como artista.




foto: divulgação

Narrado pelo ator Herson Capri foi lançado neste mês. “Mais de 95% da obra dele está inacessível à vista pública, em coleções particulares, salas de bancos e instituições privadas”, lamenta João Cândido.

“Hoje enxergo claramente que ele não deixou apenas uma obra de pintor, mas uma poderosíssima mensagem ética e humanista com valores que escorrem de cada tela”, diz.

O documentário, que já está disponível nas principais livrarias e megastores (R$ 54,90), faz parte da série "Os Grandes Brasileiros", produzida pela FBL Criação e Produção. A direção-geral do documentário é assinada por Rozane Braga e tem direção de Sonia Garcia e roteiro de Maria Gessy.

O filme tem 56 minutos de duração onde são recontados fatos decisivos na vida de Portinari como o primeiro curso de pintura, o primeiro quadro, ‘Retrato do Compositor’, em que pintou Carlos Gomes para homenagear seu pai, a viagem para o Rio de Janeiro, a Escola Nacional de Belas Artes, a viagem para a Europa, a união com Maria, o nascimento do único filho João Candido.

Os amigos intelectuais como Carlos Drummond de Andrade, José Lins do Rego e Manuel Bandeira, além de sua experiência na política através do Partido Comunista e também a lenta morte por envenenamento provocado pelas próprias tintas que usava em suas telas.

Sobre suas pinturas destaque para sua maior criação, os painéis ‘Guerra e Paz’, que fica na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque. O filme descreve todo o método de trabalho e execução da obra. Durante quatro anos Portinari realizou 180 estudos em murais e maquetes, pintando 14 painéis separados que acabaram sendo montados sem sua presença, já que havia sido impedido de entrar nos Estados Unidos por ser comunista.

Com Revista Cult

Guerra e Paz, um presente de Portinari à humanidade


Guerra e Paz, de Portinari
A exposição Guerra e Paz, no Memorial da América Latina, em São Paulo

Um dos grandes acontecimentos culturais brasileiros em 2012 foi a exposição dos painéis Guerra e Paz, de Candido Portinari, que foram trazidos da sede da ONU, em Nova York, ao Rio de Janeiro, para restauro, iniciando depois, a partir de São Paulo, um giro pelo mundo que vai até 2012.


O pintor Candido Portinari (1903/1962) considerava os painéis Guerra e Paz como seu melhor trabalho. “Dedico-os à humanidade”, disse. 

Os painéis, que medem 14 metros de altura por 10 metros de largura e pesam mais de 1 tonelada, foram pintados por ele entre 1952 e 1956, por encomenda do governo brasileiro que os doou à ONU, ficando expostos durante mais de 50 anos no saguão de sua sede, em Nova York.

Quando foi iniciada a reforma da sede (edifício que também traz a assinatura de outro brasileiro notável, Oscar Niemeyer), em 2010, foi a chance dos painéis iniciarem um giro pelo mundo, começando pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte. No Rio de Janeiro, em 2011, foi feita a restauração completa da obra que, depois, ficou exposta no Memorial da América Latina, em São Paulo, entre o início de fevereiro e o fim de maio de 2012, sendo vista por mais de 150 mil pessoas. Estava prevista, em seguida, a exibição em Paris (França), Hiroshima (Japão), Genebra (Suíça), na China e em Oslo (Noruega), antes da devolução à ONU, em 2014.

O tema dos painéis é a condenação das guerras e a celebração da paz. “Esta não é apenas uma exposição de arte. Esta é uma grande mensagem ética e humanista e que se dirige ao principal problema que o mundo vive hoje em dia: a questão da violência, da não cidadania, da injustiça social. Esta é a grande mensagem de toda a vida de Portinari e que ficou sintetizada nesses trabalhos finais que ele deixou”, disse João Candido Portinari, filho de Portinari, responsável pela realização do projeto que trouxe as obras para o Brasil.

Além dos painéis, a exposição incluiu 100 estudos preparatórios, além de documentos históricos como cartas, recortes de jornais e fotografias que contam, em detalhes, a criação dos painéis.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Religiões e culturas têm formas distintas de comemorar o Natal


Nem todas as pessoas comemoram o Natal no dia 25 de dezembro. Algumas culturas, nem sequer comemoram o Natal, como referência ao nascimento de Jesus Cristo (ou Jesus de Nazaré). Natal é um feriado e festival religioso cristão originalmente destinado a celebrar o nascimento anual do Deus Sol no solstício de inverno e adaptado pela Igreja Católica, no terceiro século d.C., pelo imperador Constantino para comemorar o nascimento de Jesus de Nazaré.




No dia 25, os umbandistas agradecem a oxalá que representa a figura do Cristo e comanda todas as forças da natureza / foto: http://tradicoes-religiosas.blogspot.com.br.

Porém, nem todas as culturas absorveram a tradição de celebrar o dia 25 de dezembro, seja como uma homenagem ao nascimento de Jesus, ou, pela adoração da passagem do sol ao redor da Terra.

Abaixo, algumas culturas que não comemoram o Natal como uma data primordial em seu calendário:

Islamismo
Ao contrário das religiões cristãs - para as quais Jesus é o Messias, o enviado de Deus - o islamismo dá maior relevância aos ensinamentos de Mohamad, profeta posterior a Jesus (que teria vivido entre os anos 570 e 632 d.C.), pois este teria vindo ao mundo completar a mensagem de Jesus e dos demais profetas.

Em relação à celebração do Natal, os muçulmanos mantêm uma relação de respeito, apesar de a data não ser considerada sagrado para o seu credo.

Para os muçulmanos, existem apenas duas festas religiosas: o Eid El Fitr, que é a comemoração após o término do mês de jejum (Ramadan) e o Eid Al Adha, onde comemoram a obediência do Profeta Abraão a Deus.

Judaísmo
Os judeus não comemorem o Natal e o Ano Novo na mesma época que a grande maioria dos povos, mas para eles, o mês de dezembro também é de festa. Apesar de acreditarem que Jesus existiu, os judeus não mantêm uma relação de divindade com ele.

Na noite do mesmo dia 24 de dezembro os judeus comemoram o Hanukah, que do hebraico significa festa das luzes. Esta data marca a vitória do povo judeus sobre os gregos conquistada, há dois mil anos, em uma batalha pela liberdade de poder seguir sua religião.

Apesar de não ser tão famosa no Brasil, a festa de Hanukah, que, tradicionalmente, dura 8 dias, em outros países é tão "pop" como o Natal. Em Nova Iorque, por exemplo, as lojas que vendem enfeites de Natal também vendem o menorah (candelabro de 8 velas considerado o símbolo da festividade judaica). "Para cada um dos 8 dias acendemos uma vela até que o candelabro todo esteja aceso no último dia de festa", explica o rabino.

O peru e bacalhau típicos do Natal católico são substituídos por panquecas de batata e bolinhos fritos em azeite. E em vez de desembrulharem presentes à meia-noite, as crianças recebem habitualmente dinheiro.

Budismo
Não há envolvimento do budista com a característica particular da comemoração do Natal do mundo ocidental, ou seja, da comemoração do nascimento de Jesus Cristo. Mas, os budistas admiraram as qualidades daqueles que lutam pela humanidade e, por isso, respeitam a tradição já estabelecida, respeitando a figura de Jesus Cristo, que para eles é considerado um “Bodhisattva” – um santo ou aquele que ama a humanidade a ponto de se sacrificar por ela. Para os budistas ocidentais, o dia 25 de Dezembro tem um cunho não cristão, mas sim, espiritual.

Protestantismo
Embora seja uma religião cristã, é subdividida em diversas “visões” da Bíblia. Algumas comemoram o Natal como os católicos, outros buscam na Bíblia e no histórico religioso, cuja data de nascimento de Cristo é discutida, um fundamento para não comemorar a data tal como é comemorada no catolicismo. É o caso das testemunhas de Jeová, por exemplo. Já a Assembleia de Deus e a Presbiteriana comemoram o Natal com o simbolismo da presença de Cristo entre os homens, onde a finalidade é levar a uma instância reflexiva a respeito de Cristo. Festejar condignamente o Natal é uma bênção e inspiração para todos quantos nasceram do Espírito ao tornarem-se filhos de Deus pela fé em Cristo, para os evangélicos.

Afro-Brasileiras (Candomblé e Umbanda)
Yemanjá, Yansã e Oxum são entidades comemoradas ao longo do ano nas religiões afro-brasileiras, que têm no mês de dezembro um simbolismo todo especial. Mas para os umbandistas a comemoração do natal cristão é algo mais natural, porque a maioria dos seus seguidores e médiuns praticantes veio da religião cristã. A umbanda encontrou um lugar para Cristo no rol de suas divindades – ele é associado a Oxalá, considerado o maior Orixá de todos. No dia 25 de dezembro, os umbandistas agradecem à entidade que, segundo a sua crença, comanda todas as forças da natureza.

Alguns terreiros de Candomblé também oferecem algum ritual especial à data, mas a prática não configura uma passagem obrigatória em todos os centros.

Hinduísmo
As mais importantes celebrações do hinduísmo são ocorridas na Índia, por meio da Durga Puja, o Dasara, o Ganesh Puja, o Rama Navami, o Krishna Janmashtami, o Diwali, o Holi e o Baishakhi. O Durga Puja é a festa da energia divina. Já o festival de Ganesh é celebrado nos estados do sul da Índia, com danças alegres e cantos. O Diwali é o “festival das luzes” em que em cada casa, em cada templo são colocadas milhares e milhares de luzes, acesas toda a noite. O significado destas festas é adorar a Energia Divina.

Taoísmo
O taoísmo, religião majoritariamente vista na China, não tem qualquer celebração no Natal. No entanto, a religião tem inúmeras datas onde se comemora o nascimento de grandes mestres ou sua ascensão. O Ano Novo Chinês, assim como no budismo, é a data mais comemorada para os taoístas. Nesse dia se celebra o Senhor do Princípio Inicial.

Fonte: EBC